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Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
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Catalogado com o código pela Classificação Internacional de Doenças (CID F32) como depressão, esse distúrbio mental é diagnosticado pelo rebaixamento do humor, redução da energia e diminuição de atividades, podendo ser de forma leve, moderada ou grave. Trata-se de uma enfermidade, que por suas repercussões na deterioração da qualidade de vida do indivíduo, pode levá-lo à morte, nos casos mais graves. Segundo relatório elaborado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), reunindo 18 países, o Brasil é o país, de renda baixa, com maior prevalência de casos de depressão no continente americano, perdendo apenas para os Estados Unidos.
Na América Latina nosso país aparece com um maior número de casos, atingindo cerca de 5,8% da população ou quase 12 milhões de brasileiros. O mais assustador é saber que essa é uma doença que vem acometendo cada vez mais pessoas, dentro e fora do país. Estimativas de pesquisas feitas pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) mostram que mais de 300 milhões de pessoas no mundo sofrem de depressão. No Brasil, estima-se que, nos próximos anos, até mais de 15% da população irá sofrer com essa doença. Pudessem escolher entre as doenças existentes, a maioria dos entrevistados nessas pesquisas preferiria qualquer outra enfermidade, mesmo o câncer, do que a depressão, pois, segundo relatos, a experiência com essa doença seria semelhante a uma espécie de morte em vida, com o indivíduo totalmente entregue e rendido às forças do destino.
Para muitos, a depressão se traduz por um pedido de socorro a quem não pode ajudar ou retirar a imensa angústia interna. Infelizmente o mundo e, sobretudo, o Brasil, não enxergam o problema dessa maneira, preferindo acreditar que tudo não passa de encenação ou frescura, mesmo diante de inúmeros casos dramáticos de pessoas que resolveram tirar a própria vida, como o único e derradeiro remédio para a dor.
Desenho feito por um paciente com essa enfermidade mostra o indivíduo atirado na cama, completamente entregue contra o colchão, que, mesmo sendo a única companhia nessas horas, transformou-se numa espécie de buraco escuro e sem fundo a tragar seu corpo para as profundezas de um abismo mental.
Entre nós, a cidade de Porto Alegre aparece com o maior percentual de casos de depressão, com 17,49% de seus habitantes com essa enfermidade. No Nordeste, Natal é a cidade com o maior número de adultos diagnosticados com depressão, segundo pesquisa da Vigitel 2021, do Ministério da Saúde. Em Belo Horizonte, as mulheres lideram o ranking com 23,03% com essa doença. No Distrito Federal o número total aproximado de pessoas de ambos os sexos e variadas idades, com essa doença, totaliza algo como 11,18% de indivíduos com depressão, ou cerca de 335,4 mil habitantes. É também um número alto e que, à semelhança de outras cidades, tende a crescer de forma quase exponencial.
Somente no ano passado, segundo apenas estimativas oficiais, 75,3 mil trabalhadores pediram afastamento em razão da depressão, com direito a recebimento de auxílio-doença. Em 2022, 209,124 pessoas foram afastadas do trabalho por transtornos mentais diversos. Nos últimos cinco anos, o número de trabalhadores de ambos os sexos aumentou mais de 50%, pulando de 170.830, em 2015, para 289.677, em 2020, isso segundo a Central Única dos Trabalhadores (CUT). Observem que, nesses casos de afastamento, estão listados além das doenças mentais clássicas, casos de assédio moral, que podem, com facilidade, resultar em doença como a depressão.
Aliás, essa é uma das causas mais recorrentes que levam milhares de trabalhadores à depressão todos os anos, com seríssimos prejuízos para o trabalhador e para a economia do país. Não por outra razão, o mês de setembro, foi escolhido como data para a campanha nacional de prevenção ao suicídio (setembro amarelo). Notem que os transtornos mentais tem sido, até agora, ao menos, a terceira causa que mais afasta o empregado do trabalho, isso segundo a própria Previdência Social, que vem assistindo a um acúmulo de pedidos de afastamento numa proporção crescente de mais de 33 afastamentos a cada hora. São números tão assustadores como a própria doença em si e que irá requerer, cada vez mais, a atenção das autoridades de saúde.
A frase que foi pronunciada:
“A razão pela qual as vítimas às vezes permanecem envolvidas em jogos pervertidos por muito tempo é que elas estão cheias de vida e querem dar vida até mesmo à pessoa pervertida, apesar da impossibilidade.”
Marie France Hirigoyen
Revoada
Gustavo Henrique Roberto Pacheco e Mayumi Enokibara são dois adolescentes que conseguiram uma chance de brilhar no Miami City Ballet. É enternecedor ver tantos talentos artísticos e mentes brilhantes abandonarem a esperança no Brasil.
História de Brasília
Porta-vozes bem remunerados continuam, na imprensa carioca, procurando desprestigiar Brasília, e tentam atingir, agora, a equipe que a construiu. A defesa pela calúnia surge no cenário, mas o povo saberá discernir.(Publicada em 26.04.1962)