Políticos presentes no velório de Arthur estão preocupados com saúde de Lula

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Coluna Brasília-DF / Por Denise Rothenburg

Políticos que estiveram no velório de Arthur, o neto de Lula que morreu aos 7 anos de meningite meningocócica, saíram muito preocupados com o estado de saúde do ex-presidente. Ainda que o petista recuse apelos à prisão domiciliar, a defesa deverá se empenhar nessa linha a fim de tirá-lo de Curitiba para que ele fique mais próximo da família neste momento.

Esses mesmos políticos consideram que o PT deve se engajar na liberdade de Lula, mas não mais para que ele seja candidato. Uma turma acha que o petista já fez o que podia pelo partido e que cabe às novas gerações reinventar a legenda.

Porém, um pequeno detalhe no gestual de Lula, ao deixar o cemitério ontem, deu a muitos a certeza de que ele não quer deixar de liderar o PT. Ele ficou em pé à porta do carro e acenou aos militantes (foto acima). Ainda que não seja candidato, Lula quer continuar a comandar os petistas, seja na cadeia, seja fora dela.

Melhor de três

Com a escolha da nova direção nacional prevista para outubro deste ano, o PT terá três vertentes no jogo do poder interno: a da atual presidente, deputada Gleisi Hoffmann; a do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad; e a do que vem sendo chamado de “grupo do Nordeste”, em especial o governador Wellington Dias, do Piauí, e o senador Jaques Wagner (BA).

A união fará a força

Se São Paulo de Haddad e o Paraná de Gleisi continuarem divididos, o Nordeste terá espaço e força para, pela primeira vez, tirar o comando do partido do centro-sul. Além de Wellington Dias e Wagner, o partido tem os governadores da Bahia, Rui Costa; do Ceará, Camilo Santana; e do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra.

Influência geral

Não são apenas os governadores que sustentam a força petista no Nordeste. Dos seis senadores do partido, quatro são nordestinos: Humberto Costa (PE), Rogério Carvalho (SE), Jean Paul (RN) e Wagner. É por essa região que muitos acreditam que o PT deve caminhar.

Onde morava o perigo / Os petistas trocaram vários telefonemas na madrugada de ontem para desmobilizar grandes atos e manifestações em defesa de Lula. Ninguém queria dar pretexto para que o ex-presidente fosse proibido de comparecer ao velório do pequeno Arthur.

Redes de ódio / Mal Lula retornou a Curitiba, começou a circular pelo WhatsApp um vídeo do ex-presidente sorrindo num local fechado lotado de militantes, que gritavam “Lula, ladrão, roubou meu coração”. Uma legenda dizia que ele fez um comício no velório. Não eram imagens do cemitério e, sim, de outro momento, pouco antes de o presidente ser preso.

Reformas dependem de um novo tipo de deputado: o “caçador de Pokémons”

pokémon
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A prioridade do presidente Jair Bolsonaro agora é fazer as contas das reformas, certificando-se de que terá os votos necessários para aprovar a nova Previdência. Nesse trabalho, seus aliados calcularam que o Congresso concentra hoje, pelo menos, 150 “caçadores de Pokémons”, deputados que passam mais tempo de celular em punho, em lives nas redes sociais, do que nas articulações políticas.

Desses, pelo menos dois terços são de partidos governistas. Logo, caberá a Bolsonaro ganhar esse grupo, mantendo as redes sociais alimentadas com propaganda favorável à proposta da nova Previdência.

Constrangedor / Dia desses, um deputado que não sai das redes anunciou a seus seguidores numa live que falaria na sessão da Câmara. O sujeito, de primeiro mandato, se aprumou, puxou o microfone de apartes e solicitou a palavra ao presidente da sessão. Ouviu na hora um “o senhor não é líder, nem foi citado; portanto, não lhe cabe conceder a palavra nesse momento”. Santo mico, Batman!

Demissão de Szabó deixa Bolsonaro em dívida com Moro

sérgio moro
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Coluna Brasília-DF / Por Denise Rothenburg

O ministro da Justiça, Sérgio Moro, não desistirá da guerra contra o crime organizado dentro do Poder Executivo por causa da não nomeação de Ilona Szabó para o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária. A tendência do ministro é esperar para pedir ao presidente que o apoie nas grandes causas, que certamente virão. Agora, o presidente Jair Bolsonaro é meio que devedor do ministro, a quem prometeu dar carta branca no combate ao crime organizado e na nomeação das pessoas do governo.

Szabó fora do conselho, dizem aliados de Moro, foi constrangedor, mas não representou o fim do mundo. Moro, friamente, escolherá as batalhas que travará dentro do governo. E essa nomeação, afirmam pessoas próximas a ele, não está na lista dos embates mais importantes e decisivos de sua trajetória.

Presidente tem que resistir a pressões

Aliados do presidente Jair Bolsonaro ficaram preocupados com a rapidez com que ele cedeu aos seus apoiadores mais radicais, tirando Ilona Szabó do Conselho do ministério e também por ter pregado desde já a redução da idade de aposentadoria das mulheres. Nesse ritmo, vai ter
muito deputado pedindo mais
na hora da votação.

Por falar em pedir…

O Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes (Dnit) continua como o sonho de consumo de muitos políticos. Nos partidos, não faltam “talentos” para indicações nessa seara com orçamento de R$ 8,5 bilhões.

Redes de ódio

O post de Eduardo Bolsonaro chamando de absurda a liberação de Lula para ir ao enterro do neto de 7 anos foi comparado aos de simpatizantes do PT que comemoraram o atentado a Jair Bolsonaro, durante a campanha. A política, que já havia perdido a vergonha há tempos, perdeu o respeito e a humanidade nos dois casos. Triste.

Por falar em Lula e Eduardo…

Entre os governistas, há quem diga que chegou a hora de Eduardo esquecer o ex-presidente preso e se concentrar nas reformas que o país precisa e em angariar votos no Congresso. É assim que ajudará o pai. Afinal, a eleição acabou, o tempo de Lula passou e o momento é de tocar o barco.

CURTIDAS
Ele contra elas/ O senador Ângelo Coronel (BA) conseguiu comprar uma briga com toda a bancada feminina. Ele é autor de projeto que revoga a quota de candidaturas femininas nas eleições.

Elas contra ele/ Os grupos de WhatsApp das deputadas está fervendo. A deputada Tereza Nelma (PSDB-AL) alertou o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil e o Instituto de Advogados do Brasil (IAB), que ontem editou uma nota para protestar contra o projeto do deputado.

Por falar em mulheres…/ A bancada feminina no DF nunca foi tão ativa. A deputada Celina Leão (PP-DF) vai presidir a Frente Parlamentar da Mulher. Ela e Flávia Arruda (foto) farão uma tabelinha nessa pauta de gênero. Érika Kokay (PT-DF), a única veterana do grupo, segue firme na defesa dos trabalhadores.

…elas têm a força/ Paula Belmo (PPS) joga na área social e no fim dos benefícios aos políticos. E Bia Kicis, procuradora, se concentra nos temas jurídicos, como a redução da aposentadoria dos ministros do STF, e os educacionais, como a Escola sem Partido.

Ao ceder na Previdência, Bolsonaro tenta contornar o toma lá dá cá

toma lá dá cá
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Coluna Brasília/DF

Ao admitir negociar mudanças na reforma previdenciária, inclusive a idade mínima para mulheres, o presidente Jair Bolsonaro tenta contornar o toma lá dá cá a que alguns deputados e senadores insistem em pressionar o governo. A ideia da cúpula do Poder Executivo, embora haja conversas sobre cargos de segundo escalão para aliados, é negociar o mérito do projeto, dando discurso para que a futura base aliada aprove a proposta no plenário das duas Casas. Afinal, o governo sabe que, se voltar à velha batida de “ei, você aí, me dá um cargo aí”, vai perder apoio popular, o que também é fundamental para aprovar a nova Previdência.

O medo deles

Nos bastidores da reforma previdenciária e de outras prioridades do país, as excelências discutem meios de tentar jogar para escanteio o festival de candidatos laranjas detectados em vários partidos e estados na última campanha eleitoral e as suspeitas de desvios de recursos. O medo de muitos é de que as denúncias terminem forçando o fim do fundo eleitoral, e o financiamento das campanhas municipais de 2020, por exemplo, fique restrito a doações de pessoas físicas e a um pedaço do Fundo Partidário.

É por aí

Há quem diga que está pronto o caldo para extinguir o fundo eleitoral: dificuldades de recursos para investimento, uma nova Previdência que exigirá sacrifícios de todos, e, de quebra, as denúncias de desvio de recursos de campanha. O Partido Novo, aliás, dispensou o uso do fundo eleitoral e prega o fim da partilha desses valores. Agora, está com a faca e o
queijo na mão.

Quem manda…

Ao dizer que pode mudar a idade mínima para a aposentadoria das mulheres e combinar com o ministro da Justiça, Sérgio Moro, um “desconvite” à fundadora do Instituto Igarapé, Ilona Szabó, para o Conselho de Política Criminal e Penitenciária, o presidente Jair Bolsonaro assume definitivamente o comando do governo: os ministros podem muita coisa, mas a palavra final é do capitão.

Ela vai atropelar I/ É bom o líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), se preparar: a nova líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann, do PSL-SP, não é do tipo que cuidará apenas da tramitação de projetos relacionados a vetos presidenciais e questões orçamentárias, temas discutidos nas sessões conjuntas das duas Casas.

Ela vai atropelar II/ Nos bastidores, os deputados citam Joice como dotada de “muita energia para uma pessoa só”. Por isso, quando Vitor Hugo acordar, ela estará cuidando de tudo: dos projetos governamentais da Câmara e do Congresso e da pré-candidatura a prefeita de São Paulo.

Guaidó sem tapete vermelho/ A recepção a Juan Guaidó no Congresso não teve o tapete vermelho destinado a visitas oficiais de chefes de Estado. Ali, foi tudo muito rápido e mais discreto do que no Planalto.

Troca de comando nos portos/ A Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP) está sob nova gestão a partir de hoje. Quem assume o cargo de presidente é Jesualdo Conceição da Silva, administrador de empresas, com larga experiência no setor. O executivo foi responsável pela condução dos projetos de concessão junto ao governo federal, que tem, atualmente, os portos como uma das prioridades da área de infraestrutura.

Poder de investigação da Receita Federal é questionado por ex-secretário

Receita Federal
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Coluna Brasilia-DF

Depois dos vazamentos de informações de relatórios da Receita Federal a respeito das declarações de autoridades e seus cônjuges, ganha corpo um movimento para que o país deixe de lado o conceito de que “pessoa politicamente exposta” deva ser fiscalizada. “Esse conceito traz uma presunção de corrupção, e isso é degradante e aviltante para o exercício da função pública. Uma pessoa não pode, em razão de função ocupada, ser tratada de forma diferente. Isso fere a Constituição, que diz que todos são iguais perante a lei”, afirma o ex-secretário da Receita Federal Everardo Maciel.

Aliás, Everardo tem sido um dos principais conselheiros do atual secretário da Receita, Marcos Cintra. A amigos, Maciel tem dito que a Receita está desde 2009, no governo Lula, com poder de investigação criminal e considera isso algo grave. “A Receita tem que ser sempre pró-ativa no exercício de sua competência, que é arrecadar. Em caso de suspeita de crime, que encaminhe ao Ministério Público, que é a quem cabe verificar o que houve e encaminhar à Justiça”, diz ele.

O serviço é outro

As movimentações do governo brasileiro a respeito da crise na Venezuela são vistas como uma cortina de fumaça para tirar do primeiro plano as dificuldades do Planalto em estabelecer sua base congressual e fazer caminhar a reforma previdenciária. Aliás, entre os congressistas, há um consenso de que o presidente precisa aproveitar o carnaval para fechar a proposta dos militares e encaminhá-la ao Congresso na semana seguinte.

Não colou

A ideia do governo de aceitar indicações dos aliados para cargos na máquina pública é vista com desconfiança na provável base governista. Isso se dá porque, conforme adiantou a coluna, prevalece a ideia de afastar todos os atuais ocupantes de segundo escalão das administrações passadas para dar um “refresh” e acabar com os feudos.

Os mesmos

O problema é que a maioria dos líderes e potenciais aliados para a votação da reforma têm cargos no governo federal. E não estão dispostos a começar a relação com a gestão Bolsonaro dizendo a seus apadrinhados que eles estão fora do jogo.

Perdeu, playboy

A frase do vice-presidente da República, Hamilton Mourão, é repetida diariamente pelos deputados para se referir ao deputado João Campos (PRB-GO). Ele tinha esperanças de ser nomeado líder do governo no Congresso, cargo que foi destinado a Joice Hasselmann (PSL-SP).

CURTIDAS

Façam suas apostas/ Chegou a alguns parlamentares que Leonardo Quintão foi afastado da assessoria especial da Casa Civil porque estava tentando emplacar aliados na Agência Nacional de Mineração, antigo DNPM. Outros, entretanto, dizem que a gota d’água foi a votação do decreto sobre classificação de documentos na Câmara. O Planalto preferiu revelar motivos de ordem pessoal.

Vai dar trabalho/ Um vídeo antigo em que Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) anuncia o voto contra a reforma previdenciária é apontado internamente no governo como um grande estrago na estratégia de propaganda das reformas. Afinal, circula justamente nas redes sociais dos Bolsonaro, de onde o governo pretende alavancar o texto para pressionar o Congresso.

Contou nos dedos/ A deputada Paula Belmonte (foto), do PPS-DF, apresentou projeto para extinguir o auxílio-mudança dos deputados federais. Até aqui, só ela e outros dois abriram mão do benefício. “Não há justificativa para esse auxílio, porque os apartamentos são mobiliados”, diz.

Na Câmara…/ … Já é carnaval. Os novos deputados tomaram posse há 28 dias com disposição de mudança. Porém, estão rapidamente se adaptando a costumes antigos.

PSL desconfia que candidata da coligação do PT no Maranhão seja laranja

PSL
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Coluna Brasília-DF

O PSL está à procura de Isabel Bulhões, candidata a deputada federal pelo Pros no Maranhão, em coligação com o PT. Ela recebeu R$ 373 mil para a sua campanha, R$ 200 mil do PT e R$ 173 mil de seu partido. Para uma legenda que nunca foi generosa em ceder espaços políticos para seus aliados, há quem desconfie que os petistas cederam muito dinheiro.

.. tudo fica muito estranho…

A prestação de contas da candidata do Pros do Maranhão inclui apenas R$ 55 mil. A turma do PSL está desconfiada de que tem caroço nesse angu. Ela tem ainda duas notas fiscais, da HB Representação, de um total de R$ 103 mil, de uma firma de material elétrico que tem como atividade secundária impressão de material publicitário, em São Luís.

… Estranho demais

As notas fiscais apontam ainda outra de R$ 90 mil a uma empresa Saint German Consultoria e Administração Internacional de Bens. Também em São Luís. Os dados pessoais de Isabel no TSE apontam que ela tem ensino médio completo. Porém, a ocupação escrita ali é “advogado”. Ela obteve 1.278 votos. Ou seja, mais do que muitos classificados como “laranjas”.

Governo federal vai demitir apadrinhados dos políticos

Apadrinhados
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Coluna Brasília-DF

Ok, o presidente Jair Bolsonaro abriu o Alvorada para os líderes partidários simpáticos ao governo e que ainda não se consideram base. Mas nada vai se resolver com canapés e boca livre. Muitos líderes foram avisados de que os apadrinhados deles no governo estão para ser demitidos. É que o governo quer acabar com os chamados feudos de cada partido no Executivo, por isso, está disposto a trocar todos aqueles ocupantes de cargos de direção que tiveram indicação política. Nessa linha, Arthur Lyra, líder do PP, perderá a indicação da Codevasf de Alagoas e o próprio líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho, ex-ministro da Integração, verá os técnicos que colocou na Codevasf serem demitidos.

Essa decisão, já comunicada a alguns líderes partidários, foi tomada depois que o governo sofreu a sua primeira derrota na Câmara, semana passada. Ocorre que esse sistema enfrentará resistências. Deputados querem cargos que possam fazer bonito perante as suas bases eleitorais. E quem perder começará essa temporada de votações de mau humor em relação ao governo. Há quem diga que o melhor é deixar passar a votação da reforma da Previdência na Câmara e, aos poucos, mexer nos vespeiros. O governo, entretanto, não quer saber de contornar os problemas políticos com o Congresso e sim enfrentá-los de frente.

Cheque em branco, não!

Quem acompanha passo a passo a relação do governo com o Congresso descobriu por que os deputados decidiram derrubar o decreto que ampliava o número de pessoas com capacidade para determinar sigilo de documentos oficiais. É que as indicações pelos políticos seria feita com base em uma lista tríplice de funcionários de cada repartição ou estatal que tem interesse político. Ou seja,a excelência indicaria alguém que não conhece. A revolta foi geral e deu no que deu.

O livro de Aécio/ Discretíssimo na Câmara, o deputado Aécio Neves (PSDB-MG) se dedica à literatura. Começou a escrever suas memórias políticas. Histórias não faltam, passando por todo o período da redemocratização do Brasil.

A moda pegou I/ Desde que Leila do Vôlei (PSB-DF) dispensou o nome de guerra e adotou o senadora Leila Barros, outros seguiram o mesmo caminho.

A moda pegou, mas nem tanto/ O senador Capitão Styvenson também tirou a patente. Agora é Styvenson Valentim (Rede-RN). O senador delegado Alessandro virou senador Alessandro Vieira (PPS-SE). E, para completar, a juíza Selma, que foi eleita assim, virou senadora Selma Arruda (PSL-MT). Um dos poucos que continua como nos tempos da eleição é o senador Major Olímpio (PSL-SP). Esse é raiz.

E a escola, hein?/ A deputada Bia Kicis (PSL-DF), defensora da escola sem partido, saiu em defesa do ministro da Educação, Ricardo Velez, ontem, no plenário da Câmara, ao dizer que ele se retratou em relação ao slogan do governo nas escolas. Foi aplaudida pelos colegas de PSL quando disse que o PT, ao colocar uma estrela vermelha nos jardins do Alvorada, só tirou mediante decisão judicial.

Por falta de diálogo, deputados iniciam “operação tartaruga” na Previdência

Operação tartaruga
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O presidente Jair Bolsonaro será alertado por líderes aliados que ele tem até 15 de março para fixar as novas bases de relacionamento com o Congresso e se posicionar na guerra da informação a respeito do texto da reforma previdenciária. Se for esperar a data da votação, o risco de perder a batalha da comunicação e de reduzir as chances de aprovar um projeto desfigurado no plenário será grande. Portanto, mãos à obra para traçar a estratégia neste período carnavalesco e colocar tudo em prática a partir de 11 de março, sob pena de não encerrar a tramitação na Câmara neste semestre.

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Já existe acordo entre alguns líderes partidários para só dar tramitação célere à reforma previdenciária depois que chegar a proposta de mudança na aposentadoria dos militares. Assim, a reforma só começará a tramitar de fato na segunda quinzena de março, isso se o texto dos militares chegar ao Congresso até lá.

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A “operação tartaruga”, como alguns estão chamando, não se deve apenas à ausência do projeto dos militares. Muitos líderes consideram que o governo errou ao não chamar os partidos para discutir o texto antes de enviar o projeto ao Congresso. Assim, não conseguiu incutir nos parlamentares que potencialmente seriam base governista alguma ideia de “paternidade” da proposta. Ou seja, ninguém se sente muito comprometido com esse texto e, quanto mais o tempo passa, a impressão de muitos líderes é de que mais distante ficará.

Pacote pronto, não vai

Ok que o governo queira escolher seus ministros sem ouvir os partidos. Mas, pelo menos, o mérito dos projetos deveria ter sido discutido previamente com os partidos que podem ser da base. Afinal, a lógica de enviar pacote pronto para votação, como o governo quer fazer com a Previdência, só poderia funcionar se já houvesse uma base aliada pactuada na formação do governo.

#ficaadica

Os potenciais governistas querem participar da formatação das propostas das outras reformas. Assim, o governo conseguirá compensar um pouco o fato de não entregar cargos de primeiro escalão.

Joice sai na frente

A atuação da deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) na crise envolvendo o ex-ministro Gustavo Bebianno foi o que a credenciou para o cargo de líder do governo no Congresso. Ela é hoje o nome mais forte para essa missão.

CURTIDAS

A alegria de Ilana/ A diretora-geral do Senado, Ilana Trombka, tem do que se orgulhar. As contas de 2018 da Casa passaram sem qualquer ressalva e, de quebra, não houve contrato emergencial. Sinal de boa gestão e de ausência de imprevistos.

Feminicídio em pauta/ A deputada Flávia Arruda (PR-DF) aprovou sua primeira proposta ontem na Câmara: a criação de uma comissão externa para verificar in loco os casos de violência contra a mulher. “Temos de ir conversar com essas pessoas e dar suporte a essas mulheres. Será no contato direto com elas que poderemos ver o que precisamos fazer”, diz.

Pega o dicionário, Cabral/ Mesmo admitindo que recebeu propina, o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (foto) disse que “nunca” agiu como “corrupto”. Na Câmara, os deputados cariocas se distraíam ontem no plenário em busca de uma classificação para os recursos ilícitos recebidos pelo ex-governador: molhadela, suborno. Corrupto: subornável, comprável, corrompível.

Caçadores de Pokémon/ Assim, muitos deputados chamam os colegas que passam o tempo todo nas lives dentro do plenário. Realmente, tem muitos ali que completam um mês de mandato virtual.

Capitalização da Previdência terá projeto de lei, mas oposição promete barrar

capitalização
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Os parlamentares estão chamando de “pulo do gato” o fato de o governo não ter colocado o regime de capitalização na proposta da reforma da Previdência encaminhada ao Congresso. É que a intenção é definir as regras desse regime por lei complementar, o que exige 257 votos favoráveis, enquanto uma emenda constitucional precisa de 308. Os deputados se preparam para devolver o “gato” ao ministro da Economia, Paulo Guedes.

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A ordem na oposição, que já conta com a simpatia de alguns partidos aliados ao governo, é dizer que a capitalização também precisará ser definida por emenda constitucional, ou seja, quórum de 308 votos. Esse será um dos embates mais acirrados da proposta que o presidente Jair Bolsonaro entregou aos parlamentares.

Onyx fez escola

Primeiro-secretário do Senado, Sérgio Petecão (PSD-AC) foi procurado por servidores do Instituto Legislativo Brasileiro (ILB) atônitos, porque a diretora-geral da Casa, Illana Trombka, teria avisado que o presidente Davi Alcolumbre queria demitir todos dali, repetindo o que Onyx Lorenzoni fez em janeiro ao chegar à Casa Civil. São mais de 500 funcionários.

Assim não dá

Petecão passou a tarde tentando falar com Alcolumbre para tentar reverter a decisão. “A diretora avisou, mas não se pode chegar e demitir todo mundo, porque há tarefas importantes e lá está também o portal da transparência”, diz Petecão. Ele não quer ver no Senado o problema que ocorreu na Casa Civil, onde não havia sequer servidores para despachar os atos ao Diário Oficial da União.

#ficaadica

Já tem gente disposta a dizer que o melhor é o presidente Jair Bolsonaro falar com seus ministros apenas olho no olho, no gabinete e… sem celulares. Áudios de WhatsApp para falar com seus subordinados nem pensar.

Faltou carinho

A deferência do presidente Jair Bolsonaro ao Congresso, ao levar pessoalmente a reforma da Previdência, deixou alguns aliados dele borocoxôs. Ao chegar, Bolsonaro cumprimentou Carla Zambelli e Alexandre Frota, mas passou batido por outros integrantes da bancada do PSL. “Tá vendo?! Ele nem me conhece”, reclamou um.

Crise de identidade

Enquanto o PSL reclama atenção, outros estão completamente perdidos, sem saber como se comportar no relacionamento Planalto-Congresso: “Não sei se sou base, aliado ou independente”, comentava ontem o deputado Efraim Filho (DEM-PB).

Curtidas

O novo Jucá/ É assim que muitos se referem hoje ao líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho, do MDB de Pernambuco. Ele conseguiu a façanha de ser ministro de Dilma Rousseff e, agora, liderar o governo de Jair Bolsonaro.

Por falar em líder…/ O senador pernambucano passou pelo constrangimento de a bancada do governo, que ninguém sabe ainda ao certo quantos senadores tem, não o seguir no pedido de retirada da pauta de um projeto de autoria da deputada Maria do Rosário (PT-RS).

… ela levou a melhor/ Desafeta de Bolsonaro desde a discussão que gerou processo contra o então deputado no STF, a deputada gaúcha tinha aprovado na Câmara, dentro do pacote de segurança do ano passado, a criação do Cadastro Nacional de Crianças Desaparecidas. Bezerra Coelho pediu para retirar a medida de pauta e foi seguido apenas por Flávio Bolsonaro e Major Olímpio.

Projetos sem partido/ “Não tinha justificativa plausível, e não se pode penalizar um projeto apenas pela autoria. O presidente pode não gostar de mim, mas não pode me impedir de trabalhar”, disse a deputada Maria do Rosário, que deixou o plenário feliz da vida com a aprovação da sua proposta.

Câmara manda recado a Bolsonaro que é preciso o toma lá dá cá

toma lá dá cá
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O decreto que amplia o número de pessoas capazes de determinar o sigilo de documentos oficiais foi escolhido a dedo para impor uma derrota que não inviabilizasse qualquer reforma do governo e, ao mesmo tempo, servisse de recado ao presidente Jair Bolsonaro: é preciso estabelecer um relacionamento amistoso com o parlamento desde já e essa relação não pode ser apenas posar para as fotos na hora de entregar os projetos de reformas. Na visão de muitos parlamentares, há três meios de estabelecer a parceria: prestígio nas bases eleitorais, emendas ao Orçamento ou… participação no governo.

Quem acompanha o ritmo do parlamento lembra que, no governo Lula, os problemas foram num crescente e, no primeiro ano do segundo mandato, 2007, o Planalto perdeu a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira). Há quem diga que, do jeito que o governo de Jair Bolsonaro está enfrentando problemas logo na largada, ele precisa urgentemente definir a relação com os congressistas. Antes que eles decidam impor uma derrota em temas mais relevantes.

Assim, não vai

O governo viu a derrota no decreto como parte do processo. E garante que o presidente não vai se render ao toma lá dá cá rejeitado nas urnas. A ordem agora é esclarecer a necessidade da reforma previdenciária. E colocar a população para exigir sua aprovação.

Assim, vai

Entre os parlamentares, é quase um consenso que a reforma previdenciária terá de atingir a todos, sem distinção.

A esperança dos sindicalistas

No meio sindical, a reforma é vista como a chance de fazer ressurgir a capacidade de mobilização das categorias, em especial, o funcionalismo. Até aqui, quem reuniu mais gente foram os movimentos favoráveis ao governo.

O novo PSDB

Depois da investigação que colocou Paulo Vieira, o Paulo Preto, como suposto operador de parte dos tucanos, a aposta geral no partido é de que o governador de São Paulo, João Doria, liberou o caminho para assumir o comando da legenda.

Enquanto isso, na CNI…

Depois da operação de ontem, que prendeu o presidente da Confederação, Robson Andrade (soltou depois por decisão da Justiça), as apostas são as de que Paulo Skaf, da Fiesp, abriu caminho para comandar a instituição presidida pelo empresário mineiro.

Se não empurrar, não anda/ A tendência no parlamento é dar uma tramitação mais lenta ao projeto que criminaliza o caixa dois de campanha, um dos textos do pacote entregue pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro, ao Congresso. A forma de acelerar a proposta será pressão popular. Foi assim na Lei da Ficha Limpa.

Foco de tensão I/ A comissão de Transparência do Senado já foi identificada como aquela em que o governo terá de ter muito cuidado. Foi lá que a oposição conseguiu esticar o episódio envolvendo o ex-ministro Gustavo Bebianno, depois de uma bate-boca entre a senadora Elisiane Gama (PPS-MA) e o senador Major
Olímpio (PSL-SP).

Foco de tensão II/ Outro ponto que promete dar dor de cabeça ao governo é a Lava-Jato da Educação. O DEM já enviou um recado ao Planalto: não dá para deixar esse assunto contaminar o clima para as reformas.

Por falar em Educação…/ A propósito da nota publicada no domingo, na parte sobre a reunião entre o ministro da Educação, Ricardo Vélez (foto), e representantes das entidades que compõem o Fórum de Ensino Superior, o Ministério da Educação esclarece que não houve constrangimento algum durante o encontro, na quarta-feira passada. Na oportunidade, inclusive, foi estabelecido entre o MEC e o setor privado de educação superior uma parceria para trabalhar em prol do desenvolvimento da educação brasileira. A coluna considera, portanto, que o assunto está esclarecido definitivamente.