O príncipe e o mendigo

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960

aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha e MAMFIL

No clássico de 1881 “O príncipe e o mendigo” , Mark Twain elabora uma estória , perfeitamente factível, da troca de um príncipe , por um mendigo, baseada apenas na incrível semelhança física que havia entre estes personagens. Para tanto , bastou que ambos trocassem de vestes para que a trama se desenrolasse, enganando todo mundo, inclusive o próprio rei Henrique VIII.

Nos tempos atuais, houve relatos parecidos , com os serviços secretos de países da antiga Cortina de Ferro, utilizando sósias de altos dirigentes para missões de risco, provando que aspectos circunstanciais ,como a aparência física, podem definir a posição e o futuro não apenas de pessoas, mas de nações inteiras. Quanto a isso, os antigos costumavam dizer que o mundo gira como uma roda gigante justamente para alternar indefinidamente as posições de cada um neste planeta, colocando no alto hoje, quem esteve, por baixo, ontem e vice-versa.

Apogeu e ruína, compõem lados opostos da mesma moeda, a moeda da vida. Nossa história recente, está repleta de casos envolvendo personalidades políticas que experimentaram a glória e a desonra e, em nenhum desses momentos, foram capazes de avaliar e aprender quão fútil e transitório é cada uma dessas fases. Num país em que a injustiça e a desigualdade são sentidas pela população desde 1500, não surpreende que nossa elite política ainda permaneça alheia e indiferente a realidade em volta, sobretudo quanto as flagrantes diferenças com que são tratados pelo Estado, os membros do governo e o restante dos brasileiros.

O caso, revelado agora, do ex-ministro Guido Mantega, que mantinha na Suíça uma conta secreta com U$ 600 mil, prova que , ao chefe geral da pantagruélica Receita Federal tudo é permitido, inclusive possuir conta milionária no exterior, sem declarar a justiça tributária. Caído em desgraça, por conta das múltiplas delações, Mantega começa a experimentar o outro lado da moeda, embora, como todos na mesma situação, não tenha aprendido nada e nem esquecido nada.

Na leva dos cinco milhões de refugiados que tiveram que abandonar a Síria as pressas, deixando tudo para trás, estava o artista plástico Abdalla Al Omari. De posse das únicas armas que domina,  Omari começou a pintar a série “Vulnerabilidade” , retratando líderes mundiais como refugiados comuns, vivenciando as mesmas situações de agruras experimentadas pelos migrantes forçados. Na série aparecem em filas gigantescas os presidentes Bashar Al Assad, Nicolas Sarkozy, Donald Trump, Obama, Kim Jong Un e outros, vestindo trajes comuns, sujos e com a expressão desesperadas de quem não tem para onde ir nem para onde voltar . “Queria imaginar como todos estes líderes poderosos se veriam calçando nossos sapatos” afirmou o artista, para quem esse trabalho foi uma reação pessoal e uma doce vingança, feita com arte.

No Brasil nossa série Vulnerabilidade é retratada ao vivo através da presença de ilustres políticos colocados a frente do Juiz Moro. Nestas imagens reais, nossas elites políticas mais e mais se parecem com aquilo que sempre foram: meliantes comuns postos no banco dos réus, não por motivos ideológicos e nobres, mas por razões descritas no Código Penal, Código Civil, Constituição, Código Tributário, Lei de Execução Penal, Lei de Improbidade Administrativa e outras tantas leis que preveem a conduta ilícita. Nossos príncipes ,são  na realidade, mendigos comuns, alçados ao poder , por obra e desgraça  de um povo que com o seu voto ainda não teve acesso

 

A frase que foi pronunciada:

“ A nação é conduzida pela ignorância da nação.

Uma nação sem consciência protesta contra si própria.”

Gilberto Angelo Begiato

 

Decepção

Auris populi não é auris Dei. Assim começou o protesto de um leitor que pede para não ser identificado. Ele comenta o show do Fagner no Ulysses Guimarães. Ruído e barulho entrecortados por música foi uma sequência de assassinatos. As músicas de Belchior foram literalmente executadas, atesta o leitor. O mais interessante de tudo foi a felicidade da plateia. “100% compreensível, continua, considerando que vivemos em um país assolado pela incultura e pelo som automotiva. Lamentável, ver um criador imolar sua obra tão delicada e sensível por um punhado de dinheiros e de aplausos.

Conhecimento

A ministra Cármen Lúcia deixará marca importante no Conselho Nacional de Justiça. Apaziguará o processo Judicial Eletrônico com a integração dos sistemas dos tribunais. A tramitação dos processos comporá um sistema único e similar que conversará com o sistema antigo sem a necessidade de substituição.

Humanizar

Quem acha que o governo gasta muito com remédios de alto custo deveria ler a carta de Shara Nunes Sampaio, Procuradora da Associação Brasileira de Assistência à Fibrose Sística. Mãe de portador da doença que é crônica, Dra. Shara colocou os pingos nos is respondendo a um editorial que criticava a judicialização do acesso a saúde. Ao autor ela aconselhou que deveria se limitar a criticar a roubalheira dos políticos, porque essa é a raiz da falta de verbas para o sistema de saúde do país. Diz ainda fechando com o coração inconformado:

“      Eu entendo! Os doentes não podem pagar por uma matéria que os defenda em um grande jornal do país! Aliás eles não conseguem sequer pagar o tratamento!” encerrou a missiva.

 

História de Brasília

Não houve, entretanto, necessidade de sua intervenção, a não ser em alguns casos em que o nervosismo do povo provocava acidentes como desmaios. (Publicado em 28/09/1961)

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