Um modelo esgotado

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com Circe Cunha com MAMFIL

Com a aprovação do relatório do senador tucano Antônio Anastasia instaurando, de fato, o julgamento derradeiro do impeachment contra Dilma Rousseff, e com a data, também já definida pela Câmara dos Deputados, para a sessão que decidirá sobre a cassação do peemedebista deputado Eduardo Cunha, dois dos maiores processos políticos, envolvendo lideranças do Poder Executivo e Legislativo, entram na reta final de definição.

É preciso aplainar os primeiros trechos do extenso terreno político à frente, abrindo, também, as possibilidades para que o país avance, mais ligeiro, rumo às reformas urgentes e necessárias. Resta ainda, em todo esse processo político, o desfecho para a volumosa quantidade de denúncias levantadas pela Operação Lava-Jato.

No entanto, é possível que, no decorrer da citada investigação do Ministério Público e da Polícia Federal, fique demonstrado que o veio da corrupção se estende ainda mais profundamente terra adentro. Nesse caso, será preciso aguardar mais um pouco até que todos os envolvidos nos episódios sejam publicamente conhecidos e alcançados pela lei. Cumpridas essas etapas, terá chegado o momento de reconhecer, com franqueza, a falência do modelo que conduziu o país para a maior crise de todos os tempos. Ao governo interino, caberá a importante tarefa de chegar, sem maiores traumas, até as próximas eleições, fazendo os ajustes necessários para deter a queda dos indicadores da economia.

O ano de 2016 não terá passado em branco, se for reconhecido que ele marca o ponto de partida para a reestruturação e modernização profunda de nosso modelo de democracia. A libertação do ciclo secular de crises só será possível se forem abandonados os antigos modelos, principalmente aqueles que favorecem apenas a cúpula do Estado. O problema com a reforma política — a mais necessária, por isso chamada a mãe de todas as reformas — é que ela não poderá ser levada a bom termo enquanto não for esclarecida a participação de cada parlamentar nos episódios de desvios de dinheiro público investigados pela Operação Lava-Jato.

Só um Congresso totalmente isento e ilibado poderá empreender reformas políticas verdadeiras. Por enquanto, ficam as certezas de que o atual modelo partidário, com uma infinidade de legendas de aluguel, não serve mais e é danoso, como não serve mais o instituto da prerrogativa de foro, da nomeação política de membros para a Alta Corte. Nossa triste experiência demonstrou que, quanto maior o Estado, com grandes empresas estatais, maiores e mais fáceis são os casos de corrupção.

Mostrou-nos ainda que governos moldados com características do tipo populista arruínam a economia. Ensinou-nos também que modelos políticos importados, tipo bolivariano, não servem sequer para os países que o inventaram. Os brasileiros aprenderam, a duras penas, que o apoderamento da máquina do governamental por um partido político é extremamente nefasto para os interesses da nação e para os negócios de Estado.

Graças à crise sem precedente, ficamos mais experientes e precavidos contra a cantilena demagoga. A população que foi às ruas deixou isso bem claro. Urge a implementação completa da lei contra a corrupção e da ficha limpa. Os brasileiros têm pressa e sabem bem que o tempo não espera por ninguém.

A frase que foi pronunciada

“De repente todo mundo virou especialista em Educação.”

Rosilene Corrêa, do Sindicato dos Professores, em crítica à coluna

Explicação

Caso haja curiosidade do leitor em saber onde se iniciou essa lide com o Sindicato dos Professores, o ponto conflitante foi a opinião da coluna de que nossas escolas públicas reproduzem muito mais o pensamento de uma categoria — como grupo fechado em torno de um sindicato — do que o pensamento de pais, alunos e educadores.

Alvo

Para atestar o que disse a coluna, basta visitar as salas de aula nas escolas públicas no turno noturno para atestar que vários professores adotam o discurso contra a imprensa, contra patrões, contra disciplina. Isso é fato. E mais: antes de o sindicato apoiar o governo com a ideia de horário integral, é preciso ouvir pais e mestres.

Na prática

Como valorizar o professor com o estímulo da adoção do período integral, se com uma sala de aula de cada período com 40 alunos por meio expediente, os professores batem recorde em atestados médicos por exaustão? Se não defende hoje, vai defender com a aplicação do período integral? Será que o sindicato vai batalhar para que a escola atenda as exigências dos mestres, como turmas menores e salas decentes? E o plano de saúde para os professores?

História de Brasília

O sr. João Goulart decepcionou, ontem, pela primeira vez, a população de Brasília, deixando de aparecer para os trabalhadores que o esperaram quase duas horas, em pé, para ver pelo menos uma saudação do presidente da República. (Publicado em 13/9/1961)

Que venham os anos

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Ocorre com as cidades o mesmo processo de transformação que atinge os humanos. Ambos experimentam os fenômenos naturais que marcam cada estágio da vida. Assim como as pessoas, as cidades nascem, crescem, envelhecem e morrem. A diferença é que, para a maioria das urbes, o tempo é generoso e lento, dilatando seus dias ao longo de incontáveis gerações. Não deixa de ser simbólica a presença, em frente à sede do governo local, de uma réplica em bronze da loba Capitolina amamentando Rômulo e Remo.

Presente do governo italiano à nova capital do Brasil, a figura mítica faz alegoria à fundação da cidade eterna de Roma em 753 a.C . Para alguns brasilienses, a loba romana representa, na verdade, o lobo-guará, o maior canídeo da América e que, por coincidência, é o animal símbolo da capital.

Elegemos um animal selvagem como símbolo da cidade e, por algum contrassenso, cuidamos para que ele figure na lista de espécies ameaçadas de extinção. Especialistas consideram que, no máximo em 100 anos, não haverá mais nenhum exemplar desse lobo correndo livre pelos campos do cerrado. O que fazemos com as espécies à nossa volta, reproduzimos com a própria cidade que nos abriga.

Para os padrões de tempo de uma cidade, Brasília poderia ser classificada como uma criança, embora já apresente problemas típicos de uma metrópole da terceira idade. O que fazer para não extinguir também a ideia original que possibilitou a Brasília ser reconhecida pelo mundo como patrimônio cultural da humanidade?

Trata-se de um problema que teremos que solucionar ao longo dos anos, a cada novo governo, a cada novo Pdot. Que venham os anos e, com eles, a sabedoria para reconhecer que o que temos agora é tão valioso quanto a própria Roma, cidade eterna.

A frase que foi pronunciada

“Não devemos permitir que alguém saia da nossa presença sem se sentir melhor e mais feliz.”

Madre Teresa de Calcutá

Com a palavra

Uma carta do leitor João Maria diz que “quem traduziu a frase de Hillary Clinton, estampada na coluna, misturou pronomes de tratamento e deu à palavra “mesma” a conotação pronominal. Estaria, assim, no original?”

O leitor

A frase era a seguinte: “Leve a crítica a sério, mas não como algo pessoal. Se houver alguma verdade na mesma, irás aprender com ela; caso contrário, ignore-a.” Hillary Clinton. O que queremos neste espaço é justamente fazer o que disse dona Hillary. Com pronomes misturados e tudo.

Dia dos Pais

No domingo, o JK Shopping levará, entre as 13h e as 14h, na Praça da Alimentação, um show do grupo Samba e Poesia, composto por André Gomes, Gustavo Ribeiro, Bruno Lustosa, Guinho Dias e pelo cantor Otacílio Sá. No repertório, o grupo faz uma homenagem a dois grandes artistas que representaram momentos diferentes na história da música, Cartola e Jorge Aragão.

Cidadania

Basta escrever no Google ecidadania e Senado. Ali, o internauta pode sugerir projetos, acompanhar leis e se comunicar com a Casa.

Nova cultura

Séria em tudo o que faz, principalmente na atividade legislativa, a deputada Mara Gabrilli é relatora e o senador Dário Berger, presidente da comissão mista, que recria o Ministério da Cultura. Vamos ver como será abordado o Ecade.

História de Brasília

Um dia feliz para dona Júlia Kubitschek. Aquele a quem a senhora ainda hoje chama de “menino” é, para todo o país, o homem. E a ele, os nossos parabéns pelo aniversário natalício. (Publicado em 12/9/1961)

Crise aérea

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Qualquer análise sobre os desdobramentos econômicos do país tem que levar em conta, além da redução no consumo de itens básicos, como alimentos, luz e combustível, os indicadores que apontam para a retração significativa na movimentação de passageiros e cargas pelos aeroportos brasileiros. Os problemas enfrentados pela aviação nacional vêm de longa data e são bastante conhecidos.

Com o agravamento da crise, acentuou-se de forma preocupante a diminuição do número de passageiros em cerca de 6%, assustados com o valor oscilante das tarifas aéreas, que é até pequeno, se comparado com o recuo de cerca de 40% na oferta de voos entre o Brasil e os EUA, principal destino dos brasileiros. Muitas cidades brasileiras perderam a ligação aérea direta com os EUA, como Recife, Porto Alegre e Salvador. Também Brasília e Belo Horizonte, em breve não terão mais ligação direta com a América do Norte.

Se há uma crise no número decrescente de passageiros, pior ainda são os problemas enfrentados no setor de transporte aéreo de cargas. Para se ter uma ideia, a Varilog, maior empresa do setor, viu diminuir o volume de cargas de 211 mil toneladas, em 2006, para 13,4 mil toneladas de janeiro a maio deste ano. A diminuição nos volumes de cargas transportadas foi acompanhada também pela redução na quantidade de viagens corporativas. Só nos primeiros meses deste ano houve um recuo de 3,6%.

Em 2015, as viagens corporativas responderam pelo incremento de 725.589 empregos diretos e indiretos. O impacto dessa redução na economia foi da ordem de R$ 70 bilhões. A crise afastou também muitas companhias aéreas que deixaram de operar no Brasil, como a Japan Airlines, a Singapore Airlines e outras. A Embraer, orgulho nacional e que emprega mais de 17 mil funcionários, anunciou um plano de demissão voluntária (PDV) e cortes de custos para poupar US$ 200 milhões e fazer frente a séria crise no setor.

O problema com o esfacelamento de um nicho econômico tão sensível como o setor aéreo nacional, com consequente redução de passageiros, de cargas, fuga de empresas estrangeiras e demissões em empresas nacionais, como a Embraer, é que, ao afetar drasticamente o desenvolvimento do país, deixa sequelas que levam anos para ser recompostas novamente, e com isso compromete ainda mais o esforço para a dura retomada do crescimento.

A frase que foi pronunciada

“A maratona para desviar a atenção do povo tá braba!”

Grito de um amigo para o outro na chapelaria do Senado

Andamento

Sobre a eleição da UnB, ficaram três chapas. Engenheiro eletricista, Ivan Marques de Toledo Camargo é professor da instituição desde 1989. Professor Ivan não tem partido. Aliás, o programa dele é acadêmico e não político. Denise Bomtempo, ex-decana, sem partido, e Márcia Abraão, ex-decana também estão na disputa.

Feito

Por incrível que pareça, o Partido dos Trabalhadores conseguiu o feito inédito de unir o PSol, PSTU, PDT, PCdoB. Por enquanto, esses partidos formam a frente dos sem cargos no governo federal e GDF e devem apoiar a professora Márcia.

Atenção

Quem mostrou insatisfação com a retirada das faixas com menções políticas foi o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil Cláudio Lamachia. Ou o país é livre ou não é. O comitê Olímpico não pode desrespeitar a Carta Magna.

Para

Mas os olhos da Universidade de Brasília estão voltados mesmo, e com bastante atenção, para o senador Cristovam Buarque. Que debate sobre as eleições será sustentado por ele, ninguém sabe.

Chamar

Pessoal do Ministério da Cultura deve usar os efetivos da casa para ocupar os cargos vagos deixados pelo governo anterior. Concurso mesmo, nada.

História de Brasília

São 5 bilhões de cruzeiros, já vencidos, que a Novacap terá que pagar. É o resultado da política do sr. Jânio Quadros, que autorizava, e o ministro Clemente Mariani não pagava. (Publicado em 12/9/1961)

Isso é o Brasil

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Se é difícil para os estrangeiros entender o Brasil, para a população que aqui vive e que, em sua maioria é composta por trabalhadores de baixa renda, é perda de tempo buscar sentido racional para o que acontece no dia a dia, principalmente com relação à escalada dos preços. Mesmo para os padrões americanos e europeus, os valores cobrados por diárias de hotéis e restaurantes de categoria média no Brasil são extremamente mais elevados do que os preços dos mesmos serviços no exterior. São inúmeros os impostos e tributos que incidem sobre todos os bens de consumo indiscriminadamente. No ciclo fechado dos impostos, o único beneficiário direto é o governo ou, mais precisamente, a gigantesca máquina administrativa do país que absorve o grosso da renda.

Além disso, o povo brasileiro não exerce a cidadania como outros povos. Associações ou institutos, até agora, ninguém foi capaz de unir a população para cobrar do Estado o cumprimento de suas obrigações. Na década de 1960, sem Twitter, Facebook ou Whatsapp, as donas de casa conseguiam se mobilizar propondo boicote instantâneo aos produtos com preços abusivos ou a estabelecimentos com atendimento a desejar. Hoje, curiosamente com todo esse aparato tecnológico, o máximo.

Difícil explicar em qualquer língua que, apesar de possuirmos enormes jazidas de petróleo e contarmos como uma empresa com grande expertise na exploração, refino e distribuição desse mineral, temos o combustível mais caro e misturado do planeta. Como fazer entender outros povos quando afirmamos possuir o maior rebanho de bovinos e frangos do planeta, se, nos supermercados, esses são artigos só podem ser comprados por uma minoria?

Impossível que os estrangeiros entendam que somos celeiro do mundo e temos milhões de quilômetros quadrados de terra perfeitamente agricultáveis, exportando grãos diversos para todos os cantos do planeta e nas gôndolas dos supermercados e nas feiras de rua o quilo do feijão, que é o alimento básico da população, chega a custar cerca de US$ 6 (mais de R$ 18).

Qual a explicação para o fato de possuirmos 7.491 quilômetros de litoral e 200 milhas náuticas de mar territorial e termos produção e consumo irrisório de pescado e derivados do mar? Como explicar os preços exorbitantes desses produtos para o consumidor? Como pode encontrarmos no mercado peixes vindos da China? Pior. Como um povo que vê nos artigos da Constituição, da Carta Magna do próprio país, artigos que lhe garantem o direito à saúde, ao transporte e à educação e, apesar de ter que buscar plano de saúde, escolas particulares e usar o próprio carro por falta da mobilidade, reage com samba e futebol?

Nossos cientistas precisam deixar o Brasil para poder trabalhar e desenvolver projetos. Quem entende isso? Somos a “Pátria Educadora” que não educa. Que permite campanhas comerciais, novelas, programas totalmente deseducativos. Nada foi feito efetivamente contra as baixarias na televisão. Talvez porque baixaria já não seja a mesma coisa. Valores e preços são substantivos que se misturam.

As mesmas interrogações se repetem para tudo o que produzimos e consumimos. Se repetem também para a complacência ao saber que há corrupção no samba, no futebol, na educação, na saúde, no transporte e, mesmo assim, a troca de informações nos meios eletrônicos se resumem a piadas ou, no máximo, colheres batendo em panelas. Melhor resumir essas questões com a frase enigmática: isso é o Brasil.

A frase que foi pronunciada

“Os estrangeiros, eu sei que eles vão gostar, tem o Atlântico, tem vista pro mar. A Amazônia é o jardim do quintal e o dólar deles paga o nosso mingau.”

Raul Seixas

Até quando?

Por falar nisso tudo, a Secretaria de Educação do DF ainda não adotou nas escolas o livro Faço, Separo, Transformo, de Marcelo Capucci e Marcos Linhares. tem gente em Londres que já se interessou. Precisa ser assim? Nunca vamos valorizar os nossos escritores, atores, músicos, cientistas, pintores, escultores…

História de Brasília

Estão falando muito em moratória para o comércio em Brasília. Será um descalabro. Basta que a Novacap pague suas dívidas, e o comércio de Brasília funcionará que é uma beleza. (Publicado em 12/9/1961)

Dinheiro público

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Dinheiro público é sagrado,
pelo menos, deveria sê-lo. Fossem respeitados os limites para os gastos do governo, obviamente não seriam necessárias a adoção de medidas emergenciais e paliativas como o aumento de impostos e muito menos de arrocho fiscal. Houvesse esse temor reverencial aos recursos retirados dos cidadãos, nada do que ocorre hoje, inclusive o lento processo de impeachment, estariam em pauta.

Leis claras e objetivas deveriam ser erigidas para blindar o dinheiro público das razias dos governantes. Leis que penalizassem os infratores na exata medida de seu desatino. Se para cada real desviado, correspondesse um dia de prisão e multa equivalente, o caminho da probidade estaria facilmente aplainado.

Em maio deste ano, o ainda governo Dilma, através do decreto 8.456, cortava 22% ou R$ 70 bilhões do Orçamento da União, para fazer frente aos desajustes profundos nas contas públicas. Essa medida em si já sinalizava, para além do núcleo fechado do governo, que alguma coisa de muito séria estava acontecendo com os recursos da União.

O chamado “corte na carne”, anunciado fora de tempo e contexto, por uma equipe econômica já sem crédito e complemente rendida aos caprichos da presidente, causou mais surpresas do que contrariedades. Por esta época, o país já vivia sob o clima pesado por conta dos sucessivos escândalos que brotavam de dentro do governo. Embora não se conheçam os detalhes internos que levaram a adoção desse decreto, o certo é que ele marcou de forma indelével as relações da presidente com seu partido. A adoção dessa medida deixou claro que as promessas de campanha não só não seriam cumpridas, como não seriam cumpridas nenhum outro planejamento prévio, inclusive o Plano Plurianual.

A bandeira do partido da presidente que pregava a redução sustentada das desigualdades sociais e econômicas, fora irremediavelmente rasgada, Restava a presidente o apoio constrangido de sua base de apoio. Os corte atingiram em cheio os Mínistérios do Desenvolvimento agrário (53%), da Educação (23,7%), da Pesca e Aquicultura ((78%), além das Secretarias de Promoção da Igualdade Racial (56%) e Direitos Humanos (56%). A redução significativa dos investimentos nas áreas sociais, deixou a presidente suspensa no ar, segura apenas pelo pincel. Diante da encruzilhada de cortar em áreas sociais e sobreviver no cargo, Dilma optou pela segunda hipótese, conseguindo ainda uma sobrevida no governo, mas já era tarde.

A profanação do dinheiro público, pela má gestão desses recursos e, principalmente pelos inúmeros episódios de corrupção que a Nação vai tomando conhecimento, selaram o destino de Dilma. Os episódios que resultaram no seu afastamento, resumidas nas chamadas pedaladas fiscais, representam apenas uma gota d’água no oceano das tribulações experimentadas e induzidas por um governo de triste memória.

A frase que foi pronunciada:

“ Só criei o SBT porque as portas estavam fechadas para mim.”

Silvio Santos, dando a dica para quem precisa conhecer o próprio valor.

Hoje

Vale visitar o templo budista na entrequadra 315/316 Sul. Volta a quermesse que já se tornou tradição na cidade. Monge Sato e equipe mantém a organização, clima de paz e a delícia da cozinha japonesa.


Ah ta!

Agora é lei. Todos os alimentos perto do vencimento devem ser doados pelos supermercados a instituições de caridade. O que acontece é que o mercado diminui o preço justamente desses produtos, que ainda caro são desovados nos carrinhos das donas de casa que sempre estão em busca de ofertas para manter o equilíbrio das finanças domésticas.

Leitora

Sobre a falta de pediatras no hospital do Gama. Não conheço a realidade daquele hospital, mas constato o caos na pediatria em Brasília de forma geral.

Recentemente, a pediatria do hospital Alvorada ( particular e ligado ao grupo AMIL ) fechou as portas e a reabertura está nas mãos da justiça. Nesta semana, fala-se do fechamento da pediatria do HRAN, (um dos principais e bons hospitais públicos da cidade).
Alega-se que esta especialidade da medicina não demanda muitos procedimentos e acaba tornando pífio e inócuo o retorno financeiro. Apenas sobrecarrega fisicamente os hospitais.
No entanto, a questão permanece. Seja no Gama, no Plano Piloto, em qualquer parte. A pediatria cuida do futuro. Há pediatras – e muitos – querendo fazer seu trabalho. Mas como, se o futuro está cada vez mais longe? Ana Maria

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Para os que gostam de caça e pesca, vejam este resultado de fim de semana no nosso Dick Shaw, do Informador: 5 pacas, uma capivara e 80 quilos de Tucunaré. Superou o recorde de “conversa de pescador”, que pertencia, até então, ao Auristelio Ponte.(Publicado em 12/09/1961)

Consumidos pela corrupção

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Num apanhado geral de notícias sobre o Brasil veiculadas diariamente pelos jornais mundo afora, fica evidente que o assunto mais enfocado sobre nosso país é justamente o que trata da corrupção, principalmente aquela em que o governo e o mundo político local estão secularmente envolvidos. De modo geral, o noticiário internacional relaciona as causas principais do subdesenvolvimento persistente do nosso país à corrupção endêmica que impregna toda a máquina pública. Hospitais e escolas públicas extremamente carentes são mostrados para exemplificar os casos concretos da malversação dos recursos públicos e seus efeitos sobre a vida da população.

Mesmo agora nas Olimpíadas, grande parte dos correspondentes internacionais deixaram as disputas e os torneios de lado e partiram para registrar o dia a dia das comunidades enclausuradas em favelas miseráveis à mercê da trégua na guerra entre a polícia e o crime organizado. Sob todo e qualquer ângulo em que se procura enxergar a realidade brasileira lá de fora, a corrupção desponta como causa e assunto logo nas primeiras linhas. Por que razão nossas mazelas ganham tanto destaque na mídia estrangeira se temos também tantos aspectos positivos de nosso cotidiano que merecem ser mencionados?

Essa questão tem, na avaliação dos jornalistas de outros países, uma explicação até singela. Para muitos, a entrada de seus países no rol das nações desenvolvidas só foi possível depois de debelados os casos de corrupção na administração do Estado. Muitos de nossos compatriotas, afirma um repórter europeu, não conseguem entender como, em pleno século 21, um país continental e com uma grande população ainda não se livrou dessa praga. Enquanto não surge uma resposta satisfatória para a questão, melhor examinar o que um estudo feito pelo Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO) diz sobre os efeitos e as consequências da corrupção que se escondem sob a linha d’água desse imenso iceberg.

Para cada R$ 1 desviado pela corrupção, ocorre um dano na economia da ordem de R$ 3. É o que os especialistas chamam de multiplicação dos prejuízos. A corrupção é capaz também de contaminar agentes públicos honestos, primeiro pelo desestímulo e, em seguida, por pressão ou simples adesão àqueles que se beneficiam. Também a ineficiência e o excesso de burocracia se inserem no círculo vicioso da corrupção, alimentando-se mutuamente. Outro efeito é a sensação de impunidade, decorrente da falta de pena adequada, mecanismos eficientes para devolver o roubo e do tempo longo dos processos.

Por fim, a corrupção produz o efeito devastador de desmoralizar as instituições e, por tabela, a própria democracia. Um desses efeitos é sentido pela forte rejeição que a população expressa por seus representantes e respectivos partidos políticos e que bem ficou demonstrado nas manifestações de ruas.

Zeina Latif, economista, aponta como consequências diretas da corrupção sobre a economia do país os altos custos de transação, a baixa confiança nos contratos, o afastamento de investidores e a redução da capacidade de investimentos. Trata-se aqui de causa conhecida cujas raízes também se conhecem e cujo remédio é sabido por todos. Mas ainda assim insistimos em não enxergar o problema que nos consome a cada dia.

A frase que não foi pronunciada:

“Corrupção é um bicho que se alimenta da ignorância de um povo. Dói, mas é a verdade.”

Dona Dita, lendo jornal para os netos

Uma lástima

É de estarrecer que uma campanha publicitária com aquele peso de pobreza seja permitida ir ao ar. A Etna escolheu a mentira para vender seus produtos. Mentir para as visitas que aquele sofá custou caríssimo ou aquela peça de decoração que foi uma pechincha pode ser apresentada aos amigos como uma peça rara.Em pleno combate à corrupção, estimular a raiz de todos os males em propaganda é inaceitável. Ou deveria ser.

Palavrinhas mágicas

Já ouvi no programa do Toninho Pop, do compadre Juarez e na ClubeFM. As pessoas se comunicam muito bem ao pedir música. Mas é raro ouvir dos ouvintes as palavras “por favor” e “obrigado”. Está aí uma grande oportunidade para os apresentadores trabalharem a educação das pessoas queridas que participam do programa.

Nota oficial

» O GDF enviou aos jornalistas nota sobre a paralisação de 48 horas dos policiais Civis. O movimento teve o objetivo de pressionar o governo para equiparar os salários dos civis aos dos federais.

Curiosidade

Art.22 XXIII — O Brasil é o único país do mundo que proíbe a bomba atômica na própria Constituição.

História de Brasília

A principal preocupação do sr. Oscar Pedroso Horta, na TV, em S. Paulo, foi falar mal de Brasília, chamando-a de insípida, horrível e tenebrosa. E é mesmo. Não é para todo o mundo, mas para muitos. O homem é produto do meio.(Publicado em 12/9/1961)

Azar de quem joga

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com Circe Cunha e MAMFIL

Tanto na Câmara dos Deputados como no Senado Federal parece haver um caminho aberto e aplainado para a legalização definitiva dos jogos de azar e dos cassinos em todo o território nacional. A presidência das duas Casas se manifestou no sentido de acelerar os projetos PL 442/91 e PLS 186/2016.

Obviamente, a votação de tão polêmica proposta caberá ao conjunto dos parlamentares e a aceitação por parte do presidente interino, Michel Temer, e sua publicação no Diário Oficial. Alguns ministros e pessoas próximas ao governo garantem que o projeto conta também com a simpatia de Temer. Dessa forma, dá para se ter uma ideia preliminar de que, nos altos escalões do Estado, a ideia da volta dos bingos, dos cassinos e de todos os jogos de azar já é consenso e um ponto pacificado.

Obedecidos esses trâmites legais, os brasileiros saudosistas poderão comemorar o retorno ao longínquo ano de 1946, quando o jogo foi banido pelo então presidente Gaspar Dutra. Quem sabe o retorno dos espetáculos no cassino da Urca e o Teatro de Revista, com suas vedetes cobiçadas, e os programas ao vivo nos auditórios das rádios. Naquela ocasião, existiam no país 71 cassinos em funcionamento, empregando 60 mil pessoas, entre trabalhadores efetivos e contratados por temporada, casos de artistas e outros empresários de shows.

Comparado com Brasil atual, aquele era um outro país, em alguns aspectos, até mais inocente e primitivo. As principais cidades ainda estavam em formação. A preocupação das classes abastadas urbanas de então era copiar o glamour da Hollywood e dos shows da Broadway.

Nesses 70 anos, o Brasil mudou muito. Em alguns aspectos, com o surgimento do crime organizado, podemos dizer que somos Primeiro Mundo. No caso da corrupção na política e na máquina do Estado, somos praticamente imbatíveis. Estímulo ao turismo e aumento de arrecadação para os cofres públicos, além da geração de empregos, têm sido os argumentos levantados pelos que defendem o projeto.

No outro extremo, estão órgãos como o Ministério Público, que avalia que haverá ainda mais sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e apropriação dos cassinos por facções do crime organizado, nacionais e estrangeiras.

Pelo que conhecemos hoje dos órgãos de fiscalização e controle do Estado que, entre outras cegueiras, não viu os escândalos do mensalão e do petrolão, dá para se ter uma noção de como será o futuro do país com a jogatina liberada.

Propostas dessa natureza, por seus impactos incertos sobre a economia e sobre a ordem pública, deveriam ser confiadas à sondagem da sociedade, através de um geral e amplo plebiscito didático, mostrando os prós e contras pela volta dos cassinos.

É a sociedade que pode e deve decidir o que é melhor para ela e para seu futuro. No entanto, o certo é que no caso da volta dos cassinos, o futuro será como num jogo de azar, com muitos perdedores e uma elite pequena de privilegiados, sorrindo e imitando os magnatas cafonas de Atlantic City e Las Vegas.

A frase que não foi pronunciada

“A vida é como um cassino: já entramos nela programados para perder. A banca, isto é, os donos deste mundo, os que ditam as regras, são os que sempre ganham.”

Cláudio Suenaga, historiador

Novidade

Aconteceu na 19ª Vara Cível de Brasília. Uma autoescola precisou indenizar em R$ 4 mil, por danos morais, um aluno que não pôde receber a habilitação porque ficou impossibilitado de fazer a prova prática. Não havia um carro adaptado para a necessidade especial. Há proposta no Senado que obriga a autoescola a providenciar veículos adaptados.

Concurso

Gustavo Satolino, procurador da Fazenda Nacional, ex-assessor de ministro do Superior Tribunal de Justiça, pós-graduado em direito administrativo e processo administrativo e autor de vários livros de direito fará uma palestra concorrida na cidade: Técnicas de estudos e motivação para concursos. O evento será no IMP, 603 Sul, sábado, dia 13 às 14h. A inscrição pode ser feita no site impconcursos.com.br

Flashes

Algumas das próximas discussões nas casas legislativas federais vão desde o uso do FGTS para garantir empréstimos consignados, ao reajuste de servidores da Câmara, TCU e Forças Armadas, Judiciário e MPF, até a diminuição da taxa de imposto sobre remessa ao exterior que passará de 25% para 6%.

História de Brasília

Não se nega ao goiano o privilégio de ser prefeito de Brasília, mas não se pode admitir a expressão “será dada ao PSD de Goiás”, porque isto implica em barganha, é ilegal, é imoral. (Publicado em 12/9/1961)

Armadilhas e fofocas

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Ari Cunha com Circe Cunha e MAMFIL

Devem-se aos contínuos avanços da tecnologia, a facilidade com que tudo que se move pode ser gravado em filme e áudio e disponibilizado, em segundos, para milhões de pessoas simultaneamente. O lado bom dessas novas possibilidades é que o que deveria, por motivos escusos, ser mantido longe do conhecimento da sociedade, vem a tona, para o bem da transparência na gestão da coisa pública. O lado ruim dessa bisbilhotice eletrônica desenfreada é que o mundo da fofoca e da semeadura de intrigas e discórdias ganha um aliado sem igual na desestabilização de amizades ou de governos.

Por enquanto, o desenrolar das conversas, gravadas sorrateiramente pela presidente do SindSaúde, Marli Rodrigues, com o vice-governador Renato Santana ainda não ultrapassaram a tênue fronteira que separa o que é mexerico do que é fato. Ainda assim o caso vem ganhando repercussão graças a entrada oportunista da Câmara Legislativa no assunto.

Para quem acompanha do alto o caso, soa estranho que um vice-governador que se diz conhecedor de fatos graves, envolvendo um órgão tão sensível e com tantos problemas como a Pasta da Saúde, não tenha, imediatamente, comunicado o fato ao governador, ao Ministério Público , a Polícia Federal e Civil ou mesmo a imprensa, para colocar a questão a limpo.

Parece estranho ainda o modo como a sindicalista preparou e arquitetou toda uma investigação por conta própria, fazendo seguidas gravações, montando dossiês e até um intrincado organograma do caso. Há ainda algumas dúvidas sobre o conhecimento ou não do vice-governador de que estava sendo gravado. Tudo neste caso caminha ainda no limbo das presunções.

Parece ainda mais estranho que tenha vindo justamente um outro sindicato, no caso o dos Delegados do DF a pronta disposição para a criação de uma força-tarefa voluntária para ajudar na apuração das supostas irregularidades na área de Saúde.

O governador erra em se deixar levar pela correnteza incerta dos acontecimentos. De concreto e positivo fica a determinação do chefe do Executivo local de encaminhar a Corregedoria do GDF e à polícia a abertura de investigações.

O entrelaçamento do mundo da política com o mundo do crime é fato e os brasileiros vem tomando conhecimento dessa união através da Operação Lava Jato e congêneres. Agora, acreditar que o atual governo tenha tido a ousadia de participar da rapinagem do dinheiro público, depois de tudo o que Brasília assistiu com os últimos ex governadores, é crer que , de fato, não vale a pena continuar com o atual sistema que deu autonomia política a capital.

A frase que foi pronunciada:

“ Não há diferença entre humanos, há estratégia.”

Bruce Killer

Release

Na última sexta-feira o TJDFT o desembargador Mario Machado Vieira Netto empossou seis novos membros da Corte local. Os futuros desembargadores do TJDFT são os juízes de Direito substitutos de 2º Grau James Eduardo da Cruz de Moraes Oliveira, Cesar Laboissiere Loyola, Sandoval Gomes de Oliveira, Esdras Neves Almeida, Gislene Pinheiro de Oliveira e Ana Maria Cantarino.

Novidade

São necessários 43 anos para que um brasileiro, solteiro, com um salário mímimo de renda seja capaz de obter o mesmo rendimento de alguém da classe média. Ou um milionário gastaria menos de 1h30 para receber R$880, os mesmos reais que o assalariado recebe por um mês de salario. Trata-se da calculadora da desigualdade , uma ferramenta criada pela Oxfam para aferir a desigualdade na Améria Latina e Caribe

Ferro e fogo

A ira de moradores com o descaso de donos de cachorros chegou ao limite. Uma campanha que está ganhando adeptos por toda a cidade é chocante. Se o dono do cachorro nao recolhe as fezes caninas deixadas pelo animal, o pessoal da campanha o faz. E faz mais ainda. Acondiciona em uma caixinha, segue o dono, espera que ele entre em casa. Daí toca a campainha e entrega o material expelido pelo pet.

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Hoje é domingo. Presidente novo, de muda para o Alvorada. O Lago não terá vento forte. Dia bom para pescaria. Até já, tilápias.

(Publicado em 10/09/1961)

Roubam o futuro do país diante do silêncio dos honestos

Publicado em ÍNTEGRA

DESDE 1960

aricunha@dabr.com.br com Circe Cunha e MAMFIL

Se forem observadas através da lupa dos órgãos da justiça e da polícia, é certo que em praticamente todos os setores da administração pública do país serão identificadas irregularidades das mais variadas, desde as mais simples e corriqueiras até casos mais complexos e de grande monta.

É conhecido, nas repartições públicas, o desvio diário, pelos próprios funcionários, de pequenas quantidades de material básico como papel, lápis, clipes, levados para uso particular. É o chamado roubo formiguinha. Somados, estes desvios continuados causam prejuízos de milhões de reais aos contribuintes.

Usar os serviços e o material das repartições públicas para fins particulares é tão comum que já não causa mais espanto. Os antigos costumavam dizer que quem desvia um centavo desvia um milhão. “Non adimittitur peccatum nisi restituatur ablatum” ou “não se perdoa o pecado sem se restituir o que foi roubado”, dizia padre Antônio Vieira no século 17.

Nos hospitais desaparecem desde medicamentos básicos até estetoscópios, termômetros e outros materiais. Nas delegacias, somem armas e munições. Nos quartéis, só não levam o canhão. Nas escolas e universidades públicas, tudo é alvo dos amigos do alheio. Nada escapa à sanha dos fajardos. Até os materiais mais inusitados são surrupiados, como tampa de bueiro, placas de sinalização, fiação elétrica, roupas no varal. Nem os locais de descanso eterno escapam da ação dos ladravazes. Túmulos são saqueados; imagens, crucifixos e quaisquer objetos de valor são levados sem medo de assombração. Aliás, um crucifixo bem importante foi noticiado pela imprensa como desaparecido de algum palácio em Brasília. Nas igrejas, sob o olhar dos santos, roubam-se os dízimos. Em outras, pastores tungam os fiéis sob promessas de futuras farturas no além e punição do fogo do inferno.

O que a Operação Lava-Jato e congêneres têm mostrado para todo o país é que, nem aqueles aos quais foi confiado à guarda das coisas do Estado (res pública) são dignos dessa missão. Fossem todos, dos maiores aos menores, obrigados a devolver 100% do subtraído e condenados a prisão por gatunagem, obviamente não haveria espaço suficiente para trancafiar tal multidão.

A delinquência é democrática e está presente em todos os escalões sociais. A diferença é que para as elites existem aqueles advogados, de altos honorários, que, mais do que conhecer os meandros da lei, conhecem os juízes certos para cada caso. Nas camadas de poder aquisitivo menor a história se repete. Mesmo os programas sociais são tungados de cima a baixo e de baixo para cima. O caso recente do conjunto Paranoá Parque é um exemplo. O Governo do Distrito Federal vem investigando casos de venda e de aluguel dos apartamentos recebidos no programa Morar Bem Habita Brasília. Ocorre o mesmo com parte das propriedades entregues por meio de programas de reforma agrária e assentamentos de famílias na área rural.

Entre os elementos que compõem o chamado Custo Brasil, a corrupção tem um peso considerável. Estudo apresentado em 2015 pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) dão conta que até 2,3% de nosso Produto Interno Bruto (PIB) escoam a cada ano pelo ralo largo da corrupção, ou algo como R$ 100 bilhões.

A situação é tão séria que mesmo a Anistia Internacional tem denunciado que os casos de corrupção no Brasil têm tido reflexos negativos e diretos tanto sobre a questão dos direitos humanos, como no aumento da criminalidade.

A frase que foi pronunciada

“A corrupção não é uma invenção brasileira, mas a impunidade é uma coisa muito nossa.”

Jô Soares, antes das operações da Polícia Federal

Vale ver

Hoje é dia de acompanhar Cantorias, um excelente documentário da TV Senado, às 21h30. Entrevistas de pessoas que sabiam da vida ou espírito do lendário Zé Limeira, chamado por Orlando Tejo de “o poeta do absurdo.” Depoimentos de Ariano Suassuna, Chico César, Siba, João Furiba, Geraldo Amâncio, Ivanildo Vila Nova, Moacir Laurentino, Oliveiras de Panelas, Jomaci Dantas, Beto Brito, Marcus Accioly, Bráulio Tavares e Gonzaga Rodrigues. O programa será reprisado.

História de Brasília

A informação extraoficial que se tem é a de que a Prefeitura será “dada ao PSD de Goiás”. Prefeitura não se dá, Brasília não se concede. Escolha-se um técnico da equipe que a construiu, e seja este, o Prefeito. (Publicado em 12/9/1961)

Volta o dragão da inflação. Herança maldita

Publicado em ÍNTEGRA

DESDE 1960

aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha com MAMFIL

Volta o dragão da inflação.

Herança maldita

De todos os dados que demonstram de modo cartesiano a crise que se instalou na economia do país, nenhum é mais importante e preocupante do que aquele que assinala o fechamento de postos de trabalho.

Primeiro, porque a questão do desemprego afeta direta e individualmente cada um dos brasileiros e, por tabela, suas famílias. A propagação e os efeitos do fechamento de postos de trabalho geram malefícios que ultrapassam os próprios indicadores numéricos, incidindo em cheio na questão social.

Quando os efeitos da crise econômica começam a ser inscritos na Carteira do Trabalho nas folhas destinadas às anotações de rescisão de contrato, o estrago está consumado. Nesse ponto, a questão dos indicadores e da matemática deixa de ser preocupação apenas de economistas e ascende a um outro patamar de importância que diz respeito ao maior bem de todos: a cidadania.

A divulgação agora apresentada pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), feita pelo Ministério do Trabalho, demonstra que em junho foram fechados mais de 91 mil vagas de emprego formais. Mesmo a sensível melhora registrada, se for comparada com os dados de junho de 2015, quando foram fechados 111.119 postos, demonstra que o flagelo do desemprego ronda os lares em todo o país. Se forem contabilizados os últimos 12 meses, esse número ascende para 1,765 milhão de postos com carteira assinada a menos.

Para o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego atual se situa em 11,2%, o que equivale a dizer que 11 milhões de brasileiros, em idade ativa, estão desempregados. É a maior taxa registrada desde 2012. Basta percorrer os centros das metrópoles brasileiras para constatar o grande número de estabelecimento comerciais fechados.

Sumiram os empregos e os consumidores. Shoppings e supermercados estão vazios. Só se compra o essencial e básico. Sem consumidores, crescem os riscos de desabastecimento por falta de demanda. Sem demanda, cai o ritmo industrial. Sem as compras pelo setor de transformação, acabam os pedidos para o setor primário.

A contaminação sistêmica se instala de modo crônico. O ciclo de crise econômica se fecha e é perpetuado. Nos últimos três meses, a indústria fechou 3,9% dos postos de trabalho, o comércio 1,7% e construção civil , mais afetada, fechou 5,1% dos empregos. Também o rendimento médio real, recuou 3,3% em relação a 2015. Os salários dos trabalhadores da agricultura, pecuária, pesca e produção florestal, tiveram também um recuo da ordem de -6,4%.

A crise bate à porta das famílias brasileiras, adentra pelas dispensas vazias e se instala na sala de visitas em frente à televisão, aguardando boas notícias, que, pelo visto, tão cedo não chegarão.

A frase que não foi pronunciada

“Dilson Funaro disse que teríamos um crescimento japonês com uma inflação suíça. Ainda tem desse sonho para vender?”

Senhorinha que gosta de discursos

Institutos

Sem órgãos de defesa do consumidor que façam alguma coisa efetivamente, o brasileiro continua a pagar R$ 12 pelo quilo de feijão. O advento da internet é uma arma potente contra esse tipo de abuso. Em apenas alguns minutos, é possível organizar um boicote de dimensões continentais. Mas somos um povo resignado. Do feijão ao STF.

LIA

A Lei de Improbidade Administrativa já existe. Não falta legislação no país. O Ministério Público do Pará tem um estudo interessante sobre o assunto no portal http://bancodeprojetos.cnmp.mp.br/consulta.seam

Apareça

Pena que os atletas do Rio estejam perdendo o XVI Encontro de Culturas da Chapada dos Veadeiros. O evento vai até domingo, em São Jorge. Mas você pode se programar para passar o fim de semana mais perto da cultura brasileira. Roças, quilombolas, pequenos produtores, rezadeiras, parteiras, batuqueiros, artistas do povo e também indígenas. Eles iniciaram a programação do encontro com a Aldeia Multiétnica, que chegou à 10ª edição.

História de Brasília

Está de pé o caso da Prefeitura de Brasília. O regime parlamentarista está sendo desvirtuado, porque estão fazendo leilão de cargos. O que ocorre com Brasília é simplesmente lamentável. (Publicado em 12/09/1961)