Democracia envenenada

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Na tênue teia que vai se enredando o principal personagem político desses últimos 14 anos, estão presos, além do partido e da sucessora no cargo, todo o governo e, por tabela, o Estado, inclusive o Poder Legislativo. Paralisados, à espera da aranha da lei que avança sobre os ímprobos.

Ao país, só resta aguardar o ato final e o desfecho de uma saga que mistura política e polícia na mesma proporção. De positivo, vislumbra-se o aflorar de um Estado mais depurado e, por conseguinte, uma democracia mais aprimorada, expurgada da ação nefasta de falsos e numerosos partidos, sempre alheios aos reais interesses da nação.

Para um Estado que se vê obrigado a sustentar tantas e tão diversas legendas, o mínimo que se poderia esperar é que tivesse iniciativa de deliberar para cessar a crise. Na verdade, a crise demonstra claramente a total inutilidade e até mesmo o prejuízo para o cidadão em manter superestrutura partidária, formada por miríade de legendas de aluguel, que funcionam mais como clube fechado, voltado ao atendimento dos interesses dos associados da cúpula.

O processo insidioso que permite que o partido no poder possa se imiscuir na máquina pública, parasitando a administração é, entre as muitas variáveis da crise, o fator que mais chama a atenção e, por isso mesmo, clama por reparos urgentes.

O governo de coalizão, baseado, isso sim, na cooptação de partidos, por meio de prebendas, deve ser banido de imediato. Qualquer reforma que minimize a ingerência de partidos na gestão pública será um avanço na política brasileira. É preciso, e isto é consenso entre muitos brasileiros, vedar o acesso desses clubes políticos à máquina administrativa, fechando a porteira do Estado à ação infecciosa dessas instituições.

Se a democracia não pode prescindir de partidos para funcionar, do mesmo modo não pode existir sabotada por multidão de agremiações de fantasia. Nesse dilema, de aparente complexidade, a solução passa primeiro pela redução dos excessos, filtrando esses clubes de acordo com um rígido esquema de cláusula de barreiras.

A quantidade, em nosso caso, nos conduziu à superdosagem, levando nossa recém-democracia a envenenamento grave. Também o Tribunal Superior Eleitoral, criação exótica de nossa Carta, mostrou que, em momentos de crise, é inócuo. Mais do que políticos articulados e incensados, o país necessita agora de autênticos brasileiros. Quem sabe eles estejam em meio à grande multidão que as ruas anunciam.

O texto que não foi escrito:

“Nação brasileira, nos perdoe. Mentimos. Defendíamos uma Nação e criticamos as elites. Hoje fazemos parte da elite que sempre criticamos. Da banda podre da elite. Da parte desonesta, que rouba. E, para dizer a verdade, valeu a pena. Estamos riquíssimos. Temos dinheiro para qualquer parada. Preso ou não, o dinheiro é só meu e ninguém tasca. Isso tudo vai passar e vocês vão esquecer e me adorar novamente. Esperem para ver. Pensamos na política como bem comum. Antes, queríamos estar no poder; hoje, defendemos nos manter no poder. Para mim, é bem comum viajar, voar, ficar nos melhores hotéis, comer do bom e do melhor. Tentem vir para o poder para vocês verem como é bom. Duvido que queiram deixar isso aqui! Estou cantando e andando para o que vocês pensam. Por isso, nem percebi em que jatinho estava viajando para escapar da prisão. Eu aprendi que ser do governo é buscar o bem social dessa galera daqui. Quero mesmo que vocês briguem bastante, negros contra brancos, ricos contra pobres, homossexuais contra héteros. Assim, vocês me esquecem um pouco. Nossa meta é deixar mais ricos os ricos, ensinar os filhos a tomarem parte desse queijo. Façam tudo para o povo continuar manso e ignorante. Assim a gente consegue mais tempo nesse paraíso. Perdão, Brasil. Quando eu dizia bem de todos vocês deveriam entender bem de todos os meus amigos, interesseiros ou não. Perdão, mas não estou arrependido. Nem teria do que me arrepender. Essa é a verdade. “

Carta jogada na Esplanada assinada por um ex-presidente

Tranquilidade

Se uma comissão especial levar 45 dias para analisar o impeachment da presidente Dilma, ela pode descansar tranquila. Esse número de dias equivale a 10 anos na memória do brasileiro. Basta ver que uma multinacional acabou com um rio do Brasil e ninguém fala mais nisso.

Alerta

Policiais avisam para motoristas desviarem de frutas jogadas nas pistas. Ladrões estão usando essa tática para furar pneus. As frutas são carregadas de pregos.

Elogio

Por falar nisso, o comandante-geral da PMDF, coronel Nunes, deu uma excelente reformulada na rotina da segurança da cidade. A toda hora, carros da polícia são vistos pela cidade, em rondas e abordagens. Até o fechamento da coluna, a Polícia Militar foi eficiente nas manifestações no DF.

Hábito

Em Brasília, não se buzina porque o trânsito é educado. Mas há uma mudança de hábito.

Agora, é praxe. São raros os carros que passam em frente ao Palácio do Planalto sem buzinar.

Reclamação constante

Ônibus que transitam na W3 Sul não respeitam a faixa própria. Ocupam todas as pistas, muitas vezes apostando corrida para pegar os passageiros à frente. Perigo para todos.

Competência

Se foi de propósito, perdeu. Quando a presidente Dilma trocou o nome de uma deputada pela deputada Ângela Amim, acabou lembrando ao país e, especialmente, a Santa Catarina, que a brilhante carreira e o passado ilibado da sra. Amim são a garantias necessárias para que ela ocupe a prefeitura de Florianópolis.

 

História de Brasília

Depois que o Heron Domingues foi suspenso, o Repórter Esso deixou de ser o grande informativo, de prestígio em todo o país. Ontem, por exemplo, no Rio comeu barriga quando informou extraordinariamente que o sr. João Goulart havia renunciado. (Publicado em 2/9/1961)

Sem condições de prosseguir

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Povoada de indivíduos medíocres instalados nos mais diversos postos do Estado, nossa pobre República se tornou tão frágil e instável que não resiste à bisbilhotice das provas eletrônicas. E não resiste, por um simples detalhe: nas conversas e nos diálogos que são travados nos principais gabinetes das autoridades em Brasília, o conteúdo é pra lá de antirrepublicano, não raras vezes na contramão do que reza o próprio Código Penal. Pelo que a sociedade tem visto, lido e ouvido até aqui, as tratativas firmadas por nossas autoridades entre quatro paredes, no mínimo, afrontam a Constituição.

É justamente nessa contradição, em que a coisa pública é tratada bem longe do interesse e da curiosidade pública, que afundamos todos. Ao pé do ouvido, o Estado é retalhado e dividido quase que democraticamente entre os muitos apoiadores das manobras. A política, deformada nos alicerces, tornou-se ramo de negócio. Os acordos políticos não vão além de tratativas comerciais, em que o importante é o quanto vão render, para cada um dos negociantes, os acordos fechados. Com gente assim, nossa República se transformou em grande feira, onde tudo é negociável, inclusive a ética pública.

Fosse permitida à nação escutar os diálogos travados nos gabinetes do terceiro andar do Planalto ou durante almoços e jantares no Alvorada, o alerta de que “a casa caiu” poderia ser substituído pela frase “o Palácio caiu”. O governo, em primeiro plano, e a República como um todo perderam o último e principal pilar, que os sustentava perante a sociedade e pode ser resumido na palavra credibilidade. Mesmo nas mais insignificantes negociações comerciais do dia a dia, exige-se a figura da credibilidade, quiçá quando o que está em jogo é toda uma nação.

Quão comprometedores, perigosos e ilegais são os diálogos de nossas autoridades jamais saberemos na integralidade, mas, pelo pouco que se tem vazado para a sociedade, já é possível ter noção suficiente de que estamos sendo levados por mãos erradas. Não falem de ilegalidade da prisão coercitiva. Por favor, não citem Constituição ou Estado democrático de direito. Chega de embaçar a realidade com sopa de letrinhas. Quem é autoridade e rouba devolve o dinheiro e é preso. Com líderes desse calibre, marchamos incontinentes para a ruína certa.

 

A frase que foi pronunciada

“A verdade e a mentira são construções que decorrem da vida no rebanho e da linguagem que lhe corresponde. O homem do rebanho chama de verdade o que o conserva no rebanho e chama de mentira o que o ameaça ou exclui do rebanho. […] Portanto, em primeiro lugar, a verdade é a verdade do rebanho.”

Friedrich Wilhelm Nietzsche

 

Boa ideia

Farmácia, motel, mercado. As mulheres cadeirantes de SP criaram um aplicativo, o Biomob, onde há dicas dos melhores lugares com acessibilidade para as tarefas do dia a dia.

 

Elas

Serasa Consumidor realizou pesquisa interessante. Depois que 2 milhões de pessoas abriram o Cadastro Positivo da Serasa, foi possível atestar o que todos já sabiam. A renda média das mulheres é menor que a dos homens. O que foi novidade: elas, menos inadimplentes, comprometem menos a renda com dívidas.

 

Dé-jà-vu

“Nós, da Rede, temos vários desafios, entre eles a construção de um partido formado apenas por pessoas íntegras, que se preocupem com as pessoas e não apenas com projetos de poder. Além disso, vamos trabalhar aliados à sociedade para que todos possam ser protagonistas da transformação”, ressaltou Chico Leite quando eleito para a Executiva Nacional da Rede Sustentabilidade.

 

Luta de sempre

Visite o portal http://corrupcaonao.mpf.mp.br/como-participar para participar do combate à corrupção. No cafezinho da Câmara, a ideia era depositar o Imposto de Renda devido na conta da Polícia Federal, não mais da Receita. Logo apareceu alguém para esclarecer que o pensamento é subversivo.

 

Valor

O advento da internet valorizou mais ainda a paixão dos filatelistas. Aos poucos, os selos vão ganhando valor com a modernidade. É ótima maneira de ensinar história e geografia, no mínimo, para a criançada.

 

História de Brasília

Tenho que agradecer aos Costas, da Rádio e TV Nacional, a minha inclusão no programa Maiorais da Semana. Não compareci porque a correspondência ficou retida no Correio Braziliense e só hoje a recebi. (Publicado em 2/9/1961)

Em busca do tempo perdido Cena final

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Qual seria o último ato ou cena que marcaria o grand finale e fechamento das cortinas nesta que é a maior e mais longa novela política de todos os tempos? Aprovado o impeachment pela Câmara dos Deputados, Dilma vive seus derradeiros momentos em um Palácio da Alvorada virado de cabeça para baixo. Tudo está fora de lugar. Os servidores deslizam de um lado para outro com os olhos arregalados. Nem eles nem Dilma sabem o que é dormir nas últimas semanas. Neste ponto, a abstinência do sono misturou realidade e fantasia, e o cenário lembra mais um antigo hospital psiquiátrico, com suas portas e janelas altas e pessoas silenciosas e vagarosas, perdidas numa bruma fria nos amplos salões.

Por volta das duas horas da manhã, Dilma está sentada no alpendre do palácio, que, um dia, acreditou que seria seu para sempre, com sua camisola longa e branca. O cabelo está em desalinho. No rosto pálido e vincado, uma aureola escura em volta dos olhos, lembrando um cansaço sem fim, chama a atenção. Inconsolada e abandonada por todos, inclusive pelo criador, Dilma agora é alma penada em seu castelo mal-assombrado, prestes a ser expulsa do paraíso pela espada de fogo dos anjos da lei.

Buscando entender onde e como tudo começou, a presidente sai às escondidas do Alvorada e segue para a Praça dos Três Poderes, onde parte de sua vida foi agitada como redemoinho. De camisola branca e uma garrafa de vinho nas mãos, Dilma troca os passos pela praça deserta. Bebendo na boca da garrafa, se dirige para a frente do Supremo, onde passa a pronunciar palavras incompreensíveis contra o prédio vazio. Gesticula muito e, entre um trago e outro, avista a estátua da Justiça ali defronte. Numa manobra só permitida aos amigos do álcool, consegue escalar o monumento e deixa-se adormecer por uns instantes no colo de uma Themis de granito impassível.

Acordada com descortesia por um vigia local que não reconhece a inquilina do Planalto, Dilma é expulsa do local. Com o dia raiando, o vulto de uma mulher esguia vestida com sua camisola branca com uma garrafa de vinho na mão segue descalço e meio sem rumo tentando voltar ao palácio para se recompor. No meio do caminho, se deixa convencer que um raio de sol está seguindo seus passos. Acreditando tratar-se de uma epifania, começa a delirar e atravessa de vez a tênue fronteira que separa a razão da loucura, desaparecendo entre os museus dali, para nunca mais ser vista.

 

A frase que foi pronunciada

“O Brasil está derretendo.”

João Marcelo, 8 anos, ao ouvir notícias de violência, corrupção e doenças

 

Jovem cidadão

Visita especial na Câmara Legislativa do DF. Alunos da rede pública de ensino conheceram a casa das leis do DF. Na notícia enviada pela comunicação da Casa, Daniel Araújo da Silva, 12 anos, declarou que “foi muito bom a minha escola poder participar dessa visita à Câmara. Eu tinha vontade de saber como era aqui dentro e eu só ouvia falar na televisão. Agora, eu sei mais”.

 

Jovem senador

No Projeto Jovem Senador, a criançada de todo o país envia uma redação com o tema definido. Os autores dos textos escolhidos vivenciam no plenário a experiência de um parlamentar.

 

Quase lei

Uma das sugestões apresentadas pela meninada é que escola do ensino médio e fundamental de todo o país ofereça pelo menos um ponto de acesso à internet. A ideia vai avançar como projeto de lei e será discutida na Comissão de Direitos Humanos e Legislaçao Participativa.

 

Release

A Associação Médica de Brasília comemora um avanço na psiquiatria do Distrito Federal. Em setembro, será realizada a 1ª Semana Distrital de Valorização da Vida. “Essa é uma grande vitória para a psiquiatria. O suicídio é um caso gravíssimo de saúde pública”, afirma o diretor de Comunicação da AMBr, Antônio Geraldo da Silva. De acordo com a Lei nº 5.611/12, a ação deve ocorrer na semana que compreender o 10 de setembro, Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio.

 

História de Brasília

Sobre a renúncia do sr. Jânio Quadros, quando serenarem os ânimos, e começarem os depoimentos para a história, nós publicaremos, aqui, declarações interessantes do último encontro do sr. Jânio Quadros com os Ministros Militares. (Publicado em 2/9/1961)

Trabalhadores partidos

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Lula chega ao fim de sua trajetória meteórica três décadas depois de alçar voo, percorrendo uma parábola perfeita, do chão ao céu e do céu de volta ao chão, onde corre agora o risco de voltar a ser pó. O número de filiados desapontados aumentou. Enfim, perceberam que foram usados para que Lula e toda a turma da cúpula pudesse lamber os dedos nos aposentos das elites. Era só isso o que procuravam.

Apesar dos discursos veementes, de ter sido pontual contra as falcatruas, as prioridades da sociedade estão em desequilíbrio constante com as prioridades de Lula. Enquanto a reforma política não reorganizar a situação atual, a administração continuará ao relento, deteriorando-se a cada golpe do clientelismo, do corporativismo e da corrupção.

Acontece uma revolução no Brasil. Uma revolução de mentalidade, cultura, participação. Sem isso nunca serão possíveis mudanças efetivas que extirpem de vez o câncer da corrupção. Obrigar a devolver o que foi roubado e punir exemplarmente os envolvidos, para que passem a pensar duas vezes antes que se rendam às propostas ilícitas.

O tempo dirá como tudo ocorrerá. Como chefe do Executivo, Lula flanava pelos ares ajudado pelo bafo quente da turba de bajuladores que inflava seu balão. Ao público, dizia odiar as elites. À meia-luz, ceava com elas em saraus magníficos e se sentia no paraíso. Pelas elites foi usado como mais um despachante de luxo, alojado no 3º andar do Palácio do Planalto. Não ouviu o conselho de Barack Obama: “Livre-se dos bajuladores. Mantenha perto de você pessoas que te avisam quando você erra”.

Se a oposição entendesse um pouco sobre as artimanhas do destino, saberia que foi bafejada pela sorte quando perdeu a última eleição para Dilma e seu partido em 2014. Ao se ver derrotada em 2014 para a chefia do Executivo, a oposição, sem querer, se livrou da maior e mais nefasta herança que um sucessor pode adquirir.

Caso Aécio ou Marina assumisse a Presidência e se deparasse com a casa arrasada que havia por trás das portas do Palácio do Planalto, de nada adiantaria vir a público e reclamar do caos. Na eventual sagração da oposição, o Partido dos Trabalhadores espalharia, aos quatro ventos, que a ruína do país, agora escancarada, fora criação proposital dos oposicionistas para culpar os antecessores. A vitória da oposição a tornaria dona e fiadora do caos.

Da mesma forma, mas em sentido oposto, se as hostes petistas pudessem prever o que viria a seguir à posse do segundo mandato de Dilma, cuidaria ou de apontar outra figura para concorrer ao pleito, ou forçaria a barra para perder as eleições e se livrar, em grande parte, da avalanche de escândalos e descalabros que deixaram para trás. Assim, por razões inversas, quis o destino ou algo sobrenatural que quem ganhou perdeu e quem perdeu ganhou sem saber.

Ainda assim, na conta de chegar, somando e dividindo tudo, coube à população ficar com um baú abarrotado de infortúnios. Diferentemente do governo e de seus aliados, que, uma vez apeados do poder, se desmancharão no ar e não deixarão rastros. Restará apenas o prejuízo para a sociedade trabalhadora pagar. Será preciso retornar pelo mesmo caminho, recolher os cacos e, sobre os escombros deixados, reconstruir novamente o país.

 

A frase que não foi pronunciada

“Criar o futuro é um desafio até para os otimistas.”

Ulisses Guimarães, de onde estiver, pensando no Brasil

 

Insigne

No Rio de Janeiro, a marca BIC, com criação da agência Y&R e produção da Conspiração, deu um susto nos pais da criançada do Colégio Santa Marta. Aplicou neles a mesma prova que as crianças haviam feito na semana anterior. O resultado foi surpreendente. Apenas os pais que tinham o hábito de estudar com os filhos alcançaram nota satisfatória. Essa experiência gerou o minidocumentário Segredo que desperta a emoção do dono do mais duro coração.

 

Representatividade

José Carlos Moreira De Luca, do Sicoob Empresarial, reúne gente experiente para a próxima gestão. Vale dizer que os associados eram 4,2 milhões no fim de 2010. Em 2016, passam de 8 milhões.

 

Procon

Hoje, das 10h às 18h, em frente ao Brasília Shopping, o Dia do Consumidor será comemorado com instruções, esclarecimentos, orientação, consulta e registro de reclamações. Os fiscais também estarão no shopping para orientar consumidores e fornecedores sobre as normas e o devido cumprimento da legislação de consumo. Mais informações pelos telefones 2104-4338  e 8164-1941.

 

HUB

A capacitação dos funcionários e a implementação de uma ouvidoria têm dado resultados positivos na qualidade de atendimento do Hospital Universitário de Brasília. Em entrevista ao longo de 2015, 74% dos pacientes mostraram-se satisfeitos com o HUB. Do total dos entrevistados, 97 indicariam o hospital para atendimento de outro familiar. Parabéns a todos os responsáveis pela conquista.

 

Prisão

No cafezinho da Câmara, alguns jornalistas comentavam sobre a decisão da juíza Maria Priscilla Ernandes Veiga de Oliveira. Ela encaminhou para o juiz Sérgio Moro a denúncia contra Lula, que pede a prisão preventiva. A conclusão foi que Lula, há muito tempo, é prisioneiro. Da falta de conhecimento das leis, do deslumbramento e dos falsos amigos, que se aproximam levados a interesses claramente obscuros.

 

História de Brasília

Poucas pessoas estiveram mais chegadas ao sr. Jânio Quadros do que o diretor dessa revista, embaixador do governo em missão junto aos países da Cortina de Ferro. (Publicado em 2/9/1961)

Superestrutura partidária

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Na tênue teia que vai se enredando o principal personagem político destes últimos 14 anos, estão presos, além seu partido e sua sucessora no cargo, todo o governo e, por tabela o próprio Estado, incluído aí o Poder Legislativo. Paralisados, à espera da aranha da lei que avança sobre os ímprobos.

Ao país só resta aguardar o ato final e o desfecho de uma saga que mistura política e polícia na mesma proporção. De positivo, vislumbra-se o aflorar de um Estado mais depurado e, por conseguinte, uma democracia mais aprimorada, expurgada da ação nefasta de falsos e numerosos partidos, sempre alheios aos reais interesses da nação.

Para um Estado que se vê obrigado a sustentar tantas e tão diversas legendas, o mínimo que se poderia esperar é que tivessem iniciativa de deliberar para cessar a crise. Na verdade, a crise demonstra claramente a total inutilidade e até mesmo o prejuízo para o cidadão em manter uma superestrutura partidária, formada por uma miríade de legendas de aluguel, que funcionam mais como um clube fechado, voltado ao atendimento dos interesses dos associados da cúpula.

O processo insidioso que permite que o partido no poder possa imiscuir-se na máquina pública, parasitando a administração é, dentre as muitas variáveis da crise, o fator que mais chama a atenção e por isso mesmo clama por reparos urgentes.

O governo de coalizão, baseado, isto sim na cooptação de partidos, por meio de prebendas, deve ser banido de imediato. Qualquer reforma que minimize a ingerência de partidos na gestão pública, será um avanço na política brasileira. É preciso, e isto é consenso entre muitos brasileiros, vedar o acesso desses clubes políticos à máquina administrativa , fechando a porteira do Estado a ação infecciosa dessas instituições.

Se a democracia não pode prescindir de partidos para funcionar, do mesmo modo não pode existir sabotada por uma multidão de agremiações de fantasia. Nesse dilema, de aparente complexidade, a solução passa primeiro pela redução dos excessos, filtrando esses clubes de acordo com um rígido esquema de cláusula de barreiras.

A quantidade, em nosso caso, nos conduziu à superdosagem, levando nossa recém democracia à um envenenamento grave. Também o Tribunal Superior Eleitoral, uma criação exótica de nossa Carta, mostrou que em momentos de crise é inócuo. Mais do que políticos articulados e incensados, o país necessita agora de autênticos brasileiros. Quem sabe eles estejam em meio a grande multidão que as ruas anunciam.

 

Tranquilidade

Se uma comissão especial levar 45 dias para analisar o impeachment da presidente Dilma, ela pode descansar tranquila. Esse número de dias equivale a dez anos na memória do brasileiro. Basta ver que uma multinacional acabou com um rio do Brasil e ninguém fala mais nisso.

 

Alerta

Policiais avisam para motoristas desviarem de frutas jogadas nas pistas. Ladrões estão usando essa tática para furar pneus. As frutas são carregadas de pregos.

 

Elogio

Por falar nisso, o comandante-geral da PMDF, coronel Nunes, deu uma excelente reformulada na rotina da segurança da cidade. A toda hora carros da polícia são vistos pela cidade, em rondas e abordagens.

 

Pro atividade

É preciso um estudo eficiente da drenagem urbana. Não é possível que 20 minutos de chuva causem tanto transtorno à cidade.

 

Reclamação constante

Ônibus que transitam na W3 Sul não respeitam a faixa própria. Ocupam todas as pistas, muitas vezes apostando corrida para pegar os passageiros na frente. Perigo para todos.

 

Homenagem

Patrícia Freire, chefe da Comunicação da Candangolândia, Núcleo Bandeirante e Park Way nos enviou o release com extensa programação pela passagem dos 55 anos da região. Festas, shows, almoços organizados com carinho pela e para a comunidade. Mais informações na administração do Park Way.

 

906 sul

Tânia Fontenele convida a comunidade brasiliense para participar das últimas projeções do filme Poeira e Batom – 50 mulheres na construção de Brasília , com legenda em francês. A Aliança Francesa estará de portas abertas no sábado a partir das 11h e nos dias 14 e 15 duas sessões: às 16h e 18h30. Haverá um bate papo com as senhoras e diretora do filme. Aos admiradores de Neusa França, a apresentação terá um toque especial, com os depoimentos e performance da pianista no filme. Homenagem a pianista Neusa França autora do Hino de Brasília que faleceu dia 8/3 e que participou do filme contando sua chegada e experiências na nova capital.

Enxugando as lágrimas

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Quando Millôr Fernandes disse que “o advogado é o sócio do crime”, muitos profissionais da lei se sentiram atingidos. Protestaram e ameaçaram o filósofo do Leblon com ações por calúnia, difamação e outras medidas judiciais. Vale voltar ao tempo, em maio de 2012 mais precisamente, quando o procurador Manoel Pastana encaminhou ao MP de Goiás pedido de investigação sobre os honorários pagos pelo empresário Carlinhos Cachoeira ao seu advogado Marcio Thomaz Bastos.

Enquanto as ilações foram veementemente combatidas, o art.180 do Código Penal continuava a tipificar como crime quando “adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte”. Ressalte-se o §3º, que diz que também é crime “adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso”, que é compreendida como receptação culposa.

Ao ver, de lá para cá, o desfile infindável de escritórios de advocacia de alto coturno, contratados para a defesa da maioria dos réus da Operação Lava-Jato e de outras investigações envolvendo este governo e quejandos, volta a sensação de importância do assunto suspensa no ar.

Alguns desses advogados estrelados representam mais de um cliente envolvido na rapinagem da Petrobras. Os honorários, claro, custam alguns milhões de reais e, em muitos casos, há indícios de que sejam pagos com o mesmo dinheiro que foi surrupiado da petrolífera.

Ao fim, ao cabo, quando a Justiça de Curitiba bater o martelo com as derradeiras sentenças desse escândalo espetacular, boa parte da dinheirama desviada, irá para conta dos defensores. A parte restante será tomada nas defesas em segunda Instância e quiçá em recursos ao Supremo. No fim da história, serão os caros escritórios de advocacias que provavelmente embolsarão quase a totalidade da riqueza desviada da estatal.

Saber se é lícito usar o mesmo dinheiro da propinagem para custear a defesa de seus clientes não abala a fé dos causídicos. A bem da verdade, o correto e o sensato seria obrigar quem desviou dinheiro público a recorrer apenas a defensores públicos, nomeados pelo Ministério Público. Com a decisão do STF de fechar as comportas, obrigando o cumprimento das penas, após condenação em segunda instância, a indústria das liminares e dos recursos, tão preciosa aos escritórios, foi estancada.

Surpresas vindas desse nicho não cessam. Agora o Sindicato dos Advogados de São Paulo, uma franja da CUT, entrou com representação contra o juiz Sérgio Moro, no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a pedido do advogado e amigo do ex-presidente Lula, Roberto Teixeira. Quando essa longa novela policial chegar ao último capítulo, os renomados advogados terão enxugados as lágrimas dos muitos clientes, com os talões de cheques deles mesmos.

 

A frase que foi pronunciada

Que pretendes, mulher? Independência, igualdade de condições… Empregos fora do lar? És superior àqueles que procuras imitar. Tens o dom divino de ser mãe. Em ti está presente a humanidade!

Cora Coralina

 

Mistério

Ainda não obtivemos informação precisa sobre uma armação de ferro deixada na área verde da QL2 do Lago Norte. A ouvidoria da Administração ficou de esclarecer na semana passada. Os moradores terão que aguardar a resposta um pouco mais de tempo.

 

Novidade

Está dando o que falar a ideia de dona Elza Bezerra, gerente de um motel de luxo de Brasília. Os objetos esquecidos ao longo de alguns anos vão dar bom retorno aos funcionários. Relógios, colares, anéis e até bengalas serão parte de um bazar, já que os objetos não podem ser devolvidos.

 

Oportunidade

Mais uma vez informamos os moradores do Lago Sul que, na Paróquia do Perpétuo Socorro, em frente ao Gilberto Salomão, voluntárias estão recebendo adultos que desejem aprender a ler. As turmas estão sendo formadas e ainda há muitas vagas. Contato: Bete: 9906-0236 ou Regina: 8407-3396

 

História de Brasília

Tiraram a Loba Romana da coluna onde ela se encontrava na Praça Municipal. Furtada ou recolhida a alguma repartição, ninguém sabe, mas a cidade ficou sem o presente da Prefeitura de Roma. (Publicado em 2/9/1961)

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Panelas e panelinhas

Já virou uma constante: sempre que ouve os pronunciamentos do governo ou a propaganda eleitoral gratuita de seu partido em cadeia nacional de rádio e televisão, a população brasileira das grandes cidades vai para a cozinha, escolhe uma panela velha, corre para as varandas e janelas dos edifícios e se integra ao restante da vizinhança em protestos ruidosos enquanto dura a falação oficial.

Embora reconheça a comodidade moderna desse estilo de protesto, é preciso verificar os reais efeitos da manifestação espontânea. De um lado, as manifestações ajudam a dividir as agruras de cada um com o restante da população que está no mesmo barco. De outro, a solidariedade de todos nos protestos é fundamental para a existência da própria manifestação. Sem o apoio do próximo, nada acontece. Ocorre que esse novo estilo de demonstrar seu desagrado, emprestado dos antepassados da humanidade, tem consequências muito limitadas.

Apesar do comodismo e do imobilismo que os protestos suscitam, é bom que a população afine em uníssono os tambores da desaprovação contra o pior governo de todos os tempos. Só que esses movimentos, a partir das janelas, nada resolvem. No máximo, as janelas se abrem e apontam para as ruas. É lá que pode estar o estopim das mudanças. Pode e não pode. Para valer, as mudanças só virão a partir da utilização correta das urnas como instrumento para a escolha de gente séria e comprometida com os desejos da sociedade.

Conquistada a democracia, faltou educar a população para saber separar o joio do trigo. Somente uma população escolarizada será capaz de escolher e definir quem serve para representá-la perante o Estado. Pelo que estamos assistindo, só por meio da educação de boa qualidade teremos democracia também de qualidade. Se vale para os eleitores, vale também para os eleitos. Só políticos devidamente escolarizados e de ficha limpa deveriam ser eleitos e empossados.

Só faz a hora quem sabe, e o saber é colhido nas escolas depois de anos e anos de labuta. Parafraseando as Escrituras Sagradas, não há salvação fora do ensino, da cultura e das escolas. Sem educação, o homem não possui espírito público, não sabe e nunca saberá escolher bem.

 

A frase que foi pronunciada

“Oxalá fôssemos uma nação de juristas. Mas o que somos é uma nação de retóricos. Os nossos governos vivem a envolver num tecido de palavras os seus abusos, porque as maiores enormidades oficiais têm certeza de iludir, se forem lustrosamente fraseadas. O arbítrio palavreado: Eis o regime brasileiro. Agora mesmo, a usurpação de que me queixo perante vós nunca se teria sonhado, se a espada, que nos governa, estivesse embainhada no elemento jurídico. Mas a espada, parenta próxima da tirania, detesta instintivamente esse elemento.”

Ruy Barbosa

 

Contato

Agradecemos o carinho dos leitores e replicadores dessa coluna,Antonio Francisco, aposentado pelo TCU, e Paulo Roberto Uchoa.

 

Pauta

Regina Ivete Lopes nos pede para divulgar sobre vagas para o curso de alfabetização de adultos. Na Paróquia N.S. Perpétuo Socorro no Lago Sul, em frente ao Gilberto Salomão, ainda há muitas vagas. Os horários são os seguintes: às segundas-feiras e às quartas-feiras, das 18h às 20h. Matrículas 8407-03396. É só ligar.

 

Siga a seta

Marca do turismo de Brasília, a Torre de TV sofre severas críticas tanto por parte dos visitantes quanto dos comerciantes. O fato é que, após a reforma, a distribuição das barracas ficou confusa. Não é possível localizar certo conjunto e número da loja apenas caminhando. Os conjuntos não fazem sentido, pois não seguem uma lógica. Cansados de passar sufoco, comerciantes pregam mapinha da feira na barraca para dar a localização exata dos produtos.

 

Morosidade

Pesquisadores brasileiros reclamam da falta de agilidade do Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI). Para se ter uma ideia, o Brasil leva em média 5 anos para patentear uma marca.

 

Drogas

A nova cracolândia do Distrito Federal fica localizada no Paranoá. Perto da Quadra 30, ao lado do San Drinks. Lá é possível ver jovens usando e comercializando drogas em plena luz do dia. No cenário de vários crimes, eles já não assustam mais a comunidade.

 

História de Brasília

Numa reunião secreta do PSD, o almirante Amaral Peixoto concitou a todos para votar pelo parlamentarismo, “porque eles toparão a parada”. (Publicado em 1º/9/1961)

O homem e suas circunstâncias

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Quando o filósofo espanhol José Ortega y Gasset (1883-1955) afirmou que “o homem é o homem e a sua circunstância”, buscou considerar que, num mundo em perpétuo movimento e transformação, o ser humano só pode ser entendido como sujeito ativo, à medida que se analisa simultaneamente tudo ao seu redor, inclusive o corpo físico desse ator, mergulhado em determinado momento histórico.

Para isso, a educação é tomada como o veículo, em essência, capaz de proporcionar a conscientização de sua circunstância, relacionando-se com ela, de modo a superá-la segundo a “se não a salvo, não me salvo eu também”.

Transplantando o raciocínio para nossa pobre realidade, na tentativa de procurar entender a tremenda decadência que vem sendo revelada par e passo em nossas práticas políticas cotidianas, o que vemos de mais próximo desse pensamento é a definição tentada pelo experiente Magalhães Pinto ao afirmar que “política é como nuvem, você olha e ela está de um jeito; olha de novo e ela já mudou”.

No caso do Partido dos Trabalhadores e de seu líder, a viagem dos píncaros da glória ao vale da perdição tem como explicação prosaica um Lula que, ao se autodefinir como uma metamorfose ambulante para explicar sua adesão aos velhos personagens da cena política brasileira e aos seus métodos suspeitos, reconhecia, por motivos enviesados, que “ser contra tudo que está aí”, como dizia antes, não renderia frutos a si e a seu partido e companheiros.

Ao superar a própria circunstância, de imigrante nordestino, pobre e analfabeto, à chefe de uma importante facção política e desse posto até a Presidência da República, deu passo largo demais para alguém munido apenas das armas da astúcia e da clarividência dos sobreviventes. Ao desprezar e mesmo ridicularizar o que Gasset chamava de razão vital, caiu na armadilha de suas contradições.

Desse modo, ao transformar o que todos acreditavam ser um programa sério de governo em algo como estratégia de poder pura e simples, em que quaisquer meios justificam os fins, inseriu a realidade própria em outro mundo, conservador e arrogante que sempre dominou o país. Por isso mesmo se deu mal, lambuzando-se e dando vexame no banquete das elites a que acreditava pertencer agora.

 

A frase que não foi pronunciada

“A mentira é a religião dos escravos e dos senhores.”

Máximo Gorky

 

Agora vai

Marcia Rollemberg deve levar adiante a distribuição do Hino de Brasília e a prática do canto às sextas-feiras nas escolas do DF. Essa é a alegria que Neusa França não teve em vida.

 

CTG 1

O senador Paulo Bauer é um dos autores do requerimento ao Ministério da Fazenda sobre a administração das loterias por parte da Caixa. A lista de questionamentos é extensa. A Comissão de Transparência e Governança Pública quer saber a relação dos vencedores de todas as loterias cujo valor tenha sido superior a R$ 1 milhão por prêmio nos últimos oito anos.

 

CTG 2

Além disso, os parlamentares querem a relação dos ganhadores de mais de um prêmio, por tipo de loteria, qualquer que tenha sido o valor, durante o mesmo período, sendo que as informações devem trazer o CPF dos ganhadores, número do concurso, data do sorteio, do pagamento, o valor do prêmio e local da aposta.

 

Consome dor

Via-sacra é tentar desativar serviços de telefonia fixa, celular e tevê por assinatura. O senador Lasier Martins é relator do projeto do senador Eduardo Amorim que vai obrigar mais celeridade às empresas no cancelamento de contrato em favor do consumidor.

 

Isso não é bom

As manifestações no plenário do Senado contra o governo deram o tom do que vem pela frente. Antipetistas marcaram para o dia 13. Petistas parece que querem encrenca. Donos do 13, conclamaram os companheiros para ocupar as ruas no mesmo dia.

 

História de Brasília

Um pinguim do zoo carioca, que brigava com todos os outros animais, teve que ser vendido pelo administrador. Tinha o nome de Lacerda.(Publicado em 1/9/1961)

Aviso verde-oliva

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“A crise da democracia não ocorre quando os indivíduos deixam de acreditar em seu poder, mas, ao contrário, quando deixam de confiar nas elites.” A análise do filósofo e psicanalista esloveno Slavoj Zizek serve como uma luva para o momento atual vivido pelos brasileiros.

As manifestações de rua e todas as pesquisas de opinião comprovam o desencanto da sociedade com seus representantes políticos. Todos querem tomar distância prudente dos políticos, principalmente os da situação. O mais incrível é que a pauta nacional, tanto do Congresso quanto do Executivo, vem sendo confeccionada pela Operação Lava-Jato. Mesmo o Judiciário tem sua agenda tomada pelas investigações de Curitiba.

Incapazes de formular justificativas convincentes sobre a avalanche de denúncias que pesam sobre a presidente e seu antecessor, o Partido dos Trabalhadores cobre a crise com o manto enganoso do golpismo, acusando a imprensa e a Justiça de agirem movidos por ideias de direita.

Trata-se, como se sabe, de cortina de fumaça que busca impedir a penetração da luz sobre os porões do governo. A visita da chefe do Executivo ao ex-presidente Lula deixa patente a confusão que o partido no poder faz entre o público e o privado. Ao endossar a claque dos militantes de que Lula foi vítima da perseguição e humilhado pelas forças da lei, Dilma desmente não só a afirmação de que é presidente de todos os brasileiros, como demonstra total desprezo pelas instituições públicas, no caso o Ministério Público e a Polícia Federal.

Ainda na noite de sexta-feira, uma turma de baderneiros a soldo do PT cercou e ameaçou os funcionários e jornalistas da Rede Globo de Televisão, situada no início da W3 Norte. Durante horas, os criminosos impediram o acesso de qualquer pessoa às instalações da emissora, numa repetição dos atos fascistas perpetrados pelos grupos chavistas, na Venezuela, contra as redes de tevê e os jornais que ousavam discordar do governo.

A Constituição cidadã de 1988, que possibilitou a consolidação da democracia e, por tabela, da independência do MP e da PF, sintomaticamente não foi assinada pelo PT, que sonhava redigi-la de próprio punho, de acordo com suas convicções autoritárias.

A irresponsabilidade e conivência companheiras de Dilma ao seu criador, ao ir contra o próprio Estado de direito, fez acender o alerta das casernas e poderia, se fossem outras as circunstâncias, no caso a decadência material das Forças Armadas, ter levado as tropas às ruas, com desdobramentos imprevisíveis.

No editorial do Estadão —“Os males que Lula faz” (5/3) —, a situação em torno dessa 24ª etapa da Lava-Jato, intitulada Alethea, é bem resumida: “Lula reiterou, de maneira irresponsável e truculenta, o seu desrespeito habitual à democracia e às instituições, às quais praticamente declarou guerra, convocando a militância lulopetista para defendê-lo nas ruas. Mas o seu julgamento pelas ruas virá depois. Primeiro, terá de se haver com as leis do país e com quem as faz valer. E aí a conversa não admite valentia de botequim”.

 

A frase que foi pronunciada

“Livre-se dos bajuladores. Mantenha perto de você pessoas que avisem quando você erra.”

Conselho de Barack Obama para os deslumbrados pelo poder.

 

Neusa França

Minha querida mestra. Que num glissando ascendente a senhora tenha alcançado a verdadeira e eterna paz. Vá tranquila, porque aprendemos a lição. Pela música, faremos o mundo um lugar melhor para a vida. Pelos acordes, mostraremos como é importante sermos boas pessoas e termos consciência do respeito ao outro. Muito obrigada por ter passado por nossas vidas.

 

Homenagem

O Sindilegis caprichou na homenagem às mulheres. Rosas vermelhas em alguns pontos de saída do Senado foram suficientes para alegrar o espírito das guerreiras. Quem conhece a sensibilidade de Petrus Elesbão aposta que foi iniciativa dele.

 

Sem resposta

Acompanhando a mãe ao preencher o formulário do iDhab, Lucas perguntou: Ué mãe. Por que pedem para dizer a nossa cor se esse programa é para tornar as pessoas iguais?

 

Inscrições

Em meados de 2016, dois concertos agraciarão a cidade. A maestrina Glicínia Mendes prepara o Coral do Senado para encenar Carmem, de Bizet, e o maestro David Junker prepara o Coro Sinfônico Comunitário da UnB para apresentar Carmina Burana, de Carl Orff.

 

História de Brasília

O diretor do jornal onde trabalha o sr. Ascendino Leite, antigo chefe da censura da Guanabara, deixou sobre sua mesa o seguinte recado: “Desapareça e não volte aqui nem para receber seu ordenado: mande buscá-lo”. (Publicado em 1º/9/1961)

Poeira e batom

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O que tinham de discretas, as mulheres pioneiras tinham de fortes. O que tinham de simples, completavam com a solidariedade. No ambiente hostil do Planalto Central, elas entraram de corpo e alma. O espírito inovador construía a Capital da Esperança. Copacabana deu lugar a apartamento tão pequeno que o piano, ferramenta de trabalho, não entrava. Assim foi com a autora do Hino de Brasília. Neusa França veio do Rio de Janeiro e teve sua música aprovada em concurso público. Palmerinda Donato, toda garbosa, chegou com sapato aveludado para a inauguração da cidade. Caprichou no visual. Logo no primeiro passo, atolou o pé no barro. Era presságio de que nada seria fácil. Mas também venceu.

]Muitas dessas mulheres estariam cobertas pelo manto do anonimato não fosse a garra de Tânia Fontenele, nossa homenageada hoje. No ambiente doméstico, nascida e crescida em Brasília, Tânia percebeu que, quando o assunto era a construção de Brasília, os nomes que vinham eram sempre de Juscelino, Lucio Costa, Niemeyer. Dona Júlia e Sarah Kubitsheck eram citadas também, mas com pouca ênfase. Inquieta, Tânia resolveu buscar informações com dona Inês Fontenele Mourão, a mãe, que tinha participado da criação da primeira associação de mulheres empresárias da nova capital. Ela era fonte rica sobre as batalhadoras da cidade.

Em 1985, o primeiro filme de Tânia Fontenele foi Corrida das 5.300 mulheres. O fato de ter sido, na década de 1990, professora da Enap também contribuiu para os valiosos contatos que iam aparecendo. Ela participava de programas de capacitação de ordem técnica e gerencial para mulheres que ocupavam cargos importantes no setor público. Desenvolveu, até no mestrado, o tema mulheres no topo da carreira — flexibilidade e persistência. O estudo foi marco na atenção às mulheres. A Secretaria da Mulher, na Presidência da República, publicou 3 mil exemplares que foram espalhados por todo o país. É possível acessar o trabalho no seguinte endereço eletrônico: http://www.spm.gov.br/arquivos-diversos/publicacoes/publicacoes/topo-carreira-fim.pdf .

Em 2007, Tânia participou da criação do Instituto de Pesquisa Aplicada da Mulher (Ipam), onde hoje é coordenadora. Em 2009, no aniversário de Brasília, pesquisa patrocinada pela Petrobras e GDF mostrou a invisibilidade das mulheres que participaram ativamente da construção da cidade. Para Tânia elas eram invisíveis, mas, nas entrevistas, ela pôde perceber que estavam satisfeitas pelo trabalho que realizaram, e mais ainda naquele momento em que teriam a memória oral registrada para as próximas gerações. A cultura da época foi desafio para Tânia. Com fotos lindas nas mãos, o registro dizia sr. Manoel d’Andrade e esposa. Nunca, ou quase nunca, a mulher tinha nome e sobrenome.

As pioneiras sabem a importância do trabalho de Tânia Fontenele e colaboram como podem. Cedem ou emprestam fotos, objetos, textos, o que têm em casa desde os anos 1960. Assim, como um cerrado em pequenas peças, as famílias pioneiras vão ocupando o espaço na História de Brasília. Isoladas, longe da cidade em que viviam, a relação humana que deu início à nova capital era diferente de qualquer lugar no Brasil. As pessoas se ajudavam mutuamente, um grupo que tinha carro aguardava os novos moradores no aeroporto para o deslocamento, médicos atendiam as emergências em qualquer hora ou lugar. O espírito de solidariedade era a regra. Todos se cumprimentavam, se conheciam, conversavam.

Poeira e batom é um filme de Tânia que mostra a saga da construção de Brasília. Uma decisão política e econômica de grande envergadura que chamou para si o esforço de cada brasileiro. Brasília é vista como cidade arquitetonicamente moderna, com espaços livres, mas é importante que os jovens saibam que o cenário de desenvolvimento era muito diferente do que se vê hoje. Tânia discorda dos que dizem que Brasília nasceu no meio do nada. Tribos indígenas, pessoas que já estavam aqui desde o século 18 também não são parte da história da capital por falta de conhecimento.

Brasília tem muito mais do que a arquitetura para mostrar. Acreditando na capacidade da educação em promover o ser humano, um projeto social e político, com os educadores mais modernos do país, implementou o melhor sistema educacional do Brasil. Educação em tempo integral, a nata da intelectualidade participou dos projetos inovadores. A Escola Parque, que deveria estar espalhada pela cidade, a Escola de Música, que deveria ter dezenas espalhadas pelas quadras. A base era uma cidade humanizada. Arte, conhecimento, convivência. O investimento de alto nível em termos de propostas e inovação. Alto nível, explica Tânia, não quer dizer muito dinheiro. Ninguém ostentava nada.

Tudo o que era de alta qualidade tinha o toque da simplicidade. Assim como os traços de Niemeyer. As escolas eram simples e aconchegantes. A criação das crianças era mais socialista do que nunca. Na mesma sala de aula, filhos de ministros e filhos de operários brincavam sem dar importância para status. A cidade vai além do que é visto. A cidade foi criada com conceitos de cordialidade. Aqui não se buzina. As tesourinhas foram criadas para dar oportunidade de os motoristas cederem a vez, os porteiros moravam nos prédios. As pessoas que chegam e dizem que Brasília é uma cidade fria é porque nunca experimentaram dar um sorriso com um bom-dia.

Tânia prepara o doutorado sobre as memórias femininas de Brasília e já arruma a bagagem para se mudar para o Arquivo Público, que sempre a recebeu de portas abertas. Faltam mesmo para completar o projeto de registro da história da capital apoio institucional e financeiro do GDF ou do governo federal para a construção da sede da memória feminina na construção de Brasília. A autoestima das pioneiras é visivelmente valorizada com esse projeto. As próprias famílias descobriram as avós e bisavós, vendo o valor daquelas mulheres tantas vezes sozinhas, mal ouvidas e até deprimidas.

Venham conhecer Tânia Fontenele na projeção do filme Poeira e batom. De 8 a 15 de março a partir das 18h30. Documentário e exposição homenageiam pioneiras no Dia Internacional da Mulher. Pela primeira vez o filme Poeira e batom vai ser exibido com legenda em francês, e a mostra Memórias Femininas da Construção de Brasília ganha nova configuração. Entrada franca, na Aliança Francesa, SEPS 708/908. O nosso muito obrigado a essa brasiliense. Que o governo reconheça o trabalho providenciando sede fixa para um centro de pesquisa, de exibição e exposição da memória feminina que contribuiu para a construção de Brasília.

 

História de Brasília

As casas de armas de Goiânia e Brasília venderam, nestes últimos dias, todos os estoques de balas de todos os calibres.(Publicado em 1/9/1961)