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Banco Central Foto: Breno Fortes/CB/D.A Press Banco Central

Banco Central eleva previsão de alta PIB de 2023, mas reduz a de 2024

Publicado em Economia

ROSANA HESSEL

 

O Banco Central atualizou as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) e para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), conforme o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado nesta quinta-feira (21/12).  A autoridade monetária elevou a previsão de crescimento do PIB deste ano e reduziu a de 2024, confirmando as projeções de desaceleração da economia que está em curso desde o início do segundo semestre deste ano.

 

Pelas novas projeções, o BC elevou de 2,9% para 3% a expectativa de avanço do PIB de 2023, e, para 2024, passou de 1,8% para 1,7%.  “O cenário prospectivo inclui aumento do ritmo de crescimento ao longo do próximo ano, com moderação do consumo das famílias, retomada dos investimentos, e manutenção de um balanço favorável nas contas externas”, explicou o Relatório de Inflação.

 

As projeções do RTI, no entanto, estão mais otimistas do que o mercado. No boletim Focus divulgado nesta semana, a mediana das estimativas do mercado para o avanço do PIB coletadas pelo BC estão em 2,92%, neste ano, e em 1,51%, no ano que vem.

 

O BC elevou a previsão para o IPCA acumulado em 12 meses, em relação ao relatório anterior, passando de 4,61% para 4,68%. Mesmo com o aumento da projeção para o IPCA, que mede a inflação oficial, a nova estimativa ficou abaixo do teto da meta deste ano, de 4,75%. Será a primeira vez, depois de dois anos seguidos, que a autoridade monetária não precisará passar pelo constrangimento de enviar a carta à presidência do Conselho Monetário Nacional (CMN) justificando o descumprimento da meta.

 

“O movimento ainda refletiu efeito menor das desonerações tributárias e dos reajustes negativos de combustíveis que haviam ocorrido no segundo semestre de 2022. Menos afetada por esses eventos, a variação em 12 meses da média dos núcleos de inflação continuou recuando, de 5,22% para 4,56%”, destacou o texto do relatório.

 

O BC destacou ainda que os núcleos de inflação se aproximam da meta para a inflação nas divulgações mais recentes. No trimestre encerrado em novembro, o IPCA apresentou variação 0,40 ponto percentual, abaixo do cenário de referência apresentado no relatório anterior.

 

No cenário de referência, as projeções de inflação do Copom recuaram de 5% para 4,6% em 2023,  permaneceram em 3,5% em 2024 e aumentaram para 3,2% em 2025. As expectativas de inflação para 2023, 2024 e 2025 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 4,5%, 3,9% e 3,5%, respectivamente, de acordo com o documento de 79 páginas.

 

Para 2023, o Banco Central estima um deficit em transações correntes de 1,2% do PIB, equivalente a R$ 26 bilhões, abaixo do saldo negativo de R$ 36 bilhões previstos anteriormente.

 

Segundo o diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, um dos principais motivos para essa redução foi a balança comercial, que deve encerrar o ano com um superavit de US$ 79 bilhões, acima dos US$ 68 bilhões previstos no relatório anterior.  E, para 2024, a previsão desse saldo negativo passou de R$ 37 bilhões para R$ 35 bilhões, um ajuste marginal, de acordo com o técnico do BC. Em relação ao PIB, ele ressaltou que os dados do segundo semestre confirmam a desaceleração da atividade, “mas com uma resiliência no consumo”.