Audácia portuguesa

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João Baptista Bonato e Francisco Bento dos Santos: especialistas dão dicas de harmonização. Crédito: Rodrigo Nunes/Esp.CB/D.A.Press

Você já pensou em beber um tinto com a salada mix de folhas ou um vinho branco escoltando delicioso bacalhau (no caso, o prato ícone do Dom Francisco)? Esta audaciosa proposta foi feita por nada mais nada menos do que o produtor dos vinhos Quinta do Monte d’Oiro, Francisco Bento dos Santos, de 37 anos, para quem “harmonização não tem regras”.

“A escolha do vinho depende da preferência de cada um”, deixa claro o herdeiro da vinícola portuguesa, da região de Lisboa, uma das iniciadoras da casta sirah em Portugal. O melhor sirah que a cantina consegue fazer vem da Parcela 24. Esse é o nome do vinho top, cuja garrafa sai por R$ 764 na Mistral, empresa que desde 2002 traz a marca lusitana para o Brasil, informa João Baptista Bonato, representante da importadora em Brasília.

Tudo orgânico

Como o top sirah é para poucos, melhor conhecer os vinhos mais acessíveis que Francisco Bento apresentou em visita à cidade, como o Lybra, cuja versão tinto (Sirah) “casou” com a salada e branco (Viognier, Arinto  e Marsanne) homônimo com o bacalhau. Trata-se de um vinho de entrada, que é sempre o mais “barato”, e eles custam R$ 126, cada. Viognier é outra casta um pouco difícil, mas muito bem trabalhada pela Monte d’Oiro no Madrigal, que sai por R$ 290.

Alguns nomes dos vinhos têm a ver com metais, como o Aurius (ouro em latim), um tinto de R$ 240, porque “meu pai trabalhava com metais”, explica Francisco Bento. Em 1986, José Bento dos Santos comprou a vinícola, que existe desde o século 17, em uma propriedade que era vizinha a de seus avós. Ele manteve algumas vinhas velhas e outros vinhedos foram convertidos. Atualmente, todos os vinhos são orgânicos e certificados. O primeiro vinho foi produzido em 1997.

Vinhos imortais

Em poucos anos, a Quinta do Monte d’Oiro se consagrou como um dos grandes nomes da vitivinicultura de Portugal. Assina os vinhos a enóloga portuguesa Graça Gonçalves com o aporte do consultor francês Grégory Viennois, antigo enólogo da Casa M. Chapoutier e atualmente à frente da direção técnica dos vinhos Laroche.

Francisco Bento dos Santos trouxe de presente para João Baptista da Mistral Subtilezas gastronômicas, livro de receitas escrito pelo seu pai, um renomado gourmet. Assina o prefácio um dos mais importantes nomes da história e da antropologia, o gastrônomo português Alfredo Saramago, igualmente ateu como o famoso escritor com quem compartilha o nome, José Saramago. Em um trecho, o Saramago da gastronomia diz:

“(…) José Bento dos Santos fez um contrato com Deus, não para que lhe fosse concedida a imortalidade, mas para que os seus vinhos ficassem imortais. (…) Eu, indeciso agnóstico, agradeço ao José Bento dos Santos este contrato com o Céu e a graça dos seus vinhos”. Amém!

Liana Sabo

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