Centrão fica contra a parede para destravar pauta na Câmara

Centrão
Publicado em coluna Brasília-DF
Coluna Brasília-DF

A entrada do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, na seara política, com apelos pela desobstrução da pauta, deixou em muitos políticos a desconfiança de que o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, e parte dos líderes governistas estão falhando na tentativa de buscar um entendimento que faça deslanchar as votações importantes.

Não é papel do presidente do Banco Central trabalhar essas votações. Se entrou, dizem alguns, é porque bateu o desespero. E, se bateu o desespero, é porque a situação é grave.

Da parte dos congressistas, o Centrão agora ficará contra a parede: se mantiver a obstrução, por causa de projetos eleitorais futuros ou simples disputa de poder, terminará responsabilizado por postergar decisões importantes. Há um esforço marcado para 4 de novembro. A hora da verdade está chegando.

Em tempo: dentro da área política do governo, a conversa entre Rodrigo Maia e o presidente do Banco Central foi uma surpresa. As apostas são de que Maia fez uma jogada política para forçar o Centrão a voltar às votações em plenário. O grupo tem se mantido distante para não dar mais protagonismo ao presidente da Casa. A eleição do futuro presidente da Câmara já atropelou o Parlamento.

A ala Mourão

O vice-presidente Hamilton Mourão foi um dos que compartilharam o artigo Memento mori, do ex-porta-voz da Presidência da República general Otávio Rêgo Barros, publicado no Correio Braziliense. Na cúpula do Exército, muitos que receberam a mensagem do vice e o artigo diziam que, finalmente, alguém teve a coragem de falar em público.

A turma de Bolsonaro

Já o presidente Jair Bolsonaro não gostou, mas foi aconselhado a ficar quieto para não gerar mais celeuma em torno do alerta memento mori, feito por Rêgo Barros aos governantes de modo geral. Tem muita gente dizendo que esse silêncio não vai durar.

A ordem é distensionar…

A decisão da Anvisa, de liberar os insumos para produção da CoronaVac no Brasil, e a revogação do decreto que abriria os estudos para parcerias público-privadas na atenção básica à saúde, sem ouvir a pasta da Saúde, vão ajudar a evitar mais polêmicas no governo e centrar no que interessa: levar as reformas adiante.

…e mostrar serviço

O governo vai bater bumbo na aprovação do marco regulatório do saneamento, que já começa a render frutos. Só em Alagoas, já permitiu a concessão do serviço de 13 cidades, por R$ 2 bilhões. A área de comunicação vai esperar apenas juntar mais alguns exemplos para mostrar os avanços no setor.

Curtidas

Quem cala… / Publicamente, o comandante do Exército, Edson Pujol, não moveu um músculo em relação ao artigo do general Otávio Rêgo Barros. Nas internas, porém, gostou.

Ou vai ou racha/ Espera-se para hoje o ingresso do presidente Jair Bolsonaro na campanha de Marcelo Crivella em busca de mais um mandato para governar a cidade do Rio de Janeiro. Nas internas da campanha, há quem diga que, se Bolsonaro não der uma levantada nos índices eleitorais do prefeito, é melhor Crivella começar a limpar as gavetas.

Enquanto isso, nas coxias da campanha de Eduardo Paes…/ A torcida é para Crivella ir ao segundo turno. Afinal, entre Paes e Crivella, muitos consideram mais fácil vencer o atual prefeito.

Apostas/ Ninguém aposta que a pauta do Parlamento será destravada em 4 de novembro. A expectativa é só depois da eleição. E olhe lá.

Guedes deve ficar até janeiro; mercado e Centrão divergem entre Marinho e Campos Neto

Paulo Guedes
Publicado em coluna Brasília-DF, Governo Bolsonaro, Política
Coluna Brasília-DF

O mundo da política crê na permanência do ministro da Economia, Paulo Guedes, no cargo pelo menos enquanto o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) for presidente da Câmara. Ou seja, até janeiro. Afinal, Maia está fechado com a agenda econômica do ministro. Depois, a depender de quem vencer no Parlamento, tudo pode mudar.

Conta política não fecha

O ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, tem apoio no Centrão, e até dentro do governo, para assumir o Ministério da Economia. Porém, não é o nome do mercado. Já o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, é o nome do mercado, mas é visto como um técnico fiel demais a Guedes. Logo, causa desconfiança ao Centrão.

Mas o presidente disse!

Pois é, Bolsonaro declarou com todas as letras que Guedes não sai. Só tem um probleminha: no início de abril, o presidente afirmou que não tiraria Luiz Henrique Mandetta no meio da guerra da pandemia. No caso do então ministro da Saúde, a validade da declaração foi menor do que a de um iogurte –– ele saiu em 16 de abril.

Governo cobra fidelidade do Centrão em temas como armas e prisão em 2ª instância

centrão
Publicado em coluna Brasília-DF, Política

Enquanto o governo arruma a área econômica e se aproxima do Centrão de olho nas reformas, os bolsonaristas com assento no Congresso trabalham no sentido de pressionar para que o Centrão vote e aprove as pautas conservadoras.

Na lista, os projetos relacionados a homeschooling, armas, escola sem partido, prisão em segunda instância, ou seja, bandeiras que o presidente Jair Bolsonaro apresentou na campanha eleitoral de 2018 e que, agora, estão adormecidas — e não apenas por causa da pandemia.

Essas pautas serão, inclusive, objeto de debates e discussões numa coalizão parlamentar, presidida pela deputada Bia Kicis, a Frente Conservadora. Falta, porém, combinar com o Centrão, que não quer ouvir falar em alguns temas, caso, em especial, da prisão em segunda instância.

Segurança em disputa

Ao colocar as propostas relacionadas ao pacote de segurança pública na lista de projetos da campanha de Bolsonaro a serem incluídos na pauta, a nova Frente Conservadora trabalha para não deixar que esse tema termine nas mãos do ex-ministro da Justiça Sergio Moro. Eles sabem que, se nada for feito ou votado até 2022, Moro vai deitar e rolar.

Pela boca

Adversários do presidente Jair Bolsonaro colecionam declarações dele ao longo da campanha contra o Centrão. Nas falas, ele reforça a visão de que a única maneira de não se render ao toma lá dá cá era votando em Jair Bolsonaro. Deu no que deu.

No embalo da popularidade

Enquanto o presidente Jair Bolsonaro estiver bombando nas pesquisas, os deputados e senadores votarão muitas pautas do Executivo sem pestanejar. Afinal, todos vão querer uma “casquinha” para garantir a própria reeleição.

Porém…

É bom o presidente não desligar dos números. Se a popularidade cair, o apoio vai junto. Tal e qual ocorreu com o PT de Dilma.

CURTIDAS

É ali que mora o perigo/  Até aqui, os senadores não se sentiram muito contemplados pelo governo. Há uma avaliação geral de que, se Davi Alcolumbre não conseguir ser candidato à reeleição, a confusão estará criada.

Me vê outro/ Hoje, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) e o líder do MDB, Eduardo Braga (AM), despontam como potenciais candidatos. Mas não são os nomes preferidos do Planalto.

Terceira via/ Se não conseguir emplacar a reeleição de Davi Alcolumbre, o governo vai apostar em Eduardo Gomes (MDB-TO), seu líder no Congresso.

Enquanto isso, na Câmara…/ Com essa história de muitos pré-candidatos, restou ao presidente o seguinte movimento: incentivar todo mundo agora e deixar decantar depois da eleição municipal.

Bolsonaro cogita oferecer vaga de vice na chapa de reeleição à ministra Tereza Cristina

Tereza Cristina Bolsonaro
Publicado em coluna Brasília-DF
Coluna Brasília-DF

Empenhado em buscar a reeleição em 2022, o presidente Jair Bolsonaro está dedicado a evitar uma união dos partidos de centro. Nesse sentido, entrou no radar oferecer a vaga de vice na chapa à ministra da Agricultura, Tereza Cristina. Ela surgiria como o símbolo do setor econômico que segurou firme o país em plena pandemia.

De quebra, o Planalto trava o jogo do DEM, partido que hoje se divide entre o governo e aqueles que preferem um certo distanciamento. Além de Tereza, os bolsonaristas olham com muita atenção para a Bahia, estado governado pelo PT e terra do presidente do partido, ACM Neto, atual prefeito e Salvador. Acreditam que, se apoiarem o DEM por lá, ganham mais um aliado para o futuro.

Obviamente, a esta altura do campeonato, nada está combinado e o cenário da eleição não está posto. É apenas o segundo passo possível para tentar evitar que o centro da política tenha força longe de Bolsonaro em 2022. O primeiro movimento já foi deflagrado, atrair uma boa parte do Centrão. Os bolsonaristas calculam que será difícil construir uma candidatura concorrente à do presidente sem o DEM, com o PSDB desgastado por denúncias de corrupção e Sergio Moro sem partido.

Melhor impossível

Deputados e senadores do chamado Centrão não escondem o sorrisinho maroto quando alguém pergunta sobre os depósitos de Fabrício Queiroz e sua esposa, Márcia, na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Significa que o presidente precisará ainda mais do grupo para tirar de campo pedidos de CPI e o que mais chegar. Foi exatamente esse suporte que o grupo deu ao PT, nos tempos do governo Lula.

O céu é o limite

Um dos sonhos é, por exemplo, conseguir mais espaço nas agências reguladoras, que ainda têm muita influência do MDB dos tempos de Michel Temer.

Olho neles

Além de tentar tirar o DEM de um palanque adversário, o governo pretende apostar numa aproximação maior com o Podemos. Assim, avaliam alguns, o ex-ministro da Justiça Sergio Moro terá dificuldades em encontrar um partido. Os aliados do ex-ministro, porém, avaliam que Moro pode fazer como Bolsonaro, que saiu de um partido sem estrutura e chegou lá.

“Entre o PT e o Brasil, o PT sempre fica consigo, mesmo em momentos difíceis para o país”
Carlos Siqueira, presidente do PSB, referindo-se à decisão dos petistas de lançar candidatos próprios em todas as capitais

CURTIDAS

Apelido da ministra/ Tem bolsonarista tão empolgado com a ministra Tereza Cristina, que a chama de “Marco Maciel de saias”. Vice-presidente da República no governo de Fernando Henrique Cardoso, Maciel era leve, paciente e do diálogo.

Imagina na pandemia…/ Em 2016, ano do impeachment da presidente Dilma Rousseff, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) foi votada em 17 de dezembro. No ano passado, num cenário mais tranquilo, a votação da LDO foi em outubro. Agora, não há a menor previsão.

… com eleição no meio/ As apostas dos políticos são as de que tanto a LDO quanto o Orçamento só serão aprovados depois da eleição.

Anuário virtual/ A Editora ConJur lança, em 12 de agosto, a edição 2020 de seu Anuário da Justiça Brasil. O Judiciário, aliás, não parou nesse período, uma vez que os conflitos entre leis e a Constituição Federal aumentaram. No primeiro semestre de 2020, 161 Ações Diretas de Inconstitucionalidade foram julgadas no mérito.

Por falar em Justiça…/ Alguns adversários do presidente Jair Bolsonaro consideram que falta hoje um Sergio Moro para julgar e pedir que se investigue com mais agilidade as denúncias envolvendo o senador Flávio Bolsonaro e, agora, a primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Sem juízo de valor, consideram fundamental que tudo isso seja esclarecido logo.

Comissão Mista do Orçamento será a próxima batalha na guerra fria no racha do Centrão

Centrão
Publicado em coluna Brasília-DF
Coluna Brasília-DF

Com o envio do Orçamento ao Congresso, este mês, os parlamentares não têm saída, senão instalar a Comissão Mista que, anualmente, analisa a proposta. Antes do racha do Centrão, estava combinado que o comando do colegiado ficaria com o deputado Elmar Nascimento (DEM-BA) e a relatoria com o Senado.

Ocorre que, diante da divisão do Centrão, a tendência é haver uma disputa pela vaga. Será mais uma batalha nessa guerra fria entre o grupo liderado por Arthur Lira (PP-AL) e o mais afinado com Rodrigo Maia (DEM-RJ).

O primeiro round, o presidente da Câmara ganhou, ao conseguir manter Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) no cargo de líder da Maioria, uma vez que o PSDB vetou o movimento que tentava colocar o deputado Celso Sabino (PSDB-PA). Agora, é ver como será a da CMO, que até aqui não foi instalada.

Baixo clero no limite

Com o calendário eleitoral batendo à porta, deputados do baixo clero, aqueles que não ocupam postos de líder ou vice-líder, estão ávidos pela volta das sessões presenciais para discursar na tribuna. Para reduzir essa pressão, Rodrigo Maia criou uma comissão que vai estudar a forma mais segura para a retomada.

Velha fórmula

Reza a lenda no poder público que, quando não se quer resolver uma pendência no curtíssimo prazo, cria-se uma comissão. Assim, a pressão diminui e o tempo passa. A comissão, quando for instalada, terá 15 dias para apresentar um parecer.

Equação difícil

O retorno das sessões presenciais é considerado muito difícil, uma vez que não há microfones em todas as fileiras, nem assentos para os 513 em plenário sem distanciamento social para a obrigatoriedade de manter distância. Além disso, a Câmara ainda não mapeou quantos deputados tiveram covid e quantos têm comorbidades. Esse, aliás, deverá ser um dos trabalhos da comissão.

Ctrl C + Ctrl V

A exposição do ministro da Economia, Paulo Guedes, à Comissão Especial da reforma tributária, é praticamente igual àquela apresentada quando do envio da proposta da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) ao Congresso, no mês passado. Na opinião de muitos senadores, o governo ainda não tem um plano estratégico, com começo, meio e fim, para recuperação pós-pandemia.

Ingratidão

O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) falou ao O Globo sobre todos os temas, de Fabrício Queiroz à eleição no Rio, e mencionou até pautas “embarreiradas” por Rodrigo Maia. O senador se esquece que, em meio a projetos relacionados às armas, por exemplo, tem também uma penca de pedidos de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro, que, conforme declarou o próprio presidente da Câmara em entrevista ao Roda Viva, esta semana, continuarão embarreirados.

CURTIDAS

O sobrevivente/ O líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), quem diria, ganhou o apoio de Rodrigo Maia, do DEM e do MDB. Explica-se: ninguém quer que o cargo termine nas mãos de Ricardo Barros (PP-PR).

Bom senso mandou lembrança I/ Num dos voos da Latam para São Paulo, com destino a Guarulhos, na tarde da última segunda-feira, as quatro primeiras filas estavam com apenas um assento ocupado. Enquanto isso, alguns senhores de cabeça branquinha viajavam lado a lado, em fileiras mais atrás, com as três cadeiras ocupadas, sem distanciamento.

Bom senso mandou lembrança II/ É que as sete primeiras fileiras são assentos Latam , reservados para detentores de cartões de fidelidade platinum ou black. Nem quando estão vazios, depois de concluído o embarque, há remanejamento para dar mais segurança àqueles com mais de 60 anos.

Mil vezes mais/ A explosão em Beirute matou mais de 100 pessoas, e o Brasil se aproxima das 100 mil mortes pela covid-19. É como se houvesse, por aqui, 1.000 explosões daquelas nesses quase seis meses de pandemia no nosso país. Como estamos no patamar de mil mortes por dia, seria o mesmo que dez explosões como aquela diariamente.

Eleição para presidente da Câmara está por trás da divisão do Centrão

Deputado Arthur Lira (PP-AL).
Publicado em coluna Brasília-DF
Coluna Brasília-DF

A saída do DEM e do MDB do chamado Centrão, o bloco de partidos que se aproxima do presidente Jair Bolsonaro, é a abertura oficial da pré-campanha à sucessão do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), nos partidos mais ao centro do espectro político. Nos bastidores, os deputados do MDB, por exemplo, veem nessa saída um gesto para tirar fôlego do líder do PP, Arthur Lira (AL), pré-candidato ao comando da Casa.

Lira, que de bobo não tem nada, avisou logo ontem, em entrevista à CNN, que a eleição é só em fevereiro e coisa e tal, que não é hora de tratar disso, que o Centrão era um grupo para a formação da Comissão Mista de Orçamento. Tenta, assim, manter as cartas meio embaralhadas enquanto organiza o próprio jogo.

Presidente e líder do MDB, Baleia Rossi, como o leitor da coluna já sabe, é pré-candidato e torce para que Lira se inviabilize. O DEM também não pretende apoiar Lira para a sucessão de Maia. O próprio presidente incensou vários candidatos no primeiro semestre, a ordem agora é deixar estar para ver como é que fica.

Reza a lenda da política que quem tem muitos candidatos, não quer nenhum. Baleia Rossi entra na campanha, e longe do Centrão, independente, porém, próximo ao governo. Ontem, para explicar sua posição de saída do bloco, declarou “somos #PontoDeEquilibrio”. A corrida começa agora.

Apetites abertos

O Banco do Brasil entrou no radar dos partidos. As apostas são as de que ou o Ministério da Saúde, ou o banco, vão acabar ocupados por indicações políticas. Até aqui, o presidente Jair Bolsonaro resistiu a entregar as joias da coroa aos aliados. Liberou apenas o que considera passível de controle pelos seus fiéis escudeiros.

Por falar em Bolsonaro…

A volta do presidente à porta do Alvorada, com frases do tipo “problemas que jogaram no meu colo” e “acabaram com os empregos”, foi vista como uma sinalização clara de que o discurso não mudou. Ele vai continuar culpando os governadores pelas mazelas econômicas decorrentes da pandemia.

… façam suas apostas

O presidente melhorou a avaliação nas pesquisas de opinião enquanto manteve distanciamento das declarações polêmicas e agressivas. Se voltar a essa batida do confronto, terá dificuldades de diálogo para aprovar as reformas.

E o Dallagnol, hein?

Apoiadores do ex-ministro Sergio Moro colocaram a hashtag #DeltanNaLavajato em alta nos trending topics Brasil do Twitter ontem à tarde. É um movimento para evitar que o Conselho Nacional do Ministério Público tire o procurador da coordenação da força-tarefa.

O julgamento do pedido de afastamento de Dallagnol está marcado para 18 de agosto, a pedido do relator, o conselheiro Luiz Fernando Bandeira de Mello Filho, conforme publicado em primeira mão pela coluna. Até aqui, o procurador-geral, Augusto Aras, não se pronunciou sobre o caso.

Curtas

Hora de morfar/ Em conversas reservadas, petistas e tucanos têm um único veredicto: Ou renovam seus quadros, ou vão ficar desgastados nas páginas das operações policiais. No caso do PT, ontem foi a vez do governador do Piauí, Wellington Dias, que era uma das apostas para cargos majoritários e algo para mostrar em termos de gestão. Agora, terá que mergulhar e focar na própria defesa.

Prata da casa I/ Formado na UnB, o engenheiro elétrico Luis Henrique Baldez Jr., colaborador da HP Company desde 2002, acaba de assumir o cargo de Diretor Executivo da 3MF Consortium, organização internacional estabelecida em São Francisco, EUA, dedicada ao desenvolvimento das especificações universais para impressoras 3D. A ideia é que essas definições facilitem a comunicação de dados entre diferentes fabricantes, simplificando o uso de impressoras 3D para o usuário final.

Prata da Casa II/ Luis Baldez é um dos pioneiros da impressão 3D na HP e um dos criadores da entidade 3MF. A 3MF foi constituída em 2015 congrega gigantes da área de tecnologia, impressão e software 3D, como a HP, a Microsoft, a Siemens, a Autodesk, entre outras 16 multinacionais. É mais um exemplo do talento brasileiro pelo mundo.

E Queiroz ganha tempo/ Com a cirurgia de emergência do ministro Felix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça, quem ganha um tempinho a mais na prisão domiciliar é o ex-assessor Fabrício Queiroz e Márcia, a esposa. Quando Fischer voltar, há quem aposte que começará a contagem regressiva para Queiroz voltar ao chuveiro frio.

Bolsonaro precisa do Centrão, mas tenta impor limites a alguns nomes do bloco

Centrão
Publicado em coluna Brasília-DF
Coluna Brasília-DF

É bom o Centrão prestar muita atenção nos acordos que tem feito com o governo. Em conversas reservadas, deputados do chamado “bolsonarismo raiz” informam que o governo precisa ter base, mas há alguns pontos inegociáveis. Por exemplo: apoiar algum nome enroscado com a Lava-Jato para presidente da Câmara.

Afinal, os aliados do presidente foram para as ruas quando o senador Renan Calheiros (MDB-AL) concorreu à presidência do Senado, no ano passado. E planejam repetir a dose, se o governo apoiar alguém com perfil parecido.

Em tempo: até aqui, como não há candidaturas colocadas oficialmente — os bolsonaristas evitam “fulanizar”. Mas, nas conversas, informam que o recado tem nome e sobrenome: Arthur Lira (AL), líder do PP na Câmara.

Em tempo: ainda faltam seis meses para a eleição do novo presidente da Casa, e, assim como Delcídio do Amaral terminou absolvido, Lira pode evitar um dissabor com o bolsonarismo raiz, se tiver a mesma sorte do ex-senador.

A música toca…

O grupo aliado a Lira conseguiu identificar de onde vêm os petardos contra a pré-candidatura do pepista à presidência da Câmara. Os binóculos vislumbram ao longe o líder do MDB, Baleia Rossi (SP), e o vice-presidente da Câmara, Marcos Pereira (Republicanos-SP). Ambos querem que Lira se inviabilize como candidato ao comando da Casa porque sabem que, assim, suas chances de concorrer ao mesmo posto aumentam.

… E só restará uma cadeira

Não por acaso, o líder da maioria, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), avisou que não concorrerá contra Arthur Lira. Sabe que, se for fiel ao líder do seu partido, terá mais chances de ser apoiado por ele mais à frente, se for o caso.

Respiradores, a novela I

No mais novo capítulo da novela da venda de respiradores pela SKN do Brasil ao estado do Pará, a Justiça mandou o governo de Hélder Barbalho devolver os equipamentos à empresa, uma vez que o negócio foi desfeito e a maior parte do dinheiro, extornada. A devolução de R$ 22,8 milhões se deu no início de junho.

Respiradores, a novela II

Na decisão, o juiz Raimundo Santana afirma que a SKN do Brasil não efetuou a devolução integral do valor ajustado (R$ 25,2 milhões), restando um saldo de R$ 2,4 milhões a pagar. Porém, diz o juiz, a empresa tem R$ 4 milhões a receber do estado do Pará, relativos à venda de bombas de infusão.

Curtidas

CNC e a reforma tributária/ Preocupada com as consequências da aprovação das mudanças propostas pelo governo sobre a reforma tributária, a Confederação Nacional do Comércio concentra seu núcleo de inteligência econômica para formar juízo a respeito. O presidente da CNC, Roberto Tadros, liderou uma videoconferência com Francisco Maia, presidente da Fecomercio-DF, Everardo Maciel e alguns diretores da CNC, para formar a equipe de trabalho. Everardo, ex-secretário da Receita Federal, está dando supervisão e consultoria à força tarefa da CNC, que analisa o projeto.

Aliança é o Plano A/ O presidente Jair Bolsonaro fez questão de avisar ao pessoal do Aliança pelo Brasil que não tem essa de buscar outro partido, que não aquele em que investe sua energia. Em evento com apoiadores de vários estados, reconheceu as dificuldades para viabilizar a legenda, mas afirmou que até o final do ano a nova agremiação deve estar apta a funcionar. Ele também fez um elogio público ao vice-presidente da legenda, Luiz Felipe Belmonte, a quem chamou de “comandante” do Aliança.

Victor Hugo sob ataque/ A retirada da deputada Bia Kicis (PSL-DF) do cargo de vice-líder do governo aumentou a pressão para que Bolsonaro substitua Vitor Hugo (PSL-GO) da liderança. Até aqui, o presidente tem resistido às investidas contra o líder. Porém, o deputado Ricardo Barros (PP-PR), vice-líder do governo no Congresso, está no aquecimento. Barros tem tocado de ouvido com o senador Eduardo Gomes (MDB-TO), líder no Congresso, e com o ministro Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo.

Por falar em Bia Kicis…/ O que mais incomodou a deputada foi o fato de ser dispensada do cargo sem sequer uma satisfação do presidente — soube pela imprensa. Ela não deixará de apoiar o governo, mas seus amigos acreditam que essa mágoa vai permanecer por muito tempo.

O senhor dos anéis/ O deputado Capitão Augusto (PL-SP) pode até distribuir anéis banhados a ouro aos colegas, como parte de sua campanha para presidente da Câmara. Ainda que os parlamentares aceitem e usem o anel no dia da escolha do futuro presidente da Casa, Augusto não consta na lista dos pré-candidatos mais promissores para o cargo.

E os tucanos, hein?/ Bola da vez na força-tarefa do Ministério Público de São Paulo, o PSDB desce ao nível de desgaste em que está o PT. Sinal de que, para as eleições, novos atores e partidos têm tudo para ocupar esses espaços.

Nomeações do Centrão para cargos na Esplanada visam blindar Bolsonaro

Bolsonaro
Publicado em coluna Brasília-DF, Política
Brasília-DF, por Carlos Alexandre de Souza

Há semanas a aproximação entre o Planalto e o Centrão tem mostrado resultados, com a nomeação de integrantes da composição de legendas para cargos no governo federal, em troca de uma promessa de apoio parlamentar e a construção de uma blindagem contra um eventual processo de impeachment. Na última semana, o acordo provocou mudanças na composição de vice-líderes do governo na Câmara.

Três vagas deverão cair nas mãos do insaciável apetite do Centrão. Um dos atingidos com a negociação foi Daniel Silveira (PSL-RJ), destituído do cargo. Bolsonarista atuante, disposto a enfrentar manifestantes nas ruas que divergem da política do presidente, o deputado não escondeu a insatisfação de ter sido convidado a se retirar do posto.

“Estranha essa relação de homens tão próximos manobrarem enfraquecimento da base do presidente. Ser líder só tem ônus, mas ao menos que seja alguém de honra”, disse. Deputado federal por 27 anos, Jair Bolsonaro sabe que não se constrói uma base parlamentar apenas com afinidades ideológicas. Não existe, portanto, uma nova política. É a política de sempre, no tradicional toma lá dá cá e sempre sujeita a mudanças, que está em curso para angariar estabilidade ao governo Bolsonaro.

AntiSupremo

Outro ponto nevrálgico na mudança é a urgência do Planalto em evitar novos confrontos com o Supremo. Daniel Silveira é investigado no inquérito que apura a organização de atos antidemocráticos. Otoni de Paula (PSC-RJ), outro vice-líder que ficou sem cargo, disparou uma sequência de impropérios contra o ministro Alexandre de Moraes — “lixo”, “esgoto do STF” e outros termos — antes de desocupar a cadeira.

Conselho a Guedes

O procurador-geral Augusto Aras enviou recomendação ao ministro da Economia, Paulo Guedes, com propostas para dar mais transparência ao recursos federais destinados ao combate à covid-19. Guedes tem 30 dias para informar se vai acatar as recomendações ou apresentar justificativa para não implementar as medidas. A Procuradoria observou que a flexibilização do regime fiscal, financeiro e de contratações adotado durante o período de calamidade pública não dispensa o governo federal de adotar políticas que garantam transparência, controle e fiscalização dos recursos gastos no combate à doença.

Pária financeiro

Defensor de uma retomada econômica verde, o ex-presidente do Banco Central, Pérsio Arida, afirma que o Brasil tornou-se um pária do investimento internacional em razão do descaso do governo federal com o meio ambiente. Um dos formuladores do Plano Real, Arida também rebate críticas do ministro da Economia, Paulo Guedes: “Ressentimento e inveja são assuntos para divã de psicanalista.”

Correspondência

Duas cartas enviadas ao governo brasileiro pela ONU e pela OEA indicam que a proposta, no atual formato, poderá violar compromissos que o Brasil assumiu com a comunidade internacional. A maior preocupação é a proteção legal ao direito à privacidade. Amanhã, a Câmara realiza a primeira audiência pública sobre o projeto aprovado no Senado. O evento será transmitido pela internet, e deve ter a participação do presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Prontos para o voto

Um levantamento preliminar feito pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) aponta que 125 parlamentares — 124 deputados federais e um senador —, em exercício do mandato, podem concorrer a uma vaga para prefeito ou vice-prefeito nas eleições municipais de 2020. As legendas com maior número de pré-candidatos são o PT (13), o PSL (12) e o PSB (12). Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro concentram o maior número de concorrentes, com 15, 14 e 9 políticos aptos para a disputa eleitoral.

Imunes

A primeira-dama, Michelle Bolsonaro (foto), anunciou nas redes sociais que não está infectada por covid-19. Ela publicou seu teste com o resultado “não detectado” para o vírus. “Minhas filhas e eu testamos negativo para a covid-19. Agradeço as orações”, escreveu. Michelle é mãe de Laura, 9 anos, sua filha com o presidente Jair Bolsonaro, e Letícia Firmo, 17 anos, fruto de outro relacionamento da primeira-dama. As duas filhas residem no Palácio da Alvorada, residência oficial da presidência.

Follow the money

A operação do Ministério Público do Rio de Janeiro que resultou na prisão de Edmar Santos, ex-secretário de Saúde do governador Wilson Witzel, na última sexta-feira, apreendeu um total de R$ 8,5 milhões em dinheiro vivo. Boa parte dessa bolada foi entregue aos promotores por um dos investigados. Edmar Santos é acusado de liderar um esquema de desvio de recursos em compras para atender à emergência da covid-19. Ele foi exonerado no mês de maio, em meio às denúncias de fraudes. A defesa do ex-secretário afirma que o dinheiro não foi encontrado em nenhum dos endereços do ex-colaborador de Witzel.

Nome técnico, cotado para Educação terá o desafio de montar equipe sem nomes do Centrão

Publicado em coluna Brasília-DF
Coluna Brasília-DF

A indicação de Renato Feder para o Ministério da Educação tira mais um posto da ala ideológica, abrindo espaço para um perfil mais técnico e com experiência em ensino a distância.

O perigo é escolher um ministro do setor de educação e entregar os cargos do segundo escalão para o Centrão acomodar seus apadrinhados. Dentro do governo, há quem esteja preocupado com essa abertura.

Caberá ao novo ministro, porém, pedir ao presidente uma certa carta branca para montar a sua equipe e Jair Bolsonaro aceitar. Na Saúde, Nelson Teich, o breve, não teve essa sorte.

Centrão quer isonomia

Embora o ministro das Comunicações, Fábio Faria, deputado pelo PSD, seja escolha pessoal de Bolsonaro, tem partido do Centrão que está com ciúmes por causa da indicação de Feder para a Educação. É que o fato de ocupar a secretaria de Educação do Paraná, governado por Ratinho Júnior (PSD), é visto como mais um cargo para o partido.

Davi, o imbatível/ Avaliação dos senadores é a de que não tem para ninguém. Se Davi Alcolumbre (DEM-AP) puder ser candidato à reeleição para comandar o Senado por mais dois anos, ganha. Não de lavada, mas com alguma folga.

A retomada da reforma…/ Em live sobre a reforma tributária, o presidente da Federação Brasileira de Associações de Fiscais de Tributos Estaduais (Febrafite), Rodrigo Spada, defendeu a necessidade de colocar a mudança nos tributos como a prioridade para o pós-pandemia da covid-19. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), calcula que esteja tudo pronto para votação a partir de agosto.

…sob novos parâmetros/ A diferença é que, agora, os estados e municípios estarão mais unidos. Em live do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), o economista José Roberto Afonso (foto) lembrou que nunca os governadores estiveram tão juntos nas discussões dos temas. Antes era guerra fiscal. Agora, a dificuldade e a falta de coordenação federal da pandemia permitiram esse diálogo, que pode ser aproveitado para a discussão da reforma tributária.

Quem vai à praia e ao shopping…/ …pode perfeitamente ir votar em outubro. Ainda não há um consenso na Câmara sobre o adiamento das eleições municipais deste ano para novembro. Em especial, neste momento em que a população começa a relaxar as medidas de distanciamento social.

Centrão sela paz interna, mas não inclui Presidência da Câmara nela

Centrão Bolsonaro
Publicado em coluna Brasília-DF
Coluna Brasília-DF

Líderes dos partidos do Centrão fizeram uma reunião, na semana passada, a fim de elencar os cargos passíveis de pedidos ao governo federal. A ideia de fazer uma lista conjunta foi para distribuir as solicitações, de forma a evitar disputas entre eles, que possam enfraquecer a força do grupo na hora de mostrar serviço ao Planalto.

De quebra, ainda selaram um compromisso de não se deixar manipular pelo ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, que revelou em recente entrevista à revista Veja que fazia testes com os políticos, exonerando apadrinhados, apenas para que o “padrinho” o procurasse reclamando. Os partidos não gostaram do tratamento e, até hoje, há muitos chateados com a fama de fisiológico.

Em tempo: a pacificação, porém, ainda não inclui a corrida pela Presidência da Câmara. Nessa seara, até o momento, vale o cada um por si.

As férias de Weintraub

O ex-ministro da Educação Abraham Weintraub terá que sair dos Estados Unidos a fim de obter o visto que lhe permita trabalhar no Banco Mundial. Mas não precisará voltar ao Brasil. Basta providenciar a papelada em qualquer embaixada americana no mundo afora.

Saneamento em debate I

Os líderes do governo passam o fim de semana contando votos para tentar aprovar, nos próximos dias, o novo marco regulatório do saneamento. No momento, não há consenso. Uma parte dos congressistas deseja adiar a votação porque, nesse momento de retração econômica global, há o risco de venda abaixo do valor.

Saneamento em debate II

Porém, o argumento dos governistas é forte, uma vez que, se aprovado hoje, ainda vai demorar muito tempo para o governo poder realizar as concessões. E o Brasil tem pressa m resolver esse problema que se arrasta há anos.

A culpa…/ Bolsonaristas passaram a disseminar, ontem, no WhatsApp, que, se “rachadinha” (desvio de salário de servidores) é crime, o estatuto do PT é criminoso, porque obriga os filiados a destinarem uma parte do salário ao partido.

…dos outros/ Também circulou em vários grupos a lista daqueles deputados estaduais que tiveram os gabinetes na Alerj acusados de desvio de recursos dos servidores. Entre eles, o presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, André Ceciliano (PT), e o ambientalista Carlos Minc (PSB).

Visão do aliado/ O senador Major Olímpio (PSL-SP) saiu-se com esta no Twitter: “Que a vaca já foi para o brejo é certeza. Agora, falta saber a distância do brejo e a velocidade da vaca”.

Porta da esperança/ Além do setor agropecuário, é na área de infraestrutura que o presidente Jair Bolsonaro espera ter condições de recuperar prestígio e votos. Dali, virão a retomada e ampliação da malha ferroviária, além de empregos. Tudo coordenado pelo ministro Tarcísio de Freitas. Aliás, a ordem entre os ministros é tratar de manter o foco no trabalho e todos repetem, com razão, que o caso Fabrício Queiroz nada tem a ver a administração do governo federal.