TRABALHADORES DA COCA-COLA LANÇAM CAMPANHA POR SALÁRIOS E MELHORES CONDIÇÕES DE TRABALHO

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Diferenças salariais entre trabalhadores de uma mesma empresa em diferentes Estados e de empresas diferentes no mesmo Estado ou cidade preocupam categoria

Entidades representativas dos trabalhadores da Coca-Cola, se reuniram, na quarta-feira passada, em São Paulo, com Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins (CNTA Afins) realizou na última quarta (15/4), para discutir as condições de salários e de trabalho. Entre as reivindicações, os trabalhadores querem piso salarial igual ou superior a R$ 1.425,00, maior salário do País, praticado por cidade do Estado de São Paulo (SP). A Coca-Cola tem, no Brasi, atualmente cerca de 60 mil empregados diretos e cerca de 600 mil indiretos.     “O Sistema Coca-Cola no Brasil abrange duas fábricas engarrafadoras próprias (Coca-Cola Indústrias Ltda e a Recofarma Indústrias do Amazonas Ltda) e mais 42 fábricas engarrafadoras autorizadas e operadas por 16 grupos empresariais por meio de franquia. Desta forma, cada empresa aplica a sua política, tanto referente a cargos e salários, quanto benefícios e segurança no trabalho.”, explica o presidente da CNTA Afins, Artur Bueno de Camargo.  

Mesmo após ter comemorado, em 2013, conquistas com campanha pelo programa de Participação nos Lucros e Resultados (PLR), a CNTA Afins quer cobrar da companhia o tratamento isonômico dos trabalhadores. Para isto, as entidades sindicais profissionais da categoria reivindicam o pagamento do adicional noturno até o final da jornada de trabalho, o pagamento do abono de faltas motivadas por afastamentos no mês sequente, e mais transparência e participação das entidades sindicais no processo de implementação do PLR.     Análise de salários

Na ocasião do encontro, a subseção do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (DIEESE) da CNTA Afins apresentou um estudo específico do grupo Coca-Cola Brasil. Entre os principais destaques estão as diferenças salariais entre trabalhadores de uma empresa em diferentes Estados e de empresas diferentes no mesmo Estado ou cidade.  

“Por exemplo: um trabalhador da Spal em São Paulo (SP) recebe R$ 1.332,00 como piso salarial. Já seu colega de Spal em Campo Grande (MS) recebe R$ 753,00, ou seja, um pouco mais da metade. Em Manaus (AM), esta diferenciação ocorre entre trabalhadores de empresas diferentes, mesmo que ambas sejam fabricantes da Coca-Cola. Enquanto os trabalhadores da Brasil Norte Bebidas recebiam R$ 791,34 como salário de ingresso, seus companheiros da Recofarma recebiam R$ 1.109,00 de piso (mais de 40% de diferença).”, explica o economista Paulo Alexandre de Moraes, que analisou 69 negociações coletivas referentes aos trabalhadores da Divisão Brasil da Coca-Cola em consulta ao Sistema Mediador do Ministério do Trabalho e Emprego.  

Segundo o estudo, os maiores pisos salariais foram registrados no Estado de São Paulo. Os menores, no Estado do Mato Grosso do Sul. Curiosamente, a empresa que paga os maiores pisos (em São Paulo) e os menores (Mato Grosso do Sul) é a mesma: Spal (Femsa). Em alguns Estados, trabalhadores da Coca-Cola recebem pisos diferentes, ainda que desempenhem a mesma função. Por exemplo: no Espirito Santo os trabalhadores da Rio de Janeiro Refrescos recebiam R$ 855,10 em Cariacica. Já seus companheiros de Linhares, trabalhadores da Leão Alimentos e Bebidas, recebiam R$ 900,00 como piso (5,2% a mais).  

Em Manaus e no Rio de Janeiro (RJ), este quadro é ainda mais sintomático: no RJ, os trabalhadores da Leão Alimentos recebiam com piso R$ 894,60. Já os trabalhadores da Rio de Janeiro Refrescos, recebiam R$ 996,10 (11,4% a mais), para desempenhar a mesma função, na mesma cidade. Em Manaus, os trabalhadores da Brasil Norte Bebidas percebiam R$ 791,34 como salário de ingresso, enquanto seus companheiros da Recofarma recebiam R$ 1.109,00 de piso (mais de 40% de diferença).  

“O piso médio dos trabalhadores da Divisão Coca Cola do Brasil no ano de 2014 foi de R$ 980,24. Vale lembrar que o piso é a menor remuneração prevista em Acordo ou Convenção Coletiva e que é diferente da remuneração média. Em geral, os trabalhadores que recebem o piso são os recém-contratados, ainda em período de experiência. Vale lembrar, apenas como comparação, que a remuneração média dos trabalhadores do setor de “Refrigerantes e outras Bebidas Não-Alcoólicas” era de R$ 1.974,67 em 2013, segundo dados da RAIS.”, destacou Paulo, em estudo para a CNTA Afins.

Brasília, 17h35min