Azar do jogador

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Enquanto a nação assiste, em capítulos, ao desmanche da República, comida de dentro para fora por um grupo que o próprio STF denominou de marginais do poder, estão adiantados os trabalhos da comissão especial que analisa o marco regulatório dos jogos no Brasil. Criada pelo PL nº 442/91, a comissão é uma das poucas que realizam sessões contínuas, turbinadas pelo fortíssimo lobby dos que apoiam o retorno dos cassinos ao país. E não é só o Legislativo que analisa a liberação de cassinos e bingos. O governo, premido pela forte crise econômica, também embarcou de corpo e alma na proposta.

A pedido do Palácio do Planalto, o Ministério do Turismo realiza série de sondagens para analisar os impactos que o retorno dos jogos traria à economia combalida. Sob o argumento fantasioso de que a regulamentação dos jogos garantiria algo em torno de R$ 15 bilhões anuais ao país e criaria milhares de empregos, os defensores da medida sabem que esse é o melhor momento para se reintroduzir o tema, esquecido por décadas dentro das gavetas da burocracia.

Outro ponto do discurso é que os recursos oriundos dos jogos ajudarão o país a sair mais rapidamente da crise. Os defensores da proposta deixam de lado fator extremamente preocupante: num país em que as forças da lei não conseguem controlar diversas e poderosas organizações criminosas que continuam operando até mesmo dentro dos muros dos presídios de segurança máxima, o que deverá ocorrer quando o jogo for liberado e a lavagem do dinheiro em cassinos for rotina legal?

Mesmo quando todos começam a tomar noção de que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) suspeita de lavagem de dinheiro de propinas nas campanhas, o fato não gerou, até agora, resposta à altura. Falando de forma direta, os jogos de azar só trarão benefícios reais aos donos de cassinos atrelados ao crime organizado e às instituições diversas que agem à margem da lei, inclusive patrocinando candidaturas e campanhas para seus apoiadores. Ao retorno dos cassinos, melhor seria opor o retorno da ética na gestão da coisa pública.

 

A frase que foi pronunciada

“A infelicidade tem isto de bom: faz-nos conhecer os verdadeiros amigos.”

Honoré de Balzac

 

No fundo

Estão chamando a Previ de Prebi. É que o fundo de pensão do Banco do Brasil fechou 2015 com deficit atuarial de R$16,56 bilhões.

 

Imbróglio

Por falar em fundo, o brilhantismo do portal Fato Online apagou. Os jornalistas estão há três meses sem salário. A gestão dos negócios tenta acompanhar o ritmo dos profissionais da notícia.

 

Regras

Para quem não tem muito tempo de Brasília é bom esclarecer. No Setor de Mansões do Lago Norte, um dos IPTUs mais caros da cidade, os terrenos à beira do lago são escriturados até o limite do espelho d’água, não configurando invasão. Esses terrenos foram projetados com acesso privado ao lago e as construções têm que obedecer a distância da água. As regras para as casas do Shin são diferentes.

 

Descumpridas

O assunto surgiu na AMOR 9 — Associação dos Moradores do Trecho 9. Moradores são constantemente molestados com a presença de pescadores que invadem a propriedade privada.

 

Consome dor

Dinamarca inaugura supermercado que só vende comida vencida. A intenção é diminuir o desperdício. No Brasil a comida vencida é vendida para aumentar o lucro.

 

Pão salgado

Por falar em supermercado, o Pão de Açúcar constantemente marca um preço na gôndola e outro no caixa. Na hora do protesto, a fila aumenta e todos fazem coro contra o mercado. A discussão chegou à seguinte conclusão: se fosse boa-fé, o preço também apareceria menor, o que nunca acontece.

 

Convite

O Decanato de Extensão da UnB e o professor Nagib Nassar têm o prazer de convidá-lo para a inauguração da Fundação Nagib Nassar para Desenvolvimento Científico e Sustentável. Hoje, às 16h, no auditório do Instituto de Biologia da UnB,

 

História de Brasília

A exploração na cidade, em torno dos preços, provocou enorme afluência nos supermercados. No Ipase, o sr. Amaury Almeida tomou a providência de racionar os gêneros. (Publicado em 1º/9/1961)

Brics

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Surgido no alvorecer do século 21, o Brics, formado pela união de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, foi pensado, desde o começo, para ser alternativa aos mercados globais dos países ricos e predominantemente capitalistas. A desigualdade entre os membros do bloco só não é menor do que a distância geográfica entre eles.

Para se ter uma ideia, em 2015, as economias da China e da Índia foram as únicas que apresentaram crescimento positivo — respectivamente 7% e 7,5%. África do Sul, cujo governo hoje está mergulhado em sérias denúncias de corrupção, apresentou zero de crescimento. Rússia, também envolvida em guerras e denúncias de corrupção generalizada, encolheu -3%. O Brasil também apresentou resultado negativo de -4%, decorrente de assustador ciclo que mistura incompetência administrativa com corrupção sistêmica.

Não é por outra razão que o país entra no terceiro ano consecutivo de recessão, fato nunca antes experimentado ao longo de toda a história brasileira. Nesse clube desigual, pensado para ter certo peso econômico, capaz de influenciar geopoliticamente o planeta, somente a China reúne características de potência econômica. O restante, com exceção da Índia, anda a reboque da China dentro da organização, como vagões ligados à locomotiva principal.

Outrora, os promissores emergentes, Brasil e Rússia representam, hoje, a maior decepção dentro do bloco. Mesmo aos trancos e barrancos, o Brics vem pavimentando caminho capaz de abocanhar fatia significativa da economia mundial, por meio da construção de mecanismos e instituições, como o banco de desenvolvimento do bloco, com sede em Xangai, na China, capaz de, em alguns casos, socorrer seus integrantes em caso de emergências pontuais.

Os financiamentos desse banco aos países-membros necessitados devem começar a ocorrer a partir de abril. Para países caracterizados como emergentes e que têm a base econômica montada sobre a exportação de commodities, como é o caso do Brasil e da Índia, a queda nos preços internacionais desses produtos tem efeito muito danoso em suas economias e, por extensão na economia do bloco como todo. Ainda assim, o Brics vem conseguindo aumentar o volume de comércio entre eles. Um dado que mostra isso claramente é o fato de o comércio entre Brasil e China ter saltado de US$ 2 bilhões, em 2001, para US$ 70 bilhões em 2014.

A agenda comum do Brics está umbilicalmente ligada à performance de cada um dos membros. Nesse caso, seguindo a lei da dinâmica e que vale para tudo que é vivo e se move, um dia o Brasil seguirá pelo mesmo caminho aberto pela Argentina no continente e se libertará das amarras e do atraso do chamado bolivarianismo, ou socialismo do século 21, e deixará para trás um governo e um modo de pensar o Brasil, que demonstrou ser claramente fracassado e obsoleto.

É preciso notar ainda que a Índia vem fazendo o dever de casa e há quem diga que, em breve, rivalizará em pé de igualdade como a economia da China. O fato é que, sanados os problemas internos de cada um dos membros, o Brics formará mercado comum com imenso peso mundial ao longo deste século que se inicia.

 

A frase que foi pronunciada

“Se o direito não socorre aos que dormem, quem vai acordar o gigante deitado eternamente em berço esplêndido?”

Perguntinha filosófica

 

Muda já

“O contribuinte que não cumpre os deveres com o Estado é rigorosamente punido. Já para o Estado, quando não cumpre os deveres constitucionais, não há punição. Vamos mudar isso?” O convite é de Fernando Gomide e foi feito na Comissão de Direitos Humanos do Senado, presidida pelo senador Paulo Paim. A senadora Ana Amélia também está atuante em projetos e iniciativas que reforçam os direitos das pessoas com deficiência física e mental.

 

De pedra

Escolas de enfermagem pecam na formação de técnicos. Apesar de saberem a terminologia científica para remédios e doenças, conhecerem o corpo humano, administrarem medicamentos, aferirem pressão, esquecem-se de um detalhe. O paciente tem sentimento, é gente, e não um produto. Por falta de orientação, ou mesmo de educação, alguns técnicos de enfermagem são absolutamente frios. Não existe contato humano. Já cuidadores são mais carinhosos.

 

Por gentileza

Uma estranha estrutura de ferro se encontra na área verde entre os conjuntos 7 e 8, da QL 2 do Lago Norte. Pode ser um guindaste, o que é temerário. Já pedimos informações à Ouvidoria da Administração do Lago Norte. Cláudio nos atendeu.

 

Desequilíbrio das partes

É um absurdo sem medida. Então, o governo perde o controle da ferrovia Transnordestina, que, há pouco menos de 10 anos, se arrasta em obras e nada é feito? Só 55% das obras estão sofridamente prontas com o custo três vezes maior. A Samarco acabou com um rio do Brasil. O que foi feito até agora? Futebol, samba e política são sinônimos de corrupção. Será que o remédio jurídico, social e econômico é bater em panelas?

 

História de Brasília

A exploração na cidade, em torno dos preços, provocou enorme afluência nos supermercados. No Ipase, o sr. Amaury Almeida tomou a providência de racionar os gêneros.(Publicado em 1º/9/1961)

Fifa pra quê?

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Joseph Blatter, ao comemorar a escolha do suíço Gianni Infantino para sucedê-lo, declarou o seguinte: “Infantino tem todas as qualidades para continuar meu trabalho”. Por si só, o apoio público dado por Blatter ao novo presidente da entidade já serviria como fato desabonador a Infantino, abrindo espaço inclusive para suspeitas de que a malversação do dinheiro seguiria o mesmo caminho de sempre.

Banido do mundo do futebol por seis anos, acusado de diversos casos de corrupção, Blatter e o ex-secretário-geral do órgão Jérôme Valcke — o mesmo que recomendou um chute no traseiro do Brasil — são os grandes vitoriosos com a nova escolha. O motivo é simples e foi logo detectado por quem mais entende de Fifa, o jornalista britânico Andrew Jennings. Na sua opinião, “a velha guarda segue no poder”.

O jogador Zico, que não obteve apoio para lançar sua candidatura à Presidência da Fifa, considerou a escolha óbvia. “A Fifa caiu no colo de Infantino”, diz. Para os críticos do órgão máximo do futebol, a entidade sofre falta de credibilidade e transparência. Do mesmo mal sofre a CBF, entregue a cartolas, frequentemente acusados de corrupção e, não raro, caçados e presos pelo FBI americano.

Para quem entende de futebol, como o comentarista Juca Kfouri, o suíço Infantino está diante de missão quase impossível: devolver credibilidade à Fifa e, por extensão, à própria CBF. Também a Transparência Internacional, por meio do Relatório Global de Corrupção: Esporte, divulgado agora, observou que o mundo do futebol, do tênis e do atletismo estão literalmente mergulhados na corrupção e que os milhões de fãs dessas modalidades se sentem traídos pela forma como, hoje, os resultados dos jogos são manipulados.

“O desporto deve ser uma força para o bem no mundo, mas os últimos escândalos não só no futebol, mas no atletismo e no tênis, expuseram o quão vulnerável é a corrupção nesse setor”, avaliou a entidade, ao destacar que a confiança do público na Fifa e outras entidades do desporto só seráo restaurada por meio de reformas, em grande escala, visando a transparência em seus negócios. Para um órgão que, com as diversas federações espalhadas pelo planeta, movimenta bilhões anualmente, é chegado o momento de passar a limpo.

A oportunidade se abre também à questão simples: para que manter, nos padrões atuais, a Fifa, a CBF e congêneres? O mundo do futebol no século 21 requer nova entidade, livre dos velhos vícios e de gente desonesta. Talvez tenha chegado o momento de banir, de vez, esses velhacos e voltar a cabeça para conceitos próximos aos defendidos atualmente por movimentos tipo Bom Senso Futebol Clube, fundado em 2013. A corrupção, nossa velha conhecida, cuidou de derrotar a entidade máxima do futebol e, por tabela, a CBF, reduto de cartolas incluídos na lista da Interpol. Quem sabe faz a hora.

 

A frase que não foi pronunciada

“Nada como a arte para amortecer a dor.”

Dom Giovanni, provavelmente pensou

 

Abuso

Quem atrasa o boleto do MEI (Microempreendedor Individual) não consegue imprimir a segunda via. O sistema acusa erro. O número do erro é comentado por vários internautas, que não se conformam com esse golpe do Estado.

 

Arte

Luisa Francesconi estreia Dom Quixote, no próximo dia 9, no Theatro São Pedro, às 20h, em São Paulo. “A dramaturgia musical de Massenet é extraordinária”, diz Jorge Takla, diretor cênico da ópera. Superprodução. Amigos de Brasília preparam pequena caravana para apreciar a obra.

 

Ponto, já

Atenção, organismos humanos da capital federal. Procurem adoecer durante a semana. No sábado e no domingo, os hospitais públicos estão sem médicos. Interessante é que os famosos marajás do Congresso Nacional ou do Executivo federal foram sendo substituídos pelas instâncias menores. Parece que ninguém percebe. O certo é que até hoje não apareceu governo com firmeza suficiente para cortar o salário de quem não trabalha. Se até o Senado, que era vorazmente criticado, hoje tem registro de ponto, qual a razão para os hospitais não terem?

 

História de Brasília

O interessante do projeto é que, onde deveria estar a justificação, há apenas isto: “Oportunamente”. Como sempre, as leis não têm efeito retroativo. (Publicado em 1º/9/1961)

Passando a borracha

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Não deve ser nada fácil para os estrategistas do Planalto, o chamado núcleo duro do governo, jogar ao mesmo tempo em duas frentes antagônicas. Eles fazem o papel de defensor e paladino dos ideais republicanos em público, para, em seguida, dentro das quatro paredes do aparelho do PT, buscarem saídas para os muitos companheiros envolvidos em corrupção.

Enquanto assiste ao despencar dos índices de aprovação do atual governo e de seu antecessor, a presidente vive situação bipolar. É cobrada pelo partido que a alçou ao poder e, ao mesmo tempo, tem atrás de si toda uma população a exigir ética e governança. Como a ninguém é dado servir a dois senhores, fica o jogo de faz de conta.

À mídia, diz que respeita as decisões da Justiça. Aos companheiros, promete agir para barrar os efeitos das investigações da Operação Lava-Jato e congêneres. Enquanto as investidas do Ministério Público e da Polícia Federal prosseguem, nos bastidores do Planalto, segue a confecção de medidas que buscam minorar o purgatório das empreiteiras amigas, responsáveis por irrigar os cofres do partido com centenas de milhões de reais.

Os acordos de leniência, costurados pelo Executivo, prevendo o restabelecimento de idoneidade das empresas envolvidas nos escândalos anda a passos largos e os primeiros acertos devem ser fechados na próxima semana. O mais sensato e republicano seria esperar pelo término das investigações, mas em se tratando desse governo…

Adiantadas estão também as medidas que visam conceder o perdão, com base no decreto presidencial do indulto de Natal, aos oito condenados do mensalão, processo que cabe ao novo ministro do STF, Roberto Barroso, identificado como simpático ao Planalto. Enquanto hesita entre os seus e o Estado, Dilma começa a perceber que quem quer agradar a todos não agrada a ninguém, nem a si próprio.

Ao impasse de seu governo se contrapõem os fatos e a realidade crua que vão empurrando o Brasil para a vala comum, onde estão países como Venezuela e Argentina, que também desperdiçaram toda uma década, envoltos no quixotesco sonho de um continente dominado pelo bolivarianismo ou socialismo do século 21, ou coisa que o valha.

 

A frase que foi pronunciada

“O riso é o melhor remédio, mas é mais do que isso. É um conjunto inteiro de antibióticos e esteroides. O riso diminui o inchaço do estado psicológico da nossa nação e, depois, lhe aplica um creme antibiótico… Obviamente, é um desafio fazer uma situação séria leviana, mas antes isso que chorar.”

Stephen Colbert

 

Cidade Luz

Em 14 de março, o mestre em filosofia do direito Renan Flumian fará um bate-papo na reunião do Comitê de Cultura, Ciência, Educação e Mídia, em Paris. Depois do lançamento do livro Dr. Corrupção ele foi convidado para o encontro.

 

Missiva

Mosquitel —  Não é moscatel, nome criado pelo bom humor de Eliezer Batista, uma das nossas reservas morais (criou a Vale, foi ministro das Minas e Energia e de Assuntos Estratégicos fala sete línguas). Designa as caçambas enormes que são deixadas em frente às casas para recolher lixo. São mosquito hotel: permanecem ali dias e semanas estocando a água da chuva nos plásticos com o agravante de só serem retiradas quando a prestadora do serviço encontra outro cliente para ser depositário do trambolho, já que eles não têm lugar para depositar…São o paraíso da zika. Ninguém vê isto?, pergunta o amigo Kleber Farias Pinto.

 

História

Por falar no Kleber, registro que quando chegamos em Brasília, foi ele quem nos deu carona do aeroporto para o Correio Braziliense. Como o prédio do jornal ainda não existia, instalamos no cerrado a placa que identificava o futuro jornal da capital.

 

Moderno

Já está ampliado o atendimento na área de radioterapia do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês, em Brasília. O coordenador do serviço, dr. Rafael Gadia, explica que entre os benefícios estão a redução no tempo e no número de sessões de radioterapia, tornando o tratamento mais rápido e conveniente e a diminuição dos efeitos colaterais.

 

Curiosidade

Muito mais que qualquer executivo brasileiro, Fernandinho Beira-Mar, com 400 anos de condenação, é o passageiro brasileiro com mais horas de voo em helicóptero.

 

História de Brasília

O deputado Luiz Bronzeado apresentou projeto exigindo exame de sanidade mental para os candidatos à presidência e vice-presidência da República, e para governador e vice-governador dos Estados.

(Publicado em 1º/9/1961)

Títulos de lixo

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Do ponto de vista das três principais agências internacionais de classificação de risco, os títulos emitidos pelo governo brasileiro não são confiáveis e valem tanto quanto lixo, ou, como eles chamam, junk bonds. Na prática, a avaliação serve para alertar e, por tabela, afugentar os possíveis investidores de todo o mundo que porventura queiram aplicar seus dólares no Brasil. As chances de calote são reais e iminentes.

O governo e seu partido, diante desse fato inexorável e extremamente negativo, fingem desdém a esses pareceres técnicos para não despertarem mais danos internos, como pânico generalizado que levaria a corrida sem precedentes aos bancos. Vivemos prenúncio de crise semelhante ao experimentado pelos argentinos anos atrás, quando a população passou a perceber que o melhor banco para depositar o dinheiro minguado era debaixo do colchão, e a melhor moeda nacional era o dólar.

Se isso ainda não ocorreu por aqui, foi por obra e graça do Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (Proer), implementado em 2001 pelo governo de Fernando Henrique Cardoso e duramente combatido pelo Partido dos Trabalhadores. Naquela época o Proer evitou não só o colapso do sistema financeiro nacional, como também barrou a fuga em cadeia de capitais dos bancos.

A realidade hoje é diferente, com o sistema bancário nacional ainda fortalecido e disciplinado. Mas a intensidade da crise, somadas as intervenções amadoras do governo no mercado, o rombo nas contas públicas, o descrédito do Executivo, a alta taxa de juros, a baixa arrecadação, a alta dívida interna e outros indicadores altamente negativos da economia, como a acelerada alta nas taxas de desemprego, ameaça o estouro da boiada.Uma vez desencadeado o pânico, a desordem segue processo autônomo e, por inércia, contamina todo o mercado.

Diz o filósofo de Mondubim que, se uma pessoa chamar você de cachorro, não ligue. Se duas pessoas chamarem você de cachorro, fique atento. Se três pessoas chamarem você de cachorro, arrume logo uma coleira. No plano externo, três agências de avaliação de risco dizem, em uníssono, que somos caloteiros. Houvesse agências internas de avaliação de risco, Lula, o governo Dilma e o Partido dos Trabalhadores seriam imediatamente identificados como os três principais fatores de ordem política que estão na origem e na intensificação da crise brasileira.

A frase que não foi pronunciada
“Minhas cóleras compensavam a arbitrariedade das leis que me escravizavam.”
Simone de Beauvoir

Última hora
» Gerson Camarotti dá em primeira mão que a presidente Dilma foi convidada pela colega do Chile, Bachelet, para um jantar no mesmo dia da reunião do PT. Para quem relutava em encarar aquela turma, pode até ser desculpa convincente.

SMLN
» Depois de rasgar o asfalto da rua do trecho 8 para instalação de nova rede, a Caesb largou a obra sem finalizar. Metade da rua é barro e poeira; a outra metade, asfalto.

Manutenção
» Por essas e outras é que os moradores têm se recusado em trocar os hidrômetros. A justificativa é manutenção, mas, se o hidrômetro funciona com perfeição, não há necessidade de troca. Há moradores que tiveram problemas

com o novo hidrômetro. A conta passou de R$ 200 para R$ 600. Um problema que não foi criado pelo consumidor, mas só ele pode resolver.

Consome dor
» No Lago Sul, são milhares de moradores prejudicados pelo rompimento de um duto. A primeira providência da Caesb foi pedir que os moradores racionassem a água. Certamente a conta não será racionada.

Portal
» Bom seria que o GDF disponibilizasse um portal da transparência para prestar contas à população sobre a gestão dos recursos.

História de Brasília

Os tripulantes presos são Adauti Sanches e José da Costa,
e ocuparam os apartamentos 108 e 110.
(Publicado em 1º/9/1961)

Fotografia

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Fotos por si só revelam detalhes e histórias escondidas por baixo dos fatos, indo muito além da palavra escrita, expondo o contexto na sua crueza, comme il faut. Na foto em que aparecem os mais recentes hóspedes à disposição do juiz Sérgio Moro, em Curitiba — a saber, o marqueteiro João Santana e sua sócia, Mônica Moura —, um detalhe foge ao lugar-comum de outras imagens do gênero que têm sido divulgadas pela mídia nos últimos tempos, envolvendo os presos da Operação Lava-Jato.

Na imagem distribuída agora, em que aparece o publicitário em segundo plano, algemado com as mãos para trás, chama a atenção a figura de sua companheira, em primeiro plano. Também algemada e parcialmente escondida por trás de chamativo óculos de grife, surge a figura rotunda de Mônica, expondo a cabeça exageradamente erguida, na qual esboça o que parece ser um sorriso misterioso, misto de nervosismo e deboche. Entre o sorriso alvar, mascar chicletes enquanto é presa faz pensar que não há o menor problema nisso.

Ao contrário de fotos já mostradas até agora, em que os detidos famosos apresentam certo ar de desconforto e, por isso mesmo, procuram abaixar a cabeça e esconder o rosto, o ar de desafio da mais nova detenta chamou a atenção do público, gerando milhares de comentários na internet.

Para muitos internautas, trata-se de arrogância pura de quem se sente acima dos demais e, por isso mesmo, imune aos rigores da Justiça comum. Para um pequeno grupo de pessoas ligadas ao que acontece nos bastidores do governo, por trás do sorriso enigmático de Mônica percebe-se recado cifrado aos figurões da República nos moldes: tratem logo de me tirar daqui, caso contrário, digo o que sei, vi e ouvi.

A figura dos marqueteiros ganhou destaque singular nos governos e escândalos petistas, não só pela importância e fascínio que os meios de comunicação exercem sobre os políticos vaidosos, mas, sobretudo, por um fato prosaico e comum aos mortais: o mundo multimilionário que as campanhas políticas no Brasil inauguraran com a retomada da democracia, tem exalado, por demais, o cheiro afrodisíaco do dinheiro. É ele que atrai e junta essa gente toda. Antes, nos palácios e, agora, na prisão.

 

A frase que foi pronunciada

“Tanto o entorno de Lula quanto o do Planalto mostraram-se alvoroçados. Dilma Rousseff, ecoando a recente carta aberta dos advogados, viu ares de Idade Média nas investigações. São reações a um mesmo sentimento: o de que a Justiça e as instituições estão marchando fortes para punir quem transformou o Brasil num cofre a ser arrombado.”

Carta de formulação e mobilização política, do Instituto Teotônio Vilela

 

Release

O violonista Fabiano Borges escolheu o Ecai para lançar seu CD Latinoamérica, neste domingo (28/2), em dois shows: às 16h e às 18h. Fabiano é mestre em violão pela Universidade de Brasília. O espetáculo conta ainda com Ted Falcon (violino), Fernando Machado (clarineta e clarone), Pablo Fagundes (gaita) e Luiz Duarte (segundo violão). O Ecai fica na CLN 116, Bloco A.

 

OAB & Ajufe

Interpretação em questão. De um lado a OAB, contrária ao entendimento do STF. A Ordem defende que não é prudente a execução provisória da pena, já que erros acontecem, como em decisão que venha a ser reformada. Os danos seriam irreparáveis aos encarcerados injustamente. Já a Associação dos Juízes Federais do Brasil entende que a decisão do Supremo é um marco na evolução do processo penal brasileiro. É a forma de acabar de vez com os recursos protelatórios que favorecem a impunidade.

 

Sensacional

Airbnb é forma de hospedagem muito barata. É preciso buscar o site na internet e fazer a reserva em casas de famílias que recebem os turistas. Você pode, inclusive, hospedar também e ganhar uns bons trocados.

Vale conhecer.

 

Caixinha

Johnson Ceras, Reckitt Benckiser, Osler, Johnson& Johnson e Weleda são as empresas que tiveram a venda de repelentes incrementada pelo pernilongo Aedes.

 

Achado

O herbicida glifosato estava presente em várias marcas de cerveja alemã.

 

Perdido

Se o fato ocorreu na Alemanha, onde a segurança alimentar é rigorosa, imaginem se os laboratórios brasileiros se arvorarem na mesma pesquisa. Aqui no Brasil, o consumidor de produtos naturais fica entre o coliforme fecal e os agrotóxicos.

 

História de Brasília

O avião, liberado de madrugada, só saiu às 7h, sem passageiros, levando a bordo apenas um capitão da Força Aérea, com destino ao Rio. Os prejuízos da Varig vão a vários milhões de cruzeiros. (Publicado em 1º/9/1961)

Infraestrutura no chão

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Quem ocupa cargo no Executivo sabe que administrar é, antes de tudo, ter disposição para se tornar saco de pancada da população. Mesmo os gestores mais dedicados sofrem com o que chamam de ingratidão perene da sociedade. Também, não é para menos. Em uma sociedade em que os impostos arrancam, diretamente, mais de um terço da renda dos trabalhadores e, indiretamente, tomam o restante, embutido nas mais variadas formas de bens de consumo, cobrar ação do Estado é mais do que uma obrigação, é modo de exercer a cidadania.

A crise econômica que atinge o país não poupa a capital. O encurtamento do dinheiro é sentido em todos os serviços públicos da cidade, principalmente nos mais sensíveis, como a saúde. O desabastecimento de produtos de uso hospitalar de primeira necessidade é fato. Nos postos de saúde, a procura pelas vacinas contra difteria, tétano e coqueluche (dTpa) tem sido em vão.

Para muitas gestantes, a opção tem sido buscar o medicamento em clínicas particulares, nas quais os preços são mais do que o dobro da rede pública. O mesmo ocorre com as vacinas imunizadoras contra a hepatite B, em falta na maioria dos postos. Nas clínicas particulares,  simples dose de vacina contra a meningite B chega a custar R$ 800. A culpa, segundo os médicos, é do dólar alto, já que esses medicamentos usam insumos importados.

Dizem que a tendência é de que haja ainda mais aumentos. A subida na cotação da moeda norte-americana e da inflação, que só neste mês ficou em 1,4%, o maior desde 2003, é a causa da disparada dos preços dos medicamentos, afetando basicamente a população de baixa renda.

Se o caso é coração, a população já sabe que o Hospital de Base, referência em casos de cardiologia, está em colapso. De acordo com reportagem feita por Otávio Augusto e Camila Costa, do Correio, faltam enzimas cardíacas e marca-passos. Os exames de cardiologia não estão sendo realizados.

Só no ano passado, a falta de recursos levou ao fechamento de 20 UTIs geral e pediátricas, além de 30 leitos das especialidades de neurologia, urologia, infectologia, pneumologia, gastroenterologia, endocrinologia, reumatologia, ginecologia oncológica, angiologia e mastologia, informa a reportagem. As causas da falta de infraestrutura na saúde pública são múltiplas e decorrentes da crise profunda enfrentada pelo país. Mas, para a população, a corrupção endêmica e a gestão deficiente e sem rigor são as causas primeiras.

 

A frase que não foi pronunciada

“A surra que a oposição dá no governo é igualzinha a surra que a vovó me dá. Com gravata de seda do vovô”

João Marcelo, entre a infância e as notícias

 

Enfim

Neste ano, o governo Rollemberg quer diminuir as filas na Rodoviária para a compra do passe estudantil. Basta preencher o cadastro no portal do DFTrans. A lista completa dos documentos necessários para a retirada do passes também está lá. Ao todo, são 54 viagens mensais.

 

Mudanças

Family Hair é salão bastante frequentado no Lago Norte. Acostumadas com a tranquilidade do local, as clientes levaram um susto e tanto. Um rapaz entrou no local, roubou todos os objetos possíveis, dinheiro e, da mesma maneira tranquila que entrou, saiu. Depois do ocorrido, funcionários da farmácia disseram que também sofreram assalto à mão armada.

 

Brinquedo, não

Armas pesadas usadas por grupos criminosos foram encontradas em creche na região metropolitana de Porto Alegre. Um homem estava guardando os artefatos nos fundos da escola quando foi preso em flagrante.

 

Na frente

Todas as possibilidades de tirar os primeiros lugares são dadas ao Brasil quando o assunto é negativo. Educação, grau de investimento, violência, cárceres em estado precário. Dessa vez o nosso país foi o único do Brics rebaixado pelas três agências que avaliam o grau de investimento.

 

História de Brasília

Foram, igualmente, suspensos todos os voos para Porto Alegre e países do Prata, exceção feita aos voos de Boeing, que vão até Buenos Aires, Montevidéu, entretanto, não está mais recebendo aparelhos da Varig. (Publicado em 1º/9/1961)

Fantasias partidárias

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Com a promulgação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 182/2007, no último dia 18, a chamada janela partidária foi escancarada de les a les por 30 dias, permitindo que os candidatos às eleições deste ano e que exercem mandato no Legislativo mudem de legenda sem o risco de cassação. O que, a princípio, serviria como bálsamo para a falta de personalidade e identidade dos partidos, depuração daqueles filiados poucos ajustados dentro das legendas, na verdade, esconde modelo que se molda, com muita precisão, ao perfil dos próprios políticos brasileiros, na sua grande maioria, distanciados anos-luz das bases eleitorais.

Na realidade, o que faz dos partidos siglas insípidas e amorfas é justamente o fato de dar acolhimento a indivíduos que não conseguem olhar além do próprio umbigo. Fechadas as urnas, o caminho natural da maioria das legendas é o da composição com o novo governo empossado. É na coalizão com a maioria vencedora que está a boa vida das agremiações partidárias.

Mesmo as generosas verbas públicas que ajudam a sustentar os partidos não são capazes de garantir a independência de cada um. Somente a partir apoio dado aos detentores da chave dos cofres é que os partidos pavimentam o caminho para aquilo que mais almejam além do poder: dinheiro. Muito dinheiro.

No troca-troca das legendas, que deve durar até 19 março, entre 10% e 15% dos políticos com assento no Congresso deverão migrar para outros partidos, num processo de acomodação que nada tem de ideológico ou programático. Aliás é sabido que grande parte dos políticos filiada às legendas sequer conhece o estatuto do partido a que pertence.

No geral, essa situação decorre principalmente do adiamento sine die de verdadeira reforma política que, entre outras medidas, deveria pôr fim ao grande número de legendas. O ideal, para aqueles eleitores mais bem informados, é que houvesse, no máximo quatro partidos, sendo um a direita, um a esquerda e dois de centro, contrabalançando os demais.

É preciso atentar que no atual modelo político reside grande parte das causas que levaram o país à maior crise da sua história. No atual modelo partidário, está não só a raiz da crise atual, como o adubo dessa e de outras futuras que virão. Diante do caos a que assistimos, melhor do que escancarar as janelas partidárias, seria abrir as comportas e deixar sangrar, até a última gota, o modelo que já não serve ao cidadão e ao eleitor há muito tempo.

 

A frase que não foi pronunciada

“Chegamos à bolacha com água. Do jeito que vai, em pouco tempo, a companhia aérea Gol vai distribuir só goma de mascar.”

Alguém da turma da terceira idade em excursão

 

Acompanhamento

O senador Ricardo Ferraço vai entregar relatório, em abril, com o resultado do estudo de um grupo de senadores que investigará a situação das barragens no Brasil. A Comissão Temporária da Política Nacional de Segurança de Barragens quer saber se a Samarco respeitava a lei na gestão da Barragem do Fundão.

 

Publicado

Dezessete milhões de pessoas não têm acesso à coleta regular de lixo no Brasil. A maior parte da população sem atendimento está no meio rural. Apenas 23% das cidades brasileiras contam com serviço de reciclagem.

 

Faleceu

Dewey M. Mulholland. Por onde passou em 40 anos de Brasil deixou um rastro de perfume. Fundou a Faculdade Teológica Batista de Brasília onde era diretor e professor.

 

Release

Depois de Porto Alegre sediar o evento, essa é a primeira edição regional do Centro-Oeste: uma bela oportunidade para os Coffee Lovers e os Coffee Geeks aproveitarem a experiência: estandes, palestras e harmonizações fazem parte da programação. O jovem empresário Luiz Gustavo Manso marca presença, com a sua Belini Café – The Coffee Experience, no Jamboree Brasil Café/Centro-Oeste, que acontece em 19 de março, em Brasília.

 

Zika Zero

Escolas particulares do DF resolveram arregaçar as mangas para o ataque ao mosquito Aedes aegypti na área do colégio. As parcerias começaram.

 

História de Brasília

Em vista do que tem ocorrido ultimamente, a Varig resolveu suspender a escala, em Brasília, do seu voo internacional. Assim, o Boeing, que deverá estar aqui domingo, voará diretamente de Nova York para o Rio (Publicado em 1º/9/1961)

Em maus lençóis

Publicado em ÍNTEGRA

Ivan e Leda, nomes fictícios, saíram apressados da igreja, onde se casaram e, por questões de agenda, tiveram que abrir mão da festa. Foram direto para o aeroporto, rumo a Miami para curtir a lua de mel programada com um ano de antecedência. O que parecia uma viagem idílica, começou a desvanecer logo na chegada à cidade americana. As bagagens foram desviadas para o Oriente. Deveriam chegar ao destino só 72 horas depois.

Inconformados, foram para o hotel apenas com a roupa do corpo, documentos e o dinheiro contado. Depois de instalados, foram aconselhados pelo staff do hotel a curtir a estadia. Não adiantava arrancar os cabelos. Resolveram desapegar dos problemas, relaxar e, —  quem sabe? — dar um mergulho na piscina azul-turquesa. Compraram, no local, calção e biquíni e foram aproveitar o sol. Beberam, nadaram muito e, já exaustos, retornaram ao quarto. Surpresa total. O restante dos pertences foram roubados.

Os ladrões levaram dinheiro e documentos. O casal ficou apenas em trajes de banho na terra do tio Sam, sem dólares e sem passaporte. Condoídos e desconfiados da história do casal, a gerência do lugar conseguiu uniformes do hotel com o logotipo estampado nas costas e no peito. Até a chegada das malas teriam o corpo coberto. Devidamente integrada ao local, a dupla desceu, na manhã seguinte para apreciar o breakfast em seus trajes provisórios.

O segurança do local suspeitando de que aquela dupla de novatos eram penetras disfarçados, cuidou de expulsá-la do local, não sem antes dar-lhe bofetes e chute no traseiro. Leda, de jaleco azul, e Ivan, de camiseta com logotipo do hotel, calção e apenas uma das sandálias, caminharam 22km, rumo ao consulado brasileiro. Ao avistar o prédio portentoso da representação tupiniquim, o que parecia a visão de oásis, ou tábua de salvação, não tinha qualquer serventia. A representação estaria fechada nos próximos três dias para comemoração do feriado prolongado.

Desolados e abatidos, juntaram forças para retornar ao aeroporto, distante 40km. Foram para a rodovia pedir carona. No acostamento da autopista, foram surpreendidos com a chegada da polícia local, que recolheu o casal ao xadrez, já que não conseguiam provar nada do que declararam. Resultado: deportação sumária.

De volta ao Brasil, em condições vexatórias, depois de longo tempo, a dupla foi comunicada de que a bagagem estava à disposição no terminal do aeroporto da cidade. Recuperadas as malas, Ivan e Leda escorregavam o zíper enquanto o filme da lua de fel passava pela memória. Ao completar o percurso do fecho, abriram calmamente, esperando rever as roupas escolhidas com tanto carinho para o período especial. Qual não foi a surpresa quando dentro das malas nenhum daqueles trajes estava lá, e sim roupas de cama sujas e velhas, amarfanhadas e fedidas, socadas de qualquer jeito. Alguém as colocou lá apenas para dar volume e peso.  Sentados sobre a bagagem que um dia lhes pertenceu, o casal de aventureiros ficou observando, curioso, outros casais que embarcavam animados.

 

A frase que foi pronunciada

“O auge da sofisticação é o máximo da simplicidade.”

Antônio Carlos Farah, médico em Cantagalo.

 

Disse e fez

Mc Laurin, uma senhora de 106 anos, não conseguiu segurar tanta felicidade em visita à Casa Branca ao ver o casal Obama. “Um negro na Presidência dos Estados Unidos. Eu precisava ver isso de perto para acreditar”, dizia ela radiante. Michelle Obama retribuiu o carinho, ao dizer: “A senhora nos fez ganhar o dia”.

 

Hoje

Receber Javier Ibañez, presidente do Instituto Nacional de Tecnologia Industrial da Argentina, faz parte da estratégia de Luís Fernando Panelli Cesar, do Inmetro do Brasil. Além da cooperação científica e tecnológica, os objetivos são a revitalização da Associação Estratégica dos Institutos de Tecnologia Industrial do Mercosul; e a harmonização de regulamentos técnicos nas áreas de Metrologia e Avaliação da Conformidade, que ampliem as relações comerciais.

 

Símbolo

Destinos da tocha olímpica são revelados pela Agência de Notícias do Turismo. Brasília é o ponto de chegada. Ao desembarcar da cidade grega de Olímpia, a capital do Brasil receberá a chama em 3 de maio.

 

Release

O senador Paulo Rocha (PT-PA) enviou ofício à Casa Civil, endereçada ao governador Simão Jatene, solicitando “rigorosa apuração da morte do presidente do PCdoB de São Domingos do Araguaia, Luís Antônio Bonfim, militante pela reforma agrária, assassinado no último dia 12, com seis tiros disparados por pistoleiros”.

 

Parceria

Release dos Correios chega com o seguinte título: “Correios guarda mais de 7 mil documentos perdidos”. Atenção para a concordância verbal, Comunicação Social! Também erramos. Mas isso não nos impede de colaborar.

 

Complemento

São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais e DF são as unidades da Federação com maior número de correspondências perdidas. A orientação é a seguinte: Antes de tirar segunda via do documento perdido busque informação no site dos Correios. Alguém pode ter deixado em alguma agência: (http://www2.correios.com.br/servicos/achados_perdidos/default.cfm), ou ligar para 3003-0100. Ou, ainda, para 0800-725 7282. Se encontrar alguma documentação, pode depositar em caixas de coleta ou entregar na agência dos Correios mais próxima.

 

História de Brasília

O sr. Rubem Berta teve atuação destacada nos entendimentos, e as autoridades militares não sabiam que a escala no Rio havia sido cancelada com autorização do próprio DAC, e que o plano de voo direto São Paulo-Brasília havia sido aprovado em SP. (Publicado em 1º/9/1961)

Supremo veda brechas da impunidade

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Em decisão considerada por muitos como revolucionária, o Supremo Tribunal Federal vedou uma das principais brechas que favoreciam a impunidade, ao decidir que réus condenados em segunda instância devem começar a cumprir imediatamente a pena em regime fechado, enquanto aguardam recursos em tribunais superiores. O novo entendimento do STF teve repercussão imediata no mundo jurídico, provocando sérias rachaduras nesse edifício.

As opiniões estão divididas e o assunto ainda deve render muito debate. Para os advogados de defesa, muitos deles especializados em recursos em instâncias superiores, o STF tomou essa decisão com base na forte pressão que vem sendo feita pela opinião pública, principalmente a partir dos escândalos de corrupção envolvendo políticos e membros do atual governo. Na extremidade oposta, estão aqueles que acreditam que com a nova redação do texto, o sentimento geral de impunidade, decorrente da morosidade da Justiça, cessará quase completamente.

Na avaliação daqueles que apoiam a medida, o novo entendimento fecha não só uma janela para a impunidade, mas sobretudo acaba com a indústria de ações recursais e, por tabela, prejudica o mercado milionário da maioria dos escritórios de advocacia, especializados nesses processos ao STF.

Vale lembrar que o ex-ministro Joaquim Barbosa, nas muitas frentes de desavenças por questões éticas que protagonizou com seus pares, criticava, com toda a razão, o trânsito livre e mesmo o lobby acintoso que muitos advogados de defesa faziam dentro do próprio STF em favor de suas ações recursais.

Essa proximidade de certos advogados com os magistrados da Alta Corte causava, inclusive, mal-estar entre os próprios juízes, que, de modo sarcástico, diziam ser mais precioso e eficaz ao bom advogado conhecer antes os magistrados do que a própria lei.

A opinião pública, por muitos e apontada como fator decisivo na mudança da lei, de forma geral, aprovou a medida, assim como os procuradores e juízes envolvidos na apuração dos escândalos do petrolão. Para muitos, os processos que seguem o caminho do Supremo têm interessados de alta renda e que, portanto, podem bancar os altos custos de suas defesas. Outros ainda argumentam que muitas ações, há anos se arrastando nas cortes maiores, ganharão maior celeridade.

 

A frase que foi pronunciada

“Como é que um homem pode se tornar senhor de outro homem e por que espécie de incompreensível magia pôde esse homem se tornar senhor de muitos outros homens?”

Voltaire

 

Regra básica

Governadores começam as renegociações da dívida dos estados. Ideal nesse momento seria que os governadores comprovassem até o último centavo o que foi feito com o dinheiro recebido. Se as contas baterem, aí sim. Uma possível conversa sobre renegociação de dívida. É assim que funciona com quem paga os impostos. Gente para monitorar não falta nos quadros do Executivo.

 

Uma pena

Nelson Barbosa, ministro da Fazenda, bate na tecla da CPMF. “Não trabalhamos com a não aprovação da CPMF”, disse ele. O grande problema é o exemplo que o governo vem dando em todos esses anos. O cidadão nunca viu o retorno desse empenho. Nem na era FHC.

 

Aconteceu

Enquanto as notícias dão conta de sonegações de impostos, Carlos Higino Alencar, da CGU, está na mira do deputado federal Raul Jungmann. Partiu dele o pedido ao ministro Bruno Dantas, do TCU, para enquadrá-lo por sonegação de informação.

 

História de Brasília

Os passageiros que se destinavam ao Rio no voo de volta, permaneceram duas horas dentro do avião, que não podia levantar voo. Foram, então, embarcados noutra aeronave.(Publicado em 1º/9/1961)