Autor: Denise Rothenburg

Blog da Denise publicado em 22 de dezembro de 2024, por Carlos Alexandre de Souza com Eduarda Esposito
Não resta dúvida de que 2024 representou um avanço na relação entre os Poderes da República, considerando a ofensiva golpista que se armou nos estertores do governo Bolsonaro. À luz do dia, os ataques constantes contra o Supremo Tribunal Federal partiam do Palácio do Planalto, particularmente, no período eleitoral. Nas sombras, militares conspiravam para desferir um golpe contra a democracia brasileira.
No governo Lula, os atritos entre os Poderes voltaram a ocorrer dentro da normalidade democrática — o que já denota uma notável diferença. Mas a tensão institucional passou a se dar em duas frentes. A primeira, entre o STF e o Congresso Nacional. A determinação da Suprema Corte de mais transparência na liberação das emendas irritou profundamente os parlamentares. E nada sugere que a questão esteja resolvida. As manobras aprovadas nas últimas votações podem provocar nova reação do STF. Eis um choque previsto para 2025.
O segundo ponto de desgaste institucional, dessa vez entre o Executivo e o Legislativo, decorre, igualmente, do manejo dos recursos da União. Com a obrigatoriedade de pagamentos das emendas e a apropriação do Orçamento pelo Parlamento, o governo se vê na situação esdrúxula de ter uma margem mínima de manobra para executar políticas públicas chanceladas pela maioria dos eleitores.
Silêncio regulatório
A disfuncionalidade entre os Poderes também foi mencionada no plenário do STF, no julgamento sobre a responsabilidade das redes sociais iniciado na semana passada. Como ressaltou o presidente da Suprema Corte, ministro Luís Roberto Barroso, o Judiciário viu-se na necessidade de deliberar sobre a atuação das plataformas digitais ante o silêncio regulatório por parte do Legislativo. Após o pedido de vista do ministro André Mendonça, a questão ficou para o ano que vem.
Rotas sul-americanas
Tema abordado na semana passada durante o CB Debate Desafios 2025, as “Rotas de Integração Sul-Americana” representam uma oportunidade relevante para impulsionar as exportações do Brasil e dos países vizinhos. As cinco rotas definidas pelo Ministério do Planejamento têm uma função dupla para o Brasil: abrem canais para produtos brasileiros chegarem aos mercado vizinhos e encurtam a distância entre as exportações nacionais e a China, maior parceiro comercial do Brasil.
Para o Atlântico
Para os nossos vizinhos sul-americanos, a perspectiva é de bons negócios. Chile, Argentina e Paraguai, por exemplo, teriam corredores até chegar aos portos brasileiros e direcionarem seus artigos de exportação para a Europa e os Estados Unidos.
Exportar é tudo
Em 20 anos, as exportações brasileiras para a China aumentaram praticamente 17 vezes. Saltaram de US$ 8,8 bilhões em 2002 para US$ 152 bilhões em 2023. Para os países sul-americanos, o aumento foi menos expressivo: evoluiu de US$ 7,4 bilhões para US$ 40 bilhões. Existe, portanto, uma avenida de oportunidades para incrementar o comércio exterior brasileiro.
257 tiros justificados
Os 257 tiros de fuzil disparados por oito militares do Exército contra dois civis no Rio de Janeiro, em 2019, foram insuficientes para o Superior Tribunal Militar considerá-los culpados por homicídio doloso. Condenados em primeira instância a até 31 anos de prisão, eles tiveram a pena reduzida para três anos em regime aberto. No entendimento da Corte, tratou-se de “um erro plenamente justificado pelas circunstâncias”.
Começou de novo
As chuvas torrenciais em São Paulo deixaram cerca de 600 mil pessoas sem energia elétrica. Mais um episódio para ser analisado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e pelo Ministério de Minas e Energia. Em outubro, a agência reguladora cobrou explicações da concessionária por causa da demora em restabelecer o serviço.
Descanso merecido
Nas redes sociais, a ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, fez uma homenagem aos trabalhadores e trabalhadoras terceirizados. “Em 2024, pela primeira vez, puderam tirar um recesso no Natal ou no Ano-Novo”. Nas palavras da ministra, esses trabalhadores “desempenham papel essencial” na administração federal. Disse, ainda, que o governo ampliou os direitos e as condições de trabalho dessa categoria.
Luto na estrada
A tragédia em Teófilo Otoni (MG), onde ao menos 38 pessoas morreram após uma colisão entre um ônibus e uma carreta, acende o alerta para a segurança nas estradas neste verão. Sinalização, controle de velocidade e fiscalização são medidas essenciais a serem adotadas por autoridades de trânsito, em nível local ou federal, para evitar tanto sofrimento nesse período de festas.
Blog da Denise publicado em 20 de dezembro de 2024, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito
Uma promessa de liberação de emendas da ordem de R$ 5 milhões por parlamentar e a suspensão do trabalho das comissões esta semana foram cruciais para que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e os líderes partidários aliados conseguissem fechar as contas para aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que faz parte do pacote de contenção de gastos. Simplesmente, não houve tempo hábil para que muitas comissões fechassem suas emendas e, assim, os líderes puderam fazer essas concessões.
Em Orçamento, tudo é longo prazo/ Resta saber se, em fevereiro, quando as excelências voltam do recesso para votar o Orçamento de 2025, a turma das comissões não vai chiar, reclamando que cabe a esses colegiados e não ao conjunto dos líderes indicar os beneficiários das emendas.
A novela segue em 2025…
Com o pacote de gastos desidratado, o governo vai entrar no ano que vem com os mesmos problemas fiscais que tentou resolver este ano, sem sucesso. Deficit zero, nem nos sonhos do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
…com Galípolo sob os holofotes
A contar pela harmonia que o futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, e Roberto Campos Neto, o atual, mostraram ontem, perde força o discurso do PT, de culpar a autoridade monetária pelas agruras relacionadas a juros altos e câmbio. Daqui para frente, não tem mais ninguém no papel de “infiltrado” que os petistas deram a Campos Neto.
Por falar em sonho…
Está a maior discussão no Planalto sobre a campanha publicitária a respeito da isenção de Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil. A ideia, porém, pode dar errado. No início do ano, é quando as famílias começam a se preparar para acertar as contas com o leão do Imposto de Receita. E as pessoas podem se confundir, ao ver uma propaganda de isenção de imposto, sendo que elas não terão essa isenção em 2025. Há quem defenda que é melhor deixar a propaganda para depois de abril. Até o início da votação do projeto que incluía o Fundo Constitucional do Distrito Federal, havia dúvida se o PT iria pedir um destaque para tentar repor a mudança na correção do FCDF no pacote fiscal. “Ficará feio para eles, né?”, comentou à coluna o senador Izalci Lucas (PL-DF). No final, o PT não apresentou e o fundo foi preservado na Casa.

Até o último segundo
Mesmo com a resposta do líder do PT, Odair Cunha (MG), os deputados do DF, Erika Kokay (PT), Bia Kicis (PL), Rafael Prudente (MDB) e Julio Cesar Ribeiro (Republicanos) (foto), ficaram em frente à tribuna, ouvindo o relator do projeto, Isnaldo Bulhões (MDB-AL), ler o relatório e confirmar que o FCDF não seria impactado.
CURTIDAS
Síndrome de Estocolmo/ O líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA), ajudou na busca de votos para aprovar o pacote de contenção de gastos. Em conversas reservadas, deputados brincavam que ele está igual a um sequestrado que se apaixona pelo sequestrador. Lira não ajudou Elmar a virar candidato a presidente da Câmara e agora auxilia o alagoano a ficar bem com o Poder Executivo.
Por falar em Executivo…/ Aliados de Lira não querem que ele seja ministro de Lula. Preferem que ele fique na Câmara, comandando as emendas parlamentares nos bastidores. Afinal, é a equipe dele que conhece o modus operandi.
Vai que é tua!/ Parte da sessão que votou o pacote de corte de gastos foi presidida pela deputada Maria do Rosário (PT-RS). A ideia de alguns partidos era deixar o PT de Lula com a cara à mostra na hora de apreciar medidas impopulares. Lira arrumou os votos, mas quem propôs foi o governo.
Por falar em governo…/ Lula dará uma série de recados ao mercado em seu discurso na reunião ministerial que fará. E, segundo auxiliares, deve subir o tom em relação à entrevista que deu ao Fantástico no último domingo.
Pausa/ Uma folguinha para aliviar a mente. Volto para receber 2025 ao lado dos leitores do Correio. Um Natal de muita saúde e harmonia para todos. Neste período, a coluna estará a cargo do editor, Carlos Alexandre de Souza, e de Eduarda Esposito.
Blog da Denise publicado em 19 de dezembro de 2024, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito
Em jantar com os deputados da bancada de Minas Gerais, esta semana, o líder do Republicanos, Hugo Motta (PB), prometeu destravar pelo menos uma das propostas que mexe com as prerrogativas do Supremo Tribunal Federal. A ideia é colocar para tramitar o texto que limita os temas sobre os quais os ministros do STF podem tomar decisões monocráticas. O assunto foi mencionado pela ala bolsonarista, que cobrou de viva voz a formação das comissões para avaliar propostas de emendas constitucionais. “Ele deu a entender que vai colocar em isso pauta”, comentou o deputado Zé Vitor (PL-MG), que participou do encontro.
Uma no cravo, outra na ferradura
O aceno de Hugo Motta aos bolsonaristas indica que ele caminhará num zigue-zague quando for presidente, com algumas atitudes de atendimento à ala mais à direita e, outras, mais à esquerda. Internamente, há quem diga que é melhor ceder nesse ponto do que deixar para ceder em outras mais polêmicos e arriscados, como o que tenta dar ao Congresso poder de mudar decisões da mais alta corte do país.
Contagem regressiva
A mudança na área de comunicação do governo não vai demorar, avisam aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Parlamento. A ideia é colocar Sidônio Palmeira, o marqueteiro da campanha petista em 2022, no comando. Nesse caso, há um desenho que desloca Paulo Pimenta para a Secretaria-Geral da Presidência, no lugar do ministro Márcio Macedo. Ocorre que Macedo está sem mandato e é preciso acertar a vida dele. A conversa de Lula com Sidônio será nos próximos dias.
Onde mora o perigo
A política viu muita gente tropeçar por excesso de propaganda. Há quem aconselhe Lula a dosar mais o que vier de Sidônio com o que vier das áreas mais técnicas. A mistura de isenção de imposto de renda para quem recebe até R$ 5 mil com pacote de corte de gastos, por exemplo, embolou, e o governo foi obrigado a ficar se explicando.
Por falar em comunicação governamental…
O deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) ironizou a comunicação do governo quando perguntado se haverá um ato para o momento em que Lula sancionar a reforma tributária. “Espero que sim. A comunicação do governo não pode ser tão ruim, né?”, disse, com ar de deboche.
É pegar ou largar
Nas negociações do projeto do pacote de cortes de gastos, que incluía o Fundo Constitucional do Distrito Federal, os líderes jogaram da seguinte forma: o governo aceitava as mudanças propostas pelos parlamentares ou não aprovava nada. Sem muito tempo para negociar, e precisando de alguma sinalização aos investidores, o Poder Executivo não teve muito o que fazer. Está correndo contra o tempo.
CURTIDAS

A volta de Lula/ Da mesma forma que o mercado mandou recados a Lula, o presidente mandará mensagens diretas aos agentes financeiros da Faria Lima, na reunião ministerial dos próximos dias. O presidente não engoliu o dólar acima de R$ 6. E partirá para cima.
Barrados/ Um grupo expressivo de integrantes dos bombeiros e da Polícia Civil do Distrito Federal foi até o Congresso tentar acompanhar, de perto, a votação do pacote de gastos — leia-se o Fundo Constitucional do DF, fundamental para o pagamento dos salários dessas categorias. Só conseguiram colocar uns poucos no plenário.
O dólar é “o cara”/ Os deputados brincavam no fundo do plenário que a oposição tem um novo líder: o dólar alto. Dez em cada 10 oposicionistas que foram à tribuna da Câmara ou do Senado citavam a subida da moeda americana.
Casamento x trabalho/ O deputado Luiz Ovando (PP-MS, foto) completou, ontem, 48 anos de casado. Entretanto, passou o dia em plenário votando projetos. As comemorações com d. Clotildes ficaram para o fim de semana. Raridade nesses tempos de Infoleg, quando muitos deputados votam projetos de forma virtual.
Deputados relatam acordo para tirar FCDF do pacote de corte de gastos

Denise Rothenburg e
Eduarda Esposito
Parlamentares ouvidos pela coluna informaram que já existe um acordo de líderes para tirar a mudança da correção do Fundo Constitucional do Distrito Federal do projeto que fixa as regras de corte de gastos. A dúvida dos deputados é se o PT apresentará algum pedido para votar essa parte em separado, ou seja, um destaque. O líder do PT, Odair Cunha, informou ao blog que isso ainda não estava decidido. Grande parte das autoridades do DF e representantes da sociedade civil foram ao Congresso acompanhar a votação de perto. A vice-governadora Celina Leão está no plenário, em conversas para garantir o FCDF. “Não vejo motivo para a Câmara mexer no fundo. E acredito que não precisará voltar do Senado”, afirmou, confiante.
Com tantos temas envolvidos no projeto que trata do FCDF, inclusive o Benefício de Prestação Continuada (BPC), o texto ainda está em discussão pelos líderes. Se demorar muito, o governo jogará para que o Senado não promova alterações no texto, de forma a garantir que o presidente Lula possa promulgar esse pacote ainda este ano. A Câmara vota neste momento o projeto que trata da transição energética. A ideia é varar a madrugada, a fim de limpar a pauta e deixar a quinta-feira para votação das matérias orçamentárias. A noite será longa.

Blog da Denise publicado em 18 de dezembro de 2024, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito
Duas mensagens ficaram muito claras para deputados ligados à equipe econômica do governo ao ver o dólar nas alturas, ainda que o Banco Central tenha intervindo. A primeira é que, sozinha, a autoridade monetária não conseguirá resolver o problema do câmbio e nem tranquilizar o mercado. Segundo, governo federal e Congresso terão que ajudar a sinalizar no sentido da responsabilidade fiscal.
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Em tempo: Quem conhece detalhadamente o ânimo dos investidores acredita que, a despeito do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), os congressistas precisam entender que o pacote proposto pela governo federal deve ser visto como um “piso” do que precisa ser feito. Se for desidratado, as agruras na seara econômica — leia-se dólar e juros — não vão ceder tão cedo.
Gratidão é lealdade…
De olho numa reforma ministerial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já tomou uma decisão. Não deixará “na chuva” aqueles que foram fiéis na “alegria e na tristeza”.
… e têm CPF
Nesse rol estão o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Marcio Macedo, o ministro da Secretaria de Comunicação do Planalto, Paulo Pimenta. Ainda que alguns sejam “deslocados”, não haverá abandono.
Norte x Sul
De acordo com deputados federais, a aprovação da reforma tributária protegendo os negócios na Zona Franca de Manaus vai tirar cerca de 150 mil empregos da indústria de outras regiões do Brasil, em especial, Sudeste e Sul.
Boicote
Alguns deputados do PP não quiseram seguir a ordem do líder da legenda na Câmara de marcar presença no Plenário para a votação da reforma tributária. A justificativa é que o texto ainda não atendia as demandas de setores do partido.
CURTIDAS

Brinco perdido/ Durante a sessão de ontem a deputada Carla Zambelli (PL-SP foto) acabou perdendo uma peça do seu brinco no Plenário. Mobilizou vários funcionários para procurar o acessório, presente que recebeu do ex-presidente Jair Bolsonaro. A deputada Dr. Mayra Pinheiro (PL-CE) reconfortou a colega dizendo que conhecia alguém que podia consertar o presente dado pelo ex-presidente.
Trump, Brasil e China I/ A aposta do agro é a de que a capacidade de negociação do novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com a China vai refletir no Brasil.
Trump, Brasil e China II/ Se o presidente norte-americano for pragmático o suficiente para negociar commodities americanas com a China — por exemplo, milho e soja — o Brasil terá problemas. Se Trump for para o confronto, o Brasil terá uma avenida aberta para vender seus produtos aos asiáticos.
Suspense em relação ao Orçamento/ A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) tem votação garantida este ano. Já s Lei Orçamentária Anual (LOA) dependerá de sessão na sexta-feira, com poucos deputados e senadores em plenário.

Blog da Denise publicado em 17 de dezembro de 2024, por Carlos Alexandre de Souza com Eduarda Esposito
A prisão do general Walter Braga Netto, mais de dois anos após as eleições de 2022, mostra a extensão dos efeitos maléficos causado pela atuação política de militares em tempos democráticos, largamente incentivada por Jair Bolsonaro enquanto ocupou o Palácio do Planalto. Ministro da Defesa do ex-presidente e candidato a vice na tentativa de reeleição, o quatro estrelas avançou em muito as quatro linhas da Constituição ao atentar contra a democracia e o papel das Forças Armadas como instituições de Estado.
É insuficiente dizer que Braga Netto faz parte de um “golpe de militares” e não de um “golpe militar”. A tentativa de obstruir a investigação da Polícia Federal, a investida contra os termos sigilosos da delação de Mauro Cid e os indícios cada vez mais evidentes de uma ação golpista indicam uma ampla e contínua mobilização, na alta esfera do governo Bolsonaro, para romper os alicerces do Estado Democrático de Direito. Não é coisa trivial. Trata-se de um investida para restaurar um dos mais sombrios períodos da história brasileira.
Convém lembrar que mais de 20 fardados foram indiciados por envolvimento com a trama golpista. Faziam parte do plano o assassinato de altas autoridades da República, a formação de um Estado Maior para manter a ordem pública e o financiamento de grupos golpistas. No depoimento que dará à Polícia Federal, Braga Netto terá muito a explicar se quiser obter algum benefício semelhante ao do ex-ajudante de ordem de Bolsonaro.
Não era repouso?
O país tem muitas urgências, mas chama a atenção o presidente Lula, um dia depois de receber alta hospitalar após seis dias internação e cirurgia de emergência, retomar o ritmo de trabalho em São Paulo. Se no domingo o chefe do Executivo disse que iria se cuidar, na segunda-feira se reuniu com três ministros para tratar da pesada agenda pendente do governo com o Congresso Nacional.
Não bate
De toda a história relativa ao estado de saúde do presidente, das duas uma: ou o presidente desconsiderou as recomendações dos médicos, ou a equipe médica não deixou expressas as recomendações ao paciente. “Achei que já podia fazer de tudo: voltei a fazer esteira, musculação”, contou Lula, que inclui na rotina viagens internacionais.
Juntos pelo FCDF
A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) está confiante com mobilização para manter inalterado o Fundo Constitucional do Distrito Federal. À coluna, ela afirmou que a estratégia de pedir o apoio de líderes de bancadas tem sido eficiente. “Pelo que estou percebendo, os líderes do Senado vão fazer eco aos líderes da Câmara. Inclusive, presidentes nacionais de partido estão se manifestando também. Então acredito que a gente vai conseguir manter as regras atuais”, disse a parlamentar.
“Eles são malvados”
Damares também está atenta à permanência das regras atuais do Benefício de Prestação Continuada (BPC). Na avaliação da senadora, a proposta marcará negativamente o governo Lula. “O governo deu um tiro no pé. E não tem mais volta, porque já mostrou para as pessoas com deficiência e idosos que eles são malvados. Mesmo que o Lula retire, a marca já ficou. Os deficientes estão se sentindo traídos por esse governo”, comentou.
Lula não leu?
No plenário do Senado, Damares Alves disse acreditar na “inocência” de Lula sobre o BPC. “Eles (equipe econômica) queriam é matar o presidente Lula? Porque eu tenho certeza que o presidente Lula não sabe disso. Certeza de que o presidente não concordaria. Eu tenho todas as minhas divergências com o presidente Lula, mas de uma coisa a gente sabe: ele tem uma paixão pelos pobres”, falou. Para a senadora de oposição, o presidente não leu o pacote antes de aprová-lo.
Visão neopetista
O senador Paulo Paim (PT-RS) defende que o novo presidente da legenda precisa ter uma visão “de frente ampla”. “Eu sempre defendi a ideia de frente ampla, muito diálogo para construir o melhor para o país. E o ‘Edinho’ (Edinho Silva, prefeito de Araraquara-SP) me parece ter essa posição. Ele disse que ‘todos nós precisamos deixar a vaidade de lado e sermos mais humildes’”, afirmou.
Haddad não é Lula
Paim (PT-RS) comentou que o PT está se organizando para as eleições presidenciais. “Sem sombra de dúvida, o Haddad é um grande nome e ele tem postado muito firme, defendendo as teses do presidente Lula, mas com uma visão clara no horizonte. Ele é um grande nome, mas o nome que unanimidade em todo país, não é só nosso, é o presidente Lula”, disse.

Os políticos do PL ainda estão tentando entender a prisão do general de Exército Walter Braga Netto, o primeiro quatro estrelas da história do país a passar por essa situação. A deputada Bia Kicis, que está em Brasília, onde acompanha as últimas notícias, considera que tudo não passa de uma trama para cassar os conservadores. “É um dos maiores absurdos que já vi. Estão vindo com tudo para cima dos conservadores. Deputados, generais, qualquer um que não seja alinhado à ideologia deles”, afirmou ao blog. A deputada considera que “Braga Netto sempre foi respeitado nas Forças Armadas e não merecia estar passando por isso”.
A ideia dos conservadores agora é aproveitar a última semana de funcionamento do Congresso para tentar colocar essa prisão como parte de uma trama para tirar da política aqueles mais ligados a Jair Bolsonaro. Porém, não são todos que pretendem se apresentar para defender Braga Netto. Um outro grupo do PL vai é cuidar da própria vida, ou seja, se distanciar desse caso da tentativa de golpe e se preparar para a eleição de 2026 com outras bandeiras, que não a defesa dos enroscados nesse processo.
Braga Netto foi preso por volta das 6h da manhã no Rio de Janeiro. Está detido no Comando Militar do Leste, que ele chefiou antes de ser nomeado interventor federal da segurança pública naquele estado, ainda no governo Michel Temer. Nem na época da ditadura um general quatro estrelas foi preso. Naquele período, os envolvidos com o golpe militar foram transferidos para a reserva. Agora, nesta tentativa de golpe apurada pela Polícia Federal, as autoridades consideram que não dá para deixar passar em branco, ainda mais quando havia, segundo as investigações, um plano para assassinar um presidente eleito, seu vice e um ministro do Supremo Tribunal Federal. A PF atribui a Braga Netto um papel de coordenação no processo de tentativa de golpe.
Blog da Denise publicado em 13 de dezembro de 2024, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito
A um ano e meio da definição dos candidatos à Presidência da República em 2026, a pesquisa Quaest desta semana serve apenas para orientar os personagens da história que ainda virá. E nesse sentido, Tarcísio Gomes de Freitas pisa no freio em relação a especulações de que seria o principal nome para substituir o ex-presidente Jair Bolsonaro. O governador de São Paulo só entrará numa eleição presidencial se Luiz Inácio Lula da Silva ou um representante do PT estiver com ares de derrotado logo na largada. A preços de hoje, não é o caso, uma vez que o levantamento da Quaest apontou o presidente da República ou seu ministro da Fazenda, Fernando Haddad, como favoritos para a corrida de 2026.
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Tarcísio vai se dedicar à pré-campanha para permanecer mais quatro anos como governador. Tem essa perspectiva, ao contrário de outros governadores pré-candidatos, como Ratinho Júnior, do Paraná, Ronaldo Caiado, de Goiás, e Romeu Zema, de Minas Gerais.
Ainda não acabou
O Congresso pode até concluir a votação da reforma tributária este ano, mas os setores que se consideram injustiçados não vão se dar por derrotados. Preocupados com a carga tributária excessiva que sairá da proposta votada no Senado, representantes de diversas áreas prometem voltar à arena de discussões no ano que vem, quando estará em debate a definição das alíquotas em lei ordinária.
Pode isso, Arnaldo?
Técnicos do Senado que fizeram as contas consideram que a exclusão das armas do imposto seletivo deixará esse produto com uma alíquota menor do que a cobrada das floriculturas.
Trabalhos de Leila
O trabalho para a manutenção do Fundo Constitucional do Distrito Federal (FCDF) está a pleno vapor. Com a tendência do relator Isnaldo Bulhões (MDB-AL) em apoiar o projeto que veio do governo, a senadora Leila Barros (PDT-DF) vai se reunir com os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Alexandre Padilha (Relações institucionais) a fim de tentar reverter na fonte.
O jeito é dialogar
A senadora está estudando os dados para saber exatamente qual será o impacto do corte do FCDF nos serviços locais e quanto isso custa para o Governo. “Internamente com o governo, tenho feito meu papel. De mostrar minha insatisfação e preocupação, e conversar o tempo todo com eles”, disse. O fim de semana será intenso, uma vez que Isnaldo apresentará seu parecer na próxima semana.
CURTIDAS

A visão deles/ Numa roda de senadores, Flávio Bolsonaro (PL-RJ) não titubeou ao mencionar o discurso do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, na 6ª edição do STF em Ação, do Instituto de Estudos Jurídicos Aplicados (Ieja): “Era o que faltava. O ministro agora quer decidir sobre o que se pode dar piti e o que não pode. A que ponto chegamos”, disse.
Se você não viu…/ No Ieja, referindo-se à questão das emendas, Dino afirmou em tom de crítica que um Poder não pode ficar “dando escândalo” quando outro decide. “Tinha visto democracia social, democracia liberal, mas ‘democracia do piti’, nunca”.
Grito de comemoração/ Os técnicos do Ministério da Fazenda — entre eles o secretário especial da reforma tributária, Bernard Appy — foram os que mais comemoraram a aprovação do projeto. Dentro do plenário do Senado, muitos deles aplaudiram e se abraçaram, comemorando o dever cumprido depois de meses trabalhando no texto.
Por falar em comemorações…/ Quem achou que a emenda que colocaria armas e munição no “imposto do pecado” tinha sido acatada foi o senador Randolfe Rodrigues (PT-AP). Até comemorou, mas então viu que, mesmo a maioria votando pela inclusão, os votos não foram suficientes. Por isso, a emenda foi rejeitada, mantendo os itens de fora. “Me enganei. Esqueci que precisava de 41 votos. É por causa da fome”, comentou, rindo.
Espírito natalino/ O ex-senador Eduardo Suplicy (foto) participou de surpresa de um concerto que reuniu os corais da Câmara, do Itamaraty e da Controladoria-Geral da União (CGU). Ele estava pelo Itamaraty e pediu ao grupo que o acompanhasse cantando “Blowin’ In The Wind”, de Bob Dylan. Deputado estadual por São Paulo, Suplicy sempre que pode canta. Sua performance emocionou integrantes do coral e o público.
Blog da Denise publicado em 12 de dezembro de 2024, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito
Nem todo o PT criticou a subida dos juros em um ponto percentual, anunciada pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Na verdade, conforme avaliação de muitos integrantes do partido atentos ao cenário econômico, a decisão ajudará o futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, a evitar novas subidas tão substanciais quanto esta. Muitos acreditam que o movimento desta semana mais ajuda do que atrapalha para os próximos meses.
Embora alguns petistas se atenham apenas às críticas abertas à gestão do ainda presidente Roberto Campos Neto, nos bastidores há agradecimentos. Campos Neto, em sua última reunião do Copom, poupará a diretoria mais ligada ao PT. Não por acaso, muitos petistas diziam reservadamente “Obrigado, Campos Neto”. Galípolo, agora, ganhou um espaço para estrear sem brigar logo na largada com a seara política do PT e do governo.
Isnaldo entre a cruz e a espada
Relator do projeto que trata do Fundo Constitucional do Distrito Federal (FCDF), o líder do MDB, deputado Isnaldo Bulhões (AL), começa a trabalhar o texto entre dois integrantes de seu partido — o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, e a ministra do Planejamento, Simone Tebet. Ela, fiel ao governo, não tem como deixar de defender a mudança de cálculo da correção do FCDF. Ibaneis é contra a mudança, que vai retirar recursos importantes para o custeio dos principais serviços — especialmente a segurança pública.
Veja bem
Há algumas semanas, Isnaldo tinha dito a amigos que a correção do Fundo Constitucional do Distrito Federal deveria ser alterada. Porém, de lá para cá, diante do movimento de autoridades em favor de que se mantenha inalterada, vai avaliar com muita calma. Pesaram, por exemplo, a posição do ex-presidente Michel Temer, um dos baluartes do MDB, e a do ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal Carlos Velloso, alertando para a necessidade de se manter a correção inalterada.
Sidônio e Lula
Muita gente no governo previa que Sidônio Palmeira assumiria, hoje, a Secretaria de Comunicação da Presidência da República, antecipando uma parte da reforma ministerial. Porém, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva internado em São Paulo, tem muita gente defendendo que fique para depois, porque será preciso na posse de Sidônio um discurso de Lula para empoderar o marqueteiro. Afinal, muito ministro olha meio de lado quando é chamado a acelerar projetos pela área de comunicação governamental.
Orçamento? Só com emendas
Os deputados correram com a votação da maioria dos relatórios setoriais do Orçamento de 2025. Se o governo pagar as emendas pendentes, ainda há esperança de votar, pelo menos, a Lei de Diretrizes Orçamentárias.
CURTIDAS

Espere lá fora/ A primeira-dama Janja da Silva tem feito de tudo para evitar que Lula seja bombardeado com notícias ou visitas de trabalho. Nesses primeiros dias, ela só permitiu que parentes tivessem acesso ao quarto da UTI. Uma pessoa que tentou visitar o presidente ouviu dela um “o que o senhor faz aqui?”.
Enquanto isso, em Brasília…/ Aliados do vice-presidente Geraldo Alckmin não estão nada satisfeitos com as especulações sobre falta de confiança entre ele e Lula. Eles tocam de ouvido. O resto é gente interessada em fazer intriga.
Vai cair/ A aposta dos aliados do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, é de que a decisão que o deixou inelegível por oito anos será derrubada na instância superior. Caiado, por sua vez, tem dito que vai continuar no palanque. No ano que vem, lança sua campanha em Salvador.
Cabo eleitoral a postos/ Em entrevista à Rede Vida, o presidente da Comissão de Segurança Pública da Câmara, Alberto Fraga (PL-DF, foto), avisa que se o ex-presidente Jair Bolsonaro não for candidato, fará campanha para Caiado.
Blog da Denise publicado em 11 de dezembro de 2024, por Denise Rothenburg
Ministros e líderes do governo tentam manter a rotina de trabalho inalterada enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva permanece na UTI em São Paulo, mas as discussões da reforma ministerial foram suspensas. Enquanto ele estiver no hospital, não se fala nisso no governo. Até porque, o desenho final apenas o presidente tem. Esse assunto só volta ao tabuleiro quando Lula estiver totalmente recuperado e de volta às conversas mais reservadas no Palácio da Alvorada.
Desconfiados
Dentro do PT, há muita gente comentando nos bastidores que a ausência de Lula nesse momento é que levou os congressistas a pisarem no freio em relação ao pacote de contenção de gastos. Afinal, esse é o grande tema que os deputados têm para apreciar, antes da troca de comando na Câmara. Enquanto essa turma não acertar seu futuro, numa reforma ministerial em 2025, vai ser difícil votar tudo a toque de caixa.
O pior dos mundos
Embora os agentes do mercado financeiro tenham dito que o pacote de contenção de gastos é insuficiente, não aprovar nada reduz ainda mais as expectativas. Já tem gente prevendo dólar a R$ 7,00 e juros na casa dos 18%.
Assunto delicado
Os petistas comentam de forma para lá de reservada que a sobrevivência do partido depende de Lula estar bem de saúde e disposto a concorrer a um novo mandato presidencial. Até aqui, conforme avaliam, não há um nome natural para representá-lo nessa disputa.
Enquanto isso, nos gabinetes do DF…
Os deputados federais de Brasília vão continuar insistindo para que o governo retire o Fundo Constitucional do Distrito Federal do texto do pacote de corte gastos. Afinal, se as transferências do FCDF forem reduzidas, qualquer problema que ocorrer será atribuído a quem votou a favor dessa diminuição.
Sem jogo de cintura…
Assim os deputados definiriam a conversa com o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan. As excelências saíram do almoço na sede da Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE) com a impressão de que a equipe do Ministério da Fazenda vai jogar no Congresso a culpa por qualquer problema econômico. Durigan não disse com todas as letras, mas deu a entender que se não fossem as propostas aprovadas pelos parlamentares, o governo teria superávit.
…nem proximidade
Durigan nem ficou para o almoço. Recebeu um telefonema antes de a reunião terminar, foi atender e voltou apenas para se despedir rapidamente e sem muita conversa.
CURTIDAS

Celina e a China/ Numa conversa nos bastidores do CB.Poder, esta semana, a vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão (foto), contou como os chineses ficaram admirados de ver uma mulher jovem no cargo que ela ocupa. “Aqui, você, tão nova assim, não administrava uma província”, ouviu de um deles. Ela, sem titubear, respondeu que estava no quarto mandato, contando os do Legislativo, onde havia sido eleita e reeleita. O chinês, mais surpreso ainda, emendou: “Você é popular, hein?”.
Cenas de ontem e de hoje/ Quando o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), chegou ao Congresso cercado de seguranças e parlamentares, eis que uma excelência comenta sem dó: “A partir de fevereiro do ano que vem, chegará sozinho”, alfinetou.
Veja bem/ Dos ex-presidentes da Casa, o único que se equilibrou no poder depois de deixar o cargo foi Michel Temer.
Um casal que bem vive/ Ao longo do dia, choveram memes como se a primeira-dama Janja não estivesse ao lado do marido. Ela o acompanhou todo o tempo, como fazem aqueles e aquelas que se preocupam com seus cônjuges.


