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Coluna Brasília/DF, publicada em 21 de fevereiro de 2025, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito
Quanto mais perto da conversa entre os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, para resolver a questão das emendas, mais tenso fica o ambiente. Deputados começam a dizer, em conversas reservadas, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva precisa convencer Dino e liberar as emendas. Afinal, a conversa até o fim de 2024 era de que, aprovada a legislação que deu mais transparência às propostas dos parlamentares ao Orçamento, estaria tudo resolvido. Para os deputados, aliás, já está. E Dino, até por ter sido nomeado pelo presidente para o cargo que ocupa — e não ter sido colocado no STF por concurso público —, deveria aceitar o que foi acertado entre o Parlamento e o Executivo.
E vai ficar pior
Dino, porém, tem agora uma função na qual não obedece a ordens de outros Poderes. Esta semana, por exemplo, pediu ao governo que explique emendas Pix para o programa emergencial do setor de eventos — Perse. A amigos, tem dito que segue a Constituição, que determina o bom uso do dinheiro público. Ele tem sido tão incisivo nas posições que os parlamentares passam esses dias, antes da reunião de 27 de fevereiro, certos de que haverá, antes do carnaval, nova operação da Polícia Federal sobre emendas. Esse tema, avaliam alguns, tem muito mais potencial para estragos do que a denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro ou a anistia aos golpistas do 8 de Janeiro de 2023.
Tá explicada…
O Ministério da Saúde se firma como uma das pastas que mais despertam interesse de prefeitos e gestores municipais na Esplanada. Durante os três dias de Encontro dos Novos Prefeitos e Prefeitas, em Brasília, a pasta realizou 3.260 atendimentos a parlamentares, prefeitos e secretários, por meio da Assessoria Especial de Assuntos Parlamentares e Federativos. Desse total, cerca de 500 foram atendidos pela própria ministra Nísia Trindade, que chegou a receber, em um único dia, 100 gestores municipais, acompanhados de parlamentares em seu gabinete.
…a fritura
Quanto mais um ministério atende a prefeitos, mais chama a atenção dos políticos. Daí a possível transferência do ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, para a Saúde. Essa mudança é vista mais como um prêmio por ele ter sido um fiel escudeiro de Lula e aguentado firme os desgastes com os partidos nesses dois anos de governo.
Larguem o retrovisor
Empresários que circularam em eventos na cidade, esta semana, eram unânimes em afirmar que não suportam mais essa briga entre bolsonaristas e petistas. Se depender deles, 2026 será o momento de desprezar os dois polos. Para isso, acreditam que precisam encontrar um candidato equilibrado e que… tenha votos.
Olhem para frente
Outra crítica ferrenha do setor produtivo é sobre o que chamam de “sanha” sobre o 8 de Janeiro de 2023 e contra Bolsonaro. Os empresários acreditam que não há risco para a democracia e que está se perdendo tempo e energia, que deveriam ser canalizados para segurar a inflação e os juros. Dizem que o povo é “pragmático” e deixou esse episódio de lado.
Surpresa zero
Os políticos já sabiam que haveria uma denúncia contra Bolsonaro. O que eles ainda têm dúvida é sobre a capacidade de o ex-presidente inflamar as ruas. Tem muita gente que se sentiu abandonada por ele, logo depois da eleição. Naquele período, Bolsonaro se fechou no Alvorada e, praticamente, só saiu para voar aos Estados Unidos, antes de deixar o cargo.
CURTIDAS
A hora do MDB/ Os deputados Aécio Neves, Paulo Abi-Ackel e Beto Richa tiveram encontro com a cúpula do MDB, no escritório do ex-presidente Michel Temer, em São Paulo. O MDB foi representado pelo presidente Baleia Rossi e pelo ex-ministro Vinícius Lummertz. Saíram animados pela busca de uma construção rumo ao futuro, inclusive de candidatura alternativa para a Presidência da República, em 2026.
Foi amor de verão/ Esse diálogo com o MDB ocorre depois de encerradas as conversas entre o PSDB e o PSD para uma possível fusão. A avaliação dos tucanos é de que Gilberto Kassab não abrirá mão da governança partidária e da escolha do futuro. Portanto, os tucanos estão fora. Preferem algo em que tenham mais voz ativa. Além do MDB, conversam com o Podemos.
Vídeos e emoção/ Ao liberar os vídeos da delação de Mauro Cid, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, agiu para colocar mais veracidade no que foi dito pelo ex-ajudante de Ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, considerado um dos que mais pagou pela tentativa de golpe relatada no pedido de denúncia da PGR contra 34 pessoas.
Só ele tem a força/ A dificuldade de a deputada Delegada Catarina (PSD-SE) segurar a briga, no plenário da Câmara, é normal, segundo alguns parlamentares. É que, no início da legislatura, só o presidente da Casa consegue controlar o plenário. E se não for firme na largada, perde a mão logo adiante.
Por Denise Rothenburg — Entusiasta do semipresidencialismo, o ex-presidente Michel Temer considera que há um ambiente positivo para a discussão da proposta no Parlamento, com o fim da reeleição. “Todo presidente que chega ao poder já está de olho na reeleição e não quer mexer em temas polêmicos. Eu, que não pensava nisso, fiz a reforma trabalhista e levei adiante a reforma da previdência”, afirmou à coluna e a um grupo de jornalistas durante conversa em Dubai.
As declarações de Temer combinam em gênero e grau com o que passa pela cabeça de parte do Centrão: levar adiante uma proposta que institucionalize o semipresidencialismo que o país vive hoje na prática e que sempre foi defendido pelo emedebista. Temer vai além: diz que seria “útil acabar com a reeleição” e implantar um mandato presidencial de cinco ou seis anos. Ocorre que, para levar isso adiante, será preciso ter um Centrão em paz com o bolsonarismo, uma vez que o semipresidencialismo não faz parte dos planos do PT.
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A vida é dura…
… E feita de escolhas. Com a queda de avaliação do presidente Lula em duas pesquisas, Genial Quaest e Atlas Intel, o governo não tem mais dúvidas de que, daqui para frente, o PT terá que definir suas batalhas por segmento. Não dá para brigar com muita gente ao mesmo tempo.
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Quanto mais, melhor
Perguntado sobre a situação da corrida para a prefeitura de São Paulo, o ex-presidente Michel Temer defendeu que Ricardo Nunes abrace todos os votos que puder, inclusive o bolsonarismo. “Ricardo Nunes não pode recusar votos. Quanto mais puder somar as várias correntes para se opor às outras duas, mais útil será para ele”, disse o ex-presidente.
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Curtidas
Pule esta fase/ Integrante da comitiva do Lide ao Oriente Médio, o presidente do Conselho do Hospital Albert Einstein em São Paulo, Claudio Lottenberg, deixou para se juntar ao grupo apenas em Dubai, nos Emirados Árabes. Não é hora de judeus visitarem países muçulmanos.
Todo cuidado é pouco/ Em São Paulo, muitos integrantes da comunidade judaica contrataram seguranças para acompanharem seus familiares. Os brasileiros desse segmento nunca se sentiram tão inseguros.
Eleição versus realidade/ Assim como Javier Milei na Argentina, o candidato da direita em Portugal tem dito ao longo da campanha que Lula não entrará no país. No governo, porém, segue a máxima: uma coisa é discurso de campanha. Outra é o dia a dia de quem governa.
Imortal/ Na véspera do Dia Internacional da Mulher, uma boa notícia: a historiadora Lilia Schwarcz (foto) foi eleita imortal pela Academia Brasileira de Letras. Vai ocupar a cadeira de nº 9, antes reservada para o o historiador e diplomata Alberto da Costa e Silva.
Mulher com orgulho / Autora renomada sobre o Brasil Colônia e outros temas, a nova imortal tem como missão montar a iconografia de Machado de Assis, patrono da ABL, e se debruçar sobre o arquivo da instituição centenária. “Quero entrar para agregar”, disse a nova integrante. Viva a mulher brasileira!
Em suas redes sociais, Michel Temer segue com uma espécie de pré-campanha presidencial. Em seu Instagram, por exemplo, a imagem de destaque, neste fim de semana, era uma foto dele, as cores da bandeira do Brasil e as palavras “pacificação, articulação, conhecimento, união e diálogo”.
Veja bem
A avaliação de emedebistas que estão diariamente com o ex-presidente é de que ele teria tudo para atrair um grande time de políticos. Só tem um probleminha aí: o MDB não se uniria nem a Temer.
Por Denise Rothenburg, notas publicadas na coluna Brasília/DF de 24 de julho de 2022.
É bom a senadora Simone Tebet, pré-candidata a presidente da República, começar a fazer as contas para ver que parcerias conseguirá manter ao seu lado país afora numa campanha presidencial. No Distrito Federal, por exemplo, seu partido, o MDB acaba de se apresentar publicamente ao lado do PL de Jair Bolsonaro, com direito a bênçãos do ex-presidente Michel Temer.
Quanto à terceira via, Temer disse que ainda há sete meses até a eleição e não vê empecilhos por causa da aliança no DF. Internamente, no MDB, porém, já tem muita gente dizendo que, para sobreviver, o partido terá que dividir alguns de seus candidatos a governador com Bolsonaro e outros presidenciáveis.
CURTIDAS
A compensação do Republicanos/ O ingresso do vice-presidente Hamilton Mourão ao Republicanos hoje amenizou um pouco a ciumeira na base, mas não resolveu. É que Mourão concorrerá ao Senado pelo Rio Grande do Sul, e isso não se traduz automaticamente em votos para os deputados federais da sigla, eleição que conta para fundo partidário e tempo de tevê.
Trabalho dobrado/ O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), está “obrigando” vários deputados a fazerem duas campanhas: uma para a reeleição e outra para de ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), na vaga decorrente da aposentadoria da ministra Ana Arraes, em julho.
Elas por ela/ A bancada feminina já fechou todos os votos das deputadas no exercício do mandato (são 76 hoje) para a deputada Soraya Santos (PL-RJ), na foto, a única mulher que concorrerá à vaga do TCU. A ministra Ana Arraes é hoje única mulher no colegiado e a campanha das parlamentares será no sentido de que, nada mais justo, ela seja substituída por outra pessoa do sexo feminino.
Quem manda/ Antes mesmo de chegar ao PL, a deputada Bia Kicis (DF) já foi avisada sobre as regras internas da legenda. No Distrito Federal, quem fala sobre candidaturas ao governo e ao Senado pelo partido é a presidente da sigla no DF e ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda. Aliás, nesse tema, não são raras as vezes em que Flávia é bem direta a quem resolve falar sobre as candidaturas majoritárias: “Aqui, quem decide sou eu. Eu concedo a legenda e também posso tirar”.
Setor do agronegócio falou alto na decisão de Bolsonaro de recuar nos ataques ao STF
A grita do agronegócio diante da paralisação dos caminhoneiros foi fundamental para levar o presidente Jair Bolsonaro ao recuo, depois do discurso radical nas manifestações de Sete de Setembro. Com a alta da inflação, queda do dólar, Florianópolis sem combustível, representantes do agro, que dependem das estradas para escoar a produção, fizeram chegar ao Planalto que era preciso pacificar o país e lembraram ao presidente que não mobilizaram seu pessoal às manifestações para instalar o caos no país.
Bolsonaro, então, recorreu a Michel Temer, que redigiu o esboço do documento divulgado pelo Palácio do Planalto. A frase, “é a economia, estúpido”, forjada pelo estrategista de Bill Clinton em 1992, foi devidamente aplicada pelo presidente brasileiro.
Uma das mãos…
Depois da nota divulgada pelo Planalto, em que o presidente Jair Bolsonaro atribui os excessos do discurso de Sete de Setembro ao “calor do momento”, foi o gesto do Poder Executivo que, agora, precisará ter reflexos nos demais Poderes.
… Lava a outra
Do Senado, o governo espera, agora, que seja marcada a sabatina de André Mendonça na Comissão de Constituição e Justiça. O governo espera há mais de um mês que os senadores deliberem sobre a indicação de Mendonça para ministro do Supremo Tribunal Federal.
Perdas & danos
A aposta de aliados do presidente é a de que parte de seu eleitorado ficou decepcionada com a nota presidencial tratando declarações de Sete de Setembro como fruto do “calor do momento”. Porém, estrategicamente, Bolsonaro ganha terreno na seara da política. E o eleitorado? Recupera-se mais à frente, se a economia se recuperar. Isso porque mais radical que Bolsonaro à direita para 2022 ainda não apareceu.
Tem limite
O governo espera, ainda, que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, não devolva a medida provisória que modifica o marco legal da internet. O presidente do Senado avisou que sua decisão sairá na semana que vem.
Se prender, lascou
Da parte do Judiciário, o governo espera o fim das prisões arbitrárias, como considera terem sido as de Daniel Silveira e Roberto Jefferson.
Trio medicinal
Michel Temer, Ciro Nogueira e Fábio Faria patrocinam para breve um encontro entre o presidente Jair Bolsonaro e o ministro Alexandre de Moraes. Com público, fica difícil cada um passar uma versão diferente da conversa. Não por acaso, o trio já recebe internamente o apelido de Lexotan, Rivotril e Frontal.
Impressão de Maia/ Perguntado se o governo Bolsonaro tinha acabado, o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia respondeu assim: “Nem começou”.
Semblante preocupado/ Na live desta semana, o presidente Jair Bolsonaro era o retrato de quem passou a noite em claro, atônito com a paralisação dos caminhoneiros.
Nem de brincadeira/ Em sua live, o presidente Jair Bolsonaro perguntou a todos os colaboradores presentes, quanto cada um engordou no período de pandemia. Ao olhar para ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, foi direto: “Mulher…vou pular”. Perguntar a uma mulher se ela engordou, realmente, não é fino.
Por falar em Flávia… / Flávia e Ciro Nogueira, da Casa Civil, acompanharam in loco a live presidencial. Dizem os amigos de ambos que era para ver se Bolsonaro manteria o “Jairzinho paz e amor”, depois da nota presidencial com promessas de fidelidade à Constituição. São, ao lado de Fábio Faria (Comunicações), os bombeiros do Planalto.
Caiu na rede/ Bombou no WhatsApp o vídeo da passagem da faixa presidencial de trás para frente. Uma das qualidades do brasileiro é o bom humor.
Pensando bem…/ A chegada de Michel Temer ao centro nervoso da política foi vista por alguns como a troca do amortecedor por um mais potente.
Bolsonaro se aproxima de Temer para aprender receita de como enterrar os pedidos de impeachment
Coluna Brasília-DF
O gesto de Bolsonaro em chamar Temer para chefiar missão humanitária ao Líbano tem um único objetivo: aproximar ambos a ponto de Michel revelar a Bolsonaro a receita para enterrar os pedidos de impeachment e salvar os seus.
…e votos
Entre os aliados do presidente, ninguém se esquece de que Temer conseguiu manter uma base congressual, mesmo diante de uma saraivada de problemas. A mira dos bolsonaristas, agora, é segurar todos os votos possíveis dentro do Parlamento.
Desconfiados
Os integrantes do PP de Arthur Lira estão para lá de desconfiados com essa história de Michel Temer chefiar a missão humanitária do Brasil ao Líbano. É que o atual presidente do MDB e líder do partido na Câmara, Baleia Rossi (SP), pré-candidato a presidente da Casa, é ligado a Temer. Logo, mais próximo de Bolsonaro, o ex-presidente pode perfeitamente ajudar a puxar a sardinha para o seu correligionário.