Euro Santa Casa de Lisboa acumula prejuízos no Brasil e no Peru

Santa Casa de Lisboa admite perdas de R$ 250 milhões no Brasil

Publicado em Economia

Auditoria realizada pela Santa Casa de Lisboa aponta perdas de pelo menos 50 milhões de euros (R$ 250 milhões) no Brasil. Os prejuízos decorrem de péssimos negócios na área de loterias fechados em Brasília, no Rio de Janeiro e em São Paulo.

 

Os prejuízos, contudo, podem ser maiores, pois a Santa Casa de Lisboa também se deu mal em operações realizadas no Peru. O número final deve ser anunciado em janeiro de 2024, quando será fechada uma ampla auditoria internacional contratada pela instituição.

 

Para operar no exterior, a Santa Casa de Lisboa criou uma unidade global, a Santa Casa Global. O projeto, porém, previa um investimento máximo de 5 milhões (R$ 27,5 milhões), conforme acordo fechado com o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social de Portugal.

 

BRB e Brasília sob suspeitas

 

No Distrito Federal, mostra a auditoria, a nova direção da Santa Casa de Lisboa impediu que o braço internacional enterrasse 14 milhões de euros (R$ 77 milhões) em uma parceria com o Banco de Brasília (BRB) para a exploração de loterias.

 

O negócio, considerado suspeito, foi bloqueado pelo Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) e pelo Banco Central. A autoridade monetária, por sinal, exigiu que o BRB refizesse seus balanços para retirar receitas não recebidas da parceria com a Santa Casa.

 

A instituição portuguesa também tem participação no Capital de Prêmios, um sistema de capitalização na modalidade filantrópica. A Santa Casa Global entrou nesse negócio ao comprar 55% do capital da MCE Intermediações e Negócios por 22 milhões de euros (R$ 121 milhões).

 

Teia de sonegação e fraudes

 

A rede de atuação da MCE passa pela Loterj, a empresa de loteria do Rio de Janeiro, e pela exploração de negócios em São Paulo por meio de uma série de empresas suspeitas de fraudes.

 

Não é só. A empresa e a Santa Casa Global estão enroladas com a Receita Federal, acusadas de sonegação fiscal. Correm ainda na Justiça vários processos movidos por apostadores que não conseguem receber seus prêmios.

 

A Santa Casa de Lisboa e todas as suas subsidiárias envolvidas em irregularidades estão sob nova administração há nove meses. A nova provedora da instituição, Ana Jorge, tem procurado botar ordem na casa, mas o buraco é enorme.