Caso das quentinhas acirra disputa na Esplanada e pressiona o ministro Wellington Dias

Publicado em coluna Brasília-DF, GOVERNO LULA
Kleber Sales/CB/D.A.Press9

Coluna Brasília/DF, publicada em 9 de fevereiro de 2025, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito

A divulgação do escândalo da “ONG das Quentinhas” caiu como uma luva no desejo dos partidos de centro, de pressionar o governo para que substitua o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias (PT), e abra mais espaço para os centristas na seara dos projetos sociais governamentais. Não é de hoje que os partidos mais conservadores que apoiam o governo pedem, sem sucesso, espaço nas áreas sociais —  saúde, educação, assistência social — e também na articulação política palaciana. Na quarta-feira, o Jornal O Globo trouxe à luz a história de uma ONG ligada a petistas que tem um contrato de R$ 5,6 milhões para entrega de quentinhas e não presta devidamente o serviço à população. O ministério já suspendeu o contrato, mas a confusão está armada.

Na oposição, a ideia é buscar uma CPI que possa investigar os contratos do governo com ONGs, numa nova apuração sobre as organizações não governamentais. Desta vez, com o foco naquelas que prestam serviços sob o guarda-chuva do Ministério do Desenvolvimento Social, pasta ocupada pelo PT. É mais um ponto de desgaste, neste momento em que o Poder Executivo se vê pressionado pela troca na articulação no Planalto, pelo aumento dos preços nos supermercados e com uma popularidade que, para os padrões de governos Lula, deixa a desejar.

Dino em voo solo

O escândalo envolvendo recursos repassados à ONG ligada a petistas já fez circular entre os deputados do centro a certeza de que o ministro do Supremo Tribunal Federal Flávio Dino trabalha de forma independente do governo. Embora não haja qualquer resquício de que o caso da “ONG das Quentinhas” tenha saído das investigações da PF solicitadas por Dino, os políticos já fizeram essa leitura nos bastidores.

A certeza da oposição

As redes sociais dos oposicionistas foram inundadas com a fala do presidente da Câmara, Hugo Motta, à rádio Arapuan FM, da Paraíba, sobre o quebra-quebra de 8 de janeiro de 2023. A forma como o presidente da Câmara se posicionou, criticando penas exageradas, foi vista como um indicativo de que, se o tema for a votos na Câmara, a tendência hoje é de aprovação da anistia.

Equilibra aí

Os petistas já sabiam que Hugo Motta não seria um aliado 24 horas, mas, ainda assim, não imaginavam que ele, logo na primeira semana, entraria no debate da anistia, com tendência de simpatia à proposta. Para muitos, foi um sinal de que, ao contrário do que o governo espera, não será um ano tranquilo na Câmara. A esperança agora é que Motta, ainda que seja mais oposicionista nesse tema, ajude nas medidas econômicas.

Tem que dosar

A tendência de aprovação, porém, não é para uma anistia ampla, nos moldes do que o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados mais fiéis desejam. A inclinação dos partidos de centro será no sentido de anistiar quem não participou diretamente dos atos de vandalismo.

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Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press

Muda aí/ O Progressistas aposta no presidente da Câmara, Hugo Motta, para tentar reverter a posição da bancada do Republicanos contrária à federação com o PP e o União Brasil. Há quem diga que a amizade que une o presidente do PP, Ciro Nogueira, e o presidente Hugo ajudará nessa missão.

Por falar em acordos partidários…/ O PSDB começou a recolher os flaps nos planos de voo de fusão com o PSD. Até o carnaval, será difícil tomar uma decisão.

Você, pra mim, é problema seu/ Se o partido não conseguir fechar a fusão, os governadores vão cuidar da própria vida e deixar a legenda. Em Pernambuco, por exemplo, Raquel Lyra já está com um pé no PSD, de Gilberto Kassab.

Antenadíssima/ A jornalista Kátia Cubel, CEO da Engenho Comunicação, lança nesta segunda-feira a revista Antenados. A primeira edição está dedicada a mulheres que fazem a diferença na capital do país.

A vacina de Hugo Motta

Publicado em coluna Brasília-DF
Crédito: Caio Gomez

Blog da Denise publicado em 7 de fevereiro de 2025, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito

Ao publicar em suas redes sociais que “aumentar impostos é empobrecer o país”, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), deixa translúcido o que os parlamentares pensam a respeito de propostas que representem aumento de impostos. Os congressistas e o setor produtivo estão preocupados porque, até aqui, o governo disse que irá compensar a isenção para quem recebe até R$ 5 mil mensais, mas não detalhou o que será feito para garantir essa compensação. Há quem diga que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não poderá dispensar uma oportunidade sequer de explicar o que vem por aí, a fim de deixar claro, desde já, que não haverá aumento de carga tributária, nem de impostos.

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Em entrevista à Globo News, por exemplo, Haddad foi direto ao dizer à colunista Miriam Leitão que serão levadas em consideração situações de companhias que não estão pagando impostos, mas estão distribuindo dividendos. Alguns políticos ficaram de orelha em pé. Por isso, antes mesmo que o governo venha com ampliação de impostos, o presidente da Câmara menciona o empobrecimento do país. Nas conversas dos deputados, há um sentimento de que não dá para taxar quem gera e segura empregos dentro do Brasil.

Lula que se cuide

Sem maioria no Congresso, o governo Lula terá que passar por uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC), que institui o semipresidencialismo. O texto apresentado pelos deputados Lafayette de Andrada (Republicanos-MG) e Luís Carlos Hauly (Podemos-PR), esta semana, é lido nos bastidores da mesma forma que, no passado, os políticos receberam a emenda do então deputado Mendonça Filho, que permitiu a reeleição de Fernando Henrique Cardoso, em 1998. A onda, à época, era “se for a voto, passa”.

Quem manda

A proposta dos dois deputados mantém o presidente eleito como chefe de Estado e comandante supremo das Forças Armadas. Entre as atribuições do presidente, está a nomeação do primeiro-ministro, “após consulta aos partidos”. O premiê deve apresentar programa de governo ao presidente e à Câmara. Primeiroministro e Conselho de Ministros dependem da confiança da Câmara.

Vale lembrar

Antes de deixar a presidência da Casa, Arthur Lira (PP-AL) teve planos de votar o semipresidencialismo. Não houve consenso nem tempo para os partidos de centro avaliarem o tema.

Nada é por acaso

Lula tinha um leque de opções para sua primeira viagem, depois da liberação pelos médicos. Escolheu o Rio de Janeiro porque muitos aliados consideram que é um dos estados que a direita tem mais força junto ao eleitorado. Em 2022, Jair Bolsonaro obteve 56,53% dos votos válidos no segundo turno. Lula ficou com 43,47%. O ex-presidente venceu em 72 municípios e Lula, em 20.

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Crédito: Rosinei Coutinho/STF

Assim que se faz I/ A bancada feminina está dando um show no Legislativo. O maior exemplo é a procuradora da Mulher, deputada Soraya Santos (PL-RJ, foto), ir ao Supremo Tribunal Federal (STF) defender uma ação de inconstitucionalidade arguida pelo PSol. Soraya fez uma sustentação oral em defesa da ação, que busca Justiça para as Mães de Haia, mulheres que vêm para o Brasil em busca de proteção, muitas vezes, para fugir da violência doméstica em algum país estrangeiro — e acabam acusadas de sequestrar os filhos.

Assim que se faz II/ “A violência contra a mulher, o câncer e as mazelas do país, não têm partido. É isso que a bancada feminina tenta mostrar e muitos não entendem”, diz Soraya. Aliás, na Procuradoria da Mulher, Soraya e Benedita da Silva, do PT e ambas do Rio de Janeiro, são o maior exemplo de harmonia e boa convivência, quando o assunto é defesa da mulher. Raridade na política de hoje.

Me inclua fora dessa/ O deputado Marcel Van Hatten (Novo-RS) pediu voto a todos os deputados da direita. Quando chegou na deputada Bia Kicis (PL-DF), ela foi direta: “Meu compromisso é com o partido e com o presidente Jair Bolsonaro. Por isso, meu voto é Hugo Motta”, disse.

Por falar em Bolsonaro…/ As vaias ao ex-presidente, no Mané Garrincha, durante o jogo Vasco 1 x 2 Fluminense, foram consideradas, nos partidos de centro, a prova de que nem tudo será flores para os extremos da política em 2026. Os aliados dele, porém, consideraram “normal” — devia ser um grupo petista. Outros disseram que, em estádio de futebol, tudo se vaia.

E José Mucio vai ficando

Publicado em coluna Brasília-DF
Crédito: Caio Gomez

Blog da Denise publicado em 4 de fevereiro de 2025, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito

A última conversa entre o presidente Lula e o ministro de Defesa, José Mucio Monteiro, terminou com a permanência do ex-deputado pernambucano no cargo. A seara militar é delicada. José Mucio dispõe do talento, da capacidade de ouvir e de construir consensos de que a função precisa. Por mais que alguns queiram fazer intrigas entre ele e os petistas, Mucio fica e não sai tão cedo. Resolvida a área da Defesa, o presidente vai se dedicar a ver como ficará a política no Palácio do Planalto.

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O presidente considera que os resultados no Congresso foram satisfatórios nesses dois anos de Alexandre Padilha no cargo de ministro de Relações Institucionais, embora tenha havido atritos com o então presidente da Câmara, Arthur Lira. Agora, ainda que a relação com Hugo Motta seja melhor, é preciso colocar ali um ministro com novo fôlego, rumo a 2026. Pelo menos, essa é a tendência do presidente Lula. A discussão da reforma ministerial seguirá paralelamente às emendas, que estão num impasse que precisa ser resolvido antes do carnaval. O Orçamento de 2025, que ainda não foi votado, só deve ser apreciado em março. Sinal de que os ministros confirmados, no caso de José Mucio, têm tempo para tentar segurar mais emendas para seus ministérios.

A nova onda das MPs

O primeiro grande teste da boa relação entre o novo presidente da Câmara, Hugo Motta, e o do Senado, Davi Alcolumbre, está posto: é levar deputados e senadores de volta às comissões mistas das medidas provisórias, algo que não ocorreu na gestão anterior. Para este início de ano, há 32 em tramitação, sendo 25 paradas na coordenação das comissões mistas.

Enquanto isso, no STF…

A depender do ânimo dos ministros do Supremo Tribunal Federal, é lá que haverá a última palavra sobre a anistia aos envolvidos no 8 de Janeiro. É que qualquer projeto que seja aprovado pode ter a constitucionalidade questionada na Suprema Corte.

Um gesto dúbio

O ex-presidente Jair Bolsonaro chegou de surpresa a uma reunião do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, com prefeitos de municípios afetados pelas chuvas. Um grupo avaliou que Bolsonaro foi dar respaldo ao seu ex-ministro de Infraestrutura. Já para outra ala, menos afeita ao bolsonarismo, o ex-presidente foi até lá para deixar claro quem é detentor dos votos que elegeram Tarcísio governador.

O que ele quer

O ex-presidente Jair Bolsonaro quer ver Tarcísio candidato à reeleição em São Paulo. Os mais fiéis escudeiros do bolsonarismo garantem que o ex-chefe do Executivo está convencido da necessidade de ter “Bolsonaro 22” na urna e na campanha de 2026. E os aliados dele dizem que Bolsonaro tem mencionado que o nome para isso, a preços de hoje, é o do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

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Crédito: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

Quaest e Lula/ Ainda que a pesquisa Quaest desta semana aponte o presidente Lula liderando todos os cenários da disputa de 2026, a alta rejeição preocupa, e muito. A avaliação é de que ninguém com 49% de rejeição conseguirá vencer. É parte desse público que o governo precisa conquistar este ano.

Quaest e a oposição/Jair Bolsonaro aparece com 53% de rejeição, e o cantor Gusttavo Lima, com 50%. A preços de hoje, a vida dos governadores pré-candidatos ao Planalto está muito melhor. Tarcísio de Freitas, de São Paulo, e Ratinho Júnior, do Paraná, têm 32% de rejeição. Romeu Zema, 23%, e Ronaldo Caiado, 21%.

Assim não dá…/ Defensor do fim da polarização política, o líder do PP, Doutor Luizinho (foto, RJ), saiu do plenário com a certeza de que o início foi preocupante. “Não dá para começar com essa guerra de bonés.”

… mas vai rolar/ O embate dos bonés, aliás, foi visto como saudável pelos parlamentares que defendem que a violência deve acabar. “Se eles querem usar boné, nós também usaremos. Faz parte. Quem vai ganhar com isso são as fábricas de bonés”, brincou o senador Jaques Wagner (PT-BA), que exibia um boné amarelo, com a inscrição “O Brasil é dos brasileiros”.

O “fico” de José Mucio

Publicado em GOVERNO LULA
Minervino Júnior/CB/D.A.Press

 

A última conversa entre o presidente Lula e o ministro de Defesa, José Mucio Monteiro, terminou com a permanência do ex-deputado pernambucano no cargo. A seara militar ainda é considerada delicada. E, na avaliação de Lula e de quase toda a Esplanada, José Mucio dispõe do talento, da capacidade de ouvir e de construir os consensos que a função precisa. Por mais que alguns queiram fazer intrigas entre o ministro e os petistas, Mucio fica e não sai tão cedo.

 

 

 

 

Os recados de Lula no dia da  posse de Trump

Publicado em GOVERNO LULA

Ao abrir a reunião ministerial, o presidente Lula deu as indicações de que estará voltado mais ao mercado interno do que à agenda internacional. O momento é de dar visibilidade ao governo, por isso , inclusive, a inclusão do novo ministro da Comunicação Social, Sidônio Palmeira, entre os primeiros a falar no encontro que ocorre neste momento na Granja do Torto. Ao que tudo indica e pelas conversas que este blog teve antes desta reunião, da mesma forma que Trump já deu todos os sinais de que terá uma relação pragmática como Brasil, Lula seguirá por esse caminho. Afinal, ambos têm outros problemas a resolver neste momento.

No caso de Lula, o que mais preocupa neste momento, como ele bem deixou claro em seu discurso, é a inflação de alimentos. Sem resolver esse problema, ele sabe que não tem 2026.  Por isso, citou que o momento ;e de “reconstrução, união e comida barata na mesa do trabalhador”. Tudo estará voltado para este ponto, dentro do governo, em termos econômicos. E para isso, lembrou o presidente, é preciso estar atento ao que a população anseia nesses anos 2020., muito diferente dos 1980. Há uma parcela expressiva que não deseja mais a carteira de trabalho assinada numa fábrica e sim o empreendedorismo, Quanto à política, os ministros indicados pelos partidos foram chamados a conversar com suas respectivas legendas para saber “se querem continuar trabalhando conosco ou não. é uma grande tarefa”, afirmou o presidente.

Ficou muito claro ainda que a questão relacionada à portaria da Receita Federal, que causou muita polêmica neste mês de janeiro e terminou revogada, não pode se repetir. Por isso, tudo agora terá que passar pela Casa Civil. A centralização das decisões, conforme avaliaram técnicos, políticos e a turma da comunicação de Lula, é necessária para evitar maiores tropeços no futuro. Afinal, se houver uma confusão por mês, o governo passará 2025 na defensiva. E, conforme Lula afirmou, este é o ano “da grande colheita”, de terminar os projetos e entregar serviços ao povo brasileiro. Lula não disse, mas sabe que, se falhar, a oposição mais radical voltará ao poder. E ele quer “eleger um governo para continuar o processo democrático, privilegiando educação e não os algorítimos”.  Quanto à agenda internacional, Lula está mais voltado à reunião dos BRICs, em julho, e à COP30, em Belém. Momentos de dar pitaco na geopolítica , mostrar o país aos estrangeiros e atrair investimentos. Vamos aguardar o final deste encontro na Granja do Torto, que, a contar pelo desejo de exposição dos ministros, vai longe.

 

Sidônio Palmeira assume para mapear governo

Publicado em GOVERNO LULA

O presidente Lula começou a sua reforma ministerial pela comunicação do governo e não foi à toa. A partir de agora, ele entrega nas mãos de Sidônio Palmeira, seu marqueteiro, a responsabilidade de mapear, em cada Ministério, o que tem de bom para mostrar. Sob a ótica da comunicação direta com o eleitor. O quase ex-ministro, Paulo Pimenta, por ser do PT, não tinha equidistância partidária para essa função. E esse mapeamento, avisam alguns, será fundamental para dar ao presidente a certeza do que está funcionando a contento sob os olhos do marketing, e o que precisa ser trocado antes mesmo daquela conversa com os partidos para bater o martelo sobre as mudanças em outras pastas.

Quanto ao deputado gaúcho, Paulo Pimenta, que sempre esteve ao lado de Lula, o momento agora é de tirar umas férias, até que o presidente consiga mover novas peças,  a fim de encaixá-lo novamente na equipe. Pimenta não será abandonado, nem tampouco largado. Afinal, a preços de hoje, é o nome do partido para um cargo majoritário no Rio Grande do Sul, seja o governo estadual, seja uma das vagas ao Senado. E, em solo gaúcho, Lula precisará de alguém que promova o bom combate na hora de concorrer à reeleição. E não pode se dar ao luxo de dispensar ninguém, ainda mais num estado conservador. Vejamos os próximos passos.

Flávio Dino entra no jogo de 2026

Publicado em Política

 

 

Embora esteja deslocado para o Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Flávio Dino é citado nos bastidores do Parlamento como um nome potencial para 2026, caso Lula não consiga ser candidato. Fora do PT, mas na base de centro-esquerda que apoia o presidente da República, muitos dizem que, se os petistas quiserem vencer daqui a menos de dois anos, terão que apresentar alguém capaz de gerar expectativas positivas na população. E a forma como o ministro relator das ações relacionadas às emendas tenta dar uma basta na farra com o dinheiro público, exigindo e cobrando transparência na aplicação dos recursos, tem gerado simpatias.

Até aqui, o governo federal demonstrou uma certa impotência ao lidar com a questão das emendas. Para aprovar o pacote fiscal, precisou irrigar o roçado do Congresso com farta liberação de recursos durante as votações. Um ofício assinado por líderes fez o papel de comissões técnicas para chancelar os pedidos de verbas. Dino, com base em ações levadas ao STF pelos próprios congressistas, fechou a porta a esse toma-lá-dá-cá. Nem tudo foi retido, mas os R$ 4,2 bilhões em emendas de comissão, conforme o leitor da coluna  Brasília-DF já sabe, tendem ao cancelamento da despesa. A firmeza do relator, baseada nos princípios constitucionais de transparência na aplicação dos recursos públicos, é vista como o gesto político mais forte de 2024 rumo à posse de prefeitos eleitos este ano. E o conjunto de decisões de Dino, avaliam alguns, é o que vai separar gestores e parlamentares relacionados a malfeitos daqueles que utilizam as verbas das emendas de forma correta e transparente.

Obviamente, o PT tem outras opções que não o ministro do Supremo Tribunal Federal. Nem Dino se sente hoje tão à vontade para retornar à política. Muitos vêem o exemplo de Sérgio Moro, que deixou a magistratura para ingressar na política, chegou a se lançar candidato a presidente da República e hoje é senador pelo Paraná.  Porém, a trajetória de Dino é diferente. Ele já estava na política e foi para o STF porque Lula o escolheu para ocupar a vaga. Se o destino lhe levar a uma candidatura ao Planalto não será um “marinheiro de primeira viagem” na política, como foi o caso de Moro.  Discurso, avisam alguns, o ministro já tem. E, a 22 meses do pleito, já é muita coisa.

 

Inelegível e indiciado, Bolsonaro pressiona o PL para ser candidato a presidente em 2026

Publicado em coluna Brasília-DF

Coluna Brasília/DF, publicada em 24 de novembro de 2024, por Denise Rothenburg

O ex-presidente Jair Bolsonaro comentou com integrantes do PL que vai até o fim numa candidatura presidencial. Ainda que esteja inelegível e indiciado na tentativa de golpe de Estado, continuará percorrendo o país em eventos partidários, independentemente dos inquéritos a que responde. Se for preso, pretende fazer tal e qual Lula, em 2018: lançar um nome que possa representá-lo nessa empreitada. A ideia é manter ocupada a cadeira de pré-candidato do PL e seu eleitorado unido. Assim, se for o caso, na última hora, poderá sacar o nome de Eduardo Bolsonaro para concorrer ao Planalto. O filho 03, pré-candidato ao Senado por São Paulo, é o que tem menos arestas para essa disputa e faz política no maior colégio eleitoral do país. É também o que tem mais ligações com o futuro governo de Donald Trump, nos Estados Unidos.

Gratidão & lealdade

Com o ex-presidente insistindo em ser candidato, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), volta-se ao projeto da reeleição. Enquanto Bolsonaro não abrir mão dessa candidatura, nem ele e nem outros potenciais concorrentes citados como opções do bolsonarismo arriscam carreira-solo. Está nesse rol a senadora Tereza Cristina (PP-MT). Da mesma forma que Lula tentou sufocar nomes da esquerda em 2022 e juntou todos sob o seu comando, Bolsonaro se manterá candidato para tentar fazer o mesmo com os candidatos que podem surgir no seu campo e tirar um filho do coldre. Esses são os planos A e B e já estão em curso.

Gato escaldado…

Muitos esquerdistas reclamaram da atitude do procurador-geral da República, Paulo Gonet, de deixar a apresentação da denúncia contra Bolsonaro para o ano que vem. Em conversas reservadas, quem o conhece garante que a ideia é evitar o que houve com a Operação Lava-Jato. Muitos acusados e condenados em outras instâncias se livraram por falhas processuais. Não dá para repetir isso.

Diferenças

Os advogados dos réus da Operação Contragolpe têm mais problemas do que os da Lava-Jato. Isso porque, lá atrás, os processos começaram na primeira instância e seguiram até o Supremo Tribunal Federal (STF). Agora, está tudo na Corte. Ou seja, menos chances de recursos.

A guerra será o Senado

Embora o eleitor esteja mais preocupado com o Natal, os políticos estão com a atenção voltada ao período eleitoral de 2026. Tudo o que for feito daqui para frente, estará diretamente relacionado à preparação de terreno, em especial, na disputa para duas vagas ao Senado. Os bolsonaristas já mapearam os potenciais candidatos para tentar garantir maioria e, assim, cavar um impeachment do ministro Alexandre de Moraes. Em alguns estados, Bolsonaro pretende exigir indicação para as duas vagas.

O cálculo deles

Os bolsonaristas não estão sozinhos nessa conta. Em encontros políticos, ministros do STF também discutem esse tema. Lula e governadores aliados, idem. Na política, existe a certeza de que, se o bolsonarismo eleger 27 senadores (um por estado e o DF), terá condições de juntar votos contra o Supremo. Por isso, a ideia de Lula é que seu partido apoie nomes de outras legendas que estejam fortes, de forma a evitar uma avalanche de senadores que podem flertar com processos de impeachment. O problema é que o PT ainda não se convenceu. E pretende concorrer em todos os estados.

Por falar em Lula…

Não é apenas a insistência de Bolsonaro em ser candidato que tira o governador de São Paulo da eleição presidencial. Se Lula estiver forte em 2026, Tarcísio de Freitas se preservará para a temporada seguinte, calculam seus aliados, sem Lula e sem Bolsonaro.

Juros na roda

Nos bastidores da festa de 60 anos do Sinduscon, um dos assuntos mais comentados foi a necessidade de baixar os juros. Mas, a avaliação geral é a de que não dá para baixar sem segurança técnica. O setor da construção civil prefere um pouso suave quando for seguro, do que baixar demais e, depois, ter que subir além do que seria necessário.

Bia e Nikolas

O bolsonarismo considera seriamente lançar a deputada federal Bia Kicis (PL-DF) ao Senado, em vez de apoiar o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB). Isso porque o governador, até aqui, não entrou na defesa do ex-presidente. E Bia está rouca de tanto dizer que Jair Bolsonaro é vítima de Alexandre de Moraes. Em Minas Gerais, Nikolas Ferreira é considerado o nome mais forte.

2025 de embates

O PT deflagrou uma campanha virtual pelo arquivamento do projeto de anistia aos envolvidos no 8 de janeiro. Ainda não recorreu a manifestações de rua. Vai, primeiro, medir o apoio na população conectada. Como o leitor da coluna já sabe, parte do governo não quer saber de convocar manifestações para não atiçar seus opositores e garantir tranquilidade para o processo judicial.

O Novo cresce

Com as eleições deste ano, o partido Novo teve um aumento de 1600% em número de mandatários. Para auxiliar esses prefeitos e vereadores eleitos, o Diretório Nacional fará um “Encontro de lideranças Novo 2024”, para treinamento em gestão e legislação. “Alcançamos um outro patamar. Até hoje, o Novo era um partido de alguns poucos mandatários, agora são quase 300. Esse encontro é essencial para que todos possam se conhecer, trocar experiências e cultivar a nossa cultura institucional”, comenta o presidente da legenda, Eduardo Ribeiro.

A hora do divã para bolsonaristas e petistas

Publicado em Eleições 2024
Crédito: Evaristo Sa/AFP e Reprodução Instagram

Terminado o segundo turno e passado o aniversário de 79 anos do presidente Lula, a esquerda terá que repensar seu jogo se quiser chegar ao Planalto em 2026. O bolsonarismo, porém, também terá que se refazer. Isso porque o centro já percebeu que, se jogar direitinho, pode dispensar os extremos. Neste segundo turno, Fortaleza salvou a imagem do PT, com a vitória de Evandro Leitão. Da mesma forma, Cuiabá (MT) e Aracaju (SE) limparam a barra do bolsonarismo. Porém, em vários locais onde Lula e Bolsonaro jogaram todas as suas fichas, eles perderam. Em São Paulo, por exemplo, Lula faz campanha para Guilherme Boulos (PSol) desde antes das eleições. Não deu. Em Fortaleza, Goiânia, Imperatriz (MA), os candidatos que receberam o apoio de Jair Bolsonaro terminaram derrotados.

Os partidos de centro que vão se enfrentar pela disputa da Presidência da Câmara saem desta eleição municipal fortalecidos e com a certeza de que, se jogarem juntos em 2026, com um candidato capaz de puxar votos, é possível ficar longe, seja de Jair Bolsonaro, seja de Lula.  No fundo, esses partidos sempre foram aliados do PT e do bolsonarismo por uma questão de sobrevivência e não de afinidade ideológica. Agora, restará ao PT e ao PL bolsonarista encontrar meios de dizer ao centro que eles ainda têm força para liderar o processo.  O centro, entretanto, quer provas desse favoritismo de ambos em seus respectivos campos., afinal, outros personagens estão entrando em campo. E muitos chegaram para ficar.

Lula se preserva

Publicado em Lula

Blog da Denise publicada em 25 de outubro de 2024, por Denise Rothenburg 

Muitos aliados do presidente Lula recorrem ao velho ditado popular “há males que vêm pra bem”, ao se referir ao fato de o presidente ficar afastado dos palanques nesta reta final de segundo turno. Nas cidades em que o PT disputa o segundo turno ou tem um candidato apadrinhado por Lula, o risco de derrota é maior do que as chances de vitória apontadas nas pesquisas. E, em São Bernardo do Campo, berço do partido onde o presidente vota, o candidato petista não foi sequer ao segundo turno.

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Em tempo: No caso de Guilherme Boulos, Lula já fez live, carreata, ato de campanha, comício. Agora, na reta final, Boulos, porém, trabalha para atrair pelo menos parte daqueles que votaram em Pablo Marçal. E desfilar ao lado do presidente da República não ajudará a convencer esse público marçalista que Boulos está atento ao que eles desejam. Por isso, a avaliação de muitos é a de que o presidente pode descansar em paz e se preparar para o pós-eleitoral, que exigirá muita saúde e paciência do atual ocupante do Planalto.

Gleisi no ministério

O presidente Lula tem dito a amigos que, quando a deputada Gleisi Hoffmann (PR) deixar a presidência do PT, ela irá direto para o governo. Esses amigos garantem que Lula não deixará sem um lugar de destaque quem mais lutou ao lado dele nos tempos difíceis. O presidente tem dois cargos em vista e ainda não fechou qual: a Secretaria-Geral da Presidência, onde está Márcio Macedo; e o Desenvolvimento Social, ocupado por Wellington Dias.

“Zero Um” culpa a esquerda…

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o filho mais velho do ex-presidente Bolsonaro, culpou a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635, conhecida como “APDF das Favelas”, pela tragédia ocorrida no Complexo de Israel, no Rio. Em 2022, o plenário do Supremo Tribunal Federal respaldou uma decisão liminar do ministro Edson Fachin que determinava a elaboração de um plano para reduzir a letalidade das operações policiais no Rio.

…E leva a ação para o palanque

Flávio Bolsonaro também responsabiliza a esquerda pela violência na Avenida Brasil. “Nefastos efeitos da APDF 635, ajuizada no STF por partido de esquerda e relatada pelo Ministro Edson Fachin. O Rio se tornou um ‘bunker’ de todas as facções criminosas do Brasil e das FARC, pois as decisões do ministro praticamente inviabilizaram o trabalho dos nossos policiais, que estão mais preocupados com o juiz do que com os criminosos armados de fuzis”, declarou o senador.

Sem investir, não vai

Enquanto a política cuida das eleições municipais, a ministra em exercício de Portos e Aeroportos, Mariana Pescatori, alerta para a necessidade de se preparar os portos brasileiros para abastecimento com diversos tipos de combustíveis, do biodiesel ao hidrogênio verde. “Temos o desafio de preparar a infraestrutura para ampliação intensiva do uso de contêineres no Brasil decorrente do crescimento da economia. Cada vez mais, o setor precisará de investimentos adicionais”, afirmou, ao participar do 11 Encontro da Associação de Terminais Privados (ATP).

Antes tarde do que nunca

O setor produtivo comemorou a inclusão dos fundos de compensação de benefícios fiscais na sequência de audiências públicas detalhadas pelo plano de trabalho do senador Eduardo Braga (MDB/AM). As empresas estão preocupadas com o impacto que as medidas em discussão podem ter para a saúde financeira dos estados. O requerimento é do senador Laércio Oliveira (PP-SE).

A que ponto chegamos/ Em Fortaleza, a violência na política é explícita. Em vídeo, o vereador Inspetor Alberto (PL) ameaçou Evandro Leitão (PT). “Leitão f** da p**, tu vai pra churrasqueira, prepara teu caixão, vagabundo”, afirmou durante evento de André Fernandes (PL). Leitão registrou ocorrência a delegacia contra o vereador e estuda outras medidas possíveis.

Diploma falso…/ Na capital goiana, chamou atenção a confirmação da PUC de Goiás, de que o candidato do PL, Fred Rodrigues, não é bacharel em Direito. Nas redes sociais, o candidato se defendeu: “Nunca afirmei que era bacharel. Concluí e me formei em todas as matérias do curso. Não colei grau, pois não pretendia trabalhar na área”. E ainda ironizou: “Essa é a grande preocupação deles?”. No sistema do TSE, entretanto, consta que Fred tem superior completo. De acordo com o Código Eleitoral, isso é crime passível de até 5 anos de pena.

… e palanque vazio/ Depois do imbróglio, a cúpula do PL quer Bolsonaro fora dessa campanha goiana. Fred Rodrigues foi nomeado diretor de promoção de mídias sociais na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, em janeiro deste ano. O cargo exige curso superior completo. Ele alegou ter informado na ficha “estar cursando direito”.