Luxemburgo Vasco Luxemburgo volta ao Vasco um ano depois de recusar oferta de renovação. Foto: Carlos Gregório Jr/Vasco Luxemburgo volta ao Vasco um ano depois de recusar oferta de renovação. Foto: Carlos Gregório Jr/Vasco

A volta de Luxemburgo ao Vasco e um futebol carioca que não cansa de andar em círculo

Publicado em Esporte

É impressionante a capacidade do futebol carioca de andar em círculo. A contratação de Vanderlei Luxemburgo pelo Vasco é mais um exemplo disso. Os grandes clubes do Rio estão quase sempre presos a algum treinador bem ou mal sucedido em um passado recente ou distante. A expectativa, sempre, é de que a boa história se repita.

Curioso ver vascaínos celebrando o retorno de Luxemburgo como se a passagem anterior do professor pelo cargo tivesse sido histórica. Longe disso. Luxa terminou o trabalho anterior com 15 vitórias, 12 empates e 10 derrotas em 37 jogos. Aproveitamento de 51,3%. Para você ter uma ideia, a melhor performance de um treinador do Vasco na década é 64,39% registrado por Ricardo Gomes em 2011. O desempenho de Luxemburgo não está sequer entre os cinco melhores. Vágner Mancini, Cristóvão Borges, Adilson Batista e Jorginho estão na frente dele.

A volta de Luxemburgo é a velha mania do Vasco de olhar para trás. Antes, o clube havia tentado Zé Ricardo. No início do ano, Luxmeburgo deixou o Vasco alegando que não havia chegado a um acordo financeiro e filosófico para a temporada 2020. Alegou que isso fazia parte do jogo e disse vida que segue. Seguiu, sim, no Palmeiras, um clube com dinheiro, elenco, estrutura e gana por títulos. Um ano depois, o gigante Vasco se apequena e reabre as portas a quem desdenhou da humilde tentativa de mantê-lo em São Januário apresentada no inicio do ano. O presidente à época era o mesmo, ou seja, Alexandre Campello.

O Vasco é só mais um clube escravo do que um técnico fez de bom pelo clube um tempo desses… Luxemburgo manteve o Vasco na Série A. Fez um jogo que deu orgulho ao torcedor cruzmaltino naquele 4 x 4 com o Flamengo. Essa gratidão e até mesmo apego não é exclusividade do Vasco. É mania dos quatro grandes do Rio de Janeiro.

O Botafogo, por exemplo, começou o ano apostando que o passado de Paulo Autuori na conquista do título brasileiro de 1995 faria bem, 15 anos depois, ao presente do Glorioso. O time alvinegro teve três treinadores depois da saída de Autuori: Bruno Lazaroni, Emiliano Díaz e Eduardo Barroca. Por sinal, a diretoria recontratou Barroca um ano depois de tê-lo demitido.

Uma das apostas do Vasco nesta temporada foi Antônio Lopes. O técnico campeão do Brasileirão de 1997 e da Libertadores de 1998 pelo clube assumiu o cargo de diretor técnico na chegada do treinador Ramon Menezes ao clube. Bastou Ramon Menezes perder o emprego para o Delegado e o filho Júnior Lopes caírem juntos por atacado com a comissão técnica.

O Fluminense volta e meia está recorrendo a Abel Braga. Há um apego excessivo ao belo trabalho do mentor do título brasileiro de 2012 como se, a cada chegada do treinador, tudo se resolvesse com uma varinha de condão. Não se assuste se Abel for o treinador escolhido para assumir o time tricolor depois do encerramento do trabalho dele no Internacional.

A torcida do Flamengo acompanhou o trabalho de Doménec Torrent e segue Rogério Ceni monitorando o desempenho de Jorge Jesus no Benfica. Há um sentimento quase unânime entre os torcedores de que o clube não pode desperdiçar a mínima oportunidade de recontratar o técnico campeão do Brasileirão, Libertadores, Supercopa do Brasil, Recopa Sul-Americana e Carioca. Agem como se a solução para todos os problemas estivesse no nome de Jesus. O lusitano fez sucesso na primeira passagem pelo Benfica. Agora, passa dificuldade.

 

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