Gilvan de Souza Último jogo de Dorival como técnico foi na derrota do Flamengo para o Athletico-PR em 2018. Foto: Gilvan de Souza Último jogo de Dorival como técnico foi na derrota do Flamengo para o Athletico-PR em 2018.

Novo técnico do Athletico-PR, Dorival Júnior trabalhou em 12 dos 20 times que disputarão a Série A em 2020. Furacão é a novidade no currículo

Publicado em Esporte

Dorival Júnior merecia o que faltou em 2019: emprego. Para se ter uma ideia, o paulista de Araraquara, 57 anos, comandou 12 dos 20 clubes que disputarão a Série A do Campeonato Brasileiro em 2020. As oito exceções: Atlético-GO, Bahia, Botafogo, Ceará, Corinthians, Goiás, Grêmio e Red Bull Bragantino. No entanto, estava no mercado desde a fantástica arrancada pelo Flamengo na reta final do Campeonato Brasileiro de 2018: sete vitórias, três empates e duas derrotas em 12 jogos. Aproveitamento de 67%. O melhor desempenho recente dele à frente de um time da Série A. Vice-campeão brasileiro. Em vez de mantê-lo no cargo, a nova diretoria do clube carioca escolheu demiti-lo e contratou Abel Braga. O restante da história você conhece…

O treinador iniciou 2019 à espera de convites, com uma arrastada negociação para trabalhar no futebol do Oriente Médio. A documentação emperrou, até Dorival Júnior ser diagnosticado com câncer na próstata. Curado após o tratamento, está com saúde para dar e vender em 2020. É oficialmente o sucessor de Tiago Nunes no Athletico Paranaense. “Fechamos agora”, confirmou Dorival ao blog, às 18h16 desta sexta-feira. Para mim, uma boa escolha.

Dorival Júnior não ganha título desde o Campeonato Paulista de 2016 pelo Santos, porém, tem fama de montar times competitivos, que entregam bom futebol. Portanto, preenche pelo menos dois requisitos do legado de Tiago Nunes. O desafio em 2020 é quebrar o jejum pessoal e manter a sequência de conquistas do Furacão. Em 2018, o clube faturou a Copa Sul-Americana. Nesta temporada, o Estadual e a inédita Copa do Brasil, superando Fortaleza, Flamengo, Grêmio e Internacional na reta final do mata-mata nacional. Baita feito.

O novo técnico do Athletico-PR terá a chance de acabar com a resistência da torcida em 19 de fevereiro, na Supercopa do Brasil. O campeão da Copa do Brasil enfrentará o vencedor do Brasileirão em jogo único agendado pela CBF para o Mané Garrincha, em Brasília.

Enquanto isso, Dorival Júnior precisa administrar perdas importantes. O centroavante Marco Ruben regressou ao Rosario Central. Madson seguiu para o Santos.  Tomás Andrade e Braian Romero pegaram o caminho da Argentina para se reapresentar a River Plate e Independiente, respectivamente. Marcelo Cirino está na China. Everton Felipe voltou ao São Paulo. Essas são apenas algumas das baixas no elenco do Furacão para o ano que vem. A maior deles pode ser o adeus de Bruno Guimarães. O Atlético de Madrid é o principal interessado na compra.

Dorival Júnior é um técnico com DNA vencedor? Nem tanto. Os principais títulos no currículo são a Copa do Brasil de 2010 à frente de Neymar, Robinho e Ganso; a Série B do Brasileirão pelo Vasco, em 2009; o Campeonato Paulista em 2010 e em 2016; o Gaúcho pelo Internacional em 2012; e estaduais menos expressivos por Figueirense (2004), Sport (2006), Fortaleza (2005) e Coritiba (2008). Inclua também a Recopa Sul-Americana de 2011 pelo colorado. Portanto, faltam conquistas de impacto como a Libertadores e a Série A. Logo, dar certo no Athletico-PRsignifica conquistar títulos.

Dorival Júnior precisa assumir o Flamengo mostrando uma ambição capaz de superar a fama de burocrata: classificador de times para a Libertadores. Isso não é mais suficiente para turbinar os 17 anos de carreira. O paulista de Araraquara precisa ser campeão brasileiro urgentemente. Bateu na trave nos vices de 2016 e 2018.

Um acerto do Atletico-PR diz respeito ao estilo de jogo. Em tese, não haverá mudança radical em relação ao que Tiago Nunes fazia. Dorival Júnior levou Santos e Flamengo ao vice no Brasileirão com um estilo moderno: posse de bola. Não gosta de jogar de forma reativa, como se diz hoje. Prefere propor o jogo. Santos e Flamengo tinham posse de bola e contundência. Terminava com bola na rede, e não somente toquinhos de um lado para o outor, ou seja, a posse estéril.

Seja bem-vindo de volta ao futebol, Dorival!

 

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