aa95d3b5-1c19-42ec-ba29-c8f2fc2d45a1

A real de Portugal: “Não vou desistir do meu sonho”, diz brasileiro que levou tapa na cara

Publicado em Economia

O brasiliense Paulo Teixeira, 27 anos, está atordoado há dois dias. Para ele, tem sido difícil lidar com a agressão que sofreu na noite de quarta-feira (18/10) no local em que trabalha.

 

Teixeira levou um tapa da cara de um português, Paulo Emanuel, dentro de uma loja da NOS, empresa de telefonia, no Guimarães Shopping. O agressor ainda tentou enforcar o brasileiro, deixando-lhe o pescoço todo marcado.

 

O jovem não esconde a tristeza diante de tanta violência. Mas ele garante: “Não vou desistir do meu sonho”. Teixeira chegou a Portugal há um ano e três meses cheio de perspectivas. Havia se preparado muito para mudar de país e construir uma vida nova.

 

Em Brasília, o rapaz trabalhava como atendente em uma farmácia. Ele adora esse contato com o público. Por isso, ficou muito feliz quando conseguiu uma vaga de vendedor na loja da operadora da telefonia.

 

“Putos dos brasileiros”

 

A violência da qual Teixeira foi vítima decorreu de um fato banal. O cliente português não se conformou ao ser informado de que não conseguiria resolver suas pendências naquela loja da NOS.

 

A funcionária que atendia o agressor, também brasileira, foi a primeira a sentir a fúria do português, alimentada por racismo e xenofobia. Pesou ainda o fato de ser mulher. O agressor passou a desferir à jovem palavras terríveis, aos gritos, enfatizando: “Tinha que ser os putos dos brasileiros”.

 

Vendo aquela situação, Teixeira, que atendia um casal, interveio e pediu para que o português, que estava acompanhado de mulher dele, baixasse o tom. Não era aceitável que ele tratasse alguém daquela maneira. O brasiliense disse ao agressor que era melhor ele se retirar da loja.

 

O português, então, se virou para o brasileiro e deu-lhe uma bofetada na frente de todo mundo. Não satisfeito, ainda o agarrou pelo pescoço, um momento de pânico dentro da loja. Foi preciso que um terceiro funcionário do estabelecimento interviesse.

 

O agressor precisou ser retirado da loja por um segurança do shopping. E resistiu muito. Ele só não bateu na brasileira que o havia atendido, porque a própria mulher do português disse à jovem que se afastasse dele.

 

 

Xenofobia e racismo frequentes

 

Teixeira afirma ao Blog que, desde que começou a trabalhar na loja da empresa de telefonia, enfrentou momentos desagradáveis. “Alguns clientes, que se sentem contrariados, sempre recorrem ao fato de sermos brasileiros para nos humilhar”, emenda.

 

Na avaliação dele, essas agressões estão associadas ao racismo e à xenofobia. “Mas, quando dizemos que vamos chamar a polícia, essas pessoas saem correndo, não voltam mais à loja”, comenta.

 

O caso de quarta-feira, porém, extrapolou tudo, ressalta o brasileiro. “Houve agressão física. Isso não pode acontecer, nunca”, enfatiza. “Espero que tenha sido um fato isolado, pois foi traumático para todos”, complementa.

 

O brasileiro registrou a agressão por meio de um boletim policial. Ele também passou por exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal. A determinação de Teixeira é levar o processo até o fim, para que sirva de exemplo.

 

“Estou disposto a ir até o fim”, reforça. “É questão de princípio, de respeito.” Ele diz que relevou os outros casos em que foi xingado apenas por ser brasileiro, mas, desta vez, quer ver seu agressor punido com o rigor da lei.

 

Procurada, para saber quais medidas tomará para proteger seus funcionários, a NOS não se pronunciou.