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Bolsa não consegue segurar ganhos e termina o dia no vermelho

Publicado em Economia

ROSANA HESSEL

 

A Bolsa de Valores de São Paulo (B3) teve um dia de montanha russa, com fortes quedas e tentativas de recuperação que acabaram não sendo suficientes para evitar um novo tombo no dia. O  Índice Bovespa (IBovespa), principal indicador da B3, fechou o dia com queda de 0,46%, a 114.300 pontos.

 

Diante da surpresa negativa dos dados de inflação nos Estados Unidos, que registraram alta de 0,4% no índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de setembro, o dobro do esperado, o Ibovespa chegou a registrar um tombo de 1,86%, chegando ao piso do dia de 112.690 pontos, mas acabou recuperando parte das perdas e até operou no azul, puxado pelas altas das ações de empresas do setor de petróleo devido às altas dos preços do barril no mercado internacional, em meio à redução da produção dos Estados Unidos, apesar do aumento dos estoques.

 

Os papéis da Braskem lideraram as altas do dia e fecharam o pregão com alta de 11,97%. As ações da Petrobras também figuraram entre as maiores valorizações, encerrando com altas de 3,13%, nas ordinárias (com direito a voto), e de 2,84%, nas preferenciais (sem direito a voto, mas prioridade no recebimento de dividendos).

 

O dólar comercial também oscilou bastante ao longo do dia, mas fechou com alta de apenas 0,02%, cotado a R$ 5,273 para a venda. O barril do petróleo tipo Brent, negociado em Londres e referência de preço para a Petrobras, registrou alta de 2,29% cotado a US$ 94,57.

 

Mas analistas reforçam que a inflação mais forte do que o esperado pelo mercado nos Estados Unidos é um péssimo sinal para a atividade econômica global, pois demandará um aumento mais forte nos juros, aumentando o risco de uma recessão mais forte na maior economia do planeta. “O mercado está muito instável. A tendência é de baixa (na Bolsa), porque a recessão nos EUA ainda vai aparecer e não está totalmente precificada pelos agentes financeiros”, destacou Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados.

 

“O indicador de inflação dos EUA veio muito ruim, mesmo com queda nos preços da gasolina. Se tirarmos toda a energia e alimentos, a alta do núcleo do CPI foi de 6,6% e acelerou em relação aos 6,3% de agosto. Com isso, a precificação dos juros subiu”, reforçou Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos. Segundo ele, esse resultado consolidou as apostas de nova alta de 0,75 ponto percentual nos juros básicos dos EUA, atualmente entre 3% e 3,25% ao ano, em novembro, na próxima reunião do Fomc, comitê de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).

 

“Subiu para 71% a probabilidade de uma alta de 0,75 ponto percentual em dezembro. Há uma semana, essa probabilidade era de 7% e, para fevereiro, essa mesma chance passou de 6%, há uma semana, para 56%”, acrescentou Cruz. Contudo, ainda há apostas no mercado que não descartam alta de até 1,0 ponto percentual nos juros dos EUA ainda em novembro.

 

Com isso, a expectativa é de muita volatilidade na B3 em meio à campanha eleitoral. “Depois daquela forte alta após as eleições, o mercado segue realizando bastante”, completou o analista da RB, em referência à disparada do Ibovespa, de 5,54%, no primeiro pregão após o primeiro turno das eleições — a maior variação percentual desde abril de 2020.