Nuvens carregadas sobre a economia de 2023

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

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Lula. Foto: Fernando Bizerra/EFE

 

         Nessa altura dos acontecimentos, não chega a ser surpresa que o mercado, essa entidade invisível e desdenhada pelo próximo governo, já tenha acendido a luz vermelha com o anúncio das medidas que estão para ser implementadas na área econômica e com as indicações dos nomes para os dois principais postos dessas pastas, a saber, o Ministério da Fazenda e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). De nada adianta fazer cara feia para o mercado, pois ele, por seu moto próprio, não se deixa intimidar. Caso haja ainda uma queda de braços entre o mercado e o governo, quem sairá perdendo, como sempre, é a população, que é colocada no meio dessa disputa insana, sendo obrigada a arcar com as consequências e custos econômicos dessas querelas.

         Quando se deixa ventilar a notícia de que quem irá dar a palavra final na área econômica será o próprio futuro presidente, aí é que a coisa desanda, pois já passa da hora de ter aprendido que populismo e arroubos autoritários nas decisões, com base em expectativas político ideológicas, não só não se ajustam a modelos matemáticos como também resultam em equações sem soluções e desastres certeiros nas finanças.

         Negar que os indicadores, como a alta no dólar e a queda recorde nas bolsas, são apenas sinais passageiros e sem importância, também é apostar na incerteza e na boa vontade do destino. A reação do mercado, à quebra da Lei das Estatais e à PEC Fura Teto, tem sentido e sinaliza para um período de incertezas e de um possível retorno a políticas econômicas que não deram certo no passado e ainda deixaram um passivo que perdura até os nossos dias.

         Temos, assim, dois nomes e duas medidas de anulações de leis econômicas sensatas, reunidas num mesmo momento e que, até para um leigo no assunto, apontam para o desastre iminente. Os aumentos nos juros, na inflação, no desemprego e na pobreza virão na sequência da insensatez. Obviamente que, para corrigir esses erros na largada, mais erros açodados virão, num ciclo perverso de medidas e que podem muito bem desaguar em decisões como o congelamento de preços e outras insanidades como as que vêm sendo praticadas agora em países do mesmo naipe ideológico, como a Argentina.

         Alimentar expectativas otimistas, quando os mesmos erros são repostos em práticas, não faz sentido. A questão aqui é saber em que momento exato tudo irá desandar e desembocar numa outra recessão econômica. Preocupa, sobretudo, os economistas mais realistas e que não se deixaram encantar com sibilos das sereias, a nova administração indicada pelo futuro mandatário para o BNDES. É, nessa instituição, fundada em 1952, e vinculada ao Ministério da Economia, que agora se voltam as atenções para o ressurgimento de ideias toscas com o financiamento dos “campeões nacionais”, que tantos rombos deixaram nas contas públicas e tantos escândalos de corrupção produziram.

         É preciso lembrar aqui que, entre 2008 a 2018, o BNDES acumulou, junto ao Tesouro Nacional, uma dívida de mais de R$ 650 bilhões. Justamente agora, que se anunciava a possibilidade de um cronograma para BNDES restituir essa dívida ainda em 2023. Parece que a medida foi posta de lado.

         É sabido que o BNDES foi convertido de banco de fomento nacional para instituição de apoio a projetos fora das fronteiras do país, emprestando a de taxas milhões de dólares, a taxas camaradas, a países, tanto do continente como da África, sendo que a maioria desses empréstimos foram sequer pagos. Entre 1998 e 2017, o BNDES emprestou, para cerca de 15 países, mais de US$ 10,5 bilhões.

         Somente Cuba e Venezuela devem, juntas, mais de R$ 3,5 bilhões ao banco e não apenas ignoram esses empréstimos, como já estão na fila, ao lado de Nicarágua e Argentina, em busca de novos empréstimos, tão logo o novo governo assuma. Essas e outras dívidas se transformaram, por seu volume e condições camaradas, em verdadeiras caixas pretas do banco.

         O que se sabe, por vias oficiais e com valores subdimensionados, é que o BNDES tem cerca de R$ 12,1 bilhão a receber de 11 países, apenas por obras no setor de engenharia, todas elas realizadas em países ditatoriais. Segundo o economista Joaquim Levy, ex-presidente do BNDES, esses empréstimos podem ser classificados como desastrosos e poderiam servir de lição para o futuro, mostrando que emprestar dinheiro para ditaduras é um erro e uma aposta em prejuízos.

         A falta de um regime fiscal confiável a partir de 2023, bem como o desmonte das Leis das Estatais e do limite de gastos, projetam um período sombrio sobre a economia do país. Nada do que não experimentamos antes e com os resultados que já sentimos na pele. De nada adiantarão falar em herança maldita para esconder um começo de governo pra lá de agourento.

A frase que foi pronunciada:

“A história nos lembra que ditadores e déspotas surgiram em tempos de grave crise econômica.”

 Robert Kiyosaki

 

Robert Kiyosaki. Foto: Divulgação

História de Brasília

Nosso amigo pediu a substituição de um fusível, e o DFL cobrou 130 do fusível, 45 de mão de obra, e 700 cruzeiros de transporte. Nem de taxi, meu Deus! (Publicada em 14.03.1962)

Estatais de volta ao passado

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Foto: André Motta de Souza/Agência Petrobras

 

Uma das razões que levavam os políticos e outros próceres da República a almejarem sinecuras e acessos facilitados à fabulosa máquina pública do país é que, nesses nichos de riquezas, construídos com a poupança da sociedade, encontram-se uma miríade de empresas estatais reluzentes e rendosas, todas elas de portas escancaradas à espera de repetidos ciclos já conhecidos. Estatais são vítimas passivas de crimes que não resultam em punição. Trata-se aqui de um verdadeiro arquipélago formado por ilhas da fantasia, onde a pirataria política prepara uma festa à luz do dia, sem remorsos ou repreendas.

Fosse o Estado brasileiro desprovido totalmente desse tipo peculiar de empresa, que nunca entra em regime de falência, a carreira política perderia muito de sua atração, esvaziando as disputas. É, atrás dessas joias do Estado, que se engalfinham os partidos, sobretudo aqueles de maior poder de barganha. Até aqui, não há novidade alguma. O ultimo grande escândalo de corrupção, envolvendo o sumiço de bilhões de reais, ocorreu justamente numa dessas grandes empresas e, por isso mesmo, foi batizada de “Petrolão”. Da Petrobras, desapareceram, segundo estimativas subdimensionadas, apresentadas em estudos econométricos, algo em torno de R$ 19 bilhões, entre os anos 2004 a 2012. Das 187 empresas estatais existentes, mais da metade apresentou balanços negativos no período entre 2003 e 2014. A sangria dessas empresas, transformadas em cabide de empregos e em autênticos “caixas dois” dos partidos, só pode ser contida, em parte, a partir da promulgação da chamada Lei das Estatais (Lei 13.303/2016), no governo Temer.

Por meio dessa lei, aprovada pelo poder Legislativo, foi estabelecido o estatuto jurídico de empresas públicas e sociedades de economia mista que trabalham com comercialização de bens de prestação de serviços. Criou-se, a partir dessa data, uma espécie de governança interna nessas empresas, até para emprestar, a essas instituições, um certo ar de seriedade, exigidos nas transações com outros países.

Surpreendentemente, nesses últimos cinco anos em que a lei vigorou, essas empresas voltaram a apresentar balanços positivos, chegando, como no caso da Petrobras, a apresentar superávits seguidos. Somente esse ano, a empresa anunciou um lucro de R$ 44,5 bilhões, apenas no primeiro trimestre. No segundo trimestre, esses números saltaram para R$ 54,3 bilhões, superando todas as previsões anteriores. Os Correios alcançaram R$ 3,7 bilhões em 2021. São números extraordinários para empresas que conheceram o inferno. Agora, a Lei do Teto de Gastos e mesmo a Lei das Estatais voltam a ser letras mortas. Aprovada na Câmara à toque de caixa, a “flexibilização” da Lei 13.303 irá permitir uma volta ao passado, acabando com a quarentena de 36 meses para que a indicação ao Conselho de Administração e para a diretoria de estatais fosse feita.

Caso venha a ser aprovada também no Senado, como se espera, a Lei das Estatais valerá como no passado, o que leva a crer um desastre anunciado que desvalorizará as estatais, também como no passado.

O caso mais rumoroso nesse regresso a um passado que se acreditava morto é que o desmanche da Lei 3.303 foi pensada, num primeiro momento, apenas para alojar no comando do BNDES. Mas a senadora Gleisi Hofmann tranquiliza a população: “Nós sabemos como essas empresas funcionam. É a iniciativa privada que corrompe”, diz a atual presidente do PT.

 

A frase que foi pronunciada:

“O socialismo é o fantasioso irmão mais jovem do quase decrépito despotismo, do qual quer herdar; suas aspirações são, portanto, no sentido mais profundo, reacionárias. Pois ele deseja uma plenitude de poder estatal como só a teve alguma vez o despotismo, e até mesmo supera todo o passado por aspirar ao aniquilamento formal do indivíduo: o qual lhe aparece como um injustificado luxo da natureza e deve ser transformado e melhorado por ele em um órgão da comunidade adequado a seus fins.”  

Friedrich Nietzsche, filósofo alemão do século XIX 1844 – 1900

Friedrich Nietzsche. Foto: Wikipedia

 

Expectativa

Na posse do dia 1º de janeiro, todos os convidados terão que mostrar, aos seguranças, com quem eles estão falando. É que a tecnologia aplicada não dispensa a apresentação do convite com QR Code. Outra novidade desenvolvida pelo Prodasen é a sincronização das informações sobre o convidado e o convite emitido. Segurança Prodasen, Relações Públicas e Secretaria de Comunicação estão sintonizados para o conforto de todos os presentes.

Cartaz: lula.com

 

Até hoje

Quem nos remete aos anos 60 é Geraldo Vasconcelos. Lendo as últimas histórias de Brasília, registradas por Ari Cunha, o pioneiro aponta para o problema dos boxes e mercadinhos das 700. Uma área nobre completamente abandonada.

 

Agenda

Quem perdeu algum concerto natalino, Razão do Natal, hoje e amanhã na Qi 13 do Lago Norte, na igreja Batista.

 

História de Brasília

A fiscalização da Prefeitura está complacente demais. No HP3, próximo ao Colégio D. Bosco, há um senhor que construiu uma residência de madeira, com todos os requisitos de conforto, o que não quer dizer que seja provisório. (Publicada em 14.03.1962)

Ecos

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Charge do Hubert

 

         Quando, em 2005, o filósofo e semiólogo Umberto Eco (1932-2016) deixou escapar, em um artigo, a afirmação de que “a internet deu voz a uma legião de imbecis”, o que, à primeira vista, parecia um comentário vindo de um professor e linguista cansado do ofício, transformou-se na mais acurada e crua análise do que viriam a ser as mídias sociais neste século XXI.

         Arrastada para o campo amoral da política, as mídias sociais ganhariam ainda mais visualidade e despudor ao influenciar os debates, tanto nas trincheiras dos partidos como junto às defesas dos eleitores e cidadãos. De fato, os imbecis, por sua multiplicação geométrica estão em toda a parte, quer no lado dos ideólogos, quer do lado da sociedade. As mídias sociais abriram palanques para todos. Até mesmo os insuspeitos intelectuais da política, com assento nas altas cortes, usam-na em desfavor da lógica, deixando transparecer sua volúpia e falsa ilustração acadêmica. Ninguém que venha se expor nas redes está livre de vir, algum dia, a ficar nu diante de todos, mesmo sem perceber. Não chega a ser surpreendente que as mídias sociais tenham, por sua disseminação, dado a oportunidade para que se perceba que, nesses debates sem fim, têm feito com que todos tenham razão, embora nenhuma das partes esteja absolutamente certa.

         O que se apresenta aqui como rede mundial são as ilusões geradas com o meio digital. A virtualidade dos debates levou-nos a um “não lugar”, onde tudo é possível. Onde mentira e verdade perdem seu valor moral e ético, mesmo que ambos os lados possam gerar realidades desastrosas. Onde toda essa tecnologia de ampliação da voz humana irá nos levar, é tarefa dada hoje aos pensadores e filósofos modernos, debruçados sobre a cabeça desse gigante de voz global. Uma das questões que se apresentam aqui para os estudiosos é conhecer as razões que levaram essa ampliação das mídias sociais a acelerar os sinais de antagonismo entre as pessoas, elevando as radicalizações humanas, como se fôssemos lançados de volta ao tempo das cavernas, onde o instinto de defesa parecia estar acima da razão.

         As mídias sociais polarizaram, ainda mais, as ideias, quando passou a ser conduzida pelos trilhos da política, reconduzindo a sociedade a um processo de animalização distante, cada vez mais, dos princípios de civilidade. Nesse caso particular, perdemos a capacidade de cidadania, trocada por valores e ditames políticos. Em um diálogo de mudos, entre vitupérios e palavras de baixo calão, abrimos espaço também para que os políticos e a elite estatal anunciem a regularização das mídias ou, simplesmente, a censura dos meios eletrônicos, como vem sendo anunciado agora, com ameaças e outras pressões.

          Na realidade, a liberdade no fluxo de informação sempre foi manipulada. O que as pessoas sabem ou pensam que sabem é, previamente, bem filtrado. Não existe, pois, o fluxo sem controle de informação, mesmo que leis de transparência anunciem essa possibilidade. Com isso, é possível prever que chegará um dia em que as mídias sociais se transformarão na voz mecânica do Leviatã, troando debaixo de sua cama. Dizendo o que fazer em cada dia. Proibindo você até de desplugar os computadores.

 

A frase que foi pronunciada:

“Nessas condições não há lugar para a Indústria; porque o seu fruto é incerto; e consequentemente nenhuma Cultura da Terra; nenhuma Navegação, nem uso das mercadorias que possam ser importadas por Mar; nenhum edifício cómodo; nenhum instrumento de movimentação e remoção de coisas que exijam muita força; nenhum Conhecimento da face da Terra; sem conta do Tempo; sem Artes; sem Letras; nenhuma Sociedade; e o que é pior de tudo, medo contínuo e perigo de morte violenta; E a vida do homem, solitária, pobre, sórdida, bruta e curta.”

Thomas Hobbes, Leviatã

Thomas Hobbes. Foto: Wikimedia Commons

 

Aí pode?

Andam pendurados no caminhão no meio da madrugada recolhendo lixo deixado pelos moradores. Esses homens mereciam, no mínimo, o melhor plano de saúde do GDF. Pelos pulmões, pelas horas mal dormidas e, principalmente, pelo perigo que enfrentam quando vão respirando o lixo, sem segurança alguma. Vale lembrar que dirigir com o braço para fora gera multa, já o corpo de um gari, não.

Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília

 

#Puerilsóquenão

Uma correria no parlamento para as mudanças de leis já configuradas e aprovadas. Uma delas é a que altera as regras para a escolha dos integrantes do Conselho Administrativo do CADE. Um dos argumentos é a economia, ao diminuir o número de integrantes do Conselho. A proposta apresentada, na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, foi elaborada para modificar a Lei de Defesa da Concorrência. Em breve, deve chegar ao Senado.

Foto: CADE/Divulgação

 

História de Brasília

A fiscalização da Prefeitura está complacente demais. No HP3, próximo ao Colégio D. Bosco, há um senhor que construiu uma residência de madeira, com todos os requisitos de conforto, o que não quer dizer que seja provisório. (Publicada em 14.03.1962)

Previsões de um acadêmico

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Francis Fukuyama. Foto: HADLEY GREEN

 

         Fukuyama, filósofo e economista nipo-americano, autor do polêmico best-seller “O Fim da História e o Último Homem” – em que apontou a queda do muro de Berlim como sendo marco que deu início ao fim dos processos históricos de mudanças, que seriam substituídas pelo liberalismo e pelo triunfo da democracia liberal – em importante entrevista concedida há alguns anos à imprensa, teceu comentários instigantes sobre a crise brasileira, cujos desdobramentos vinha acompanhando de perto com lupa de estudioso dos problemas humanos.

         Em sua avaliação, o momento brasileiro era repleto de vantagens únicas e de grandes desafios, principalmente no âmbito político, onde já se anunciam transformações significativas. No entanto, para o cientista, era preciso evitar que o combate necessário à corrupção fosse, como veio a ser, arrastado para o campo de batalha das ideologias políticas.

         Entendia Fukuyama que havia, em nosso país, como em outros países da América Latina, um complicado entrelaçamento entre a elite política e empresarial, ambos acostumados historicamente com as benesses advindas da corrupção na máquina pública. O que destacava o Brasil naquele cenário era a existência de uma imprensa livre e independente, aliada a um sistema judicial, atuante, firme e imparcial. Tudo isso somado a uma sociedade civil mobilizada, que, de certa forma, impedia que os mal feitos fossem varridos para debaixo do tapete como era nosso costume cultural e histórico até então.

         Neste ponto, Fukuyama se dizia preocupado com a possibilidade de o combate à corrupção, que parecia ser um consenso entre muitos políticos, pressionados por seus eleitores, vir a ser arrastado para o campo de guerra ideológica, perdendo, com isso, seu foco e seu poder de justiça. Por isso, para muitos que acompanham o trabalho de Fukuyama, ele é hoje uma espécie de guru, se é que se pode dizer assim, no âmbito acadêmico. Conforme ele previu em seus estudos e expertise, impasses seriam ruins, tanto para um lado como para o outro, prejudicando principalmente a sociedade como um todo e as chances de transformação do país.

         Nos Estados Unidos, lembrava, a sociedade civil teve que se esforçar por décadas, a partir do século XIX, para modernizar os serviços públicos do país, priorizando indicações técnicas e, principalmente, fazendo valer efetivamente o combate à corrupção. O Brasil, dizia, precisa de uma nova geração de políticos que não esteja atrelada ao velho jeito de fazer as coisas e empenhada em agir de modo diferente. Não acho que isso seja impossível, mas exige tempo.” Para tanto, seria necessário impor limites ao capitalismo do tipo selvagem, criando uma rede de segurança social para proteger as pessoas do mercado voraz. “Não é desejável que o capitalismo faça tudo o que quer, aconselhava, mas também não se pode politizar qualquer tomada de decisão econômica”, ensina.

         Na avaliação do economista e professor da Universidade de Stanford, o combate à corrupção não é, nem nunca, foi uma questão fundamentalmente cultural, mas de expectativas, ou seja, é preciso que aconteçam sérios revezes com quem pratica a corrupção, para que as pessoas entendam que esse não é o caminho. “As normas sociais só mudam com regras melhores e pressão social”, aconselhava.

         Como ainda não havia, em nosso país, uma direita bem formada, com projetos e programas bem estruturados e capaz de fazer valer o outro lado da balança ideológica, a vitória da esquerda se deu até de um modo bem simples, culminando agora com a reeleição de seu maior representante, como já previa, Fukuyama.

 

A frase que foi pronunciada:

“Sistemas corruptos não se consertam sozinhos.”

Fukuyama

 

Editora UnB

Marcus Mota e Luis Lóia são os organizadores da obra A Tragédia Grega: origens. Lançada pela editoria UnB, a obra traz os textos traduzidos e comentados por Eudoro de Sousa. Acesse o livro na íntegra no link A tragédia grega : origens.

 

Congresso em Portugal

Abertas as inscrições para o VII Congresso Lusobrasileiro sobre Alienação Parental, que acontecerá nos dias 23 e 24 de janeiro, na Faculdade de Direito de Lisboa, em formato online – via zoom da FDL.

Cartaz: Divulgação

 

Em pauta

Sem sucesso, o ex-senador Marco Maciel tentou regulamentar o lobby. O assunto ocupa as gavetas do parlamento há pelo menos 40 anos. Trata-se de uma ferramenta importante no combate à corrupção e ao aprimoramento da democracia. Ouça, no link Regulamentação do lobby vai dar mais transparência aos processos de tomada de decisões no Congresso, a entrevista da Rádio Câmara com Ricardo José Rodrigues, Consultor Legislativo daquela Casa.

 

História de Brasília

Por falar nisto, a informação que havia era a de que a NOVACAP estava recuperando os boxes dos mercadinhos para os entregar aos produtores. Os boxes continuam fechados, e ninguém está recuperando nada, coisa nenhuma. (Publicada em 14.03.1962)

A bola e a tribuna

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Foto: JEWEL SAMAD / AFP

 

         Enquanto a bola, que animava os brasileiros, para de rolar nos estádios do Qatar, o Brasil continua a viver as surpresas do dia seguinte. Nem as últimas votações no parlamento, nem o recital de promessas dos postulantes para 2023 têm despertado a confiança da nação. O futebol insosso do escrete, “com chapéus” nos mais ingênuos, parece só ter valor quando brasileiros jogam noutros times no exterior. As caras manjadas em todos os espectros deixaram de empolgar os brasileiros.

         A decepção, desde a última Copa do Mundo no Brasil, com os seguidos casos de malversação de recursos, construção superfaturada de estádios e outras falcatruas, tanto na CBF como na própria FIFA, além de jogos similares que já estimularam até a criação de uma CPI do Apito vão retraindo e constrangendo o torcedor e matando, aos poucos, a esperança de um hexa.

         Do mesmo modo, os escândalos, em sequência contínua, praticamente reduziram a pó a imagem que a população faz hoje de alguns jogadores e também de alguns políticos. O desencanto geral vem também da encenação e das mentiras, quer dos jogadores que se jogam ao chão procurando vantagens e faltas inexistentes, quer da atuação dos políticos, obrigados a desmentir seus discursos descolados da prática.

         A perda de credibilidade e o malabarismo nos pés e na retórica vêm afastando fãs e eleitores. Ainda assim, para o bem do esporte e da democracia, futebol e política devem prosseguir. Quem sabe, ali na frente, as coisas se arrumem e tudo passe a ser novo, limpo, honesto. No caso da política, a coisa é mais complicada. Os representantes do povo não gostam das vozes roucas das ruas. Nem as gigantescas manifestações de rua acendem o sinal de alerta para todos aqueles que ainda apostam no velho modo de fazer política.

          Mesmo no futebol, já foi introduzido um segundo árbitro, chamado de VAR (Vídeo Assistant Referee), que auxilia o juiz em campo a tomar decisão em lances que geram dúvidas. Uma equipe de juízes e ex-juízes de futebol se postam numa central de vídeo, acompanhando a partida por diversos monitores desde o início. Um reforço na equipe é dado por técnicos em vídeos que destrincham as dúvidas, escolhendo o ângulo perfeito, em câmera lenta e repetição da jogada. Assim, por comunicação via fone, o veredito é dado ao árbitro, que decide.

          Interessante é que, mesmo tendo tecnologia de ponta, revisão das imagens, transmissão das imagens para todo o estádio, os jogadores continuam a fingir, simular faltas e dissimular dores. No futebol, como na política, é preciso regras claras, honestas e precisas. Tanto nos campos, como nos palanques. Jogador que tomou cartão vermelho deve sair de campo. Sem possibilidade de busca de blindagem por foro de prerrogativa. O fato é que o mal desempenho, nos campos e na tribuna, tem desanimado os brasileiros, mesmo aqueles que não gostam de futebol e nem de política. Reverter essa situação extrema é que é a jogada mais importante a ser feita agora.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“No futebol, a cabeça é o terceiro pé.”

Stanislaw Ponte Preta

Stanislaw Ponte Preta. Foto: reprodução

 

Surpresa

Para chegar à Secretaria de Economia, o estacionamento é bem concorrido. Lavadores de carro sempre a postos, gentis, comércio improvisado atende às necessidades dos trabalhadores ao redor. Veja as cenas que assustaram os frequentadores daquele local, com um acontecimento inesperado, a seguir.

 

Acredite se quiser

Acesse no link German euthanasia clinics refusing unvaccinated customers, a matéria original publicada no Expectator, sobre uma das exigências de uma clínica alemã para realizar a morte assistida. É requisito para a operação que o paciente apresente comprovante de vacinação contra o Coronavírus.

Foto: Tim Boyle/Getty Images

 

ABC Prodein

Projeto Social Contraturno Escolar, que oferece, gratuitamente para a comunidade de baixa renda, aulas de informática, música, esportes, jogos lúdicos, recreação, reforço escolar e alimentação precisa de doações. O endereço é na Área Especial 22 da Estrutural. Pix 982123736.

 

ET

Resolveram colocar, no estacionamento do Sams, um balanço para crianças. O lugar inédito, completo pelo gás carbônico, deve ter sido estabelecido por alguém que não conhece crianças.

Foto: Divulgação

 

Vai entender

Um passo gigantesco para a humanidade a Embaixada de Portugal disponibilizar atendimento pela Internet. Acontece que, depois de preencher todos os campos, conferindo números e datas de documentos, a resposta vem como uma espada: Não há vagas!

Foto: Divulgação

 

História de Brasília

Se a NOVACAP resolver importar pescado, nós teremos uma Semana Santa a muito menor custo de alimentação. Já que o assunto está entregue ao desenfreio, seria o caso de o sr. Laranja aproveitar e utilizar os mercadinhos da W-4. (Publicada em 14.03.1962)

“Nós, os representantes do povo”?

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Foto: Gabriela Oliva/O TEMPO Brasília

 

         Em tempos de guerra, o mais importante é marcar posição, escolhendo a trincheira onde estão os valores nos quais você acredita e que necessitam de sua defesa e proteção. Correr é deixar para trás seu mundo, dissolvendo-se na poeira. Acredite naqueles que dizem que a sua vida é o único bem que lhe pertence. No entanto, não se esqueça de que é no mundo que você pode manifestar sua vida. É nele que a vida pulsa e ganha ânimo. Assim como quem envia uma carta a um amigo de longa data, quem escreve no dia a dia em periódicos também conhece seus leitores, e, com eles, mantém uma cumplicidade próxima.

         É com esse xadrez de palavras e enquanto o garrote vil não dá suas últimas voltas que, mais uma vez, insistimos em marcar posição, usando esse espaço como trincheira para a defender e nos solidarizarmos com as legítimas manifestações populares que vêm ocorrendo em todo o país, há mais de um mês, em frente aos quartéis.

         Um fato, que mesmo por suas proporções inéditas, seus propósitos e coragem cívica, a grande mídia insiste em não informar. Para os leitores deste espaço, talvez a mais antiga e relutante trincheira da capital, esse é o único posicionamento sensato a ser tomado nessa grave hora. O local escolhido por esses brasileiros, nas bordas das instalações militares, foi o único que restou, pois todas as outras instituições do Estado, que poderiam servir de abrigo e amparo aos reclames desses cidadãos, simplesmente viraram as costas a esses movimentos ou mostraram a face terrível das ameaças, da opressão e do desprezo.

         Na verdade, esses brasileiros foram encurralados na área militar, que lhes deu proteção. Agora, de nada adianta fazer cara de paisagem a esses movimentos, nem os acusar de ilegítimos ou golpistas. Nem os esconder sob o sofá. O fato é que o Brasil ferve e ameaça entrar em erupção como um mega vulcão. Melhor teria sido se anteciparem aos acontecimentos, evitando que as causas desses movimentos rompessem o solo, derramando suas lavas e cuspindo fogo para todo lado.

         O não atendimento das autoridades civis aos justos questionamentos, sobre a lisura e o correto funcionamento do fabuloso maquinário eleitoral, com anteposição de dogmas sobre seu real desempenho, taxados como heresias dignas da condenação pelo martírio da fogueira, levou-nos onde estamos agora. Bastava, naquele início, o simples gesto de boa vontade, colocando à mercê do escrutínio geral todas e quaisquer dúvidas.

         Ao invés disso, usou-se dos mecanismos paralegais para ameaçar e perseguir todos aqueles que buscam apenas uma resposta, dentro do direito que reza que o Estado deve prezar pela transparência. Foi justamente essa opacidade de chumbo e o desencadear progressivo de todo esse processo que alheou os eleitores da possibilidade de aferição dos votos, que deu início a essas movimentações que não param de crescer, empurrando o país para o beco sem saída da dissidia e de um possível fratricídio generalizado. Achar, como alguns acham, que esse é um movimento popular sem maiores consequências para todos é apostar no caos.

         Para complicar e colocar ainda mais gasolina nessa fogueira, é preciso verificar que, graças à repercussão produzida pelas mídias sociais, todo o planeta assiste, de camarote, tudo o que vem ocorrendo nas principais capitais do Brasil. O mundo não só acompanha de perto, como torce, abertamente, em favor da população que está nas ruas. População em países que se viram na mesma situação confessam o arrependimento por não ter tido o sentimento patriota de enfrentar o que julgava necessário ser enfrentado.

          O falso silêncio interno, como se navegássemos num mar azul e calmo de almirante, por certo será lembrado, quanto tudo isso passar. Lembrados também serão aqueles que viraram as costas para essas manifestações espontâneas. O patriotismo, outrora tido erroneamente como o último refúgio dos canalhas e por isso deixado esquecido no fundo das gavetas do passado, parece que veio à luz, com força sua revigorada, mostrando que, talvez, esse seja o único porto seguro em que atracar.

         O vermelho rubi intenso com matizes que, em lugar e tempo algum, provou ser promissor à vida, mostra que esses movimentos, em frente aos quartéis, estão no caminho certo, mesmo indo contra um sistema poderoso dentro e fora de nossas fronteiras. A simples observação de quem são aqueles que torcem contra esses manifestantes, já, em si, é uma certeza de que a população nas ruas está onde deve estar. Antes que seja tarde demais e que o garrote vil dê sua última volta atrás do pescoço de todos.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Estou com a consciência tranqüila de ter servido bem a meu país. Tenho certeza de que sou o baiano que mais amou a Bahia. Esse meu amor talvez tenha sido a coisa mais importante da minha vida. E ser querido pelos baianos é o que me faz feliz”.

ACM

Antonio Carlos Magalhães
Foto: Agência Senado

Pratas da Casa

Na gráfica do Senado uma exposição de fotografia de fazer cair o queixo. Veja a seguir algumas fotos de Raul Grilo e Washington Brito.

 

História de Brasília

As primeiras informações dão conta de que o aumento do pessoal da NOVACAP será somente para efetivo. Nada mais injusto. Os efetivos conseguiram estabilidade irregular, e agora desfrutarão de aumento também irregular. Os que entraram depois da lei de estabilidade continuarão como estão, enquanto o custo de vida continuará aumentando. (Publicada em 14.03.1962)

“Nós, os representantes do povo”?

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

 

Foto: Gabriela Oliva/O TEMPO Brasília

 

         Em tempos de guerra, o mais importante é marcar posição, escolhendo a trincheira onde estão os valores nos quais você acredita e que necessitam de sua defesa e proteção. Correr é deixar para trás seu mundo, dissolvendo-se na poeira. Acredite naqueles que dizem que a sua vida é o único bem que lhe pertence. No entanto, não se esqueça de que é no mundo que você pode manifestar sua vida. É nele que a vida pulsa e ganha ânimo. Assim como quem envia uma carta a um amigo de longa data, quem escreve no dia a dia em periódicos também conhece seus leitores, e, com eles, mantém uma cumplicidade próxima.

         É com esse xadrez de palavras e enquanto o garrote vil não dá suas últimas voltas que, mais uma vez, insistimos em marcar posição, usando esse espaço como trincheira para a defender e nos solidarizarmos com as legítimas manifestações populares que vêm ocorrendo em todo o país, há mais de um mês, em frente aos quartéis.

         Um fato, que mesmo por suas proporções inéditas, seus propósitos e coragem cívica, a grande mídia insiste em não informar. Para os leitores deste espaço, talvez a mais antiga e relutante trincheira da capital, esse é o único posicionamento sensato a ser tomado nessa grave hora. O local escolhido por esses brasileiros, nas bordas das instalações militares, foi o único que restou, pois todas as outras instituições do Estado, que poderiam servir de abrigo e amparo aos reclames desses cidadãos, simplesmente viraram as costas a esses movimentos ou mostraram a face terrível das ameaças, da opressão e do desprezo.

         Na verdade, esses brasileiros foram encurralados na área militar, que lhes deu proteção. Agora, de nada adianta fazer cara de paisagem a esses movimentos, nem os acusar de ilegítimos ou golpistas. Nem os esconder sob o sofá. O fato é que o Brasil ferve e ameaça entrar em erupção como um mega vulcão. Melhor teria sido se anteciparem aos acontecimentos, evitando que as causas desses movimentos rompessem o solo, derramando suas lavas e cuspindo fogo para todo lado.

         O não atendimento das autoridades civis aos justos questionamentos, sobre a lisura e o correto funcionamento do fabuloso maquinário eleitoral, com anteposição de dogmas sobre seu real desempenho, taxados como heresias dignas da condenação pelo martírio da fogueira, levou-nos onde estamos agora. Bastava, naquele início, o simples gesto de boa vontade, colocando à mercê do escrutínio geral todas e quaisquer dúvidas.

         Ao invés disso, usou-se dos mecanismos paralegais para ameaçar e perseguir todos aqueles que buscam apenas uma resposta, dentro do direito que reza que o Estado deve prezar pela transparência. Foi justamente essa opacidade de chumbo e o desencadear progressivo de todo esse processo que alheou os eleitores da possibilidade de aferição dos votos, que deu início a essas movimentações que não param de crescer, empurrando o país para o beco sem saída da dissidia e de um possível fratricídio generalizado. Achar, como alguns acham, que esse é um movimento popular sem maiores consequências para todos é apostar no caos.

         Para complicar e colocar ainda mais gasolina nessa fogueira, é preciso verificar que, graças à repercussão produzida pelas mídias sociais, todo o planeta assiste, de camarote, tudo o que vem ocorrendo nas principais capitais do Brasil. O mundo não só acompanha de perto, como torce, abertamente, em favor da população que está nas ruas. População em países que se viram na mesma situação confessam o arrependimento por não ter tido o sentimento patriota de enfrentar o que julgava necessário ser enfrentado.

          O falso silêncio interno, como se navegássemos num mar azul e calmo de almirante, por certo será lembrado, quanto tudo isso passar. Lembrados também serão aqueles que viraram as costas para essas manifestações espontâneas. O patriotismo, outrora tido erroneamente como o último refúgio dos canalhas e por isso deixado esquecido no fundo das gavetas do passado, parece que veio à luz, com força sua revigorada, mostrando que, talvez, esse seja o único porto seguro em que atracar.

         O vermelho rubi intenso com matizes que, em lugar e tempo algum, provou ser promissor à vida, mostra que esses movimentos, em frente aos quartéis, estão no caminho certo, mesmo indo contra um sistema poderoso dentro e fora de nossas fronteiras. A simples observação de quem são aqueles que torcem contra esses manifestantes, já, em si, é uma certeza de que a população nas ruas está onde deve estar. Antes que seja tarde demais e que o garrote vil dê sua última volta atrás do pescoço de todos.

A frase que foi pronunciada:

“Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte Constituição da República Federativa do Brasil.”

Preâmbulo da Carta Magna

Charge: humorpolitico.com.br

 

História de Brasília

As primeiras informações dão conta de que o aumento do pessoal da NOVACAP será somente para efetivo. Nada mais injusto. Os efetivos conseguiram estabilidade irregular, e agora desfrutarão de aumento também irregular. Os que entraram depois da lei de estabilidade continuarão como estão, enquanto o custo de vida continuará aumentando. (Publicada em 14.03.1962)

Retrovisor embaçado

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Charge: Newton Silva

          Vinte anos terão se passado, desde que o primeiro ex-operário subiu a rampa do Palácio do Planalto. Com Lula, chegaria, também ao poder, o primeiro governo de orientação esquerdista. Dessa experiência histórica, desejada por muitos que ainda creditavam esperanças de igualdade plenas nessa vertente política, ficou, ao lado de uma grande decepção, a constatação de que o país havia retornado ao fundo do poço, depois de ser brevemente resgatado pela engenharia econômica do Plano Real.

         De lá para cá, o Brasil foi do céu ao inferno num átimo. O que restou, talvez, de mais proveitoso dessa experiência frustrada, foi o aprendizado de que honestidade e eficiência na gestão do Estado não são atributos exclusivos dessa ou daquele matiz ideológico, mas advém unicamente da escolha livre e sensata de brasileiros conscientes da importância do voto.

         Num balanço rápido, o que temos, além do encarceramento da cúpula que governou o Brasil, e da mais profunda depressão econômica já vivida pelos brasileiros, são dúvidas e incertezas sobre os destinos do país. Das inúmeras consequências negativas dessa experiência que se quis “revolucionária” nos moldes dos anos sessenta, ficaram os 14 milhões de brasileiros de todas as idades, que vagam pelas cidades em busca de empregos, o desmantelamento das instituições, a descrença geral nas elites dirigentes e, talvez, a mais nefasta de todas as heranças, que é a desesperança dos jovens no futuro do país. Experiências vindas de outras partes do globo em outras épocas ensinam que qualquer país que assiste a debandada de sua força jovem sofre muito mais para recuperar sua pujança e encontrar os trilhos da história. Pesquisas da época apontavam que, se pudessem, 62% ou quase 20 milhões dos jovens brasileiros iriam embora do país em busca de novas oportunidades e qualidade de vida, o que havia, em números expressivos, era o retrato sem retoques de um processo de profunda desilusão que tomou conta das nossas novas gerações.

         Essa situação se agravou ainda mais, quando a mesma pesquisa, feita pelo Datafolha, demonstrava que, mesmo a população adulta, que já fincou raízes econômicas no país, nada menos do que 43%, expressaram desejo de também deixar o Brasil. Para muitos nacionais, esse desejo não ficou apenas na intenção. O número de pedidos nos consulados e embaixadas de países como Estados Unidos, Canadá, Portugal e outros não paravam de crescer e já somavam milhares de pessoas que voluntariamente almejavam ir embora, em busca de uma nova vida em um lugar mais tranquilo e promissor.

         Essa vontade, manifestada por milhões de brasileiros, de deixar tudo para trás, virando estrangeiro, num país longínquo, é, sem dúvida, a mais patente e perniciosa consequência advinda da experiência vivida pelos nossos conterrâneos, a partir de 2003, e que ainda hoje rende seus frutos amargos e dissolutos.

 

A frase que foi pronunciada:

“O óbvio dos óbvios. Uma democracia não pode ser instaurada por meios democráticos: para isso ela teria de existir antes de existir. Nem pode, quando moribunda, ser salva por meios democráticos: para isso teria de continuar saudável enquanto vai morrendo. O assassino da democracia leva sempre vantagem sobre os defensores dela. Ele vai suprimindo os meios de ação democráticos e, quando alguém tenta salvar a democracia por outros meios — os únicos possíveis –, ele o acusa de antidemocrático. É assim que os mais pérfidos inimigos da democracia posam de supremos heróis da vida democrática.”

Olavo de Carvalho

Foto: Reprodução

 

Repita!

Passeando pelo Instagram, percebe-se que o monitor ativa com algumas palavras-chaves o título: “O vencedor da eleição presidencial foi declarado. Veja os resultados oficiais no site do TSE.” (Fonte: Tribunal Superior Eleitoral

 

Impressionante

Águas Claras não é cidade para estranhos. Sinalização inexistente. Placas de endereço em hieróglifos. Condução do trânsito instintiva. Carros na contramão da via principal colocam vidas em risco. Faltam semáforos, mesmo que intermitentes, para dar passagem alternada lado a lado. Pistas de saída para kamikazes.

Foto: Renato Alves/Agência Brasília

 

Só notícia boa

Ouvindo a avó cantar nos eventos familiares, o neto resolveu mostrar o talento da idosa na rede social. Plantou e colheu um Grammy Latino para a nova cantora cubana de 95 anos de idade, dona Ângela Alvarez.

 

Ciência & Emoção

Foi uma imagem impressionante. Neymar surpreendeu um garotinho internado no hospital, com câncer. Alguns anos depois, viu pelo vídeo o mesmo menino alegre, cabeludo, brincando e agradecendo a surpresa que o alegrou naqueles tempos difíceis. O jogador caiu no pranto.

 

História de Brasília

Ocorre isto: das quarenta horas semanais trabalhadas pelas professôras, vinte eram destinadas à aulas, e 20 para a preparação, correção de exercícios, estudos dirigidos e atividades complementares. (Publicada em 13.03.1962)

Estado e ética

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Congresso Nacional. Foto: EBC

 

          Dizer que todos os cidadãos de um país estão aptos para a participação política é uma coisa. Outra diferente é afirmar que todos os cidadãos estão aptos para assumir o governo e de lá adotar as políticas que a nação anseia. A construção de uma democracia requer, desde seus primórdios, que haja, no seio da sociedade, uma comunidade moralmente boa.

         Esse pré-requisito é ainda mais cobrado daqueles que, por ventura, vierem a manifestar o desejo de governar. E é aí que a porca torce o rabo. É impossível se alcançar uma pacificação social, pressuposto necessário para toda democracia, quando se verifica que aqueles grupos que apoiam cidadãos sem escrúpulos políticos e que recorrem a instrumentos imorais, possuem os mesmos direitos políticos que quaisquer outros grupos dentro da sociedade.

         Tal impasse só parece ter solução adequada, quando os instrumentos da justiça entram nessa questão em busca de balizamentos legais que tornam uma e outra vontade, favoráveis ao estabelecimento da paz e da harmonia. Mais do que coerção, o Estado deve buscar e fazer prevalecer os valores e virtudes democráticas, porque sem elas não pode haver coesão social. O Estado, em si, é uma construção amoral e não imoral como pregam alguns. Isso quer dizer que as virtudes e vícios encontradas no indivíduo não podem e não devem ser transferidas para essa instituição. Para alguns, o Estado, mesmo sendo uma construção humana, é um ente inumano e indiferente a sentimentos e outras manifestações de ordem moral. Nesse sentido, qualquer um aceito no leme do Estado, desde que seu comportamento não afete a harmonia e a serenidade entre os cidadãos. Mas, em se tratando da correlação entre o ser humano e o Estado, é preciso estabelecer antes, alguns parâmetros que façam os cidadãos perceberem que as ações do Estado são justamente aquelas que escolheriam para decidir fatos corriqueiros em seu cotidiano.

         Os princípios da Declaração dos Direitos Universais do Homem, aceitas mundialmente, não devem ser o ponto de partida e a essência a ser buscada quando da construção de um Estado moderno e eficiente. De alguma forma essa capacidade do ser humano em cuidar de si e dos seus, deve ser também transferida ao Estado, dando a essa entidade de agir conforme esperam os homens, amparando-os e defendendo cada um quando necessário. Claro que isso é o ideal. Mas o Estado desconhece o que seja ideal e age segundo o desejo daqueles que estão com a mão no leme. E é aí, que a porca torce o rabo pela segunda vez. Nesse ponto temos que os vícios e as virtudes, quer queiramos ou não, são repassados ao Estado e deste para os cidadãos. Aqui verificamos que um mau Estado é sempre aquele que é comandado por indivíduos maus. O que não pode ser descartado aqui, à despeito de um Estado sem alma ou sentimentos, é que a ética se constitui no principal leitmotiv do Estado. Sem ela, nem o mais avançado modelo de Estado não possuirá forças para avançar e ser o que deve ser.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Na longa história do mundo, apenas algumas gerações receberam o papel de defender a liberdade em sua hora de perigo máximo. Eu não me esquivo dessa responsabilidade – eu a aceito. Não acredito que nenhum de nós trocaria de lugar com qualquer outro povo ou qualquer outra geração. A energia, a fé e a devoção que trazemos para este empreendimento iluminarão nosso país e todos que o servem – e o brilho desse fogo pode realmente iluminar o mundo. E assim, meus compatriotas: não pergunte o que seu país pode fazer por você – pergunte o que você pode fazer por seu país.”

John F. Kennedy, 1961

John Fitzgerald Kennedy. Foto: bbc.com

 

Agência Câmara

Nessa semana, a Câmara dos Deputados terá importante reunião na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle. São denúncias entregues ao deputado Aureo Ribeiro, que, segundo ele, são “fatos de elevada gravidade”, e cabe a “envidar esforços para que os esclarecimentos sobre o conluio fraudulento sejam prestados, de maneira a coibir eventuais desvios de recursos públicos”.

Deputado Aureo Ribeiro. Foto: camara.leg

 

Firme e forte

Quando Michel Temer assumiu a Presidência da República, o Partido dos Trabalhadores parece ter esquecido de que ele era aliado e vice da chapa. Com declarações desastrosas do PT sobre alguns técnicos nomeados por Dilma e pelo vice Alckmin quando governava SP, é bom que a turma esteja preparada para uma alternativa que, por ventura, possa aparecer.

Michel Temer. Foto: Cesar Itiberê/PR

 

Tempo certo

Por falar nisso, bem lembram algumas linhas do livro As Veias Abertas da América Latina, de Eduardo Galeano: “Quando as palavras não são dignas como o silêncio, é melhor calar e esperar.”

Foto: divulgação

 

História de Brasília

Com estas chuvas, a escola no barraco fica imprestável, e é até uma maldade manter as crianças naquele local. (Publicada em 13.03.1962)

Um novíssimo tempo à frente

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Charge: ibamendes.com (Quinho)

Caso o demiurgo de Garanhuns venha a ser empossado, como ainda acredita sua caterva, estarão jogados por terra tudo o que se acreditou até hoje em matéria de ética, de valores morais, de leis e do que seja minimamente correto e aceito por uma sociedade civilizada. Estarão lançadas também, em terreno baldio, as crenças religiosas, que pregam conceitos simples como a virtude e o bom exemplo vindos de qualquer liderança.

Do mesmo modo, estarão postas de lado exigências básicas para a posse de um cidadão em posto de grande relevância para a segurança e o futuro da nação. Deixarão de existir também, por total descabimento e equilíbrio, quaisquer outros pré-requisitos para a ocupação de cargos nesse triste Trópico. O próprio conceito de República, que prega o respeito à coisa pública, como condição primeira para o exercício de função, perderá seu sentido e razão de ser.

É preciso notar, aqui nesse tema que, do ponto de vista das leis, se existe um culpado pela derrogação de tudo o que se acreditava até aqui como aceito legalmente, por certo, esse culpado está no Poder Judiciário. Não na instituição propriamente dita, mas em boa parte de seus membros, que comungam, abertamente, dos mesmos valores políticos e ideológicos do ex-apenado.

Nas escolas públicas, ou naquelas que não adotam e desdenham currículos ligados à ética, será preciso a reformulação de toda a grade de disciplinas que abordem temas ligados ao comportamento humano, dentro e fora do contexto social. Nas igrejas ou naquelas em que esse caso rumoroso não foi capaz de demover os clérigos da distopia que se anuncia, perderão sentido toda e qualquer pregação que aborde temas como os valores humanos, bem como as temáticas que buscavam, outrora, ensinar que o homem foi concebido a partir de similitudes luminares com o próprio Criador.

O que dirá então da educação dos pequenos no seio da família? Conceitos e ensinamentos sobre a retidão moral e o respeito às leis dos homens e de Deus perderão seus propósitos. O exemplo, diziam os antigos, num tempo em que os valores humanos eram tidos como essenciais para a vida em sociedade, vem de cima.

O que é feito, no alto da pirâmide social, é replicado em sua base. Mas é na sociedade brasileira, junto aos jovens, que esses maus exemplos de permissividade para os altos escalões da República irão provocar os mais terríveis e duradouros estragos. O que se anuncia com essa posse impossível é o desregramento total da sociedade, com todos os ordenamentos legais deixando de existir e com a inauguração de um novo tempo, em que o vale tudo e o salve-se quem puder serão a regra geral.

Aos que insistirem em permanecer apegados aos valores do passado, as novas leis cuidarão de enquadrá-los como conservadores, direitistas e outras acusações, portanto, não aceitos nessa novíssima sociedade. Para uma nação, em que os legítimos valores de humanidade estarão descartados, fora de moda ou contra as novas leis, restará, como opção, a rendição aos novos tempos ou o aeroporto.

 

A frase que foi pronunciada:

“Na longa história do mundo, apenas algumas gerações receberam o papel de defender a liberdade em sua hora de perigo máximo. Eu não me esquivo dessa responsabilidade – eu a aceito. Não acredito que nenhum de nós trocaria de lugar com qualquer outro povo ou qualquer outra geração. A energia, a fé e a devoção que trazemos para este empreendimento iluminarão nosso país e todos que o servem – e o brilho desse fogo pode realmente iluminar o mundo. E assim, meus compatriotas: não pergunte o que seu país pode fazer por você – pergunte o que você pode fazer por seu país.”

John F. Kennedy, 1961

John Fitzgerald Kennedy. Foto: bbc.com

 

Agência Câmara

Nessa semana, a Câmara dos Deputados terá importante reunião na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle. São denúncias entregues ao deputado Aureo Ribeiro, que, segundo ele, são “fatos de elevada gravidade”, e cabe a “envidar esforços para que os esclarecimentos sobre o conluio fraudulento sejam prestados, de maneira a coibir eventuais desvios de recursos públicos”.

Deputado Aureo Ribeiro. Foto: camara.leg

 

Firme e forte

Quando Michel Temer assumiu a Presidência da República, o Partido dos Trabalhadores parece ter esquecido de que ele era aliado e vice da chapa. Com declarações desastrosas do PT sobre alguns técnicos nomeados por Dilma e pelo vice Alckmin quando governava SP, é bom que a turma esteja preparada para uma alternativa que, por ventura, possa aparecer.

Michel Temer. Foto: Cesar Itiberê/PR

 

Tempo certo

Por falar nisso, bem lembram algumas linhas do livro As Veias Abertas da América Latina, de Eduardo Galeano: “Quando as palavras não são dignas como o silêncio, é melhor calar e esperar.”

Foto: divulgação

 

História de Brasília

Com estas chuvas, a escola no barraco fica imprestável, e é até uma maldade manter as crianças naquele local. (Publicada em 13.03.1962)