CBPILU100820151160PIB Foto: Kleber Sales/CB/D.A Press

Bradesco mantém previsões para o PIB do Brasil, mas piora para o PIB global

Publicado em Economia

ROSANA HESSEL

 

Apesar das surpresas recentes do mercado em relação ao desempenho da economia, o Bradesco manteve as estimativas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, tanto em 2022 quanto em 2023, conforme dado do relatório mensal de outubro, divulgado nesta quarta-feira (5/10). Contudo, a instituição piorou as projeções para a economia global e fez um alerta sobre o processo de desaceleração nas economias desenvolvidas.

 

“A economia brasileira teve uma performance majoritariamente em linha com o esperado no último mês. O mercado de trabalho apresentou alguns sinais de moderação, mas o desempenho da renda e das contratações segue robusto. Por isso, mantivemos inalterada nossa projeção para o PIB de 2022, em 2,7%. Para o próximo ano, seguimos esperando expansão de 0,5%”, destacou o diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, Fernando Honorato, em comentário enviado aos clientes.

 

Contudo, a equipe de Honorato revisou de 2,8% para 2,6% a previsão de crescimento global neste ano, e de 2,7% para 2,3%, em 2023. “Os riscos relacionados à economia global se intensificaram. O aperto monetário de maior magnitude e duração nas economias desenvolvidas, a escalada do conflito no Leste Europeu e a expectativa de recessão à frente ampliaram o grau de incerteza e a volatilidade dos ativos. m adição, a atividade econômica global mostra sinais de desaceleração no ritmo de crescimento. A expectativa de recessão nos Estados Unidos e na Europa somada ao menor crescimento chinês nos levaram a revisar a projeção para o PIB mundial”, explicou o documento.

 

A projeção do Bradesco para o crescimento do PIB dos países desenvolvidos recuou de 2,4% para 1,9%, neste ano, e de 0,9% para 0,3%, em 2023, com aos países da Zona do Euro entrando em recessão.  A instituição reduziu de 2,5% para 2,1%, a estimativa de avanço do PIB das economias que compartilham o euro como moeda neste ano. E, para o ano que vem, revisou de zero para -0,5% a previsão para o PIB de 2023.

 

A previsão de crescimento dos Estados Unidos e da China neste ano também foram revisadas para baixo, passando de 2,2% e de 3,3% para 1,3% e 3%, respectivamente. Para 2023, as taxas passaram de 1,3% e de 4,8%, para 0,5% e 4,5%, respectivamente.

 

Conforme as projeções do Bradesco, o Brasil continuará crescendo menos do que a média dos países emergentes e da América Latina, de 6,8% e de 2,8%, neste ano, e de 3,7% e de 1,3%, no ano que vem.

 

 

Inflação menor, mas acima da meta

 

Na avaliação da instituição financeira, o controle da inflação continuará demandando uma política monetária restritiva neste e no próximo ano. Portanto, a maneira como os bancos centrais se comportarão continuará sendo o fator determinante para os preços de ativos e expectativas.

 

O Bradesco voltou a reduzir a previsão para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano. A estimativa passou de 6,3%, em setembro para 5,7%, em outubro, taxa ainda acima do teto da meta determinada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 5%. Para 2023, a previsão para o indicador da inflação oficial foi mantida em 4,9%, também acima do teto da meta do próximo ano, de 4,75%. “A média dos núcleos também tem apresentado arrefecimento, embora ainda esteja em nível elevado”, alertou o relatório.

 

Com a sinalização do Banco Central de que o ciclo de alta da taxa básica da economia (Selic) terminou na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em setembro, mantendo a Selic em 13,75% anuais, o Bradesco não alterou suas estimativas para os juros básicos no fim do ano, de 13,75%, em 2022 e de 11,75%, em 2023. “Em comunicado, o BC reforçou que irá monitorar a defasagem de política monetária e destacou o compromisso com a meta de inflação nos próximos anos. Essa sinalização é compatível com cortes de juros em meados de 2023, com a taxa terminal em 11,75% no próximo ano”, destacou Honorato.

 

Apesar da valorização do dólar e da volatilidade externa o banco manteve a previsão para o câmbio em R$ 5,25, neste ano e no próximo.