Diego Aguirre, o mais recente importado demitido no Brasil
Crédito da imagem: Donaldo Hadlich/Frame/Agência O Globo
É mais fácil um técnico brasileiro ter estabilidade em um clube europeu do que um treinador importado em um time do nosso país. É o que mostra o levantamento do blog depois de o Internacional anunciar a demissão de Diego Aguirre — campeão gaúcho, semifinalista da Libertadores e décimo colocado no Campeonato Brasileiro.
O tempo médio de permanência de um estrangeiro à frente de um clube brasileiro é de cinco meses. Diego Aguirre ficou quase oito. Muito abaixo do nível de tolerância de equipes do Velho Continente que empregaram técnicos brasileiros recentemente. Carlos Alberto Parreira (Valencia), Vanderlei Luxemburgo (Real Madrid), Luiz Felipe Scolari (Chelsea) e Zico (Fenerbahçe) tiveram chance na Europa. A média do quarteto foi de 13 meses. Dois deles — Luxemburgo e Zico — se mantiveram um ano ou mais no cargo.
A frieza dos números assusta no caso da demissão de Diego Aguirre. O treinador deixa o cargo com 60,4% de aproveitamento. Para se ter uma ideia, o Flamengo foi campeão brasileiro em 2009 com 58,8%. O uruguaio sai do cargo a três dias do Gre-Nal invicto no clássico. Aguirre esteve no comando do Inter em três partidas diante do Grêmio: dois empates por 0 x 0 e uma vitória por 2 x 1 que valeu o penta gaúcho.
O atraso para demitir Aguirre intriga. O Inter foi eliminado da Libertadores pelo Tigres em 23 de julho. Talvez, a facilidade com que o River Plate conquistou o título na quarta-feira aumentou revolta da diretoria.
Ao que parece, o argumento para a saída de Aguirre é o mesmo de outros tantos estrangeiros subaproveitados no intolerante futebol brasileiro: a demora na adaptação tanto do treinador quanto do elenco a uma filosofia de trabalho diferente. Aguirre não falava em time titular. Ressaltava a cada rodízio na escalação que todos eram titulares. Ganhou antipatia. Os empates por 0 x 0 com a Ponte Preta e a Chapecoense depois da eliminação na Libertadores minaram de vez Aguirre. A demissão lembra a do compatriota Jorge Fossati. Em 2010, ele perdeu o emprego no Inter por fracassar na Libertadores. O aproveitamento de quase 61% não protegeu Fossati.
O Tigres é a prova de que o resultado continua sendo a guilhotina do futebol brasileiro. O carrasco do Inter perdeu o título para o River, mas renovou o contrato do técnico Ricardo Ferretti por mais três anos. Se permanecer até o fim do acordo, o treinador carioca do clube mexicano terá trabalhado oito temporadas. Está lá desde 2010.
Outros “Aguirres”
Técnicos estrangeiros que não completaram um ano de trabalho no Brasil
Daniel Passarella
Argentina
Corinthians
3 meses
15 jogos, 7 vitórias, 4 empates,
4 derrotas, 55,5%
Título: nenhum
Lothar Matthäus
Alemanha
Atlético-PR
2 meses
7 jogos, 5 vitórias, 2 empates,
71,4%
Título: nenhum
Miguel Angel Portugal
Espanha
Atlético-PR
5 meses
13 jogos, 5 vitórias, 2 empates,
6 derrotas, 43%
Título: nenhum
Jorge Fossati
Uruguai
Internacional
6 meses
33 jogos, 18 vitórias, 6 mpates,
9 derrotas, 60,6%
Título: nenhum
Juan Ramon Carrasco
Uruguai
Atlético-PR
6 meses
36 jogos, 22 vitórias, 7 empates,
7 derrotas, 67,5%
Título: nenhum
Ricardo Gareca
Argentina
Palmeiras
3 meses
13 jogos, 4 vitória, 1 empate,
8 derrotas, 33%
Título: nenhum
Lembra?
Saiba quem foi o último treinador importado do seu time
Atlético-MG
Darío Pereyra (Uruguai)
1999
Botafogo
Ondino Viera (Uruguai)
1947
Corinthians
Daniel Passarella (Argentina)
2005
Cruzeiro
Filpo Núñez (Argentina)
1970
Flamengo
Modesto Bría (Paraguai)
1981
Fluminense
Hugo de León (Uruguai)
1997
Grêmio
Hugo de León (Uruguai)
2005
Internacional
Diego Aguirre (Uruguai)
2015
Palmeiras
Ricardo Gareca (Argentina)
2014
Santos
José R. Delgado (Argentina)
De 1977 a 1978
São Paulo
Juan Carlos Osorio (Colômbia)
2015
Vasco
Abel Picabéa (Argentina)
De 1960 a 1961