Caso Daniel Silveira racha Centrão na Câmara

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Ao mesmo tempo em que alguns aliados de primeira hora do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), pedem apoio para salvar o mandato de Daniel Silveira (PSL-RJ), outros já avisaram que é preciso dar um basta no radicalismo. “Tem que ter um contra-freio na ala olavista e de extrema-direita. A brincadeira acabou. O país está com sérios problemas. É preciso acabar com essa história de fake news, de ataques e partir para juntar os Poderes, a fim de resolver os problemas do Brasil”, disse o deputado Fausto Pinato (PP-SP), um dos mais próximos de Lira.

A parte do Centrão a que pertence Pinato considera que Silveira teve várias chances de parar com as ameaças, de adotar um comportamento mais compatível com o decoro parlamentar, e só o fez na sexta-feira porque queria se livrar da prisão. A avaliação de muitos é a de que o caso tem que servir de exemplo.

Confiança, só com reformas

Os aliados do presidente Jair Bolsonaro no Congresso estão convencidos de que a aprovação das reformas tributária e administrativa será a saída para a crise de confiança gerada a partir do episódio da troca de comando na Petrobras. O mercado financeiro não vê essa mudança como pontual e caso isolado. E, nesse clima, os investimentos prometem evaporar.

Muito além da Petrobras
Avisam do Planalto que o ministro da Economia, Paulo Guedes, também não deixará o governo por causa disso. O foco dele é a PEC Emergencial e as reformas. E o clima para votá-las estava ótimo até a confusão na Petrobras, que promete seguir por mais tempo.

Muito além da CVM
A investigação aberta pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), no sábado, caminha para não ser a única a apurar quem ganhou e quem perdeu depois de Bolsonaro anunciar que faria mudanças na estatal. A Justiça Federal quer explicações do presidente. O Congresso, idem.

Sob os holofotes
Vem por aí a convocação de Roberto Castello Branco ao Parlamento para dar a sua versão da troca de comando na petroleira, e também do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. Pedidos de CPI ainda dependem de combinação entre os partidos.

Toma mais um/ A tendência dos deputados, ontem (22/2) à noite, era deixar Alexandre Leite (DEM-SP) como relator do caso Daniel Silveira. Ele já está cuidando de outra representação contra o parlamentar bolsonarista, o que facilita. Leite votou a favor da manutenção da prisão.

Vai demorar/ Não contem com as vacinas da Pfizer tão cedo. É que, diante das cláusulas consideradas draconianas, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, foi aconselhado a consultar todos os Poderes, e não só a Casa Civil da Presidência da República. Afinal, o laboratório não quer se responsabilizar pela qualidade do produto que fornece.

Não à violência I/ Essa foi a intenção da senadora Kátia Abreu (PDT-TO, foto) ao postar, em suas redes, a foto de duas lutadoras ensanguentadas depois da luta, no início de fevereiro, comparando a violência do UFC à mesma que se via nas rinhas de galo, proibidas no Brasil. A violência do esporte assustou a parlamentar, que, depois de tanta polêmica, tirou a postagem do ar.

Não à violência II/ A internet virou um ambiente onde até criticar a violência virou motivo de briga. Eu, hein!?

Centrão tenta esticar recesso parlamentar do Congresso até fevereiro de 2021

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Brasília-DF, por Denise Rothenburg

Se depender do ânimo do Centrão, as atividades legislativas se encerram em 20 de dezembro e só voltam em fevereiro de 2021, para a eleição da nova Mesa Diretora da Câmara e do Senado. Esse é mais um movimento dos líderes do bloco, partidários de Arthur Lira (PP-AL) para não dar protagonismo ao atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ). A ideia é dedicar esse período aos bastidores e fechar apoios que garantam a vitória do bloco.

Em conversas reservadas, os centristas têm dito que não adianta querer manter o Congresso funcionando em janeiro, sem que, por exemplo, os relatores das reformas apresentem seu trabalho. E, até aqui, não há garantias de que as reformas deslanchem antes de fevereiro.

Vai ter guerra

A atitude do Centrão de apostar no recesso e a reabertura de investigação na Procuradoria-Geral da República contra Rodrigo Maia por supostos recebimentos da OAS são vistos como movimentos coordenados para enfraquecer o presidente da Câmara. Se a corda continuar esticada desse jeito, não haverá clima para votar nada.

E cada um se arma como pode

A avaliação de parte dos congressistas é a de que tanto a PGR quanto o Centrão atacaram Maia cedo demais. Ao governo interessa votar, pelo menos, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Sem ela, não poderá usar um doze avos do Orçamento em janeiro. E, sem aprovação da LDO, não há recesso. Ou seja, Maia ainda tem cartas para jogar e expertise política para montar sua estratégia. O fim de ano promete.

Padrinhos nada mágicos

A marca destas eleições municipais é a ausência de prestígio dos padrinhos. Jair Bolsonaro e Lula até aqui não serviram de alavanca a seus candidatos e Bruno Covas também tem feito carreira-solo em relação ao governador João Doria.

Sem efeito

Fracassou a ideia do PT de aproveitar as candidaturas deste ano para promover uma grande campanha pela inocência de Lula. A maioria dos candidatos, de olho na própria sobrevivência, abandonou esse movimento. Está cada vez mais difundida a máxima de que a política é local.

CURTIDAS

Corpo estranho/ Embora o líder da maioria na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), tenha jogado muito tempo ao lado de Arthur Lira, a relação, hoje, está trincada. Lira tem dito a amigos que a reforma tributária não anda por causa do relator.

Híbrido/ Depois de acompanhar o presidente Jair Bolsonaro na visita ao Maranhão, o senador Roberto Rocha (foto, PSDB-MA) é visto como alguém que colocou um pé em cada canoa para o futuro.

Alguém será traído/ Roberto Rocha tanto pode apoiar o presidente, quanto dizer mais à frente que sua presença ao lado de Bolsonaro era institucional. A escolha do caminho — se o apoio a seu partido ou à reeleição — só se dará em 2022.

No embalo do eleitor/ A postura de Roberto Rocha, aliás, é a mesma em praticamente todos os partidos. Se Bolsonaro continuar popular, a maioria seguirá com ele. Se o eleitor o abandonar, a classe política que nunca foi bolsonarista raiz será a primeira a largar o presidente na chuva.

Centrão trava Congresso para não dar protagonismo a Rodrigo Maia

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A confusão está posta na relação do governo com o Congresso e entre os principais atores da politica dentro do Parlamento. E a pimenta que passa do ponto nessa mistura é a eleição para presidente da Câmara. O chamado Centrão, assim como Bolsonaro, cansaram de ver o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, dando as cartas. O Centrão não quer dar protagonismo a Rodrigo Maia nessa reta final de mandato, porque isso significaria mais poder para o comandante da Casa trabalhar a própria sucessão. Aliás, o grupo mais ligado ao líder do Centrão, Arthur Lira, está em contagem regressiva para fevereiro, certo de que, se jogar direito, terá a força para comandar a Câmara. Esse jogo, somado ao da oposição, que se retirou do plenário virtual e presencial até que Rodrigo Maia coloque em votação a medida provisória que baixou o valor do auxílio emergencial para R$ 300, travou tudo.

O presidente Jair Bolsonaro tem buscado no portfólio do primeiro escalão do governo alguém com expertise política suficiente para desfazer esse nó, mas, ao mesmo tempo, não quer brigar com o Centrão, de onde tirou o novo líder do governo na Câmara. Pende a balança para o Centrão, mas não entrega ao grupo o que essa turma mais deseja, um espaço dentro do Planalto, leia-se a vaga de Luiz Eduardo Ramos.

Com a disputa de poder na segunda metade do governo e desta Legislatura fervendo nos bastidores, onde ninguém acerta o passo e todo mundo age para sobreviver mais à frente, restou ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, entrar nessa seara para ver se ajudava a resolver o problema grave da crise econômica, que derrete o real e pressiona os juros. O problema, porém, é que, num cenário em que muitos batem cabeça, a entrada de Campos Neto tumultuou ainda mais. A turma do Centrão viu ali uma articulação do próprio Maia __ e não do presidente do BC __ para tentar recuperar protagonismo, como aliás, está posto na Coluna Brasília-DF no Correio Braziliense de hoje.

Da parte do governo, ficou exposta a ineficiência dos líderes para separar a disputa pela Presidência da Câmara do bom andamento das pautas __ algo que hoje não interessa ao Centrão, para não dar protagonismo a Maia. Esse imbróglio, porém, tem que ser resolvido até que 15 de novembro, porque, terminado o primeiro turno da eleição municipal, com a maioria dos deputados e senadores livres para voltar a atenção ao dia-a-dia do Parlamento, acabará a desculpa oficial das eleições para essa trava nas votações. É o prazo para que os atores tentem buscar uma solução para essa trama cada dia mais intrincada, a fim de ajustar o foco nos problemas do país, que vão muito além da disputa de poder das excelências. Se não o fizerem, 2020, um ano quase perdido, terminará sem qualquer votação que renove as esperanças de dias melhores para 2021, o que significa o pior dos mundos para Bolsonaro. Quando a economia balança muito, é hora da politica ter juízo.

Centrão fica contra a parede para destravar pauta na Câmara

Centrão
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Coluna Brasília-DF

A entrada do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, na seara política, com apelos pela desobstrução da pauta, deixou em muitos políticos a desconfiança de que o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, e parte dos líderes governistas estão falhando na tentativa de buscar um entendimento que faça deslanchar as votações importantes.

Não é papel do presidente do Banco Central trabalhar essas votações. Se entrou, dizem alguns, é porque bateu o desespero. E, se bateu o desespero, é porque a situação é grave.

Da parte dos congressistas, o Centrão agora ficará contra a parede: se mantiver a obstrução, por causa de projetos eleitorais futuros ou simples disputa de poder, terminará responsabilizado por postergar decisões importantes. Há um esforço marcado para 4 de novembro. A hora da verdade está chegando.

Em tempo: dentro da área política do governo, a conversa entre Rodrigo Maia e o presidente do Banco Central foi uma surpresa. As apostas são de que Maia fez uma jogada política para forçar o Centrão a voltar às votações em plenário. O grupo tem se mantido distante para não dar mais protagonismo ao presidente da Casa. A eleição do futuro presidente da Câmara já atropelou o Parlamento.

A ala Mourão

O vice-presidente Hamilton Mourão foi um dos que compartilharam o artigo Memento mori, do ex-porta-voz da Presidência da República general Otávio Rêgo Barros, publicado no Correio Braziliense. Na cúpula do Exército, muitos que receberam a mensagem do vice e o artigo diziam que, finalmente, alguém teve a coragem de falar em público.

A turma de Bolsonaro

Já o presidente Jair Bolsonaro não gostou, mas foi aconselhado a ficar quieto para não gerar mais celeuma em torno do alerta memento mori, feito por Rêgo Barros aos governantes de modo geral. Tem muita gente dizendo que esse silêncio não vai durar.

A ordem é distensionar…

A decisão da Anvisa, de liberar os insumos para produção da CoronaVac no Brasil, e a revogação do decreto que abriria os estudos para parcerias público-privadas na atenção básica à saúde, sem ouvir a pasta da Saúde, vão ajudar a evitar mais polêmicas no governo e centrar no que interessa: levar as reformas adiante.

…e mostrar serviço

O governo vai bater bumbo na aprovação do marco regulatório do saneamento, que já começa a render frutos. Só em Alagoas, já permitiu a concessão do serviço de 13 cidades, por R$ 2 bilhões. A área de comunicação vai esperar apenas juntar mais alguns exemplos para mostrar os avanços no setor.

Curtidas

Quem cala… / Publicamente, o comandante do Exército, Edson Pujol, não moveu um músculo em relação ao artigo do general Otávio Rêgo Barros. Nas internas, porém, gostou.

Ou vai ou racha/ Espera-se para hoje o ingresso do presidente Jair Bolsonaro na campanha de Marcelo Crivella em busca de mais um mandato para governar a cidade do Rio de Janeiro. Nas internas da campanha, há quem diga que, se Bolsonaro não der uma levantada nos índices eleitorais do prefeito, é melhor Crivella começar a limpar as gavetas.

Enquanto isso, nas coxias da campanha de Eduardo Paes…/ A torcida é para Crivella ir ao segundo turno. Afinal, entre Paes e Crivella, muitos consideram mais fácil vencer o atual prefeito.

Apostas/ Ninguém aposta que a pauta do Parlamento será destravada em 4 de novembro. A expectativa é só depois da eleição. E olhe lá.

Guedes deve ficar até janeiro; mercado e Centrão divergem entre Marinho e Campos Neto

Paulo Guedes
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Coluna Brasília-DF

O mundo da política crê na permanência do ministro da Economia, Paulo Guedes, no cargo pelo menos enquanto o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) for presidente da Câmara. Ou seja, até janeiro. Afinal, Maia está fechado com a agenda econômica do ministro. Depois, a depender de quem vencer no Parlamento, tudo pode mudar.

Conta política não fecha

O ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, tem apoio no Centrão, e até dentro do governo, para assumir o Ministério da Economia. Porém, não é o nome do mercado. Já o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, é o nome do mercado, mas é visto como um técnico fiel demais a Guedes. Logo, causa desconfiança ao Centrão.

Mas o presidente disse!

Pois é, Bolsonaro declarou com todas as letras que Guedes não sai. Só tem um probleminha: no início de abril, o presidente afirmou que não tiraria Luiz Henrique Mandetta no meio da guerra da pandemia. No caso do então ministro da Saúde, a validade da declaração foi menor do que a de um iogurte –– ele saiu em 16 de abril.

Governo cobra fidelidade do Centrão em temas como armas e prisão em 2ª instância

centrão
Publicado em coluna Brasília-DF, Política

Enquanto o governo arruma a área econômica e se aproxima do Centrão de olho nas reformas, os bolsonaristas com assento no Congresso trabalham no sentido de pressionar para que o Centrão vote e aprove as pautas conservadoras.

Na lista, os projetos relacionados a homeschooling, armas, escola sem partido, prisão em segunda instância, ou seja, bandeiras que o presidente Jair Bolsonaro apresentou na campanha eleitoral de 2018 e que, agora, estão adormecidas — e não apenas por causa da pandemia.

Essas pautas serão, inclusive, objeto de debates e discussões numa coalizão parlamentar, presidida pela deputada Bia Kicis, a Frente Conservadora. Falta, porém, combinar com o Centrão, que não quer ouvir falar em alguns temas, caso, em especial, da prisão em segunda instância.

Segurança em disputa

Ao colocar as propostas relacionadas ao pacote de segurança pública na lista de projetos da campanha de Bolsonaro a serem incluídos na pauta, a nova Frente Conservadora trabalha para não deixar que esse tema termine nas mãos do ex-ministro da Justiça Sergio Moro. Eles sabem que, se nada for feito ou votado até 2022, Moro vai deitar e rolar.

Pela boca

Adversários do presidente Jair Bolsonaro colecionam declarações dele ao longo da campanha contra o Centrão. Nas falas, ele reforça a visão de que a única maneira de não se render ao toma lá dá cá era votando em Jair Bolsonaro. Deu no que deu.

No embalo da popularidade

Enquanto o presidente Jair Bolsonaro estiver bombando nas pesquisas, os deputados e senadores votarão muitas pautas do Executivo sem pestanejar. Afinal, todos vão querer uma “casquinha” para garantir a própria reeleição.

Porém…

É bom o presidente não desligar dos números. Se a popularidade cair, o apoio vai junto. Tal e qual ocorreu com o PT de Dilma.

CURTIDAS

É ali que mora o perigo/  Até aqui, os senadores não se sentiram muito contemplados pelo governo. Há uma avaliação geral de que, se Davi Alcolumbre não conseguir ser candidato à reeleição, a confusão estará criada.

Me vê outro/ Hoje, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) e o líder do MDB, Eduardo Braga (AM), despontam como potenciais candidatos. Mas não são os nomes preferidos do Planalto.

Terceira via/ Se não conseguir emplacar a reeleição de Davi Alcolumbre, o governo vai apostar em Eduardo Gomes (MDB-TO), seu líder no Congresso.

Enquanto isso, na Câmara…/ Com essa história de muitos pré-candidatos, restou ao presidente o seguinte movimento: incentivar todo mundo agora e deixar decantar depois da eleição municipal.

Bolsonaro cogita oferecer vaga de vice na chapa de reeleição à ministra Tereza Cristina

Tereza Cristina Bolsonaro
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Coluna Brasília-DF

Empenhado em buscar a reeleição em 2022, o presidente Jair Bolsonaro está dedicado a evitar uma união dos partidos de centro. Nesse sentido, entrou no radar oferecer a vaga de vice na chapa à ministra da Agricultura, Tereza Cristina. Ela surgiria como o símbolo do setor econômico que segurou firme o país em plena pandemia.

De quebra, o Planalto trava o jogo do DEM, partido que hoje se divide entre o governo e aqueles que preferem um certo distanciamento. Além de Tereza, os bolsonaristas olham com muita atenção para a Bahia, estado governado pelo PT e terra do presidente do partido, ACM Neto, atual prefeito e Salvador. Acreditam que, se apoiarem o DEM por lá, ganham mais um aliado para o futuro.

Obviamente, a esta altura do campeonato, nada está combinado e o cenário da eleição não está posto. É apenas o segundo passo possível para tentar evitar que o centro da política tenha força longe de Bolsonaro em 2022. O primeiro movimento já foi deflagrado, atrair uma boa parte do Centrão. Os bolsonaristas calculam que será difícil construir uma candidatura concorrente à do presidente sem o DEM, com o PSDB desgastado por denúncias de corrupção e Sergio Moro sem partido.

Melhor impossível

Deputados e senadores do chamado Centrão não escondem o sorrisinho maroto quando alguém pergunta sobre os depósitos de Fabrício Queiroz e sua esposa, Márcia, na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Significa que o presidente precisará ainda mais do grupo para tirar de campo pedidos de CPI e o que mais chegar. Foi exatamente esse suporte que o grupo deu ao PT, nos tempos do governo Lula.

O céu é o limite

Um dos sonhos é, por exemplo, conseguir mais espaço nas agências reguladoras, que ainda têm muita influência do MDB dos tempos de Michel Temer.

Olho neles

Além de tentar tirar o DEM de um palanque adversário, o governo pretende apostar numa aproximação maior com o Podemos. Assim, avaliam alguns, o ex-ministro da Justiça Sergio Moro terá dificuldades em encontrar um partido. Os aliados do ex-ministro, porém, avaliam que Moro pode fazer como Bolsonaro, que saiu de um partido sem estrutura e chegou lá.

“Entre o PT e o Brasil, o PT sempre fica consigo, mesmo em momentos difíceis para o país”
Carlos Siqueira, presidente do PSB, referindo-se à decisão dos petistas de lançar candidatos próprios em todas as capitais

CURTIDAS

Apelido da ministra/ Tem bolsonarista tão empolgado com a ministra Tereza Cristina, que a chama de “Marco Maciel de saias”. Vice-presidente da República no governo de Fernando Henrique Cardoso, Maciel era leve, paciente e do diálogo.

Imagina na pandemia…/ Em 2016, ano do impeachment da presidente Dilma Rousseff, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) foi votada em 17 de dezembro. No ano passado, num cenário mais tranquilo, a votação da LDO foi em outubro. Agora, não há a menor previsão.

… com eleição no meio/ As apostas dos políticos são as de que tanto a LDO quanto o Orçamento só serão aprovados depois da eleição.

Anuário virtual/ A Editora ConJur lança, em 12 de agosto, a edição 2020 de seu Anuário da Justiça Brasil. O Judiciário, aliás, não parou nesse período, uma vez que os conflitos entre leis e a Constituição Federal aumentaram. No primeiro semestre de 2020, 161 Ações Diretas de Inconstitucionalidade foram julgadas no mérito.

Por falar em Justiça…/ Alguns adversários do presidente Jair Bolsonaro consideram que falta hoje um Sergio Moro para julgar e pedir que se investigue com mais agilidade as denúncias envolvendo o senador Flávio Bolsonaro e, agora, a primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Sem juízo de valor, consideram fundamental que tudo isso seja esclarecido logo.

Comissão Mista do Orçamento será a próxima batalha na guerra fria no racha do Centrão

Centrão
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Coluna Brasília-DF

Com o envio do Orçamento ao Congresso, este mês, os parlamentares não têm saída, senão instalar a Comissão Mista que, anualmente, analisa a proposta. Antes do racha do Centrão, estava combinado que o comando do colegiado ficaria com o deputado Elmar Nascimento (DEM-BA) e a relatoria com o Senado.

Ocorre que, diante da divisão do Centrão, a tendência é haver uma disputa pela vaga. Será mais uma batalha nessa guerra fria entre o grupo liderado por Arthur Lira (PP-AL) e o mais afinado com Rodrigo Maia (DEM-RJ).

O primeiro round, o presidente da Câmara ganhou, ao conseguir manter Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) no cargo de líder da Maioria, uma vez que o PSDB vetou o movimento que tentava colocar o deputado Celso Sabino (PSDB-PA). Agora, é ver como será a da CMO, que até aqui não foi instalada.

Baixo clero no limite

Com o calendário eleitoral batendo à porta, deputados do baixo clero, aqueles que não ocupam postos de líder ou vice-líder, estão ávidos pela volta das sessões presenciais para discursar na tribuna. Para reduzir essa pressão, Rodrigo Maia criou uma comissão que vai estudar a forma mais segura para a retomada.

Velha fórmula

Reza a lenda no poder público que, quando não se quer resolver uma pendência no curtíssimo prazo, cria-se uma comissão. Assim, a pressão diminui e o tempo passa. A comissão, quando for instalada, terá 15 dias para apresentar um parecer.

Equação difícil

O retorno das sessões presenciais é considerado muito difícil, uma vez que não há microfones em todas as fileiras, nem assentos para os 513 em plenário sem distanciamento social para a obrigatoriedade de manter distância. Além disso, a Câmara ainda não mapeou quantos deputados tiveram covid e quantos têm comorbidades. Esse, aliás, deverá ser um dos trabalhos da comissão.

Ctrl C + Ctrl V

A exposição do ministro da Economia, Paulo Guedes, à Comissão Especial da reforma tributária, é praticamente igual àquela apresentada quando do envio da proposta da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) ao Congresso, no mês passado. Na opinião de muitos senadores, o governo ainda não tem um plano estratégico, com começo, meio e fim, para recuperação pós-pandemia.

Ingratidão

O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) falou ao O Globo sobre todos os temas, de Fabrício Queiroz à eleição no Rio, e mencionou até pautas “embarreiradas” por Rodrigo Maia. O senador se esquece que, em meio a projetos relacionados às armas, por exemplo, tem também uma penca de pedidos de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro, que, conforme declarou o próprio presidente da Câmara em entrevista ao Roda Viva, esta semana, continuarão embarreirados.

CURTIDAS

O sobrevivente/ O líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), quem diria, ganhou o apoio de Rodrigo Maia, do DEM e do MDB. Explica-se: ninguém quer que o cargo termine nas mãos de Ricardo Barros (PP-PR).

Bom senso mandou lembrança I/ Num dos voos da Latam para São Paulo, com destino a Guarulhos, na tarde da última segunda-feira, as quatro primeiras filas estavam com apenas um assento ocupado. Enquanto isso, alguns senhores de cabeça branquinha viajavam lado a lado, em fileiras mais atrás, com as três cadeiras ocupadas, sem distanciamento.

Bom senso mandou lembrança II/ É que as sete primeiras fileiras são assentos Latam , reservados para detentores de cartões de fidelidade platinum ou black. Nem quando estão vazios, depois de concluído o embarque, há remanejamento para dar mais segurança àqueles com mais de 60 anos.

Mil vezes mais/ A explosão em Beirute matou mais de 100 pessoas, e o Brasil se aproxima das 100 mil mortes pela covid-19. É como se houvesse, por aqui, 1.000 explosões daquelas nesses quase seis meses de pandemia no nosso país. Como estamos no patamar de mil mortes por dia, seria o mesmo que dez explosões como aquela diariamente.

Eleição para presidente da Câmara está por trás da divisão do Centrão

Deputado Arthur Lira (PP-AL).
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Coluna Brasília-DF

A saída do DEM e do MDB do chamado Centrão, o bloco de partidos que se aproxima do presidente Jair Bolsonaro, é a abertura oficial da pré-campanha à sucessão do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), nos partidos mais ao centro do espectro político. Nos bastidores, os deputados do MDB, por exemplo, veem nessa saída um gesto para tirar fôlego do líder do PP, Arthur Lira (AL), pré-candidato ao comando da Casa.

Lira, que de bobo não tem nada, avisou logo ontem, em entrevista à CNN, que a eleição é só em fevereiro e coisa e tal, que não é hora de tratar disso, que o Centrão era um grupo para a formação da Comissão Mista de Orçamento. Tenta, assim, manter as cartas meio embaralhadas enquanto organiza o próprio jogo.

Presidente e líder do MDB, Baleia Rossi, como o leitor da coluna já sabe, é pré-candidato e torce para que Lira se inviabilize. O DEM também não pretende apoiar Lira para a sucessão de Maia. O próprio presidente incensou vários candidatos no primeiro semestre, a ordem agora é deixar estar para ver como é que fica.

Reza a lenda da política que quem tem muitos candidatos, não quer nenhum. Baleia Rossi entra na campanha, e longe do Centrão, independente, porém, próximo ao governo. Ontem, para explicar sua posição de saída do bloco, declarou “somos #PontoDeEquilibrio”. A corrida começa agora.

Apetites abertos

O Banco do Brasil entrou no radar dos partidos. As apostas são as de que ou o Ministério da Saúde, ou o banco, vão acabar ocupados por indicações políticas. Até aqui, o presidente Jair Bolsonaro resistiu a entregar as joias da coroa aos aliados. Liberou apenas o que considera passível de controle pelos seus fiéis escudeiros.

Por falar em Bolsonaro…

A volta do presidente à porta do Alvorada, com frases do tipo “problemas que jogaram no meu colo” e “acabaram com os empregos”, foi vista como uma sinalização clara de que o discurso não mudou. Ele vai continuar culpando os governadores pelas mazelas econômicas decorrentes da pandemia.

… façam suas apostas

O presidente melhorou a avaliação nas pesquisas de opinião enquanto manteve distanciamento das declarações polêmicas e agressivas. Se voltar a essa batida do confronto, terá dificuldades de diálogo para aprovar as reformas.

E o Dallagnol, hein?

Apoiadores do ex-ministro Sergio Moro colocaram a hashtag #DeltanNaLavajato em alta nos trending topics Brasil do Twitter ontem à tarde. É um movimento para evitar que o Conselho Nacional do Ministério Público tire o procurador da coordenação da força-tarefa.

O julgamento do pedido de afastamento de Dallagnol está marcado para 18 de agosto, a pedido do relator, o conselheiro Luiz Fernando Bandeira de Mello Filho, conforme publicado em primeira mão pela coluna. Até aqui, o procurador-geral, Augusto Aras, não se pronunciou sobre o caso.

Curtas

Hora de morfar/ Em conversas reservadas, petistas e tucanos têm um único veredicto: Ou renovam seus quadros, ou vão ficar desgastados nas páginas das operações policiais. No caso do PT, ontem foi a vez do governador do Piauí, Wellington Dias, que era uma das apostas para cargos majoritários e algo para mostrar em termos de gestão. Agora, terá que mergulhar e focar na própria defesa.

Prata da casa I/ Formado na UnB, o engenheiro elétrico Luis Henrique Baldez Jr., colaborador da HP Company desde 2002, acaba de assumir o cargo de Diretor Executivo da 3MF Consortium, organização internacional estabelecida em São Francisco, EUA, dedicada ao desenvolvimento das especificações universais para impressoras 3D. A ideia é que essas definições facilitem a comunicação de dados entre diferentes fabricantes, simplificando o uso de impressoras 3D para o usuário final.

Prata da Casa II/ Luis Baldez é um dos pioneiros da impressão 3D na HP e um dos criadores da entidade 3MF. A 3MF foi constituída em 2015 congrega gigantes da área de tecnologia, impressão e software 3D, como a HP, a Microsoft, a Siemens, a Autodesk, entre outras 16 multinacionais. É mais um exemplo do talento brasileiro pelo mundo.

E Queiroz ganha tempo/ Com a cirurgia de emergência do ministro Felix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça, quem ganha um tempinho a mais na prisão domiciliar é o ex-assessor Fabrício Queiroz e Márcia, a esposa. Quando Fischer voltar, há quem aposte que começará a contagem regressiva para Queiroz voltar ao chuveiro frio.

Bolsonaro precisa do Centrão, mas tenta impor limites a alguns nomes do bloco

Centrão
Publicado em coluna Brasília-DF
Coluna Brasília-DF

É bom o Centrão prestar muita atenção nos acordos que tem feito com o governo. Em conversas reservadas, deputados do chamado “bolsonarismo raiz” informam que o governo precisa ter base, mas há alguns pontos inegociáveis. Por exemplo: apoiar algum nome enroscado com a Lava-Jato para presidente da Câmara.

Afinal, os aliados do presidente foram para as ruas quando o senador Renan Calheiros (MDB-AL) concorreu à presidência do Senado, no ano passado. E planejam repetir a dose, se o governo apoiar alguém com perfil parecido.

Em tempo: até aqui, como não há candidaturas colocadas oficialmente — os bolsonaristas evitam “fulanizar”. Mas, nas conversas, informam que o recado tem nome e sobrenome: Arthur Lira (AL), líder do PP na Câmara.

Em tempo: ainda faltam seis meses para a eleição do novo presidente da Casa, e, assim como Delcídio do Amaral terminou absolvido, Lira pode evitar um dissabor com o bolsonarismo raiz, se tiver a mesma sorte do ex-senador.

A música toca…

O grupo aliado a Lira conseguiu identificar de onde vêm os petardos contra a pré-candidatura do pepista à presidência da Câmara. Os binóculos vislumbram ao longe o líder do MDB, Baleia Rossi (SP), e o vice-presidente da Câmara, Marcos Pereira (Republicanos-SP). Ambos querem que Lira se inviabilize como candidato ao comando da Casa porque sabem que, assim, suas chances de concorrer ao mesmo posto aumentam.

… E só restará uma cadeira

Não por acaso, o líder da maioria, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), avisou que não concorrerá contra Arthur Lira. Sabe que, se for fiel ao líder do seu partido, terá mais chances de ser apoiado por ele mais à frente, se for o caso.

Respiradores, a novela I

No mais novo capítulo da novela da venda de respiradores pela SKN do Brasil ao estado do Pará, a Justiça mandou o governo de Hélder Barbalho devolver os equipamentos à empresa, uma vez que o negócio foi desfeito e a maior parte do dinheiro, extornada. A devolução de R$ 22,8 milhões se deu no início de junho.

Respiradores, a novela II

Na decisão, o juiz Raimundo Santana afirma que a SKN do Brasil não efetuou a devolução integral do valor ajustado (R$ 25,2 milhões), restando um saldo de R$ 2,4 milhões a pagar. Porém, diz o juiz, a empresa tem R$ 4 milhões a receber do estado do Pará, relativos à venda de bombas de infusão.

Curtidas

CNC e a reforma tributária/ Preocupada com as consequências da aprovação das mudanças propostas pelo governo sobre a reforma tributária, a Confederação Nacional do Comércio concentra seu núcleo de inteligência econômica para formar juízo a respeito. O presidente da CNC, Roberto Tadros, liderou uma videoconferência com Francisco Maia, presidente da Fecomercio-DF, Everardo Maciel e alguns diretores da CNC, para formar a equipe de trabalho. Everardo, ex-secretário da Receita Federal, está dando supervisão e consultoria à força tarefa da CNC, que analisa o projeto.

Aliança é o Plano A/ O presidente Jair Bolsonaro fez questão de avisar ao pessoal do Aliança pelo Brasil que não tem essa de buscar outro partido, que não aquele em que investe sua energia. Em evento com apoiadores de vários estados, reconheceu as dificuldades para viabilizar a legenda, mas afirmou que até o final do ano a nova agremiação deve estar apta a funcionar. Ele também fez um elogio público ao vice-presidente da legenda, Luiz Felipe Belmonte, a quem chamou de “comandante” do Aliança.

Victor Hugo sob ataque/ A retirada da deputada Bia Kicis (PSL-DF) do cargo de vice-líder do governo aumentou a pressão para que Bolsonaro substitua Vitor Hugo (PSL-GO) da liderança. Até aqui, o presidente tem resistido às investidas contra o líder. Porém, o deputado Ricardo Barros (PP-PR), vice-líder do governo no Congresso, está no aquecimento. Barros tem tocado de ouvido com o senador Eduardo Gomes (MDB-TO), líder no Congresso, e com o ministro Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo.

Por falar em Bia Kicis…/ O que mais incomodou a deputada foi o fato de ser dispensada do cargo sem sequer uma satisfação do presidente — soube pela imprensa. Ela não deixará de apoiar o governo, mas seus amigos acreditam que essa mágoa vai permanecer por muito tempo.

O senhor dos anéis/ O deputado Capitão Augusto (PL-SP) pode até distribuir anéis banhados a ouro aos colegas, como parte de sua campanha para presidente da Câmara. Ainda que os parlamentares aceitem e usem o anel no dia da escolha do futuro presidente da Casa, Augusto não consta na lista dos pré-candidatos mais promissores para o cargo.

E os tucanos, hein?/ Bola da vez na força-tarefa do Ministério Público de São Paulo, o PSDB desce ao nível de desgaste em que está o PT. Sinal de que, para as eleições, novos atores e partidos têm tudo para ocupar esses espaços.