Brasília já é anciã

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960

colunadoaricunha@gmail.com

com Circe Cunha  e Mamfil

Com mais de meio século de inaugurada, pouquíssimo se comparada às grandes capitais do planeta, Brasília já apresenta sinais visíveis de envelhecimento e decadência precoces. O crescimento desordenado, a partir de meados dos anos 80, propiciado sobretudo por medidas como a emancipação política da capital, acelerou o processo de desurbanização.

A especulação imobiliária desenfreada e a transformação das terras públicas em moeda de troca política em pouco tempo ajudaram a descaracterizar a capital planejada, aproximando-a das demais cidades brasileiras no quesito favelização e caos urbano. A crise econômica, detonada pelos governos petistas no plano federal e local, fizeram o resto.

Hoje a escassez de recursos e o pouco interesse das autoridades só fazem aumentar e prolongar a deterioração da urbe, ameaçando o status de Patrimônio Cultural da Humanidade, reconhecido pela Unesco. O processo de conurbação, interligando as cidades do DF ao Plano Piloto, ocasionado pelo inchaço populacional sem controle e incentivado por falsas lideranças políticas, contribuiu para aumentar, ainda mais, as mazelas da capital, que hoje sofre com problemas típicos de cidades grandes e antigas, como congestionamentos de trânsito diários, superlotação de hospitais e escolas, além de problemas nas áreas de transporte, segurança e de abastecimento de água, de energia e de coleta adequada de lixo.

O resultado do declínio anunciado é que a capital planejada de todos os brasileiros é, hoje, uma cidade caminhando a passos largos para a decadência, sem ter conhecido o apogeu. O mais preocupante é constatar que os bilhões arrecadados anualmente da população, somados aos repasses da União, que totalizam aproximadamente R$ 30 bilhões, não são suficientes para recolocar a cidade nos trilhos da normalidade.

Para uma urbe que ainda é capaz de despertar a curiosidade do mundo pelo arrojo da arquitetura, Brasília fica a dever muito. Nossas ruas são mal-iluminadas, sujas, sem calçadas e sem segurança. Os turistas, quando anoitece, não se aventuram a sair dos hotéis. Nossa principal avenida (W3 Sul e Norte), cortando o Plano Piloto de ponta a ponta, é o retrato do abandono e da falência.

Os principais pontos culturais como o Teatro Nacional, Espaço Renato Russo, Museu de Arte de Brasília (MAB), Biblioteca Demonstrativa e outros se encontram abandonados e em forma de escombros. O mais triste é que esses problemas, que vão se avolumando aos poucos e ganhando proporções de uma catástrofe, foram previstos há muito tempo, aqui mesmo neste espaço, sem bola de cristal e sem exoterismos. Bastou observar o vaivém enlouquecido das saúvas locais, quando se anunciou que Brasília havia, finalmente, atingido a maioridade política. Não deu outra.

 

A frase que foi pronunciada

“O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, não participa dos acontecimentos.”

Bertolt Brecht, dramaturgo alemão

 

Beleza

» Festa do Morango é sucesso em Brazlândia. Produtores rurais se reúnem para mostrar o melhor da produção. O pessoal do artesanato aparece também com todo tipo de criatividade em torno do morango. É uma festa bonita que vale para os moradores e para os turistas com ônibus fretados pelos hotéis do Plano Piloto. O evento completa 40 anos com participação das principais entidades representativas da cultura japonesa no Distrito Federal, a Associação Rural e Cultural Alexandre de Gusmão.

 

Mais uma

» Por falar em Japão candango, começa no primeiro fim de semana de agosto a Quermesse do Templo Budista. A festa mais concorrida e organizada da cidade. Atendimento rápido nas filas para a compra das fichas e entrega dos alimentos, além do atendimento atencioso.

 

Arrastão

» Passageiros de ônibus para algumas satélites passam por apuros principalmente à noite. Começaram a agir na capital os bandidos que assaltam ônibus. Com o motorista na mira de uma arma, os criminosos, geralmente menores de idade, entram nos coletivos e levam o que podem dos trabalhadores. Alguns ladrões de moto começam o serviço nas paradas. Não há como chamar a polícia. Depois do apuro, são poucos os que acreditam que um Boletim de Ocorrência vá resultar em alguma solução.

 

Mediador

» O apoio do PSDB a Temer tem provocado racha entre correntes do partido. Um grupo quer rompimento imediato, outro defende a permanência na base do governo. O senador cearense Tasso Jereissati, presidente interino da legenda, tem sido mediador dos diálogos. Ele tem defendido o “compromisso com o Brasil”.

 

Pouca verba

» Em Fortaleza, os músicos se reúnem durante o pôr do sol à beira-mar atraindo a população e turistas. O sucesso é tão grande que a Secretaria de Turismo de Fortaleza resolveu apoiar o projeto. O custo-benefício valeu.

 

Xadrez

» O jogo da política traz cenários inesperados. O PSDB ainda está com cada pé em um barco em relação ao apoio ao governo Temer. Quem está no centro do fogo cruzado é o senador Tasso Jereissati, tentando administrar a crise. A frase-chave que ora convence o político mais responsável é: “Nosso compromisso tem que ser com o país.”

 

História de Brasília

Outra posição simpática foi a da Varig, que defendeu o seu prestígio internacional com esclarecimentos cristalinos, fugindo ao rifão já batido de notas oficiais iniciando com o “lamentamos comunicar…” (Publicada em 1/10/1961)

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