Volta o dragão da inflação. Herança maldita

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com Circe Cunha com MAMFIL

Volta o dragão da inflação.

Herança maldita

De todos os dados que demonstram de modo cartesiano a crise que se instalou na economia do país, nenhum é mais importante e preocupante do que aquele que assinala o fechamento de postos de trabalho.

Primeiro, porque a questão do desemprego afeta direta e individualmente cada um dos brasileiros e, por tabela, suas famílias. A propagação e os efeitos do fechamento de postos de trabalho geram malefícios que ultrapassam os próprios indicadores numéricos, incidindo em cheio na questão social.

Quando os efeitos da crise econômica começam a ser inscritos na Carteira do Trabalho nas folhas destinadas às anotações de rescisão de contrato, o estrago está consumado. Nesse ponto, a questão dos indicadores e da matemática deixa de ser preocupação apenas de economistas e ascende a um outro patamar de importância que diz respeito ao maior bem de todos: a cidadania.

A divulgação agora apresentada pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), feita pelo Ministério do Trabalho, demonstra que em junho foram fechados mais de 91 mil vagas de emprego formais. Mesmo a sensível melhora registrada, se for comparada com os dados de junho de 2015, quando foram fechados 111.119 postos, demonstra que o flagelo do desemprego ronda os lares em todo o país. Se forem contabilizados os últimos 12 meses, esse número ascende para 1,765 milhão de postos com carteira assinada a menos.

Para o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego atual se situa em 11,2%, o que equivale a dizer que 11 milhões de brasileiros, em idade ativa, estão desempregados. É a maior taxa registrada desde 2012. Basta percorrer os centros das metrópoles brasileiras para constatar o grande número de estabelecimento comerciais fechados.

Sumiram os empregos e os consumidores. Shoppings e supermercados estão vazios. Só se compra o essencial e básico. Sem consumidores, crescem os riscos de desabastecimento por falta de demanda. Sem demanda, cai o ritmo industrial. Sem as compras pelo setor de transformação, acabam os pedidos para o setor primário.

A contaminação sistêmica se instala de modo crônico. O ciclo de crise econômica se fecha e é perpetuado. Nos últimos três meses, a indústria fechou 3,9% dos postos de trabalho, o comércio 1,7% e construção civil , mais afetada, fechou 5,1% dos empregos. Também o rendimento médio real, recuou 3,3% em relação a 2015. Os salários dos trabalhadores da agricultura, pecuária, pesca e produção florestal, tiveram também um recuo da ordem de -6,4%.

A crise bate à porta das famílias brasileiras, adentra pelas dispensas vazias e se instala na sala de visitas em frente à televisão, aguardando boas notícias, que, pelo visto, tão cedo não chegarão.

A frase que não foi pronunciada

“Dilson Funaro disse que teríamos um crescimento japonês com uma inflação suíça. Ainda tem desse sonho para vender?”

Senhorinha que gosta de discursos

Institutos

Sem órgãos de defesa do consumidor que façam alguma coisa efetivamente, o brasileiro continua a pagar R$ 12 pelo quilo de feijão. O advento da internet é uma arma potente contra esse tipo de abuso. Em apenas alguns minutos, é possível organizar um boicote de dimensões continentais. Mas somos um povo resignado. Do feijão ao STF.

LIA

A Lei de Improbidade Administrativa já existe. Não falta legislação no país. O Ministério Público do Pará tem um estudo interessante sobre o assunto no portal http://bancodeprojetos.cnmp.mp.br/consulta.seam

Apareça

Pena que os atletas do Rio estejam perdendo o XVI Encontro de Culturas da Chapada dos Veadeiros. O evento vai até domingo, em São Jorge. Mas você pode se programar para passar o fim de semana mais perto da cultura brasileira. Roças, quilombolas, pequenos produtores, rezadeiras, parteiras, batuqueiros, artistas do povo e também indígenas. Eles iniciaram a programação do encontro com a Aldeia Multiétnica, que chegou à 10ª edição.

História de Brasília

Está de pé o caso da Prefeitura de Brasília. O regime parlamentarista está sendo desvirtuado, porque estão fazendo leilão de cargos. O que ocorre com Brasília é simplesmente lamentável. (Publicado em 12/09/1961)

Prejuízos olímpicos

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Governos populistas, sem exceções, em todo tempo e lugar, buscam nos eventos esportivos, principalmente aqueles de intensas repercussões interna e externa, meios de difundir e propagandear seus feitos e imagem. A história está repleta de exemplos desse tipo e mostram como o personalismo, o apelo ufanista e a exploração marqueteira da gestão do Estado caminham, lado a lado, com esses grandes torneios. Não foi diferente durante o governo Médici, e não foi diferente no governo Lula.

Arquitetadas dentro do esquema cartesiano e frio de propaganda do governo, a Copa do Mundo de Futebol e agora as Olimpíadas serviram para incensar e pôr em primeiro plano a figura do chefe do Executivo. Pai dos pobres, pai da pátria, pai dos esportes. Não importa o epíteto, interessa, isso sim, destacar que graças à intervenção pessoal do “nosso guia”, o Brasil se tornará também uma potência nos esportes. Todo o resto, incluindo os gastos astronômicos para viabilizar os eventos, é secundário e vem em decorrência da premissa original.

Deixado o legado da Copa do Mundo, os grandes estádios são agora verdadeiros elefantes brancos, cuja manutenção diária exige cada vez mais recursos do contribuinte. O caso do Mané Garrincha, o mais caro de todas as arenas do planeta, é um exemplo concreto.

A Noruega abriu mão de realizar os Jogos Olímpicos de Inverno de 2022 sob a alegação dos altos custos financeiros para o cidadão. Somente com a realização da Copa em 2014, a Fifa embolsou R$ 16 bilhões. Um recorde absoluto em toda a história da entidade. A maioria de seus dirigentes encontra-se hoje banida do mundo da bola e não se atreve sequer a sair das fronteiras do país, sob pena de serem presos e deportados para os EUA onde a Justiça quer trancafiá-los por longos períodos.

Quem lucrou também com aqueles jogos foram as grandes empreiteiras, a maioria investigada pela Operação Lava-Jato. Para o restante dos brasileiros, ficaram as dívidas com a festança. No caso das Olimpíadas, especialistas no assunto garantem que a realização desses eventos é um mau negócio e deixa dívidas de longo prazo para as sedes desses eventos de até 30 anos.

Estimativas como a do economista Andrew Zimbalist dão conta de que o Rio de Janeiro gastará cerca de R$ 20 bilhões para realizar os Jogos Olímpicos. Urbanistas de renome internacional, como a brasileira Raquel Rolnick, relatora das Nações Unidas para o Direito à Moradia e hoje uma das principais especialistas mundiais na questão, concordam que para a preparação desses eventos são comuns os casos de expulsões de grandes levas de moradores das áreas vizinhas aos jogos, encarecimento nos preços de moradia, falta de alternativas e pressão sobre as famílias mais pobres para deixarem os locais próximos dos eventos.

Esses contingentes desfavorecidos, diz Raquel, acabam empurrados para periferias cada vez mais distantes e sem recursos. Para Raquel, essas têm sido as características tanto das Copas do Mundo como dos Jogos Olímpicos pelo mundo. No caso da Olimpíada do Rio de Janeiro, a expulsão dos moradores da Vila do Autódromo serve como ilustração desse modelo de exclusão.

A frase que não foi pronunciada

“Mostre o que você bebe e eu digo o que você pensa.”

Frequentador assíduo do Bar Bante

Sem líderes

Enquanto os brasileiros penam para cumprir as regras trabalhistas, a Vila Olímpica no Rio de Janeiro foi surpreendida pelo Ministério Público que atestou mais de 600 trabalhadores sem carteira assinada ou contrato de trabalho. O mais difícil de ser brasileiro é não ter nos mandatários um exemplo a ser seguido.

Jovem escritor

Depois do sucesso do concurso de redação do Senado Federal, o Sindigraf-DF teve a mesma iniciativa ano passado e de tão rico o material apresentado resolveu repetir a iniciativa.

Novidade

Marcada para 4 de agosto, mas ainda não confirmada, audiência pública na Câmara dos Deputados vai analisar o projeto de lei com artigos contra a corrupção. O primeiro depoimento será do juiz federal Sérgio Moro.

Crise

Ovídio Maia, do Sindicato de Habitação do Distrito Federal (Secovi), informa que a profissão dos corretores de imóveis passa a ser exclusiva aos poucos e explica: “A remuneração do corretor não é fixa, é necessário fazer poupança e pensar em longo e médio prazos, se não, o trabalhador com certeza abandonará o mercado”.

História de Brasília

Está de pé, o caso da Prefeitura de Brasília. O regime parlamentarista está sendo desvirtuado, porque estão fazendo leilão de cargos. O que ocorre com Brasília é simplesmente lamentável. (Publicado em 12/09/1961)

Inoperância contra os cartéis

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Durante mais de duas décadas, o cartel dos combustíveis lesou os brasilienses. Estimativas subestimadas falam em prejuízos ao consumidor da ordem de R$ 1 bilhão ao ano. Ao longo de todo esste período, a combinação criminosa de preços foi facilitada por um misto de inoperância dos órgãos de fiscalização, do Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência (CADE) e do próprio Governo do Distrito Federal, auxiliados por uma turma de deputados distritais cujas campanhas eleitorais eram irrigadas com fartas doações de maus empresários.

A própria Petrobras, principal fornecedora dos produtos, se encontrava nesse mesmo período mergulhada no maior caso de corrupção de sua história. Dessa forma, os consumidores eram lesados em várias frentes simultaneamente. Também os combustíveis encontrados nas bombas era de qualidade duvidosa. Não foram poucos os casos de automóveis que tiveram seus motores danificados em razão de combustíveis “batizados”.

Nesses 20 anos, foram identificados e revelados pela imprensa vários casos de bombas de combustíveis com contadores adulterados. Parte volumosa dos lucros ilegais, tanto do fornecedor nacional como dos distribuidores locais, servia, obviamente, para garantir a continuidade dos negócios escusos.

Diante de um esquema tão poderoso e gigantesco que englobava o governo federal, o governo do Distrito Federal, todos os órgãos de fiscalização, além dos poderes Judiciário e Legislativos local e federal, o consumidor era invisível e indefeso, sem ter a quem recorrer.

Seguir o ciclo do combustível no país, desde sua retirada no poço, refino, distribuição e venda nas bombas, é percorrer a trilha de crime bem orquestrado contra o consumidor final. O próprio programa que envolve a produção do etanol e sua mistura a gasolina e ao óleo diesel é uma história que esconde um dos maiores engodos ao brasileiro. O departamento de física da UnB, há anos, elaborou um projeto onde era impossível adulterar ou roubar o consumidor. Óbvio que nenhum executivo se interessou.

As apurações reveladas agora pela Operação Lava-Jato e pela Operação Dubai, deflagrada no Distrito Federal, apontam para um esquema em que o principal insumo do desenvolvimento, no caso os combustíveis, foi usado para beneficiar empresários e políticos corruptos em detrimento de uma população, transformada em uma sociedade de trouxas.

A frase que foi pronunciada

“A escravidão voluntária lubrifica a máquina oligárquica com alienação, suor e sangue. Ao povo, o trabalho. Aos mandatários, o lucro.”

Renée Venâncio, no pensador Uol

Voz do povo

» Comentário na parada de ônibus do Varjão era sobre o aumento da violência depois de instalado o residencial Parque Paranoá.

Coletivos

» Por falar em ônibus, os preços continuam muito além dos serviços prestados. São motoristas que para chegar ao destino mais rápido se negam a parar em alguns pontos. Além da sujeira causada pelos usuários e nunca limpa pelos empresários. É feia a situação.

Release

» 2016 é um ano importante para a Terra Madre – Orgânicos e Saudáveis (www.terramadresaudaveis.com.br), empório especializado em produtos para alimentação. Como parte da primeira fase do processo de expansão da rede, a Terra Madre comemora a estreia da primeira franquia da marca na CLSW, 301, Bloco C, Loja 20. A franquia é comandada por Nuria Arruda.

História de Brasília

Contrariedade geral, ontem, no aeroporto. Todo o mundo que viajava apresentava certa contrariedade por não ter sido contemplado com um ministério. O mais triste de todos era o sr. Paulo Lauro, de S. Paulo, a quem, merecidamente, o sr. Tancredo Neves lhe tomou um ministério. (Publicado em 10/09/1961)

Resposta homeopática aos atentados

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Com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.br

Tênue é a linha que separa o remédio do veneno. A diferença nos efeitos, vida e morte, é dada pela dose. Entre os princípios orientadores da homeopatia estão a da semelhança (simillimum), que reza que a mesma substância que provoca a doença é capaz de curar e a da dose mínima e dinamizada, que ensina que uma substância extremamente diluída (potência) possui o poder da cura.

Transpondo essas noções da antiga medicina tradicional ocidental para o conturbado e doente mundo contemporâneo, que diagnósticos e prescrições médicas seriam necessários para debelar as crescentes ondas de atentados terroristas que vêm ocorrendo em diversas partes do mundo? A obviedade, enxergada apenas pelos gênios, recomenda o fim do comércio mundial de armamentos.

É sabido que parte do material bélico empregado no derramamento de sangue inocente pelo mundo é fabricada aqui mesmo no Brasil. É do conhecimento das autoridades investigativas que em muitos centros religiosos (mesquitas) espalhados pelo Ocidente jovens de várias origens e formação são abduzidos e recrutados para se juntar às forças paramilitares que fazem uma interpretação totalmente radical do Islamismo. O mesmo ocorre com as redes de comunicação como a internet. É possível se alistar as forças da morte e aprender a fabricar bombas devastadoras apenas com um apertar de botões.

Para alguns governos, soa estranho o silêncio dos países muçulmanos com relação aos atentados na Europa e nos Estados Unidos. Para os mais exaltados, é um sinal de aceitação passiva.

Exemplos na história mostram que a intensificação dos atentados acirrará a radicalização de grupos xenófobos no Ocidente, com consequências imprevisíveis. O que os terroristas almejam é justamente chamar os ocidentais e seu way of life para o centro do ringue, criando ao mesmo tempo pretexto e confusão geral para a metástase dos conflitos.

O morticínio crescente afugentará e obscurecerá a luz da razão. Nunca houve um bom resultado quando se misturam religião e armas. Se são muitas as causas que originam os atentados, maiores e mais danosas ainda são suas consequências.

Diante da impossibilidade de acordos formais com grupos radicais terroristas e da ineficácia estratégica de uma guerra convencional a esses homicidas, fica a questão: por onde buscar o fim dos atentados?

Para alguns estrategistas, melhor adotar o princípio do simillium da homeopatia, aplicando aos insurgentes o mesmo método cruel, ao mesmo tempo, diluindo as ações onde quer que estejam as fontes terroristas.

Não parece ser um bom remédio. Experiências ensinam que guerras e conflitos nunca foram solução para a humanidade. Se resolvem problemas imediatos e pontuais, criam outros maiores para o futuro.

A frase que foi pronunciada

“Não existe caminho para paz, a paz é o caminho.”

Mahatma Gandhi

Lição

Ônibus para Taguatinga Centro, linha 7801, passa direto para não pegar idosos na parada. Polícia vai atrás, obriga o onibus a voltar e embarca o casal idoso.

Cerratenses

Um mirante no Jardim Botânico de Brasília dá oportunidade ao visitante de vislumbrar quase 500 hectares de cerrado. A reserva ecológica, que abriga o parque, chega a 4,5 mil hectares. Paulo Bertran, historiador, e o fotógrafo Rui Faquini criaram o termo cerratenses para explicar os que admiram o cerrado. Rafael Poubel, do JBB, explica que uma das missões do local é fortalecer a identidade do brasiliense com o bioma. “Falta muito esta questão do pertencimento. Há pessoas que nasceram em Brasília e que não sabem o que é Cerrado”, explica o ambientalista.

Rouanet

Pedro da Costa diz em sua missiva que antes de tentar mudar a Lei Rouanet, como dissemina o discurso oficial, é preciso consolidar o entendimento de que nenhuma lei é capaz de evitar a corrupção. Essa eficácia incumbe as ações prévias de controle, que precisam do apoio de fato dos superiores e de punição rigorosa quando são julgadas. Isso porque um cidadão se aproveitou de forma ilícita para bancar o próprio casamento.

Frieza

Que decepção! Animada por entrar pela primeira vez na Livraria da Travessa, no Leblon, o atendimento foi terrível. Queria saber sobre as palestras, os lançamentos e as atividades da livraria. Cara a cara com o atendente, a resposta foi fria e seca. Tem tudo na internet, disse roboticamente.

História de Brasília

No final, um ato sério terminou em bagunça. Dizem, que propositadamente, foi evitada a transmissão da faixa em público, no parlatório do Planalto, porque a sua inauguração, com a transferência de governo, do sr. Juscelino Kubitschek para o sr. Jânio Quadros, foi danosa para a República. (Publicado em 10/09/1961)

Janelas para o crime

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Fatos aparentemente distintos, quando por algum motivo desencadeados, revelam possuir conexões tão íntimas que apontam para uma origem comum. Neste sentido, o que teria em comum a operação desencadeada pela polícia civil, que prendeu gangues rivais em São Sebastião, com o 29º posto comunitário de segurança incendiado pelos vândalos na Estrutural?

Numa primeira análise, são fatos distintos. Mas, de acordo com a Teoria das Janelas Quebradas, muito aceita em grandes metrópoles do mundo desenvolvido, esses fatos possuem correlação, influenciando acontecimentos, à primeira vista díspares. Um exemplo típico foi evidenciado recentemente com o antigo hotel Palace Torre, no Setor Hoteleiro Norte. Depois de falida a empresa, o edifício ficou abandonado por um longo período. Aos poucos, o hotel foi depredado por passantes.

Primeiro, foram quebradas algumas vidraças da portaria. Em pouco tempo foi se transformando em moradia para desocupados e viciados em crack. Em menos de um ano, se transformou em um enorme problema para toda a região, afetando os negócios de outros hotéis, afastando clientes, assustados com o aumento da criminalidade. De abandonado, passou a depredado e virou centro de problemas de toda ordem, sendo preciso a intervenção de uma força policial de desocupação a um alto custo para os cofres públicos.

Curioso observar que é justamente naquelas localidades onde os postos comunitários foram depredados e incendiados que ocorre o maior número de casos de violência e crimes de toda a ordem. Simbolicamente, a destruição dos postos representa uma tomada do território pelo crime.

A decadência da avenida W3 e do Setor Comercial Sul é exemplo claro de como a deterioração de certas localidades favorece a ocorrência de crimes e serve como chamariz para desordeiros, prejudicando empresários e colocando em risco moradores das proximidades e transeuntes.

Nova York é outro exemplo dessa teoria, quando adotou “a tolerância zero”, reprimindo toda espécie de crime, dos mais insignificantes aos de maior nocividade.

Hoje, é fato, essa metrópole mundial é um oásis de tranquilidade reconhecida por todos. O incêndio criminoso desses postos deve ser investigado a fundo e seus autores exemplarmente punidos, para o bem da comunidade e o futuro da cidade.

A frase que foi pronunciada

“O poder é a escola do crime.”

William Shakespeare – Macbeth

Promessas

Lendo notícias da Samarco à época do acidente com o Rio Doce, Andrew Mackenzie, chefe executivo da BHP Billiton, dona da Samarco, havia prometido criar um fundo de assistência para reconstruir a área afetada e rapidamente assistir as comunidades atingidas. “As pessoas do Brasil e em particular de Mariana, têm a minha determinação absoluta de que faremos a nossa parte ajudando na reconstrução das casas, da comunidade e do seu espírito. Faremos isso trabalhando lado a lado com Murilo Ferreira, diretor-presidente da Vale, e Ricardo Vescovi, diretor-presidente da Samarco.

Dívidas

Sem espaço na mídia, o acidente em Mariana continua com o mesmo rastro de destruição. Prefeitura e governo estadual precisam informar à população brasileira sobre todas as medidas efetivamente tomadas. Mais que isso, é fundamental a transparência nas verbas em trânsito para que se acompanhe onde vão parar. Outras tragédias no país já mostraram que a verba destinada nem sempre chega para beneficiar a população.

Lembrança

Em uma palestra para líderes da construção civil no DF, o brilhante Ayres Britto finalizou o discurso com a seguinte frase: “Estamos vivenciando, no Brasil, uma mudança de atitude. A desonestidade, como estilo de governo, está com seus dias contados”, frisou o ministro. Brindemos, então, à honestidade!

História de Brasília

O discurso do sr. João Goulart não pode ser transmitido pela estação oficial. Ou melhor, foi transmitido, mas ninguém entendia nada, porque todo o mundo falava durante a oração. Foi um pecado mortal dos funcionários do Itamarati. (Publicado em 10/9/1961)

Dignidade

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Dignidade, que o dicionário define como sendo um atributo pessoal de quem procede com decência e com elevado senso de nobreza e honestidade, talvez seja uma das características fundamentais que distinga o ser humano do animal irracional.

Trata-se de um conceito cuja importância está ligada diretamente ao princípio da dignidade da pessoa humana que, por sua vez, se liga ao estado democrático de direito e, portanto, está inscrito no conjunto de direitos fundamentais da Constituição.

A relevância e o significado do termo levaram o filósofo alemão Immanuel Kant, na obra Fundamentação da Metafísica dos Costumes, a declarar que “No reino dos fins, tudo tem ou um preço, ou uma dignidade. Quando uma coisa tem preço, pode ser substituída por algo equivalente; por outro lado, a coisa que se acha acima de todo preço, e por isso não admite qualquer equivalência, compreende uma dignidade.”

Revestida de dignidade, a pessoa se torna merecedora do respeito não só de seus pares, mas do próprio Estado. É com base neste conceito que o Estado se organiza para prover e garantir-lhe as condições mínimas a saúde, a educação e a segurança. O desenvolvimento social, a justiça, a paz e a própria liberdade são construídas com base no conceito de dignidade. Mesmo nas guerras, as convenções internacionais obrigavam os lados em conflitos a procedimentos com relação ao tratamento humanitário dado aos prisioneiros capturados.

A própria ordem jurídica é calcada no conceito de dignidade da pessoa humana, sendo, por excelência, um dos principais pilares da democracia e, por conseguinte, do contrato social.

O processo civilizatório é decorrência direta do conceito de dignidade humana. Colocado dessa maneira sumária à guisa de elucidação sobre o tema, ficam as perguntas: como fica a questão da dignidade da pessoa humana em relação àqueles brasileiros que morrem nas portas dos hospitais? Dos que dormem nas ruas, que são mortos diariamente vítimas de atos de violência nas principais cidades do país? Como fica a questão dos brasileiros assaltados até por seus representantes eleitos? Em que estágio civilizatório nos encontramos na atualidade?

As imagens diárias mostrando famílias inteiras remexendo os lixões a céu aberto ao lado dos urubus, em busca do sustento diário, diz muito sobre a nossa concepção particular de dignidade.

A frase que foi pronunciada

“Quando alguém compreende que é contrário à sua dignidade de homem obedecer a leis injustas, nenhuma tirania pode escravizá-lo.”

Mahatma Gandhi

MPs

Outros quatro municípios estão sendo investigados também por contratação irregular de obras e locação de máquinas, além de serviços fraudulentos. A receita do crime é fraude em licitação, peculato, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Em Santo Amaro (BA), os cofres públicos foram lesados em R$ 24 milhões. Os ministérios públicos do país estão fechando o cerco contra a corrupção.

Treinamento

Operações simultâneas no Aeroporto de Brasília. Capacidade para até 60 pousos e decolagens simultâneos. É o único aeroporto do Brasil com essa capacidade. As atividades voltam em agosto, depois de treinamento dos operadores de voo e do pessoal do Cindacta.

História de Brasília

Ontem, culminou com a invasão do Salão Nobre do Planalto, onde guardas empurravam fotógrafos, e o presidente quase não pode falar. (Publicado em 10/09/1961)

O ovo de Trump

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Em o Ovo da Serpente de 1977, o cineasta Ingmar Bergman , mostra, por meio de uma Berlim nebulosa e fria os anos imediatamente anteriores a ascensão do nazismo. Os apelos ao patriotismo e o sentimento de ódio aos estrangeiros e a todas as minorias estavam presentes em toda a parte. Culpar os diferentes pela miséria imposta aos alemães pelas reparações de guerra é visto em toda a parte da cidade e tratado com indiferença pela polícia, que assiste aos maus tratos aos judeus com a frieza desumana.
O filme retrata o ambiente pesado e sombrio de uma Alemanha que caminha silente rumo a própria destruição. Haveria um paralelo ao destino trágico experimentado por povo culto nos anos vinte e o que acontece hoje com a, cada vez mais possível, vitória de Donald Trump a presidência dos Estados Unidos?
Para alguns analistas a comparação entre as duas situações parece incabível e despropositada. Também os alemães que vivenciaram aquele período, anterior a 1933 e que culminou com a eleição de Hitler como chanceler, acreditavam que o pior já havia passado com a primeira grande guerra e tudo era uma questão de tempo para voltar a normalidade. Da mesma forma, quando se deu a candidatura de Trump, todos os mais prestigiosos analistas apostavam que sua trajetória política iria definhar conforme avançava o processo eleitoral.
Diziam na ocasião que ele iria desaparecer afogado na própria retórica xenófoba e preconceituosa. A realidade dos fatos mostrou que estas previsões estavam totalmente equivocadas. Escolhido agora como candidato oficial do Partido Conservador, mesmo contra a vontade de muitos de seus correligionários, Trump caminha pesado, como um elefante numa loja de cristais rumo à presidência da maior potência do planeta.
A afirmação de que não devemos nos preocupar com aquilo que não podemos mudar, não parece muito sensata, justamente quando se percebe que o paraíso parece ter se exilado para bem distante de nossa nossas cidades e civilização. Uma possível vitória desse fascista declarado, num planeta cada vez mais instável e violento, assolado por atentados terroristas e ondas massivas de refugiados fugindo da fome e de conflitos armados, é tudo o que o mundo não precisa.
Para o renomado professor e pensador norte americano, Noam Chomsky, o sentimento de desesperança, oriunda das camadas de americanos brancos, de meia-idade e de baixo nível de instrução e que representam a parcela que mais comparece às urnas, está impulsionando a popularidade desse candidato. “Trump está evidentemente encontrando eco em sentimentos profundos de ira, medo, frustração e desesperança, provavelmente entre setores como os que estão assistindo a uma elevação da mortalidade, algo inusitado exceto em épocas de guerra e catástrofes”, afirma Chomsky. Como afirma um personagem no filme de Bergman […] qualquer um que fizer o mínimo esforço poderá ver o que nos espera no futuro. É como um ovo de serpente. Através das membranas finas pode-se distinguir o réptil já perfeitamente formado.

A frase que foi pronunciada
“ Think big and kick ass ”. Jerome Valcke pensava parecido e foi banido da Fifa. Essa é nossa esperança em relação ao Trump.
John Smith, na feira da Torre

Estímulo
Micro empreendedorismo individual pode registrar como endereço a residência de quem trabalha por conta própria. É uma facilidade que pode estimular novos microempresários. O senador Cássio Cunha Lima elogiou a iniciativa e declarou que um dos maiores desafios é que o Brasil seja mais produtivo e competitivo e essa é uma possibilidade de estímulo.

Viciados em corrupção
Sem se incomodar com as consequências da Operação Lava Jato, ainda há políticos por todo o país cometendo as mesmas fraudes. Dessa vez a Operação Adsumus, do MPBA no interior da Bahia teve como consequência o afastamento do vice-prefeito da cidade de Caetano Veloso. Santo Amaro. Leonardo Pereira, e o secretário municipal de Administração, Desenvolvimento, Obras e Serviços da mesma cidade, Luís Eduardo Alves, foram afastados dos cargos.

HISTÓRIA DE BRASÍLIA Uma balbúrdia, a posse do sr. João Goulart. O cerimonial fracassou completamente, desde a primeira solenidade após a crise.(Publicado em 10/09/1961)

Eleições Censitárias

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Nas últimas duas décadas, as eleições no Brasil ganharam uma aparência e um significado censitário, ou seja, apenas os candidatos e os partidos com grandes somas de recursos tinham alguma chance de vitória nas urnas. No passado, principalmente a partir da Constituição de 1824 e durante todo o período monárquico, o voto era um direito concedido apenas para aqueles indivíduos com certo nível de renda . O sistema daquela ocasião deixava de fora os brasileiros com renda inferior a 100 mil réis. Era o chamado voto censitário, baseado na renda.
Do retorno a normalidade democrática de 1985, para cá, o que os eleitores passaram a observar, com certa desconfiança, a escalada acentuada nos valores gastos pelos candidatos a cada eleição. Para se ter uma ideia, nas eleições de 2014 para presidente, o custo total da campanha de Dilma Rousseff foi R$ 350 milhões. Uma verdadeira fábula, acessível a poucos. Naquela ocasião, para atrair a simpatia e o voto de cada um dos 54 milhões de eleitores obtidos, foram gastos mais de R$ 5,00 per capta. É Justamente nestes valores astronômicos, num país pobre, que residem os maiores perigos para nossa jovem democracia. O poder do dinheiro tomou o lugar da singularidade e da importância do voto.
No rastro das campanhas milionárias, vieram os maiores beneficiários diretos dessa dinheirama que foram os empresários do setor de propaganda e os grandes empreiteiros, de olho nas possibilidade de negócios fáceis que teriam através dos candidatos que financiaram. Obviamente, do outro lado do balcão, financiando direta e indireta mente essa gastança eleitoreira estavam os recursos públicos, principalmente aqueles desviados das estatais por meio de contratos superfaturados.
Para este dinheiro farto transitar livremente dos cofres públicos para os partidos, foi “oficializado” um rudimentar esquema de caixa dois, eufemisticamente denominado recursos não contabilizados e que foi elevado as alturas pelo Partido dos Trabalhadores, sendo inclusive reconhecido pelo seu principal personagem e maior beneficiário final do esquema.
A Operação Lava Jato, desnudou este esquema c riminoso, processando e prendendo parte de seus principais personagens . Na esteira dessa trama policial, os órgãos de fiscalização e controle de movimentações financeiras acordou de seu longo e providencial sono. Fez despertar da letargia marota, os Tribunais de Contas e com eles a inoperosa e descartável Justiça Eleitoral .
A movimentação do Ministério Público em conjunto com a Polícia Federal, somada as prisões de alguns figurões da política, fizeram acordar também o Congresso que correu para aprovar a nova legislação eleitoral (Lei nº13.165/2015). Claro que toda essa movimentação só foi possível graças as pressões das gigantescas manifestações de rua por todo o país. A s eleições vindouras dirão se já estamos definitivamente no caminho certo.
A frase que foi pronunciada
“Não há nada de errado com aqueles que não gostam de política, simplesmente serão governados por aqueles que gostam.”
Platão, filósofo grego

Lixo é luxo
Brasília ainda não teve a sorte de ter um empresário sensível que perceba o lucro possível no gerenciamento de materiais recicláveis. Uma pena, porque os lixões irregulares no Distrito Federal, há 880 lixões que custam muito e rendem pouco.
Dormilantes
Volta à discussão sobre vigilantes e a obrigação de marcar a presença em um ponto de hora em hora. Se está trabalhando, é esse seu serviço. Casos de vigilantes dormindo no trabalho, são tão comuns que eles são chamados de dormilantes. Uma vergonha para a classe. O Sindicato pensa que protege, mas ridiculariza os profissionais.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Venceu, ontem, a terceira prestação do regime Parlamentarista para a posse do Presidente da República. Primeiro, o compromisso constitucional. Depois, a apresentação do gabinete, e ontem, finalmente, a entrega da faixa presidencial.(Publicado em 10/09/1961)

Catarse olímpica

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Fizeram-nos crer no que éramos e o no que não éramos. Acreditamos na farsa. Revelada a verdade, relutamos ainda em tirar a fantasia e continuar sendo o que sempre fomos: um povo ilhado, órfão de um Estado e em busca de um governo confiável.

A catarse, ou purgação, experimentada pelos brasileiros teve seu ponto alto nas ruidosas manifestações de rua. Ali, em praça pública, foram despidos, pela primeira vez e de forma espontânea, na vista de todos, os trapos de nossa indigência política. Nossos representantes não nos representam, diziam os cartazes.

A Copa do Mundo e agora as Olimpíadas foram providencialmente trazidas até nós e insufladas na população em meio a um ambiente de ufanismo triunfalista que vigorava no país de então. Fazia parte da propaganda massiva do governo acender o espírito nacionalista. A Copa foi a nossa Ilhas Malvinas, usada como pretexto para esconder os vícios de um governo que agonizava.

O mesmo foi feito com os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro. Foram arquitetados da mesma forma que Hitler fez em 1936 para mostrar ao mundo a superioridade da raça ariana. Déspotas, desde sempre, têm se servido dos esportes para iludir a população com vitórias efêmeras e sem sentido. De que adianta saltar mais alto, correr, nadar, pular, saltar, dar piruetas se o que importa, de fato, são os rankings de bem-estar social?

Mais proveitoso e duradouro é ser campeão em cidadania. Melhor para a sociedade ter medalha de ouro em saúde. Subir ao pódio mais alto em educação. A foto de um morador de rua dormindo sob a placa dos Jogos Olímpicos que anuncia um novo tempo diz tudo.

Com as entranhas do governo populista evisceradas pela Operação Lava-Jato, a nação vai descobrindo aos poucos que o primeiro a ser apanhado nos exames de doping foi justamente o governo, que organizou a festança mediática.

Nas investigações que prosseguem há uma certeza: da mesma forma que ocorreu com a Copa em 2014, as Olimpíadas foram organizadas para que as grandes empreiteiras fossem as grandes campeãs do torneio. Passado para trás nos dois eventos internacionais, cabe ao povo, enlutado com a roubalheira, fazer o papel de bom anfitrião e esconder a lágrima.

A frase que foi pronunciada
“Quem quer que esteja fisicamente bem preparado pode fazer coisas incríveis com seu corpo. Mas quem junta a um corpo em forma uma cabeça bem cuidada é capaz de feitos excepcionais.”

Alexandre Popov, melhor nadador da Olimpíada de 1996

Dada a partida

» Neste exato momento começa pelo país o lançamento de candidatos interessados em disputar cargo de prefeito, vice-prefeito ou vereador. Entre os dias 20 de julho e 5 de agosto, em alguns estados haverá convenção partidária. É nesse frágil espaço de tempo que cada candidato deveria
passar por um “escâner
de vida pregressa”.
É a hora

» Todo partido escolherá na convenção, entre os filiados, quais serão os candidatos a prefeito, vice-prefeito ou vereador, além dos números e dos nomes que serão identificados nas urnas eletrônicas. Nesse momento também será decidido se haverá coligações ou não.
Legendas

» Por falar nisso, no início do ano, amparados pela Constituição, a janela para troca partidária em março deste ano permitiu mais de 90 mudanças entre legendas na Câmara dos Deputados.
Jogadas

» A janela para troca partidária aberta pela promulgação da Emenda Constitucional 91/16 já permitiu a mudança de partido de 92 dos 513 deputados federais. A emenda, promulgada em 18 de fevereiro, abriu um prazo de 30 dias para os parlamentares mudarem de legenda sem perder o mandato. PMDB, PT e PSDB perderam deputados, enquanto
o PP ganhou.
Mais partidos

» Segundo o Supremo Tribunal Federal, os mandatos não pertencem aos candidatos, e sim aos partidos. Por isso, há a liberdade de trocar de legenda, desde que entregue o mandato. A exceção se dá quando a saída é para um partido recém-criado. Nesse caso, não há prejuízo do cargo.

História de Brasília
Doutor João Goulart, Brasília é uma experiência que lançou o Brasil no exterior. Brasília deu ao brasileiro a confiança em si mesmo que ele havia perdido. Brasília substituiu o Jeca Tatu pela personalidade do Candango. Respeite isto, doutor Jango, e todos seremos gratos. (Publicado em 10/09/1961)

O perigo do medo da verdade