Aguirre Diego Aguirre tem dois títulos nacionais pelo Peñarol, em 2003 e em 2010. Foto: Rubens Chiri/SPFC,net Diego Aguirre tem dois títulos nacionais pelo Peñarol, em 2003 e em 2010.

O desafio de Aguirre: manter o São Paulo no topo e ser o segundo estrangeiro a conquistar o título

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Belo trabalho de Diego Aguirre no São Paulo. Os concorrentes não se incomodavam com o tricolor paulista no Brasileirão desde o tricampeonato em 2006, 2007 e 2008 e a briga pelo título de 2009, que tinha justamente o campeão Flamengo como um dos adversários. Prova disso é a sequência pós-Copa que acaba de levar o São Paulo à liderança do Campeonato Brasileiro. Depois do Mundial da Rússia, o São Paulo disputou 15 pontos contra Flamengo, Corinthians, Grêmio, Cruzeiro e Vasco. Conquistou 12! Só perdeu para o Grêmio, em Porto Alegre, no mesmo estádio em que o Flamengo foi superado no sábado. No fim das contas, pesou o confronto direto, no Maracanã. Derrotado no Morumbi pelo Colón, da Argentina, no primeiro jogo da Copa Sul-Americana, recuperou-se rapidamente do baque ao superar o Vasco por 2 x 1.

Os comandados do técnico Diego Aguirre estão definitivamente na briga pelo título. Hoje, o São Paulo é a maior ameaça ao Flamengo. Tirou a equipe carioca da zona de conforto. O time de Maurício Barbieri foi para a pausa da Copa com cinco pontos de vantagem em relação ao segundo colocado. Agora, está um atrás do novo líder. Ambos precisam tomar cuidado com a dupla Gre-Nal.

Se a Associação Uruguai de Futebol (AUF) permitir, e Diego Aguirre rever alguns contestados conceitos, o comandante do São Paulo tem chance de ser o primeiro técnico estrangeiro a conquistar o título do Campeonato Brasileiro unificado — ou seja, levando em conta Taça Brasil, Robertão e Campeonato Brasileiro.  Utilizando esse critério, Carlos Volante é o único gringo campeão. Na final da Taça Brasil de 1959, o argentino comandou e venceu o terceiro confronto da decisão contra o Santos, de Pelé. Levando em conta de 1971 para cá, jamais um treinador estrangeiro conquistou o Brasileirão. Logo, Aguirre pode ser o primeiro.

No entanto, alguns fantasmas rondam o São Paulo. A permanência (ou não) do técnico Óscar Washington Tabárez à frente do Uruguai (ainda) é um assunto mal resolvido. Consequentemente, ativa um trauma. O clube paulista perdeu Juan Carlos Osorio para o México. Não segurou a saída de Edgardo Bauza para a Argentina. Diego Aguirre já era o preferido em casa de mudança. Imagina agora, líder isolado do Campeoanto Brasileiro. Em tese, a saída de Wilmar Valdez favorece o São Paulo. Ele era o maior interessado na contratação de Aguirre.

Estou feliz de ser líder, mas falta muito e temos que manter a regularidade estando sempre nas primeiras posições. Gosto de repetir a todos que aqui, ninguém fala de favoritismo, o que falamos é de trabalhar para ganhar o próximo jogo. Ninguém acreditava que a gente pudesse estar nessa posição, então temos que trabalhar muito para seguir na liderança

Diego Aguirre, técnico do São Paulo em 29 jogos, com 14 vitórias, 9 empates, 6 derrotas, 36 gols pró e 23 contra

Além do impasse na AUF, há um outro problema: o estilo de jogo de Diego Aguirre. Os times liderados por ele costumam ter um vício: recuar demais quando estão em vantagem, abrir mão da posse de bola. No ano passado, deixou escapar a vantagem de 2 x 0 do San Lorenzo sobre o Lanúns nas semifinais da Libertadores, permitiu o empate no placar agregado e perdeu nos pênaltis.

O São Paulo fez o primeiro gol cedinho e recuou contra o Vasco neste domingo. A trupe de Jorginho chegou a ter 57% de posse de bola. Mereceu virar o jogo no segundo tempo. Não marcou o gol e foi penalizado pelo delay de Jorginho na leitura da mudança tática de Diego Aguirre.

Ao enfiar dois centroavantes grandalhões na área (Carneiro e Tréllez), estava na cara que o São Paulo castigaria os laterais do Vasco. Escolheu atacar pelo setor de Luiz Gustavo, o mais cansado. Jorginho demorou a reforçar o setpr. Quando trocou Luiz Gustavo por Rafael Galhardo, era tarde demais.