Economia, segurança jurídica e combate à corrupção serão os cartões de visita de Bolsonaro no Fórum de Davos

Davos
Publicado em coluna Brasília-DF

Com o dólar em baixa, a bolsa em alta e a Previdência em pauta, o presidente Jair Bolsonaro apresentará maravilhas de seu governo aos economistas e presidentes no Fórum Econômico de Davos, na Suíça. A expectativa do governo é a de que essas notícias, associadas ao ajuste fiscal e à “segurança jurídica”, ou seja, a regras claras em todos os setores, ajudem a atrair novos investimentos. Aliás, a medida provisória de combate a fraudes nos benefícios previdenciários será incluída na bagagem como prova da atenção do governo às contas públicas.

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Aliás, o presidente, embora dê alguns recados sobre vários temas em seus discursos e no Twitter, está convencido de que o cartão de visitas será mesmo a economia e o combate à corrupção. Na visão de alguns de seus estrategistas, outros assuntos tendem a se tornar acessórios com o passar dos dias.

Militares, o teste

Os políticos aguardam para ver se o presidente Jair Bolsonaro dirá sim a todos os pedidos dos militares, da mesma forma que o ex-presidente Lula fazia com as solicitações dos sindicatos. A resposta a essa pergunta será dada durante a negociação da reforma previdenciária. Já está decidido que os militares serão incluídos. Resta saber em que patamar.

Por falar em Lula…

A depender do que tem dito o ex-ministro Antonio Palocci nos depoimentos e delações premiadas, o PT ficará afônico de tanto gritar “Lula livre”, sem sucesso.

Senado no escuro I

Por enquanto, os senadores ainda não conseguiram sentir como está o humor da maioria em relação à escolha do novo presidente. No Nordeste, por exemplo, de 18, só três se reelegeram. Nem o experiente Renan Calheiros (MDB-AL) consegue vislumbrar quem está disposto a seguir a tradição da maior bancada de indicar o presidente.

Situação começa a clarear

Ao negar o pedido de Kim Kataguiri (DEM-SP) para a escolha do presidente da Câmara por voto aberto, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, deixou clara que também decidiria em favor do voto secreto no Senado, o que acabou acontecendo, conforme antecipou a coluna ontem. Melhor para o nome do MDB, leia-se Renan Calheiros, e pior para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que será traído por alguns partidos dos nove que o apoiam.

Enquanto isso, na oposição a Maia…

Que ninguém se surpreenda se o deputado Fábio Ramalho (MDB-MG) começar a insuflar aqueles que desejam concorrer à Presidência da Casa. É que, no quadro atual, quanto mais candidatos houver, maior a certeza do segundo turno.

E o Tasso, hein?/ Pré-candidato a presidente do Senado, Tasso Jereissati (CE) ainda está em férias. Ainda nem começou a ligar para os senadores pedindo voto. Ali, prevalece a máxima, “quem chega primeiro bebe água limpa”.

O alto verão de Izalci/ O senador eleito Izalci Lucas, do PSDB do DF, viaja domingo para a base brasileira Comandante Ferraz, na Antártica. O convite foi feito pelo comandante da Marinha, Ilques Barbosa Júnior, durante a solenidade de transmissão de cargo. Já é a terceira vez que o deputado é convidado, e a primeira em que ele vai. Nas outras, repassou o convite ao chefe de gabinete. Agora, vai para trazer na bagagem as linhas gerais da frente parlamentar mista de apoio à ciência, tecnologia, inovação e pesquisa.

Por falar em Marinha…/ Na cerimônia de transmissão de cargo, o almirante Ilques Barbosa Júnior afirmou que o Brasil esteve ao lado dos Estados Unidos em três guerras mundiais, o que causou estranheza a quem estava presente, pois o mundo enfrentou até hoje a 1ª e a 2ª guerra mundiais.

… guerra fria conta/ Perguntado sobre qual seria a terceira, ele disse que, ao citar um terceiro conflito, se referia à chamada Guerra Fria. Na ocasião, Estados Unidos e a extinta União Soviética trocaram ameaças contundentes. Não houve combate armado, porém, de acordo com o comandante, “o Brasil tinha um lado”. E continuará nesse lado.

Colaborou Renato Souza

Nos bastidores do jurídico, já é certo que a eleição para a Presidência do Senado terá voto secreto

Senado
Publicado em coluna Brasília-DF

A depender do que se comenta nos bastidores do mundo jurídico, os senadores podem se preparar para a eleição do novo presidente da Casa por voto secreto. É que, depois do recurso do Solidariedade e do MDB ao Supremo Tribunal Federal (STF), a tendência do presidente da Suprema Corte, ministro Dias Toffoli, é analisar o pedido dos partidos dentro daquilo que vale até no regimento do STF para escolha do seu próprio presidente e também para a Presidência da República: votação secreta.

A barganha da Previdência

Nas conversas com ministros ontem, o governo concluiu que é melhor investir numa mudança mais profunda da Previdência, como o regime de capitalização. Assim, deixará que o Congresso faça os ajustes a fim de aprovar o que for possível. Se, no texto a ser enviado ao Legislativo, o governo for tímido, a reforma a ser aprovada terá o tamanho de um amendoim, e não resolverá sequer metade do problema.

Ritual eleitoral I

Ex-líder da bancada emedebista e ex-presidente do Senado, Renan Calheiros avisa aos interessados que “o mais importante é a unidade do MDB”. Por isso, não se colocará como candidato antes de o partido decidir quem terá os seus 13 ou 14 votos (os emedebistas têm expectativa da filiação do senador Elmano Ferrer, do Piauí). “Não posso ser candidato em movimento anterior ao do MDB. O partido é quem escolherá o seu candidato”, disse Renan à coluna.

Ritual eleitoral II

Para bons entendedores, o recado está dado: Renan, se for escolhido pela bancada (e até aqui nada indica uma posição diferente), terá o apoio fechado de seu partido. Numa casa pulverizada, como está o Senado

Ritual eleitoral III

A reunião do MDB está marcada para 31 de janeiro. A do PSD, a terceira maior bancada, está prevista para o dia seguinte, ou seja, já com a posição do MDB definida. Quem ainda não se posicionou foi o PSDB do senador Tasso Jereissati (CE). Entre os tucanos, há quem diga que ele está com dificuldades de fechar o próprio partido em torno do seu nome. O PSDB não conseguiu
vencer as disputas internas.

Onde pega

Quem estuda atentamente as redes sociais aconselha o governo a retomar urgentemente o “governar pelo exemplo”, defendido diariamente pelo presidente Jair Bolsonaro. A nomeação do filho do vice-presidente, Hamilton Mourão, no Banco do Brasil, ainda que ele seja servidor de carreira e não tenha pedido para ser nomeado, desgasta o governo nessa largada, assim como o desconhecimento dos convites para que o senador eleito Flávio Bolsonaro preste esclarecimentos a respeito da movimentação do ex-assessor Fabrício Queiroz. Ainda que seja para dizer “não sei de nada”, é de bom tom comparecer.

Conversa republicana I/ O novo ministro da Secretaria de Governo, general Santos Cruz, telefonou para o ex-senador Francisco Escórcio nesta semana. Conforme relato do próprio Chiquinho, como todos o chamam, o ministro foi direto: “Estou aqui desde o dia 2, e o senhor não apareceu. Liguei para lhe comunicar que o senhor será exonerado.”

Conversa republicana II/ Chiquinho contou à coluna que também foi no ponto: “Muito obrigado. Não fui, porque havia mandado uma carta para o senhor pelo general Etchegoyen, com o meu telefone e me colocando à sua disposição. Pena que não tive oportunidade de conhecê-lo pessoalmente. Fui senador, duas vezes colega de Bolsonaro na Câmara”. Despediram-se e a conversa terminou aí. Chiquinho, ontem, ainda não havia falado nem com Bolsonaro, nem com José Sarney, de quem é fiel escudeiro.

Por falar em Bolsonaro…/ Se tem algo que o presidente preza são os gestos de solidariedade. Enquanto estava no hospital, recuperando-se das cirurgias a que foi submetido depois do atentado em Juiz de Fora, ele recebeu a visita do vice-presidente da Câmara, Fábio Ramalho, o Fabinho Liderança, hoje candidato a presidente da Casa. O deputado mineiro colocou-se à disposição para ajudar a família no que fosse preciso. Do presidente da Casa, Rodrigo Maia, não houve esse movimento.

… ele vai coordenar/ Embora esteja distante da disputa da Presidência da Câmara, será dele a coordenação com os congressistas para aprovação das reformas, em especial, a da Previdência.

As lições de Sarney

Publicado em coluna Brasília-DF
Chamado pelo presidente Jair Bolsonaro de “meu marechal” no dia da posse, o ex-presidente José Sarney desembarca em Brasília na semana que vem para mergulhar nos bastidores da política. Um dos ensinamentos a Bolsonaro será escolher as batalhas. Nesses primeiros dias, o presidente Bolsonaro e seu governo se lançaram em várias frentes ao  mesmo tempo. Previdência, vai e vem de aumento e redução de impostos, fusão da Embraer, extinção da Justiça do Trabalho, revisão de áreas indígenas, demissões gerais e irrestritas, constrangimentos com o mundo árabe por causa da mudança da embaixada em Israel para Jerusalém e por aí vai.
Para completar, Bolsonaro ainda foi responder a um post de Fernando Haddad no Twitter. Um presidente da República tem muito mais o que fazer do que se deixar levar por provocações da oposição. Quem entende das coisas e tem anos de estrada sabe que o foco de um presidente neste momento deve ser a principal batalha. No caso de Bolsonaro, economia e, nela, a geração de empregos. Afinal, um governo se perde quando a economia derrapa. E essa batalha, Bolsonaro, se quiser ter sucesso, não pode perder.
O IR será chamariz
Na entrevista em que mencionou a redução do Imposto de Renda, o presidente Jair Bolsonaro terminou por colocar, mais cedo na roda, a correção da tabela do IR, algo que a equipe econômica guardava para dar como uma compensação à reforma tributária.
Acabou a surpresa.
Investigação segue
Engana-se quem pensa que está esquecido o caso de Adélio Bispo, que tentou matar o presidente Jair Bolsonaro durante a campanha. A Polícia Federal agora está dedicada a saber quem contratou o advogado que defendeu o criminoso.
O troco será no Senado
Partidos que se sentem desprestigiados pelo governo caminham para apoiar Renan Calheiros na briga pela Presidência do Senado. Tudo para evitar que a Casa termine nas mãos de Davi Alcolumbre (DEM-AP). Quanto a Major Olímpio (PSL-SP), a sensação de parte dos senadores é de que a candidatura tem por objetivo servir de moeda de troca mais à frente.
Rodrigo, em cima do lance…
Assim que o PRB o apoiou na corrida para presidente da Câmara, Rodrigo Maia convidou o deputado João Campos (PRB-GO) para uma conversa na qual agradeceu a postura na primeira fase da disputa e pediu voto. Afinal, Campos retirou o nome, mas não perdeu a força. É considerado peça fundamental entre os eleitores da bancada evangélica.
 
…do adversário
O vice-presidente da Casa, Fábio Ramalho, também candidato, tem cercado os votos dos evangélicos e, nesta semana, apostará no governo. Ele terá um encontro com o presidente Jair Bolsonaro nesta segunda-feira, a fim de ver se consegue balançar o apoio do PSL a Rodrigo Maia.
CURTIDAS  
O general é pop I / Nunca antes na história do país um ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional foi tão festejado como general Heleno (foto). Ontem, por exemplo, foi flagrado por um leitor da coluna passeando num shopping da cidade.
O general é pop II / O general não conseguiu dar 10 passos sem que alguém o parasse, sempre com palavras de incentivo. Simpático, posou para selfies, pegou crianças no colo, distribuiu sorrisos e agradecimentos a todos que o paravam para parabenizá-lo e desejar boa sorte no governo.
A moda pegou / No dia da diplomação do presidente Jair Bolsonaro, o ministro do TSE Admar Gonzaga foi criticado por ter ficado de frente para a Bandeira Nacional no momento do hino. Muitos disseram que foi um gesto de protesto, porque, como a bandeira fica no canto do auditório, ele ficou de costas para seus colegas e para o então presidente eleito. Nas cerimônias de posse em alguns ministérios, o gesto foi repetido.
A moda é antiga / O ex-ministro do Desenvolvimento Social, Alberto Beltrame, por exemplo, gaúcho e acostumado desde os tempos de escola a ouvir o Hino Nacional com os olhos voltados para bandeira do Brasil, fez com que o ministro da Cidadania, Osmar Terra, e o ex-ministro do Esporte, Leandro Cruz, lhe acompanhassem no gesto. Os três ouviram o Hino de costas para a
plateia na posse de Osmar.

Bolsonaro deve rescindir contratos de aluguel e mexerá no bolso de Luiz Estevão

Bolsonaro mexerá no Bolso de Luiz Estevão
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Para desespero dos empresários que alugam prédios para o poder público federal, a intenção do governo Jair Bolsonaro é fazer com que a administração central fique concentrada na Esplanada dos Ministérios. Há quem diga que, se distribuir melhor os espaços, cabe. São 19 prédios na Esplanada, incluindo a Justiça e as Relações Exteriores, que têm seus palácios. Quatro pastas estão dentro do Palácio do Planalto. O Banco Central também tem a própria sede. Todos têm anexos.

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A ideia do governo é entregar praticamente todos os imóveis alugados. Os contratos que podem ser encerrados no curto prazo ainda estão em fase de levantamento. Mas, segundo alguns ministros, já é possível afirmar que um dos que perderá dinheiro nessa história é o empresário Luiz Estevão, que administra seu império a partir da Papuda desde março de 2016. Em dezembro, ele completou mil dias de cadeia. Se o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, decidir seguir pelo mesmo caminho, o faturamento despencará da casa dos milhões.

 

Um pé no Nordeste

O telefonema do governador do Ceará, Camilo Santana, pedindo apoio da Força Nacional de Segurança para ajudar a conter a onda de violência que assola o estado é vista como a porta de entrada do governo Jair Bolsonaro na região onde o PT continua forte em termos eleitorais. Por ironia do destino, o secretário de Segurança Pública, general Theófilo, que vai cuidar do caso, foi o adversário de Camilo Santana na eleição.

 

Não foi por falta de aviso

Há um ano, o deputado Danilo Forte (PSDB-CE) pediu que o presidente Michel Temer decretasse intervenção no Ceará por causa das ações do crime organizado. Na época, Camilo Santana disse que estava tudo sob controle. Agora, passada a posse, os ataques voltaram e uma janela se abre para o governo federal ajudar o petista.

 

Gabinetes invadidos

Não foi apenas o PT que sofreu com a invasão de gabinetes na Câmara. Nas transmissões de cargos, vários servidores de carreira, técnicos, tiveram suas salas arrombadas e maçanetas quebradas. Muitos consideraram a atitude inexplicável, uma vez que a segurança tem chave-mestra que poderia ter sido usada na varredura.

 

Renan e o PSL

O lançamento da candidatura do senador Major Olímpio à Presidência do Senado é a estratégia do presidente do PSL, Luciano Bivar, para contrabalançar o apoio a Rodrigo Maia (DEM-RJ). O PSL lança apenas para não ter que apoiar Renan. Rápido no gatilho, Renan fez chegar ao governo que pisará no acelerador das reformas constitucionais. O gesto de Renan deixa um problema para Bolsonaro: se o partido do presidente ficar com Major Olímpio e Renan vencer, as dores de cabeça vão sobrar para o governo.

Conselhos a Bolsonaro I/ O presidente está sendo aconselhado por personalidades de Brasília a restaurar a disposição original dos móveis do Palácio da Alvorada. Pela retomada das cadeiras azuis, flagrada ontem pela TV Globo, há quem diga que ele acolherá a sugestão. Resta saber se fará o mesmo em relação às imagens sacras.

Conselhos a Bolsonaro II/ A capela do Alvorada, anexa ao prédio principal, também precisa de algum ajuste. No período em que Dilma se manteve afastada do Planalto, cuidando da defesa no processo de impeachment, a capela foi transformada em escritório para assessores.

Humor e governo I/ Depois de o chanceler Ernesto Araújo (foto) ganhar o apelido de Beato Salu, personagem da novela Roque Santeiro, de 1985, foi a vez da ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, ganhar a alcunha de “Dilma do governo Bolsonaro”, dada a capacidade de proferir frases inspiradoras de memes, como a tal “meninas de rosa e meninos de azul”.

Humor e governo II/ Gente do próprio governo Bolsonaro se lembrou na hora da frase de Dilma sobre as crianças, “sempre que você olha uma criança, há sempre uma figura oculta, que é um cachorro atrás”.

Bolsonaro precisa manter aceso o sentimento popular para pressionar o Congresso

Bolsonaro
Publicado em coluna Brasília-DF

Depois dos primeiros discursos do presidente eleito, muito se falou sobre a necessidade de “descer do palanque”, que a eleição acabou, etc. Porém, quem o conhece garante que não será bem assim. “Ele simplesmente não pode fazer isso”, diz o professor Paulo Kramer. O presidente Jair Bolsonaro optou por queimar a ponte com o presidencialismo de coalizão. Portanto, precisa manter aceso o sentimento popular para pressionar o Congresso a apoiar a agenda do Poder Executivo.

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É esse sentimento de resgate da bandeira verde e amarela, e da necessidade do ajuste fiscal e das reformas, que ele pretende usar nos próximos meses. Só tem um problema aí, diz o professor: “Como alertava Max Weber, o carisma é inerentemente instável e fugaz, logo, a janela de oportunidade para implementar os pontos prioritários dessa agenda é estreita”. Portanto, o governo vai acelerar nesses primeiros meses e tratar de ganhar tempo onde for possível.

Guedes quer “desjudicializar” a economia

Muitos se perguntaram o que o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, e o ministro da Economia, Paulo Guedes, comentavam aos cochichos na transmissão de cargo de Guedes ontem à tarde. Era a necessidade de “desjudicialização” das matérias tributárias e a simplificação do tema na Constituição. Vem muita coisa por aí.

 

Guedes por Rodrigo

A presença do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), na transmissão de cargo de Paulo Guedes, já estava acertada há tempos e a proximidade entre os dois foi fundamental para ajudar a levar o PSL a fechar com a reeleição do deputado para mais dois anos de comando na Casa. Até aqui, avisam alguns, Rodrigo Maia é quem tem mais trânsito e experiência para garantir a agenda de reformas econômicas.

 

Governo fora

A proximidade entre Paulo Guedes e Rodrigo Maia não garante o apoio fechado do governo ao demista. O presidente Jair Bolsonaro quer ficar distante dessa disputa. Prefere isso a fazer como a presidente Dilma Rousseff, que apoiou Arlindo Chinaglia (PT-SP) contra Eduardo Cunha (MDB-RJ) e perdeu.

 

Enquanto isso, no Clube do Exército…

Ao falar de improviso na transmissão de cargo do ministro da Defesa, Fernando Azevedo, o presidente Jair Bolsonaro mencionou que o ex-ministro general Joaquim Silva e Luna “não vai colocar o pijama”. Ao fim da cerimônia, o general disse ao jornalista Leonardo Cavalcanti que ficou surpreso com a referência e garantiu não saber qual cargo poderá ocupar.

 

Cada um no seu quadrado

Poucos deputados prestigiaram a posse de Sérgio Moro na Justiça. A maioria preferiu mesmo ir ao Planalto, Agricultura, Desenvolvimento Social, Turismo e Saúde, onde os ministros são políticos. Com Moro, estavam o Judiciário e policiais. Em peso.

 

Guedes, o informal/ O ministro da Economia, Paulo Guedes, não é muito chegado às menções protocolares. Em seu primeiro discurso oficial, dispensou a extensa nominata. Apenas saudou “as autoridades” e agradeceu a todos, “em primeiro lugar, minha família”.

Padrinhos/ Na posse, destaque para Winston Ling e Bia Kicis, que apresentaram Paulo Guedes a Jair Bolsonaro em novembro de 2017. “Jamais imaginamos que hoje estaríamos todos aqui”, disse a deputada. Guedes, à época, ainda sonhava com a candidatura do empresário Luciano Huck.

O Carlos das redes e do Rolls-Royce/ Funcionários que cuidam do Twitter do Planalto não têm feito o expediente completo. Ontem, houve até quem não aparecesse, uma vez que a gestão das redes sociais palacianas ainda não está definida. A culpa, agora, recai sobre Carlos Bolsonaro (foto) — o filho que acompanhou o presidente sentado sobre parte da capota e com os pés sobre o estofado do Rolls Royce presidencial . Há inclusive quem diga, “bem, já que o Carlos tuíta tudo…”

Por falar em servidores…/ Ao exonerar todos os servidores da Casa Civil, não sobraram funcionários nem para atender o telefone. O ministro Onyx Lorenzoni e seus principais assessores tiveram que resolver tudo sozinhos. A intenção da equipe é que, até amanhã, as coisas já estejam normalizadas. Pelo menos, o novo ministro não encontrou computadores apagados e sem HD, como ocorreu na passagem de Dilma para Michel Temer.

Ministros são orientados a blindar Bolsonaro no caso Queiroz

queiroz blindagem bolsonaro
Publicado em coluna Brasília-DF

Por mais frouxas que sejam as explicações do ex-assessor Fabrício Queiroz em relação à movimentação financeira atípica detectada pelo Coaf, o governo que assume daqui a três dias está com tudo preparado para manter esse assunto bem longe do presidente eleito, Jair Bolsonaro. Entre todos os ministros, a ordem é dizer em alto e bom som que esse tema não é assunto de governo e que quem deve responder é o próprio Queiroz.

Ainda que, por hipótese, o ex-chefe de Queiroz, o deputado estadual Flávio Bolsonaro, senador eleito, seja chamado a dar qualquer explicação, ele estará lá como integrante da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). E, sendo assim, dizem alguns, o assunto morrerá nos gabinetes palacianos. Afinal, ali não faltam assuntos importantes a tratar, como a reestruturação do governo e a economia.

Ninguém sai

É bom o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, se acostumar com a prisão. A avaliação de promotores do Rio de Janeiro é a de que ele não sai de lá tão cedo. Foi por isso, inclusive, que seus advogados pediram e conseguiram que ele não seja enviado a outra prisão quando terminar o mandato daqui a três dias.

O PT e a democracia I

A decisão do PT de não comparecer à posse de Jair Bolsonaro é vista como um sinal de que não terá diálogo algum com o governo no futuro. Dentro do próprio partido, muitos estão preocupados, porque a posição do PT mostra desrespeito aos preceitos democráticos.

O PT e a democracia II

A avaliação de alguns é a de que o PT age hoje da mesma forma que agiu em 1985, ao não votar em Tancredo Neves no colégio eleitoral e punir os que votaram — Bete Mendes, José Eudes e Airton Soares. Resta saber se, desta vez, punirá quem decidir comparecer à posse.

O PT e a democracia III

Naquele período, o papel do PT era “tensionar”, conforme mencionou em várias entrevistas o ex-presidente do partido José Genoino. Daqui para frente, não será diferente. É o PT voltando às origens.

CURTIDAS

Vai faltar lugar I/ No balanço geral, a turma ligada a Jair Bolsonaro nem esquentou com a decisão do PT de não comparecer à posse. É que, contando os 140 convidados do presidente eleito, os parlamentares deste mandato e do próximo, já são mais de 2 mil pessoas.

Vai faltar lugar II/ A solenidade no Congresso é considerada o ponto alto, porque é lá que o presidente eleito assina o termo de posse e profere o discurso político para os Três Poderes.

Menos um/ Quem vai faltar à posse é o atual ministro da Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab. Ele fez uma transmissão de cargo simbólica ontem no Ministério, quando se despediu dos funcionários e apresentou o novo ministro, Marcos Pontes, e o futuro secretário executivo, Júlio Semeghini. Kassab embarcou ontem para São Paulo, onde assumirá a Casa Civil do governador eleito, João Dória.

A pausa de Kassab/ O atual ministro não volta para a transmissão de cargo, mas não cortará laços com Brasília. É que a Casa Civil paulista será responsável pela representação do estado de São Paulo na capital da República. Logo, quando reassumir o cargo depois da licença não remunerada que vai tirar no início do governo, ele estará sempre por aqui.

No primeiro ano de governo, Bolsonaro terá dificuldades para investir

Restruturação das pastas
Publicado em coluna Brasília-DF, Política

 

A decisão do futuro governo de começar seus serviços pela óbvia reestruturação das pastas, acrescida da revisão dos atos dos últimos 60 dias da gestão Michel Temer, significará uma lupa bem potente sobre os mais recentes leilões de distribuidoras de energia: o da Amazonas Energia e o da de Alagoas, marcado para hoje.

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De quebra, o governo ainda vai jogar mais luz sobre os empenhos orçamentários editados nos últimos dias, que prometem incrementar os restos a pagar. Até aqui, pelas contas da futura equipe, o primeiro ano de Jair Bolsonaro terá muita dificuldade em investir, por causa da quantidade de restos a pagar. A conta, entretanto, só poderá ser fechada nos primeiros dias de janeiro, depois que a equipe econômica souber o total empenhado esta semana. A cifra já está na casa dos bilhões.

Olho neles

Cinco nomes abrem 2019 com um capital político de fazer inveja a muitos, porque tiveram mais de 10 milhões de votos: o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL); o adversário dele no segundo turno, Fernando Haddad (PT); o governador eleito de São Paulo, João Doria (PSDB); o terceiro colocado na disputa presidencial, Ciro Gomes (PDT); e o atual governador de São Paulo, Márcio França (PSB).

 

Hora da defesa I

O ministro de Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab, vai se licenciar da Casa Civil de João Doria nos primeiros dias de janeiro. Quer aproveitar o período para se dedicar à sua defesa no processo que o envolve no esquema de tráfico de influência da JBS. O sonho de Kassab é voltar à Casa Civil paulista como Henrique Hargreaves voltou ao cargo no governo Itamar Franco, no início dos anos 1990. Sem nenhuma mácula.

 

Hora da defesa II

Quanto ao ex-assessor Fabrício Queiroz e outros da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, continua o mistério das movimentações financeiras incompatíveis com os rendimentos. Queiroz, que movimentou R$ 1,2 milhão, somando-se saques e depósitos, não é quem chama mais a atenção dos investigadores. Eles estão de olho em Elisângela Barbiere, assessora do deputado estadual André Ceciliano (PT). Ela movimentou R$ 26,5 milhões. Essa turma vai começar o ano se explicando.

 

Aviso não falta

A agenda do futuro governo, divulgada ontem, foi classificada pelos integrantes do gabinete de transição como um “preventivo”. Ali, estão todas as regras sobre uso de aeronaves, requisição de passagens, diárias etc. Ninguém vai poder alegar desconhecimento das normas. Melhor assim.

 

CURTIDAS

Que seja proveitoso…/ Mal a agenda do governo foi divulgada, começaram as apostas dos políticos sobre quanto tempo vão durar as reuniões ministeriais marcadas para todas as terças-feiras.

… Enquanto dure/ É que muitos ministros têm viagens, reuniões fora e aí começa um tal de mandar representantes. Em outros governos, as reuniões só funcionavam quando se limitavam a pequenos grupos.

França, o enigma I/ O governador de São Paulo, Márcio França (foto), aproveitou a entrevista ao Valor para colocar João Doria como o maior contraponto a Jair Bolsonaro nos próximos quatro anos. Aí tem.

França, o enigma II/ Quem leu a entrevista com uma lupa faz suas apostas: ou Márcio França quer jogar Doria para a disputa presidencial, a fim de tentar voltar ao governo de São Paulo daqui a quatro anos, ou vai se lançar nessa corrida.

Maioria dos governadores deve anunciar corte de gastos logo após posse

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Publicado em coluna Brasília-DF

Pelas conversas que a coluna manteve nos últimos dias com governadores eleitos, a maioria pretende assumir anunciando cortes de gastos, centralização de despesas e, em alguns casos, virá, inclusive, anulação de contratos. Alguns não descartam sequer entrar em regime de recuperação fiscal, aproveitando a popularidade inicial, para colocar as contas em dia. Ou seja, se alguém tinha esperanças de faturar nas posses, pode esquecer. O momento é de austeridade em todos os níveis de governo.

Campanha 24 horas

Se tem alguém que não parou de trabalhar nestes dias de festas foi o deputado João Campos (PRB-GO), candidato a presidente da Câmara. Esta semana, ele se reuniu com o futuro vice-presidente, general Hamilton Mourão. Hoje, tem encontro com o governador eleito de São Paulo, João Doria.

Amplitude

O deputado goiano quer mostrar que não está restrito aos votos evangélicos. Até aqui, os adversários têm dito que ele ficará no “gueto” de parte da bancada evangélica e não tem condições de agregar mais votos do que Fábio Ramalho (MDB-MG) ou Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Camata e a segurança

Num primeiro momento, o assassinato do ex-senador e ex-governador Gerson Camata (MDB-ES) deixou as autoridades em pânico, com o receio de que o estado tivesse voltado aos tempos dos grupos de extermínio. A vingança do ex-assessor e a facilidade de acesso a armas, porém, deixaram o mundo da política em estado de alerta. Ninguém está seguro.

CURTIDAS

Nunca antes…/ …na história deste país, os jornalistas foram proibidos de sair do Congresso em direção ao Planalto nas posses presidenciais da era democrática pós-ditadura militar. Desta vez, por questões de segurança, quem está credenciado no Congresso terá de ficar por lá e não ir ao Planalto.

Sigmaringa Seixas I/ De Bolsonaristas, caso da deputada eleita Bia Kicis (PRP-DF), à presidente do PT, Gleisi Hoffman, que também foi eleita deputada, todos os partidos estiveram representados no último adeus ao ex-deputado Sigmaringa Seixas, um exemplo do exercício do diálogo na política.

Sigmaringa Seixas II/ Ao longo do velório, muitos se perguntavam quem poderá assumir a missão de abertura de diálogo na ausência de Sig. Alguns nomes circularam nas rodas: no plano nacional, Heráclito Fortes, Paulo Delgado, Jaques Wagner e José Eduardo Cardozo. De todos, só Wagner terá mandato.

Sigmaringa Seixas III/ A falta de mandato nunca foi empecilho para o exercício por parte de Sigmaringa. E não fará falta aos quatro. Heráclito Fortes, aliás, é quem tem mais condições de assumir esse papel no plano nacional. No plano local, o nome mais lembrado para o exercício do diálogo foi o do deputado Chico Vigilante, escalado ontem para ler a carta de Lula.

Corte de gastos com publicidade pode ser revisto por governo de Bolsonaro

Publicidade
Publicado em coluna Brasília-DF

Muitos na equipe do presidente eleito, Jair Bolsonaro, estão preocupados com o corte dos gastos em publicidade. É que isso pode terminar deixando em segundo plano o discurso do governo em relação à reforma previdenciária. No geral, dizem os bolsonaristas, as redes sociais são mais no sentido de destruir do que construir uma visão favorável nesse tema. E será preciso montar um sistema muito mais profissional para que prevaleça a visão governamental nessa seara.

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Por isso, já tem gente pensando em propor uma revisão nos cortes desse setor. Afinal, além da reforma, o governo terá de explicar todas as medidas econômicas e o enxugamento da máquina que estão por vir. Logo, restringir as verbas de publicidade a um terço em meio a tantas mudanças pode ser pisar em falso na comunicação, ponto que o governo tem que se sair bem para poder promover todas as mudanças.

 

Investigação parada

O Ministério Público do Rio de Janeiro deu um tempo nas oitivas dos assessores da Assembleia Legislativa estadual suspeitos de movimentações financeiras volumosas captadas pelo Coaf. Só vão trabalhar nisso a partir de 6 de janeiro, quando começam a voltar do recesso.

 

Portal da fuga

Tem gente preocupada com essa paradinha de Natal e ano-novo antes dos depoimentos dos assessores. Pode ser a brecha para que uma galera deixe o país sem ser incomodada.

 

Ele já sabia

Não foi surpresa a decisão da Justiça de negar o pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para participar do velório do ex-deputado Sigmaringa Seixas hoje. Em conversas reservadas, advogados chegaram a alertar o ex-presidente que isso não seria possível. Lula, entretanto, preferiu insistir.

Testes a rodo

A intenção de Lula e de seus advogados é testar todos os recursos possíveis para ver se consegue tirá-lo da cadeia. A esperança agora reside na tentativa de antecipar a votação no Supremo Tribunal Federal, a respeito da prisão em segunda instância. O presidente da Suprema Corte, Dias Toffoli, porém, não deve acolher esse pedido. Afinal, abril está logo ali.

 

CURTIDAS

Sarney, o retorno/ O ex-presidente José Sarney (foto) passa as festas de fim de ano no Maranhão. Volta a Brasília depois de 10 de janeiro. Tudo para acompanhar de perto a eleição dos presidentes da Câmara e do Senado.

Por quem ele torce/ Nos bastidores, as apostas são as de que Sarney vai ajudar Renan Calheiros a empinar a candidatura ao comando do Senado. Na Câmara, tende a ficar mais discreto na busca de votos por Rodrigo Maia.

Paula Mourão/ Este é o nome da esposa do general Hamilton Mourão. Saiu truncado na coluna de ontem.

Sigmaringa Seixas/ Políticos e juristas das mais diversas matizes vêm para Brasília hoje para o velório do ex-deputado Sigmaringa Seixas, considerado a ponte entre os Poderes nas crises dos últimos 30 anos. Que Deus conforte a esposa, Marina, os filhos, Luiza e Guilherme, e os irmãos, Vera Lúcia, José Carlos, Roberto Carlos, Antônio Carlos, Maria Lúcia e Regina. Vá em paz, amigo Sig.

Corte no Sistema S é consenso na equipe de Paulo Guedes

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Publicado em coluna Brasília-DF

Se tem algo em que a equipe do futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, joga junto é quanto à necessidade de um levantamento criterioso sobre os recursos que hoje irrigam o Sistema S — Sesi, Sesc, Senac, Sebrae, entre outros. Quem se preocupou e foi verificar se é possível rever essa disposição entre os escudeiros de Guedes não encontrou brecha para preservar, em 2019, o valor na casa dos R$ 17 bilhões repassados este ano a esses serviços. Nem mesmo quando se argumenta que são geradores de qualificação de mão de obra para os mais diversos setores da indústria. Até no Banco Central, comenta-se que o Sistema S recebe demais.

O “número um” tampouco se mostra disposto a ceder a pressões. Inclusive, tem cortado quem tenta jogar um verde para ver se colhe um recuo nessa seara. Aos interlocutores, o presidente eleito, Jair Bolsonaro, desconversa, dizendo que quem cuidará desse tema é Paulo Guedes.

O adversário de Maia

Na visão geral dos parlamentares, é o vice-presidente da Câmara, Fábio Ramalho, que vai virar o ano com ares de principal desafiante da reeleição de Rodrigo Maia ao comando da Casa. Há quem esteja convicto de que, se Fabinho Liderança for ao segundo turno, “lascou”.

Enquanto isso, no Senado…

A avaliação geral é a de que, até agora, não surgiu um adversário de peso para derrotar o senador Renan Calheiros, caso ele anuncie sua candidatura à Presidência da Casa.

CURTIDAS

O general é pop I/ O vice-presidente eleito, general Hamilton Mourão, marcou hora, dia desses, para cortar o cabelo e deu um nome fictício: “Antônio”.

O general é pop II/ Enquanto a mulher dele dava uma olhada nos produtos à venda, uma das clientes, que não tirava os olhos do tal “Antônio” mencionou em voz alta: “General!!! Que bom ver o sr. aqui!”

O general é pop III/ Meio constrangido e tentando disfarçar, ele acabou revelando a verdadeira identidade. Foi um tal de “parabéns” para lá, “o senhor e o Bolsonaro têm de resgatar o Brasil” para cá, que não acabavam mais. Na hora, a mulher do general largou sua distração e foi para perto do marido, sem entender como é que ele havia sido reconhecido. Daqui para frente, d. fulana, acabou o anonimato.

Feliz Natal!!!/ Hoje, é dia de almoço em família e mais uma chance de deixar de lado todas as rusgas eleitorais. Que Deus abençoe a todos com muita saúde, paz, harmonia e alegria.