Brasil inzoneiro

Publicado em ÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Charge do Zé Dassilva

 

         Chamem do que quiser, o fato é que as ditas e malditas emendas secretas são as saúvas da vez. Ou os cidadãos pressionam pelo seu fim, ou elas irão acabar devorando, pelas beiradas, todo o Orçamento da União. Surgidas em 2020, graças às articulações do grupo ligado ao deputado Arthur Lira (PP-AL), atual presidente da Câmara dos Deputados, as emendas de relator, sabidamente alcunhada de secretas, pela total falta de transparência, tanto em relação aos valores como o nome dos parlamentares envolvidos nesse repasse, têm sido, pelos seus mecanismos, claramente antirrepublicanos, uma fonte incessante de escândalos de corrupção e de desvio de dinheiro.

         Não surpreende que, a cada transferência de dinheiro nesse esquema obscuro, mais e mais a Polícia Federal vem sendo obrigada a abrir investigações. Na verdade, esse tipo de emenda parlamentar tem sido um prato cheio para a polícia, dado aos descaminhos de bilhões de reais destinados aos mais recônditos municípios brasileiros.

         A facilidade e a rapidez com que essas montanhas de dinheiro se transformam em pó tem chamado a atenção de órgãos de transparência, não os ligados ao governo, mas aqueles que atuam com independência e seriedade. O governo, de mãos atadas, devido aos malfadados compromissos do presidencialismo de coalizão ou cooptação, vê esse esquema e empurra a responsabilidade para o Legislativo, que também ignora o assunto.

         Dessa maneira, a única coisa realmente palpável e concreta nesse esquema maroto, são os bilhões de reais, que voam dos cofres Públicos para o além e para a terra do nunca. O Supremo, que também já foi acionado para arbitrar esse caso escuso, chegou, por determinação da ministra Rosa Weber, suspender esses repasses, mas, por obra de forças também secretas, voltou atrás e tudo ficou como dantes.

          O Tribunal de Contas da União, ligado ao Legislativo, também não se pronuncia sobre o caso. Somente em 2021, as emendas secretas consumiram mais de R$ 16 bilhões, valor esse que é apenas uma estimativa aproximada. O Centrão, grupo formado por apoiadores interesseiros e ocasionais do atual governo, tem sido, ao lado do próprio Lira, a turma mais contemplada com essas benesses.

         Segundo aqueles que acompanham de perto o enxame de mariposas em torno do orçamento secreto, pela forma obscura como esse fabuloso volume de recursos é usado, chegará o momento em que todo esse esquema irá cair por terra, revelando as entranhas dessas negociatas, que hoje já é considerado como o maior caso de corrupção do mundo, feito à luz do dia, mas por debaixo dos panos.

         A senadora Simone Tebet (MDB-MS) tem sido uma das raras vozes a alertar para esse problema e para o fato de que, no próximo ano, o orçamento secreto irá consumir mais de R$ 20 bilhões. Nessa última sexta-feira (14), a Polícia Federal prendeu um desses atravessadores de dinheiro, responsável pela liberação individual de R$ 36 milhões em emendas para lugarejos no fim do mundo (Igarapé Grande e Lago da Pedra), no Maranhão.

         As investigações e as prisões vão se sucedendo, à medida em que o dinheiro vai sendo liberado, numa verdadeira roda viva sem fim. A situação é clara do ponto de vista de todo o esquema: caso o presidente Bolsonaro vete o repasse desses recursos, imediatamente, sua base de apoio no Congresso se desmancha.

          Cercado por esses chacais, resta ao presidente ser arrastado por eles, configurando uma situação totalmente surreal em que, diante da população, absolutamente ninguém, nesse banzé com o dinheiro público, está isento de culpa e quiçá de punição. É o nosso Brasil inzoneiro.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Um orçamento é mais do que apenas uma série de números em uma página; é uma personificação de nossos valores.”

Barak Obama

Foto: washingtonpost.com

 

Aos poucos

Na sexta-feira, um carro capotou na Bragueto e, imediatamente, o Corpo de Bombeiros chegou para o atendimento. As rodas do carro ficaram para cima. As duas vítimas saíram andando. Brasília vai, aos poucos, perdendo o título de cidade educada no trânsito. Violência, velocidade, motoqueiros insanos, falta de fiscalização, sinalização, conservação da pintura asfáltica, engenharia do trânsito sofrível. Tudo colabora para isso.

 

IBGE

De noite ou de dia. Os entrevistadores podem aparecer na residência a qualquer momento. Há, no site do IBGE, a possibilidade de conferir a identificação do censor.

Foto: Divulgação/IBGE

 

CNBB

Detalhes da missa católica mostram uma liturgia diferente: não são todas as paróquias que permitem a troca da fala “a Paz de Cristo”, o que era antes “irmãos” passou a ser “irmãos e irmãs”. Dar as mãos durante a prece do Pai Nosso ficou na conta da pandemia.

Foto: lev radin | Shutterstock

 

História de Brasília

A Caixa Econômica prometera financiar os moradores da Cidade Livre que se mudassem para a Asa Norte. Até hoje não saiu um único financiamento, embora os pedidos sejam abundantes. (Publicada em 11.03.1962)

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