Hulk Hulk comemora gol contra o Cerro Porteño: cinco bolas na rede em três jogos. Foto: Pedro Souza/Atlético Hulk comemora gol contra o Cerro Porteño: cinco bolas na rede em três jogos. Foto: Pedro Souza/Atlético

De André Villas-Boas a Cuca: a origem da facilidade de Hulk para ser falso nove do Atlético

Publicado em Esporte

Há quem atribua a Alexi Stival, o Cuca, a grande sacada de usar Hulk no papel de centroavante no Atlético-MG. Foi assim, mais uma vez, na goleada por 4 x 0 sobre o Cerro Porteño nesta terça pela terceira rodada da fase de grupos da Libertadores. Escalado no papel de falso nove, marcou duas vezes e chegou a cinco gols nas últimas três partidas.

Na verdade, Cuca emula uma tentativa de Dunga, que, por sua vez, clonou uma ideia do técnico português André Villas-Boas. Hulk começa a virar sensação na Europa na temporada 2010/2011 naquele belo time do Porto campeão da Primeira Liga, da Taça de Portugal e da Europa League.

Hulk atuava como ponta-direita no trio de ataque formado com Varela e o centroavante colombiano Falcao Garcia. Porém, Villas-Boas viu potencial para improvisar Hulk no papel de falso nove quando fosse necessário. Aconteceu pouco naquela temporada, mas começou ali.

Um dos testes foi contra o Pinhalnovense pelas quartas de final da Taça de Portugal. O plano ganhou milhas na derrota para o Benfica na partida de ida das semifinais do torneio e decolou na decisão do título contra o Vitória de Guimarães. O Porto goleou por 6 x 2 e faturou o título.

André Villas-Boas escalou Hulk na função de Falcao Garcia, abriu Varela na direita e posicionou o colombiano James Rodríguez aberto na esquerda. Por sinal, o trio de ataque acabou com o jogo. James fez três, Hulk, um, e Varela outro. Rolando completou a exibição de gala.

Curiosamente, naquela temporada, Hulk foi artilheiro do Campeonato Português com 23 gols e eleito o melhor jogador da competição. Ume feito e tanto para quem tinha ao lado no time um centroavante nato como o Falcao Garcia. Outros treinadores experimentaram Hulk de falso nove nos clubes, mas nenhum como André Villas-Boas.

O treinador português reencontrou Hulk no Zenit São Petersburgo. A ideia iniciada lá atrás, no Porto, saiu do baú e virou um dos trunfos para a conquista do Campeonato Russo na temporada 2014/2015. Hulk assumiu o papel de centroavante em duelos importantes como as vitórias sobre o Dínamo de Moscou e o CSKA e no empate com o Spartak Moscou. Só não fez gol contra o Dínamo. Terminou a temporada como artilheiro do campeonato nacional com 15 gols.

Paralelamente, a Seleção Brasileira vivia um drama depois do vexame na Copa de 2014. Dunga herdara a prancheta de Luiz Felipe Scolari e procurava por um centroavante. Antenado no que André Villas-Boas fazia com Hulk no Zenit, experimentou o jogador como falso nove em um amistoso contra a Costa Rica, nos Estados Unidos, em 2015. O gol da vitória foi de… Hulk!

Hulk comentou à época: “Estou há muito tempo na Europa jogando nas quatro posições do ataque, pelas pontas, de 9 ou atrás do 9. Não tenho dificuldade de jogar nessa posição. Joguei algumas vezes assim no Zenit. Espero poder ajudar, independentemente da posição”.

Ajudou no Porto, colaborou no Zenit, foi para sacrifício na Seleção e, agora, é trunfo do Galo atuando justamente como centroavante. Tenho a impressão de que o combinado não saiu caro. Certamente houve uma conversa entre Hulk e Cuca depois do atrito público entre eles. Hulk se garante como falso nove. E Cuca sabe que o atacante aprendeu a ser versátil lá na Europa.

 

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