Demo? Cracia

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ARI CUNHA
jornalista_aricunha@outlook.com

com Circe Cunha e MAMFIL

Precocemente envelhecida, a democracia brasileira vive uma situação pra lá de paradoxal: nem bem teve tempo de aprimorar os mecanismos necessários para acompanhar a evolução contínua da sociedade e já apresenta sinais de fadiga crônica e terminal. Na raiz do problema está a absoluta dissociação entre o Estado leviatã e a sociedade, vista aqui apenas no seu aspecto de provedora de um sistema perpetuamente desigual e injusto. Num modelo como esse, não há a menor possibilidade de um funcionamento longevo e harmonioso entre o governo e os cidadãos.

O que existe, de fato, é um alto muro separando os Três Poderes do restante dos brasileiros. De outra forma, como explicar para um contingente de 13 milhões de desempregados que desembargadores de estados pobres da União recebem mensalmente dos cofres públicos salários que ultrapassam os R$ 300 mil e ainda têm assegurado outras vantagens como auxílio-moradia, plano de saúde e sabe-se lá o que mais?

Que exercício fazer para que um cidadão aceite com tranquilidade o fato de que até seu representante no parlamento foi eleito graças aos muitos milhões de reais desviados criminosamente das empresas públicas? Como explicar, ainda, que membros do governo, além dos altos salários, contam com um reforço na forma de um cartão corporativo que tudo compra, de tapioca na esquina a préstimos e favores de todo gênero?

Não pode haver futuro para um país cuja população, saturada desses desmandos seguidos, hostiliza, até com violência, a maioria dos políticos flagrados em lugares públicos. Vivemos um clima de guerra civil não declarada. Para se ter uma ideia, no ano passado, o estado de Pernambuco, outrora uma potência do Nordeste, registrou 4.400 assassinatos. A cada 134 mortes violentas no mundo, uma é registrada em Pernambuco. Apenas nos primeiros dias deste ano, já foram 479 mortes violentas no estado. Em todo o país, 6,5 homicídios são registrados a cada hora. Não é por outro motivo que o Brasil lidera a lista mundial de mortes por assassinatos.

A violência é, talvez, a face mais vistosa de uma sociedade entregue à própria sorte, desamparada e à mercê da criminalidade crescente que medra desde os becos escuros das periferias insalubres até os palácios atapetados e iluminados com candelabros de cristal. Bastou a decretação de uma greve ilegal da Polícia Militar do Espírito Santo para que, em menos de uma semana, 140 pessoas fossem barbaramente mortas, obrigando a população a se refugiar em casa. Afirmar que está tudo dominado já não é apenas força de expressão, mas uma realidade presente e perigosa.

A frase que foi pronunciada

“Sereis tanto mais influentes quanto mais fordes corretos e justos.”

Juscelino Kubitschek

Discurso

» “Temos uma fúria legiferante, produzimos leis, leis, leis sem nos preocuparmos com execução ou implementação. Por isso os tribunais estão lotados e quem paga a conta é a população, que nunca recebe a resposta adequada.” Esse foi um trecho do brilhante discurso da senadora Ana Amélia, sexta-feira, no plenário.

Fonte

» Com uma base que soma 3 milhões de recortes de jornais, a biblioteca do Senado é o porto seguro de consultores, assessores e pesquisadores do Brasil e do mundo. Helena Celeste Vieira, coordenadora da Biblioteca Acadêmico Luiz Viana Filho, explica em entrevista à Agência Senado que a coleção chega a 7 mil assuntos. Fátima Costa, chefe do processamento de jornais, tem empenhado a última década em digitalizar os jornais. A coleção completa do Correio Braziliense, desde 1987, já está digitalizada. Com um portal extremamente amigável, é possível acessar a biblioteca pela internet, ler obras raras, livros modernos e autores dos mais variados estilos.

Segredo

» Soltaram no Plenário que o dia 8 de Março não vai ser um dia qualquer em Brasília. A Marcha das Mulheres promete tomar conta das ruas. A Câmara e o Senado preparam atividades, debates e homenagens. No Senado, o local escolhido é o Interlegis.

Indiferença

» Inacreditável que, depois do fiasco do concurso de domingo, a Polícia Militar do DF anuncie que a banca “organizadora” será a mesma dos Bombeiros. O Diário Oficial traz a informação de que o Instituto de Desenvolvimento Educacional, Cultural e Assistência Nacional será novamente o arrecadador das inscrições. Sim, porque até agora foi só o que essa instituição fez. Nem Bombeiros, nem o governador Rollemberg, nem a comissão que decidiu sobre a banca resolveram a situação de milhares de desempregados que dedicaram anos de estudo, abdicando de fins de semana e de uma vida social. Certamente, esse concurso será anulado por não ter o mínimo de organização.

Descaso

» Basta uma navegada pela internet para ver o número de ações contra o Idecan. O portal Reclame Aqui também coleciona o destrato que essa empresa misteriosa aplica nos estudantes.

História de Brasília

Elias de Oliveira Jr., “DC-Brasília”: Sob todos os pontos de vista, definitivamente encerrado, a não ser que o povo esteja destituído do poder de evocação para saber quem foi o sr. Jânio Quadros durante sete meses de governo e notadamente a “herança” que nos deixou com a renúncia.

Efeitos da Lava-Jato

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ARI CUNHA – jornalista_aricunha@outlook.com

com Circe Cunha e MAMFIL

Como é natural, em algum dia do futuro deverão estar concluídas as diversas investigações levadas a cabo pela Operação Lava-Jato e outras congêneres. Quando isso acontecer, obviamente, ainda restará pela frente um longo período no qual os implicados nesses crimes, que muitos consideram de lesa-pátria, deverão apresentar suas defesas para, posteriormente, serem julgados e, eventualmente, punidos pela Justiça, conforme manda a lei.

Para aqueles privilegiados, acobertados pelo manto injusto do foro por prerrogativa, as decisões finais da Justiça, a cargo do STF, serão lançadas ainda mais para a frente, sine die. Estamos falando de anos ou talvez décadas. A esta altura, muitos crimes estarão prescritos. Para a sociedade que vem acompanhando o desenrolar desses fatos desde 2005, quando veio à tona o escândalo do mensalão, a estrutura político-administrativa do Estado brasileiro vive, desde então, numa espécie de limbo, vagando entre o que reza a Constituição escrita pelos políticos e o entendimento dos fatos trazidos à luz pelas investigações do Ministério Público e da Polícia Federal.

É justamente nessa fronteira nebulosa, onde os ventos da mudança jamais soprarão, que aguardamos, pacientemente, os efeitos práticos dessa lavagem geral da República. Diante da impossibilidade prática de a Justiça vir a punir os eleitores pelas malfeitorias cometidas por seus representantes, o que a sociedade espera é que, no rescaldo final dessas investigações, sejam, definitivamente, afastadas da cena nacional todas as legendas políticas e todas as empresas, direta ou indiretamente, envolvidas nos episódios criminosos. Passada a régua da lei, não faz sentido manter os protagonistas no comando político, econômico e administrativo do país. Leniências e anistias para práticas tão graves, disfarçadas de certa concertación, resolvem apenas os problemas imediatos gestados por essa súcia.

O que a nação espera e anseia é a varrição total desses indivíduos, suas legendas e empresas do horizonte do país. Mesmo para aqueles que, com razão, pregam um Estado leigo, vale, como alerta o que traz a Bíblia: “Ninguém deita remendo de pano novo em veste velha, porque semelhante remendo rompe a veste e faz-se maior a rotura” (Mt 9:16).

Reposicionar esses personagens e suas engrenagens malignas nos mesmos nichos do Estado, sob o argumento pueril de que doravante tudo será diferente, mais do que um jeitinho à brasileira, é perder a oportunidade singular de o Brasil ajustar as contas com sua história, fazendo novo começo, com gente nova e, se possível, com nova Constituição, imune às mazelas que, por séculos, têm nos atado ao passado.

A frase que foi pronunciada

“É preciso reconhecer, momentos de grandes dificuldades no Brasil. O país está enfermo, às voltas com graves crises de natureza econômica, política e ética.”

Teori Zavascki

Orla

» Talvez haja boa vontade do governo Rollemberg no projeto Orla Livre. Mas a população de Brasília não esquece que houve um concurso para a revitalização da W3, com ganhador e, até hoje, nada foi feito. Como os tempos mudaram, a orla pode ser melhor para a cidade.

Internacional
» Não é possível que a Embaixada de Portugal continue a negar a evolução tecnológica. Está bem claro na mente dos funcionários burocráticos. Quem necessitar de qualquer informação deve estar pessoalmente na embaixada. Resultado: quem precisou dos serviços passou nada menos do que quatro horas na fila. Uma moça muito educada atendeu à multidão, absolutamente sozinha.

Tentativa 29
» Estamos chegando lá. Foi muito boa a renovação da sinalização do Lago Norte nas proximidades do Iguatemi. Muitos acidentes aconteciam por ali, uma área de trânsito confuso. Só a entrada para as primeiras quadras pares, onde a direita é livre, ainda não recebeu os pontaletes.

Absurdo
» Uma navegada pelo portal Reclame Aqui é o suficiente para entender o que vai acontecer com quem passou dois anos de dedicação ao concurso dos Bombeiros. Nada. O Idecan demonstra nas respostas aos concursandos que não tem o mínimo de respeito. Copia e cola o edital, até quando depõe contra si.

Mais essa
» Anos passados, o ILAL aceitava matrículas sem estar autorizado pelo MEC para expedir diplomas. Nada aconteceu e as placas comerciais da instituição estão por algumas partes da cidade.

História de Brasília

Arimathéa Athayde, O Globo: Tendo apenas 43, Jânio poderá fazer muito pelo Brasil. E não voltará se não o quiser. Só poderão retardar o seu retorno, se não ressuscitarem os processos administrativos que ele sepultou.
(Publicado em 22/9/1961)

Salas sem professores

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ARI CUNHA jornalista_aricunha@outlook.com

Circe Cunha e MAMFIL

Começou mal o ano letivo para quase 500 mil alunos da rede pública de ensino do Distrito Federal. Atendendo ao chamado de mobilização feito pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) contra as reformas trabalhistas, da Previdência e do ensino médio, cerca de 3 mil professores, ou 10% da categoria, decidiram, em assembleia, entrar em greve a partir de 15 de março próximo.

De tão frequentes, as greves no ensino público da capital entraram, informalmente, no calendário escolar. Mais do que uma anomalia, o fenômeno cíclico das greves anuais, que estranhamente nenhum professor ou autoridade questiona, interrompe, abruptamente, a sequência natural do desenvolvimento do conteúdo programático, gerando prejuízos irreparáveis, não para a categoria, mas para os alunos.

A CNTE, ligada a Central Única dos Trabalhadores (CUT), é sabidamente linha de frente ou franja do Partido dos Trabalhadores ante o professorado nacional. Como outras entidades de mesmo matiz político, o CNTE e o Sindicato dos Professores (Sinpro-DF), a pretexto da luta pela melhoria do ensino público, arregimentam, todos os anos, os professores apenas como massa de manobra, dentro de uma estratégia conhecida que visa unicamente o fortalecimento e a perpetuação do oneroso aparelho sindical e de suas elites dirigentes.

Sindicalistas que, há anos, vivem à custa da precariedade da educação e do ensino público em nosso país. Dessa forma, pouco importa a essas entidades se apenas 10% da categoria decide ou não a paralisação dos trabalhos. Pouco importa também se meio milhão de alunos venham, mais uma vez, a ser prejudicados com greves periódicas. O que interessa, e essa é a própria razão de existir desses organismos parasitários, é que a categoria esteja sempre mobilizada e atenta ao toque da corneta para se reunir, como gado, e seguir a orientação.

Que melhorias no ensino pensam os professores alcançar quando permitem que as escolas se transformem em verdadeiros subdiretórios de partidos, opondo educadores contra educadores, aluno contra aluno? Se greves resolvessem o problema primordial e secular do ensino em nosso país, há muitos anos estaríamos no topo dos principais rankings mundiais que medem a qualidade da educação.

Estranhamente os professores continuam acreditando nas cantilenas dessas entidades, de que somente com novas greves se alcançará o paraíso prometido para todos. Durante anos tem sido assim, sem resultado algum, a não ser prejuízos. A prova de que esse caminho não leva a lugar nenhum é que mais uma greve se anuncia para este ano. Por trás dela, novas greves virão, num moto-perpétuo, em que, para cada ciclo completado, mais e mais se vai a passos largos rumo ao fundo do poço.

A frase que foi pronunciada

“O legislador não acertou quando adotou o iminente perigo de vida. Perigo de vida? A vida é ótima! Perigo de morte, sim… É tenebroso.”

Professor Marcelo Miranda Ernesto, de direito penal

Absurdo

» Mais vexame do Idecan. Depois da fabulosa desorganização na primeira prova do concurso para o Corpo de Bombeiro, em que o endereço do local do teste chegou errado para centenas de candidatos, na segunda prova, como a folha de redação não chegou, os fiscais instruíram os alunos a usar a folha de rascunho e assiná-la, o que contradisse o próprio edital. Um vexame atrás do outro, com total desrespeito a pessoas que se dedicaram, no mínimo dois anos, aos estudos, abdicando da vida para se preparar para essa palhaçada.

Reclamações

» Por falar em provas, no portal exame de ordem postado no Facebook, a revolta é grande. Candidatos reclamam sobre as correções das provas no 22º Exame da OAB. Alguns foram prejudicados com gabarito errado no momento da pontuação. Na segunda fase, a reclamação trata do gabarito oficial diferente da peça. Cursinhos oficiais reclamam a falta dos links pelos quais o candidato teria acesso ao desempenho individual.

Joia

» Entra e sai governo, a Rádio MEC sobrevive com esmero. A programação, que era um primor no governo petista, continua de alto nível sob nova direção. Trata-se de verdadeiro tesouro nacional que precisa ser protegido por todos.

Novidade

» Além do dispositivo ativo do farol, os novos carros poderão sair da fábrica com dispositivo que impeça o movimento se houver qualquer ocupante sem cinto de segurança.

História de Brasília

Adirson Vasconcelos, Meridional: Apesar de me manifestar contrário à atitude de renúncia do ex-presidente Jânio Quadros, acredito que ele voltará a ocupar posição de liderança no nosso país (Publicado em 22/9/1961)

A população é refém em duas trincheiras

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aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha e MAMFIL

Certamente, haverá por parte das autoridades, tanto do governo federal quanto do governo do Espírito Santo, reação à altura para os trágicos acontecimentos que culminaram com a morte de 140 pessoas no espaço de uma semana. O que não se pode fazer, nem a sociedade aceitaria, é deixar a questão aos cuidados do tempo, para que tudo caia no limbo do esquecimento e se acomode naturalmente. É preciso, com base nas experiências que o episódio trouxe, cuidar para que aquela situação tenha uma resposta rápida e não venha a se repetir em outras unidades da Federação.

Aliás, o que ocorreu agora no Espírito Santo pode ser considerado como desdobramento natural dos eventos que assustaram também as populações de Manaus, Acre e Rio Grande do Norte, com um saldo de mais de uma centena de mortes violentas. Em comum, todos esses recentes acontecimentos apontam para a falência total do sistema de segurança nacional. Pior, deixaram à mostra o quão frágil e delicada é a situação da sociedade, refém dos humores das polícias, por um lado, e da frieza da bandidagem generalizada que vem tomando conta do país, por outro lado. A questão inicial é como pode um pequeno grupo de bandidos e malfeitores paralisar completamente uma das maiores cidades do Sudeste, tornando prisioneiros e ilhados em casa milhões de cidadãos.

Não se iludam, a fragilidade demonstrada pelo estado do Espírito Santo é a mesma em qualquer outra localidade do país, caso as forças de segurança cruzem os braços. É preocupante e sintomático que até agora não se conheçam, por parte dos governos, quaisquer medidas enérgicas e duradouras para que esses fatos não se repitam. Até o momento, o controle da situação está nas mãos das forças de intervenção, sobretudo, a cargo das Forças Armadas. Até quando?

A frase que foi pronunciada
“Quem não luta pelos seus direitos não é digno deles.”
Ruy Barbosa

Cuidados
» Mesmo que haja muitos aplicativos para acompanhar o saldo de FGTS de contas inativas, a Caixa alerta que o melhor mesmo é consultar o portal da instituição. Apesar de facilidades apresentadas pelos Apps o internauta precisa dar vários dados e não tem segurança de que eles serão usados de forma lícita.

Compras on-line
» Por falar em Internet, quase 3 mil lojas fechadas no DF dão sinal do que teremos no futuro.

Sem luz
» Por falar em futuro, quantas fotos em papel você tem da família nos últimos 17 anos? Estamos abrindo mão do registro de nossa história inebriados pelos cabos óticos.

Prova de fogo
» Leitora escreve indignada: “Quando os políticos se meteram na Petrobras, deu no que deu. Agora estão se metendo na educação. A contextualização se deu dentro da Comissão da Câmara dos Deputados que discute a escola sem partido.”

Novidade
» Uma comissão da Câmara dos Deputados discute mudanças no Código de Processo Penal. Um tema interessante abordado foi a justiça restaurativa. Nela, a reparação do dano não é só a punição do culpado, mas a vítima também é considerada. O deputado petista Paulo Teixeira explica: “A justiça punitiva pune o réu e não dá nenhuma satisfação para a vítima. Nós achamos que, em muitos casos, a justiça restaurativa, que existe no mundo inteiro, poderia ajudar a dar satisfação para as vítimas”.

De graça
Alunos e concurseiros têm oportunidade de baixar livros gratuitamente no portal do Senado. Basta acessar http://livraria.senado.leg.br/.

História de Brasília
Marcos de Faria, Diário Carioca: O seu futuro político depende, exclusivamente, do atual gabinete. Caso não se realizem as reformas que a nação espera, visando aumentar o padrão de vida da maioria dos brasileiros, o sr. Jânio Quadros reaparecerá no cenário político brasileiro com muito mais força. (Publicado em 22/9/1961)

A cidade é a extensão da casa

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aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha e MAMFIL

Oriundas da chamada cultura de massas pós-moderna, copiada e importada por nós das áreas degradas e violentas dos subúrbios americanos, as pichações, assim como o grafite, são entendidas pelos urbanistas e por estudiosos dos problemas das cidades como os principais elementos que concorrem hoje para a deterioração dos espaços públicos.

O que, para alguns, pode ser aceito como legítima manifestação da arte pop urbana, glamourizada por ícones desse movimento como Andy Worral, Basquiat, Banksy, Os Gêmeos e outros, se transformou, na versão brasileira, graças à falta de fiscalização e interesse efetivo das autoridades, num problema de proporções ciclópicas.

Tanto é assim que é cada vez mais difícil delimitar, com precisão, as fronteiras que separam a pichação do grafismo, propriamente dito. Até porque ao grafite vão se acrescentando pichações e a eles, novos grafismos, numa sucessão contínua de informação visual e sobreposições de tintas que acabam por fundir ambas num “sarapatel” disforme, lançando uma e outra no mesmo balaio que reúne as diversas formas de poluição visual que vêm destruindo a qualidade de vida de nossas cidades atualmente.

Ao lado do excesso de propagandas comerciais, fixadas em letreiros, outdoors, postes, banners, ônibus, as pichações e os grafites, assim como os fios entrelaçados, o lixo, a falta de conservação dos espaços, concorrem para a desvalorização do valor histórico dos prédios e monumentos, afetando a microeconomia local e, sobretudo ,a saúde física e mental da população.

Se fossem submetidas à consulta livre dos cidadãos, tanto as pichações, quanto os grafismos, a despeito dos modismos oportunistas e da falsa pressão desses poluidores urbanos, seriam completamente banidos dos espaços públicos. É justamente o que vem ocorrendo agora em São Paulo, com a população, em sua grande maioria, aprovando a iniciativa do projeto Cidade Limpa, levado a cabo pela nova administração.

É preciso impedir que os espaços urbanos, que são de todos igualmente, sejam ocupados e depredados por uma minoria de artistas, que a despeito colorir o que chamam de cinza das cidades, cometem, sem a autorização do poder público, o que acreditam ser obras-primas.

Para alguns psicólogos que cuidam desse assunto, esse fenômeno atual sob o disfarce de arte das ruas se insere inconscientemente dentro do mesmo movimento narcísico insuflado pela cultura de consumo e de entretenimento de massas, que vê nos indivíduos seres inertes e sem vontade própria, prontos a aceitar pacificamente o que lhes é imposto pela propaganda enganadora.

Na realidade, mais do que o desejo de expressar sua arte publicamente num espaço que não lhes pertence por direito, o que esses artistas, de fato, estão manifestando é apenas o desejo incontido de promoção pessoal de seus fetiches, transformando uma cidade que é bela justamente por seus espaços vazios e suas cores naturais num território demarcado por suas garatujas triviais e sem sentido.

A frase que foi pronunciada
“Quando vou a um país, não examino se há boas leis, mas se as leis que lá existem são executadas”.

Montesquieu, político e filósofo francês

Elesbão
» Toma posse, amanhã, Petrus Elesbão, do Sindicato dos Servidores do Legislativo Federal e TCU. Respeitado pelos colegas, Petrus enfrentará, na gestão dos próximos anos, algumas ideias legislativas que atingem diretamente a população brasileira, como a reforma da Previdência. Será um embate interessante.

Protesto
» Por falar em sindicato, hoje é dia de manifestação no Congresso Nacional. A partir das 14h, a Força Sindical e demais centrais estarão presentes na Comissão Especial da Reforma da Previdência. Um dos protestos será contra o estabelecimento da idade mínima de 65 anos para aposentadoria de homens e mulheres.

On-line
» Chega a comunicação informando que juízes do TJDFT já podem efetivar penhora on-line de imóveis em outras unidades da Federação. A medida é possível devido à assinatura do Termo de Adesão, em 2016, entre o TJDFT e a Associação dos Registradores Imobiliários de São Paulo (Arisp).

Novidade
» Cabe ao servidor público verificar a idoneidade das declarações de empresas que pretendem ser contratadas pelo serviço público, como as obrigações previdenciárias, por exemplo. A novidade foi trazida pela Justiça quando houve a sonegação de informações importantes para concorrer ao ditame.

Desamparados
» Professores que trabalham nas periferias do DF e de Goiás são mais do que professores. Suprem as necessidades de alunos e até de familiares cotizando para compra de tênis, remédios, cadernos. Uma tristeza.

História de Brasília
Alberto Homsi, O Globo: Até onde o absurdo e o ilógico poderão prevalecer sobre o equilíbrio e a razão? Quem dirá é o povo, diante do qual terá que aparecer, um dia, o ex-presidente para prestar contas, para explicar aos seis milhões de brasileiros que nele acreditaram, o inexplicável. (Publicado em 22/9/1961)

Proibido proibir

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aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha e MAMFIL

Ferreira Gullar, um dos maiores poetas da língua portuguesa, costumava dizer que a arte existe justamente porque a vida, em si, não basta. Talvez seja por essa razão, e não outra, que, desde sempre, o homem buscou algo a mais, para além da realidade cotidiana e alienante, que trouxesse significado mais profundo e ameno para sua existência terrena.

Como indivíduo inquieto por natureza, o artista vem a ser o veículo da arte. É por meio de sua alma que a arte é repartida entre todos. O desejo incontido de externar o dom misterioso do talento se assemelha à barragem prestes a romper. Dessa água, todos beberão. O simples fato de se constituir em traço comum a todas as civilizações, em todo tempo e lugar, a arte, nas suas infinitas manifestações, tem tamanha importância que não seria exagero afirmar que ela se confunde com a própria vida humana.

Mesmo na face do lado mais horrendo da humanidade, a arte encontra espaço para se expressar. De outra forma, como explicar A arte da guerra de Sun Tzu? Escrita no século 4 a.C, esse tratado militar ensina as melhores estratégias para eliminar o adversário, elevando a destruição do opositor a status de arte.

Por sua essência reveladora, a arte e, principalmente, os artistas, sempre estiveram na alça de mira de todos os tiranos. Por isso mesmo, muitos artistas, ao longo de toda a história da humanidade, pagaram alto preço por externar seu talento. “Quando ouço falar em arte e cultura, penso logo em sacar minha luger”, teria dito o então chefe da propaganda nazista Joseph Goebbels.

Na China atual, que anseia ser o esteio econômico do mundo, o artista e ativista Ai Weiwei segue sendo perseguido e censurado constantemente pelas autoridades daquele país. Exílio, morte, desterro, humilhações são o que ainda vem acontecendo a muitos artistas espalhados pelo mundo em plena era contemporânea.

Fosse feita uma relação com os nomes de artistas que perderam a vida, apenas ao longo do século 20, não haveria espaço suficiente para inscrevê-los, mesmo num gigantesco e quilométrico muro. Sem dúvida, não é um ofício fácil. Talvez seja por esse motivo que o primeiro conselho que um jovem artista receba dos mais velhos nesse mister seja justamente em forma de advertência.

“Se almejas a arte como meio de vida — alertam —, prepara-te para experimentar longos dias de penúria, solidão e privações. Serás considerado um pária. Outros se referirão a ti como vagabundo. Ainda, que ao cabo de anos, tenha atingido um lugar ao sol, guarda-te para não seres calcinado pela exposição excessiva e pelos olhares da inveja e do preconceito.”

Essas rápidas considerações vêm a propósito e em homenagem à jovem chilena Alexendra Andrea Briones, 24 anos, cujo sonho de cantar e conhecer o nosso imenso país foi violentado na estação ParkShopping do Metrô, pela atuação truculenta e primitiva dos jagunços que atuam na fiscalização daquele espaço público.

» A frase que foi pronunciada

“A arte de viver é simplesmente a arte de conviver… simplesmente, disse eu? Mas como é difícil!”

Mário Quintana, poeta gaúcho

Mais essa

» Onda de boato, espalhada pelas redes sociais, pedia para os brasilienses não saírem às ruas na sexta- feira. A PM correu para desmentir as notícias. Caso haja uma paralisação dessa força policial em âmbito nacional, restarão evidentes as fragilidades existentes na área de segurança, o que pode fazer com que a bandidagem se arme de coragem e saia às ruas para barbarizar.”Tranquilizamos a população informando que as ações policiais seguem sendo realizadas sem nenhum tipo de interrupção em todo o DF”, informou a nota apressada da PMDF.

Carnaval

» Ontem, chegou a informação de que as máscaras estão acabando. Fica a impressão de que a notícia é da editoria de política.

Abuso

» Por falar em carnaval, um colar havaiano leva 45,96% de imposto, e uma caipirinha tem no álcool o teor de 76,66% de imposto.

Contas

» Há quem diga que o deficit da Previdência começou com o desvio da rubrica. O que era para ser da Previdência passou para outros fins, assim como o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço. O que foi criado para ser do trabalhador foi desviado para outros fins. A solução para salvar a dívida feita pela incompetência é definir mais uma dezena de anos para a aposentadoria.

Caesb

» Interessante a Caesb falar em racionamento em plena temporada de chuva. Quando um consumidor economiza água, usando a sobra da máquina de lavar roupas para limpar chão e calçada, a Caesb retém imediatamente a conta. Nise Quintas é testemunha.

» História de Brasília

René Nunes, TV Nacional: Pode ser que, daqui a alguns anos, surja novamente no cenário político com métodos novos, se houver oportunidade para tal, no que não acreditamos. Jânio, na vida brasileira, apenas cumpriu um axioma: “a queda é sempre muito mais rápida do que a subida”.
(Publicado em 22/9/1961)

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Desde 1960

jornalista_aricunha@outlook.com

com Circe Cunha e MAMFIL

Ferreira Gullar, um dos maiores poetas da língua portuguesa, costumava dizer que a arte existe justamente porque a vida, em si, não basta. Talvez seja por essa razão, e não outra, que, desde sempre, o homem buscou algo a mais, para além da realidade cotidiana e alienante, que trouxesse significado mais profundo e ameno para sua existência terrena.

Como indivíduo inquieto por natureza, o artista vem a ser o veículo da arte. É por meio de sua alma que a arte é repartida entre todos. O desejo incontido de externar o dom misterioso do talento se assemelha à barragem prestes a romper. Dessa água, todos beberão. O simples fato de se constituir em traço comum a todas as civilizações, em todo tempo e lugar, a arte, nas suas infinitas manifestações, tem tamanha importância que não seria exagero afirmar que ela se confunde com a própria vida humana.

Mesmo na face do lado mais horrendo da humanidade, a arte encontra espaço para se expressar. De outra forma, como explicar A arte da guerra de Sun Tzu? Escrita no século 4 a.C, esse tratado militar ensina as melhores estratégias para eliminar o adversário, elevando a destruição do opositor a status de arte.

Por sua essência reveladora, a arte e, principalmente, os artistas, sempre estiveram na alça de mira de todos os tiranos. Por isso mesmo, muitos artistas, ao longo de toda a história da humanidade, pagaram alto preço por externar seu talento. “Quando ouço falar em arte e cultura, penso logo em sacar minha luger”, teria dito o então chefe da propaganda nazista Joseph Goebbels.

Na China atual, que anseia ser o esteio econômico do mundo, o artista e ativista Ai Weiwei segue sendo perseguido e censurado constantemente pelas autoridades daquele país. Exílio, morte, desterro, humilhações são o que ainda vem acontecendo a muitos artistas espalhados pelo mundo em plena era contemporânea.

Fosse feita uma relação com os nomes de artistas que perderam a vida, apenas ao longo do século 20, não haveria espaço suficiente para inscrevê-los, mesmo num gigantesco e quilométrico muro. Sem dúvida, não é um ofício fácil. Talvez seja por esse motivo que o primeiro conselho que um jovem artista receba dos mais velhos nesse mister seja justamente em forma de advertência.

“Se almejas a arte como meio de vida — alertam —, prepara-te para experimentar longos dias de penúria, solidão e privações. Serás considerado um pária. Outros se referirão a ti como vagabundo. Ainda, que ao cabo de anos, tenha atingido um lugar ao sol, guarda-te para não seres calcinado pela exposição excessiva e pelos olhares da inveja e do preconceito.”

Essas rápidas considerações vêm a propósito e em homenagem à jovem chilena Alexendra Andrea Briones, 24 anos, cujo sonho de cantar e conhecer o nosso imenso país foi violentado na estação ParkShopping do Metrô, pela atuação truculenta e primitiva dos jagunços que atuam na fiscalização daquele espaço público.

» A frase que foi pronunciada

“A arte de viver é simplesmente a arte de conviver… simplesmente, disse eu? Mas como é difícil!”

Mário Quintana, poeta gaúcho

Mais essa

» Onda de boato, espalhada pelas redes sociais, pedia para os brasilienses não saírem às ruas na sexta- feira. A PM correu para desmentir as notícias. Caso haja uma paralisação dessa força policial em âmbito nacional, restarão evidentes as fragilidades existentes na área de segurança, o que pode fazer com que a bandidagem se arme de coragem e saia às ruas para barbarizar.”Tranquilizamos a população informando que as ações policiais seguem sendo realizadas sem nenhum tipo de interrupção em todo o DF”, informou a nota apressada da PMDF.

Carnaval

» Ontem, chegou a informação de que as máscaras estão acabando. Fica a impressão de que a notícia é da editoria de política.

Abuso

» Por falar em carnaval, um colar havaiano leva 45,96% de imposto, e uma caipirinha tem no álcool o teor de 76,66% de imposto.

Contas

» Há quem diga que o deficit da Previdência começou com o desvio da rubrica. O que era para ser da Previdência passou para outros fins, assim como o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço. O que foi criado para ser do trabalhador foi desviado para outros fins. A solução para salvar a dívida feita pela incompetência é definir mais uma dezena de anos para a aposentadoria.

Caesb

» Interessante a Caesb falar em racionamento em plena temporada de chuva. Quando um consumidor economiza água, usando a sobra da máquina de lavar roupas para limpar chão e calçada, a Caesb retém imediatamente a conta. Nise Quintas é testemunha.

» História de Brasília

René Nunes, TV Nacional: Pode ser que, daqui a alguns anos, surja novamente no cenário político com métodos novos, se houver oportunidade para tal, no que não acreditamos. Jânio, na vida brasileira, apenas cumpriu um axioma: “a queda é sempre muito mais rápida do que a subida”.
(Publicado em 22/9/1961)

Um ano para não esquecer

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Desde 1960

jornalista_aricunha@outlook.com

com Circe Cunha e MAMFIL

O ano de 2017 tem tudo para se transformar em mais um para não ser esquecido. E a causa para tanta expectativa se dá justamente pelo que parece ser o início da tão aguardada República. Finalmente parece que estamos no limiar de uma reformulação do Estado, de um lado, impelido pela força avassaladora da opinião pública e, de outro, pelas mega investigações levadas a cabo pelo Ministério Público com o auxílio da Polícia Federal.Poucos anos atrás, seriam consideradas néscias as pessoas que acreditassem que a revolução brasileira viria não por força das espadas, mas pela materialização incisiva da letra da lei. Hoje, ensaia-se a movimentação de nova Coluna Prestes, também a partir do Sul do país. Só que, desta vez, no lugar de militares idealistas, o que se vê são jovens juízes e promotores da Justiça.A exemplo daquela marcha pioneira que percorreu o país por mais de dois anos entre 1925 e 1927, por todo canto, vai angariando apoios entusiasmados na forma de aplausos calorosos, quando até o Hino Nacional é entoado. Traçar um paralelo entre aquele episódio, perdido quase um século atrás, e o que ocorre agora no país não é acreditar na falsa repetição histórica, mas, e antes de tudo, saborear o fato de que sempre é possível ter esperança. Principalmente, quando se observa que todos os pressupostos para a superação da precocemente envelhecida República pós-1988 estão postos. A prova disso é que os principais personagens políticos que ainda insistem e relutam na manutenção do antigo status quo vão se perfilando lentamente no longo corredor que parece levar aos tribunais.

Não se trata de comemorar o encarceramento final da secular fidalguia política, mas o fato de apenas antevermos o nascimento de um verdadeiro Estado Democrático de Direito já é algo alentador para muitos brasileiros que, por gerações, jamais sonharam que esse dia vai raiar. Num futuro distante, quando os historiadores se debruçarem sobre este período em particular, sem dúvida haverão de concordar — maior do que a própria independência de 1822, a nova coluna da esperança que agora experimentamos adentrar o país poderá significar o verdadeiro marco zero de nossa trajetória histórica e fecundar um novo Brasil. Agora, se nada disso se realizar de fato, melhor irmos deitar eternamente em berço que cremos ser esplêndido ao som do mar e à luz do céu profundo.

A frase que foi pronunciada
“O Brasil não tem esquerda nem direita. Tem é um bando de gente interessada em roubar.”

Diogo Mainardi

Chega!
» Em plena luz do dia, no estacionamento do Centro Brasileiro de Visão, ladrões faziam a festa. Depois de abrir os carros com o golpe de ferramenta na porta, levavam de cadeirinha de bebê o pneu reserva. A população de Brasília precisa ver o resultado de tantos impostos pagos. Sra. Marcia de Alencar, é preciso mais polícia nas ruas.

Celan
» Decepção para a pequena Sofia. Depois de esperar meses para a volta às aulas, foi para a escola e logo voltou para casa. O Celan não tinha professores para a turma. O primeiro dia de aula ser na sexta-feira parece provocação. Convocar os alunos e não atendê-los é falta de respeito. Péssimo exemplo.

Reação
» Se Bolsonaro vai ou não vai dar palestra no UniCeub já não é o foco das atenções. Triste é ver uma juventude fechada às próprias ideias, sem querer ouvir quem pense diferente. São pessoas com menos de 30 anos de idade que não aceitam opiniões diversas. Recusam-se a ouvir ou debater com argumentos.

Release
» A Belini Café – The Coffee Experience, na 114 Sul, recebe a primeira edição, de 2017, da Enova, tradicional feira de produtos autorais. O evento será no dia 12 de fevereiro, das 10h às 18h, e tem como tema A preço de banana. O objetivo é divulgar o trabalho de novos artistas, artesãos, designers e estilistas de Brasília. Quem passar por lá poderá encontrar artesanato, acessórios, doces, guloseimas, calçados, bijuterias, semijoias, maquiagem, patchwork, moda feminina, masculina, infantil e muito mais, tudo com preço bem convidativo.

Artigo 15/MP 765
» “§ 4º – A base de cálculo do Bônus de Eficiência e Produtividade na Atividade Auditoria-Fiscal do Trabalho será composta por cem por cento das receitas decorrentes de multas pelo descumprimento da legislação trabalhista, incluídos os valores recolhidos, administrativa ou judicialmente, após inscrição na Dívida Ativa da União.”

Opiniões
» Ao destinar à gratificação dos fiscais da Receita Federal o total das multas tributárias arrecadadas, a Medida Provisória nº 765 não só aumenta o custo Brasil como também estimula a criação de uma indústria de multas, critica o tributarista Igor Mauler Santiago, autor de parecer que será votado, na terça-feira, dia 14, pelo Conselho Federal da OAB. “Os contribuintes precisam acordar para essa ameaça”, alerta Santiago. O parecer propõe que a entidade entre com uma ação direta de inconstitucionalidade (ADI) contra a MP nº 765.

História de Brasília
Aldo V. de Magalhães, Folha da tarde (P. A.) – Dentro da lógica, não tem futuro. Na lógica janista, tudo pode acontecer. Até sua volta ao poder. Como? Sempre é ele, o único que sabe. (Publicado em 22/9/1961)

Supermercado igual a superpreço

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com Circe Cunha e MAMFIL

“Com dinheiro não se brinca e por dinheiro não se briga”, ensina o filósofo de Mondubim. Em tempos de recessão e dinheiro curto, essa lição deve ser seguida ainda com maior zelo. Muitas donas de casa fazem verdadeiros milagres para esticar a renda mensal, buscando melhores preços, substituindo itens por outros mais em conta, numa ginástica diária sem fim. É graças à persistência dessas brasileiras abnegadas que a inflação nos preços dos alimentos não tem fôlego maior. Agindo num trabalho de formiguinhas, essas consumidoras colaboram, de modo substancial, na contenção dos preços, por ação de demanda.

Infelizmente, Brasília conta com poucas tradicionais feiras de rua. Não é como ocorre em outras cidades pelo país. Nesse comércio popular, tão antigo quanto as próprias cidades, é possível maior interlocução entre quem vende e quem compra, criando o exercício salutar do mercado entre demanda e oferta, o que conflui para a modelação de preços mais justos para todos. Em Brasília, as donas de casa estão praticamente à mercê dos serviços oferecidos pelas redes de supermercados, tanto com relação aos preços, quanto à qualidade dos produtos. É aí que mora o perigo. Nessa relação em que as consumidoras não têm muito espaço de manobra, as vantagens ficam sempre ao lado da oferta, ou seja, dos supermercados.

Essa relação desvantajosa para as consumidoras é turbinada ainda pela formação crescente de cartéis entre os supermercados, forçando o nivelamento artificial dos preços, destruindo a concorrência e o próprio de livre comércio. Dessa forma e sob a bênção interesseira e cúmplice das autoridades, os supermercados agem como querem, praticando preços extorsivos. Vê-se mais de 100% no aumento de um produto e não há fiscalização. O comércio é livre.

A situação é agravada ainda mais no que diz respeito à qualidade dos produtos ofertados por esses estabelecimentos. É sabido que muitos supermercados, para minimizar eventuais prejuízos, recorrem à prática de reembalar produtos alimentícios cuja data de validade expirou. Assim, é preciso ter cuidado na compra de queijos fatiados, presuntos, carne moída e uma série de mercadorias com dados mascarados. Pacotes de biscoitos com menos conteúdos, embalagens menores, ar dentro da manteiga, são apenas alguns exemplos de desrespeito ao consumidor. Outra prática comum nesses estabelecimentos é o desencontro nos preços registrados na gôndola e o cobrado efetivamente nos caixas.

Poucos dias atrás, a 2ª Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor (Prodecon) condenou a rede Pão de Açúcar ao pagamento de R$ 500 mil por indenização por danos morais coletivos, justamente pela prática de cobrança de valores superiores aos anunciado nas gôndolas. Em tempos de fiscalização frouxa, é preciso atenção quanto ao peso correto de produtos pré-embalados que, na maioria das vezes, não são devidamente conferidos pelos consumidores. Muitas donas de casa perceberam que na relação com os grandes comerciantes, as vantagens impreterivelmente ficam com os supermercados, que lucram muito mesmo quando aparentemente parecem perder.

A frase que não foi pronunciada

“ Tenho o desejo de mudar o mundo, mas falta-me alma para ousar…”

Você

Proteção

» O deputado Ricardo Izar conseguiu aprovar o projeto de lei que proíbe o extermínio de cães e gatos por órgãos da zoonose. O deputado Domingos Sávio apoiou a ideia e levantou três pontos importantes para sustentar a iniciativa. Tirar os animais das ruas, apoiar projetos de adoção e controlar a natalidade.

Pólvora

» Indígenas e quilombolas foram assunto na Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara. O debate foi revelador. Há investigação sobre a atuação do Incra e da Funai. O clima esquentou quando o deputado do Mato Grosso, Nilson Leitão, propôs que o sigilo bancário e fiscal das seguintes instituições fosse quebrado: Centro de Trabalho Indigenista (CTI), e Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Instituto Socioambiental (ISA) e Associação Brasileira de Antropologia (ABA) e de pessoas físicas ligadas a essas organizações.

Na luta

» A deputada Mara Gabrilli parou tudo para receber os atletas paralímpicos que estão ameaçados de perderem o Bolsa Atleta. Presentes na audiência com a deputada, Luiz Lima, secretário Nacional de Esporte de Alto Rendimento; Moziah Rodrigues, o coordenador do Bolsa Atleta; e Andrew Parsons, o presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro, além de 1.400 atletas representados por oito colegas presentes. Saíram de lá satisfeitos com a comunicação da Casa Civil de que a MP 767 deste ano poderá receber as emendas feitas pela deputada para ajudar os atletas que representam o Brasil.

História de Brasília

Francisco Finamor, Correio do Povo: Poderá voltar a dirigir os destinos do Brasil com muito mais força uma vez que os seus sete meses de governo corrigiram muitos erros das administrações passadas. (Publicado em 22/9/1961)

Espírito Santo é o Brasil

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aricunha@dabr.com.br

Circe Cunha e MAMFIL

Para os saudosistas, no tempo em que as organizações paramilitares, como a Scuderie Detetive Le Cocq, formadas basicamente por policiais civis altamente treinados atuavam abertamente no combate ao crime, os bandidos não encontravam espaço e muito menos coragem para atuar livremente como vem ocorrendo hoje no Espírito Santo. Eram outros tempos, dizem.

Hoje, sob o chamado império da lei, das garantias e direitos civis e, sobretudo,sob o manto protetor dos direitos humanos, prender e julgar criminosos com o rigor das leis é tão ou mais difícil do que manter a própria ordem pública. Para os cidadãos acuados dessa grande metrópole do Sudeste, a questão não está nos extremos de ontem e de hoje, mas na justa medida que obriga o Estado a manter e a garantir adequadamente a segurança pública conforme manda a Constituição.

É entre os extremos do passado e a permissividade do presente que o cidadão quer ter o direito de sair de casa e retornar com vida. O que ocorre agora em Vitória e já ocorreu recentemente em Florianópolis, São Paulo, Natal, Manaus, Rio de Janeiro e em outras importantes cidades do país é, sem exagero, uma guerra civil que opõe, de um lado, o crime organizado, altamente armado, e, de outro as forças policiais desprestigiadas e com equipamentos obsoletos.

No meio da contenda desigual, fica a população, acuada e prisioneira, à mercê da sorte, à espera de uma trégua para sair de casa e ir aos mercados em busca de víveres para se manter enquanto a guerra se desenrola. Fossem outros os tempos, os militares já teriam assumido o controle do país, tal qual fizeram no passado, quando o ambiente de desordem, potencializado pelo clima da guerra fria, tomou conta do país.

Quando se repete, a história vem na forma de farsa. Seguir as pegadas desse flagelo, buscando a origem para o que ocorre hoje em nossas ruas, poderá nos levar direto aos anos 60, para um passado que acreditávamos morto, mas que ainda respira e se move.

Na origem do nosso faroeste caboclo, mais vivo do que nunca, está nosso arcaico sistema político, carcomido pela mais desenfreada corrupção de todos os tempos. É aí, no alto dessa serra, que está a fonte que alaga nossas cidades com os rios da tormenta. Duas décadas de ocupação militar não foram suficientes para essa gente aprender. O passado não foi suficiente como lição. Não aprenderam nada e não esqueceram nada.

A frase que não foi pronunciada

“A liberdade é o direito de fazer o próprio dever.”

Auguste Comte

Estado

» Quase R$ 80 foram tirados de cada cidadão carioca para que a Assembleia Legislativa e o Tribunal de Contas do estado pudessem se sustentar. Já o Tribunal de Justiça custou pouco menos de R$ 240 de cada contribuinte. Hoje, professores recebem cesta básica como salário. Há algo de podre na República do Brasil.

Economia brasileira

» Por falar em Tribunal de Contas, uma apuração sobre o BNDES chegou ao seguinte resultado: R$ 50 bilhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Social foram aplicados em 140 obras no exterior. Só a título de curiosidade, a missão do BNDES é “promover o desenvolvimento sustentável e competitivo da economia brasileira, com geração de emprego e redução das desigualdades sociais e regionais”.

Ruídos repetitivos

» Pessoas que se incomodam com pequenos barulhos como o clique de caneta, pacote de biscoito, ou copo descartável amassado são tidas como portadoras de transtorno compulsivo obsessivo. Na verdade, sofrem de um mal chamado hiperacusia ou misofonia.

Reforma

» Assunto consistente para o governo Temer pensar e resolver com a base sustentável no Congresso: reforma política que extermine as legendas de aluguel, com o fundo partidário bilionário, com a prerrogativa de foro, com o aparelhamento da máquina pública. O senador Fernando Collor tem uma publicação bastante interessante sobre o assunto disponível no gabinete.

Lazer

» Hoje, Brasília conta com aproximadamente 12 mil estabelecimentos que empregam mais de 100 mil pessoas. Para uma população de pouco menos de 3 milhões de habitantes, bares são a opção mais fácil para socializar.

História de Brasília

Geraldo Seabra, Última Hora: É possível que ele reingresse na vida política brasileira como um líder popular de grande força, podendo reencarnar aqui as figuras de Tito, Nasser ou Fidel Castro, conforme as determinantes do momento. (Publicado em 22/9/1961)