Autor: Denise Rothenburg
A disposição do governo federal em ajudar o governador Rodrigo Rollemberg a resolver a crise com a Polícia Civil esbarra no risco do efeito cascata: técnicos da Fazenda avisam que, se o presidente fizer qualquer concessão ao Governo do Distrito Federal, ainda que dentro dos valores que o governo local tem a receber, outros governadores farão fila no Planalto com a mesma finalidade. Isso sem contar os 505 deputados de outras unidades da Federação. E tem mais: se continuar esta onda de aumentos, sem reformas estruturais, periga outros estados entrarem na onda do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul, de parcelamento de salário e benefícios. O momento é considerado o mais grave desde a redemocratização do país.
Governo refém
O desenho do governo Michel Temer foi concebido para deixar o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, voltado às ações internas e propostas de melhoria na gestão. Porém, a realidade é outra. Com a pulverização da política e as dificuldades do ministro Geddel Vieira Lima em atender a todos os pedidos, a agenda de Padilha está cada dia mais recheada de parlamentares. É o governo rendido ao Congresso Nacional.
Migração
Aos poucos, os governadores vão acabando com o tal regime estatutário de admissão de funcionários, que não tem FGTS, porém, garante aposentadoria integral e estabilidade no emprego. Em Goiás, por exemplo, a tendência tem sido buscar meios de contratar pelo regime CLT. É o jeito de tentar fazer com que a conta da Previdência feche mais à frente. De quebra, o governo estadual ainda joga para evitar a turma que, por causa da estabilidade, considera desnecessário se dedicar ao trabalho.
Por falar em conta…
Sexta-feira, 20h, Iate Clube de Brasília. Uma mulher de 44 anos, funcionária de um tribunal, comenta com uma amiga numa das lanchonetes do clube mais badalado de Brasília: “Tristeza, se a reforma da Previdência for aprovada, não poderei mais me aposentar aos 47”. Ou essa mentalidade muda, ou daqui alguns anos quem deseja se aposentar jovem assim vai terminar sem receber os proventos.
Melhor de três
2018 ainda está longe, mas os políticos começam a fazer as apostas sobre quem, dentro do PSDB, teria hoje mais empuxo de deixar o ninho para concorrer à Presidência da República. E, ao contrário do que se tornou senso comum, não é José Serra e sim Geraldo Alckmin. Isso porque, no PSB, o governador paulista acredita ser possível abarcar a maioria dos votos de centro-esquerda e centro-direita, deixando os adversários disputando as extremidades.
É o cara
O deputado Max Beltrão ainda é o nome para assumir o Ministério do Turismo. A nomeação, entretanto, só sai depois do impeachment, com a recriação do Ministério do Desenvolvimento Agrário. Sinal de que o presidente em exercício não quer briga com Renan Calheiros (PMDB-AL).
Quem não deve…/ O senador Reguffe (foto), do PDT-DF, avisa que votará contra o reajuste salarial dos ministros do Supremo Tribunal Federal. “As pessoas esquecem que alguém vai ter que pagar por isso, e esse alguém é o contribuinte”, diz ele.
Aprovado/ Até os políticos que tachavam o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, de governista estão satisfeitos com a condução dos trabalhos do processo de impeachment. Ele passou no teste ao cortar a palavra tanto de Gleisi Hoffmann quanto de Álvaro Dias.
Por falar em teste…/ O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, não terá vida fácil em 12 de setembro. Se o quórum for baixo, vão dizer que ele atuou para livrar Eduardo Cunha da cassação. A sorte de Rodrigo está lançada.
“Spa” do Luiz/ A ala da Papuda reformada por Luiz Estevão virou sonho de consumo daqueles detidos pela Lava-Jato. Valdemar Costa Neto, por exemplo, considera a de melhor padrão. Não é à toa que muitos tentam transferência para a penitenciária da capital.
Já passava das 21h30, quando o presidente em exercício, Michel Temer, telefonou para o governador Rodrigo Rollemberg a fim de desfazer qualquer clima ruim entre eles e estancar qualquer perspectiva de crise entre o governo federal e o GDF. Temer foi logo dizendo ao governador que não o considerava desleal, apenas não podia se comprometer em encontrar uma solução para a crise entre o governo local e a Polícia Civil, mas está disposto a ajudar na análise das alternativas que forem colocadas à mesa pelo GDF.
O telefonema foi provocado pelo post publicado no blog (leia os dois posts abaixo) a respeito da nota Rollemberg sobre o encontro entre ele e o presidente hoje no início da tarde, quando discutiram a crise da polícia civil. A última frase da nota de Rollemberg deu a entender que o presidente se comprometera a estudar alternativas, sem esclarecer que essas alternativas seriam apresentadas pelo próprio GDF. Foi o suficiente para que o assessor do presidente Tadeu Filippelli alertasse a Temer sobre o risco de a crise da polícia civil cair no colo do presidente.
No telefonema há pouco, Rollemberg disse a Temer que em nenhum momento pensou em jogar a crise no colo do governo federal. “Só tenho palavras de reconhecimento e apreço pelo presidente e gratidão pela forma como ele tem tratado os problemas da capital”, disse Rollemberg ao blog.
Desfeito o mal entendido, o governo do Distrito Federal passará o fim de semana em reuniões para tentar buscar uma solução. As dificuldades são de toda a ordem, porque qualquer concessão aos policiais civis levará outros setores a buscarem equiparação. Hoje, Rollemberg termina o dia com os canais de diálogo reforçados com o governo federal. Dos males, o menor está resolvido.
A propósito do post publicado abaixo, o Governo do Distrito Federal explicou que não houve intenção por parte do governador Rodrigo Rollemberg de jogar o problema salarial da Polícia Civil no colo do presidente em exercício, Michel Temer. Ao dizer na nota que “o presidente se comprometeu a estudar alternativas”, afirma a assessoria do GDF, Rollemberg se referiu a alternativas a serem apresentadas pelo governo local.
O GDF não tem recursos para resolver o problema e tem esperanças de receber do governo federal parte dos recursos que ao longo dos anos deveriam ter sido repassados ao governo local em várias contas e não foram pagos. Os cálculos desse passivo variam de R$ 200 milhões a R$ 1 bilhão. Se receber parte desses recursos, o governo local teria algum extra para negociar com os policiais. O problema, entretanto, é para o futuro. Nunca é demais lembrar que salário termina virando despesa permanente. O saldo do dia de hoje foi o de que, apesar dos atropelos, GDF e governo federal começaram a conversar. Aguardemos os próximos capítulos.
A nota divulgada há pouco pelo governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, dizendo que o presidente Michel Temer “se comprometeu a estudar alternativas” para resolver a greve da Polícia Civil abriu uma crise entre o GDF e o governo federal. Temer, que soube da nota por intermédio de um telefonema do assessor especial Tadeu Filippelli, classificou a declaração do GDF como “desleal”. Em nenhum momento, segundo Filippelli, Temer se comprometeu a estudar alternativas, uma vez que a busca da solução para o impasse cabe ao governo local.
Temer recebeu Rollemberg no início da tarde desta sexta-feira, extra agenda, a pedido do governador. Ele ouviu o relato de Rollemberg sobre as reivindicações dos policiais em greve, entendeu o problema, mas, de acordo com Filippelli, teria sido muito claro ao dizer que Rollemberg buscasse a solução.
A praxe nesses casos, aliás, é o governo local, após entendimento com os setores interessados, enviar uma minuta de mensagem ao governo federal, que, aí sim, passa a discutir o assunto e, se for o caso, encaminhar ao Congresso Nacional para apreciação. Não foi isso que terminou relatado na nota oficial do GDF.
Eis a íntegra:
“O governador Rodrigo Rollemberg esteve reunido nesta sexta-feira (12) com o presidente da República em exercício, Michel Temer, para manifestar a preocupação em relação a reivindicação da Polícia Civil de isonomia com a Polícia Federal. O objetivo foi buscar soluções conjuntas.
Embora reconheça a legitimidade do pleito, o governador reiterou que o governo de Brasília não tem capacidade de arcar com esses valores sem a ajuda do Governo Federal. Além disso, há a preocupação com as outras forças de segurança, como a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiro, que também desejam equiparação salarial com a Polícia Civil.
O presidente Michel Temer se comprometeu a estudar alternativas.”.
O que mais irritou Temer foi o fato de o governador jogar o problema no colo do governo federal, especialmente, na última frase. Temer vai apenas esperar o que vier de solução, a ser negociada entre o GDF e os policiais. Uma crise com o governo federal era tudo o que Rollemberg não precisava nesse momento.
Parlamentares que tiveram ajuda de Eduardo Cunha nas últimas eleições ou no período em que o deputado era presidente da Câmara avisaram que não pretendem dar o ar da graça no Congresso na data marcada para votação do processo de cassação do peemedebista: 12 de setembro. O freio do grupo é o doleiro Lúcio Funaro, preso na Papuda. Funaro, apontado como um dos operadores de Eduardo Cunha, era quem fazia a ponte com a turma. E mais: além de rico, é organizado, ou seja, tem registro dos próprios passos e de quem ajudou. Há, no meio político, quem tenha mais medo de Funaro do que de Sérgio Moro.
João Santana,
o retorno I
O marqueteiro João Santana e a mulher, Mônica, voaram no início da noite de quarta-feira de Brasília para Salvador sem serem incomodados pelos demais passageiros. Mais magro e sorridente, cumprimentou a maioria dos parlamentares a bordo. Mônica continua muito abatida.
João Santana,
o retorno II
A passagem do marqueteiro por Brasília e a presença de Lula na cidade esta semana não foram meras coincidências. Santana ajuda a bolar o discurso capaz de tirar o partido das cordas. Afinal, estão todos no mesmo barco.
Por falar
em João…
Os parlamentares que conversaram com ele consideram que o melhor para Dilma Rousseff neste momento seria transformar o documento que pretendia divulgar na última terça-feira, quando da votação da pronúncia em plenário, em carta de renúncia. Dilma, entretanto, resiste.
Duplo castigo
A pena do Almirante Othon Luiz Pinheiro será ainda maior que os 43 anos de cadeia. Ele está a um passo de perder o posto da Marinha.
Goiás 2018
Em visita ao Correio ontem, o governador Marconi Perillo (foto) não fez mistério em relação ao pré-candidato à sua sucessão: “O vice-governador (José Eliton) é o candidato natural”, diz ele. Hoje, José Eliton é o secretário de Segurança, um teste de fogo para qualquer um que tenha pretensões políticas.
Novo slogan…/ Sabe aquele lema “o Ministério da Saúde adverte…”? Pois é, no palácio onde o presidente em exercício, Michel Temer, despacha, a frase ficou assim: “O Planalto adverte: frases de ministro da Saúde fazem mal ao governo”.
…Velha lição/ Se tem algo que, em política, não se faz, dizem os especialistas em marketing político, é falar mal de mulher. Especialmente, quando o assunto é relacionar trabalho e gênero. Ricardo Barros, o boquirroto, tropeçou nos dois quesitos. Levou um puxão de orelha do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e periga ainda levar um carão
em casa.
Enquanto isso, na agenda presidencial…/ Michel Temer recebe o primeiro chefe de Estado nesse período de interinidade: o presidente da Armênia, Serj Sargsyan. Com direito à subida da rampa e tudo mais. Depois, o ministro de Relações Exteriores, José Serra, lançará a pedra fundamental da embaixada armênia.
Jucá está babando…/ Calma, pessoal, não é de raiva com a Lava-Jato ou com as balas perdidas. Isso, na visão dele, é parte do jogo. O que enlouqueceu o senador Romero Jucá foi o nascimento da primeira neta, Olívia, filha de Rodrigo Jucá. Agora, os senadores só o chamam de “vovô”.
O grupo de aliados do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha calcula ser impossível votar a favor dele se o processo de cassação for apreciado em plenário antes das eleições municipais. O motivo, dizem, é que não dá para salvá-lo antes do pleito, sob pena de os deputados se verem atacados pelos adversários nas bases eleitorais e palanques eletrônicos pelo Brasil afora __ redes sociais, especialmente.
O problema maior, partindo-se dessa premissa, é o dia seguinte: Eduardo cassado, ninguém duvida que terminará preso. E preso voltará suas baterias para aqueles que o traíram, puxando boa parte deles para o cadafalso. Por isso, diz-se no Congresso que nesta segunda-feira, quando for lido o parecer contra Cunha no plenário da Casa, os aliados dele, ao trabalhar para adiar a votação, jogarão para salvar a própria pele.
Escombros
A mansão que a ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra ergue no Lago Sul está praticamente abandonada. Há quem diga que, com tantas operações da PF no calcanhar dos lobistas e operadores, a fonte secou.
Inversão paulista
Quem acompanha com uma lupa os movimentos do ministro José Serra e do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, percebeu uma mudança de comportamento de ambos na largada da eleição municipal: Até aqui, Serra era o incisivo e Alckmin apenas reagia às ações do “quase adversário”. Pela primeira vez, Alckmin foi mais rápido. Juntou os partidos em torno de João Dória, deixando ao grupo de Serra a reação, o gesto de Marta Suplicy e Andrea Matarazzo no mesmo palanque.
Lupi versus Ciro
O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, ficou uma fúria quando soube que o ex-governador Cid Gomes jogava suas fichas eleitorais em candidatos de outros partidos no interior do Ceará. O recado aos irmnãos Cid e Ciro foi direto: “Se quiser ser candidato a presidente, é bom cuidar dos nossos”. Mais cristalino do que isso, nem o mar do Caribe.
Empurrão olímpico
Com o sucesso da abertura das Olimpíadas, aliados do prefeito Eduardo Paes, do PMDB, comentavam que a largada da campanha de Pedro Paulo está feita. Houve até quem apostasse que o candidato do PMDB à sucessão de Paes ganhou um passe para o segundo turno. E as apostas são as de que disputará contra o senador Marcelo Crivella.
Quem não tem horário na tevê…
Candidato a prefeito do Rio, o deputado Alessandro Molon vai aproveitar os dias de funcionamento da Câmara em Brasília para dar entrevistas e exibir seu rosto na telinha. É que, quando começar a propaganda eleitoral, ele terá menos de um minuto por dia.
CURTIDAS
Vizinhos…/ O deputado suspenso, Eduardo Cunha, foi morar no mesmo prédio do ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, sempre muito festejado pela vizinhança por sua simpatia e educação.
…porém distantes/ Sempre que Fachin chega, seus seguranças tratam de se informar sobre a presença do deputado nas redondezas, a fim de evitar que ele tente se aproximar do ministro. Afinal, Fachin tem a praxe de não conversar com os réus.
Espelho, espelho meu…/ A vizinhança ficou impressionada com o tamanho do espelho que subiu para o apartamento.do deputado e também o volume do aparelho de ar condicionado instalado na suíte: 22 mil BTUs Na vizinhança, virou piada pronta: “Só assim, ele vai esfriar a cabeça!”
Santinhos/ Ao final de sua visita à Câmara, o juiz Sério Moro quase perdeu o vôo para Curitiba porque deputados fizeram fila para tirar foto com ele numa sala reservada e levaram seus próprios fotógrafos.É a turma da Casa já organizando o material de campanha para a próxima eleição. Antes, porém, o juiz fez a turma esperar para posar ao lado de um dos garçons que lhe serviu a comissão. “Ele pediu primeiro”, disse o juiz.. As excelências, em sua maioria acostumadas à máxima “meu pirão primeiro”, tiveram que se conformar em esperar.
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Sds
Denise Rothenburg
(61) 9987-1610
Há poucos dias, o ex-presidente Lula traçava os planos para as eleições municipais. Iria percorrer o Brasil, num estilo bateu-levou. O plano era mostrar que o PT podia até ter errado, mas, não era o único pecador no mar poluído da política. Com esse discurso, a ordem era apontar os erros de cada um. Porém, agora, a Lava Jato, mais uma vez, joga sua luz e faz derreter esse castelo de gelo que o PT planejava para as eleições. Ao fazer de Lula réu no processo sobre obstrução de Justiça e tentativa de compra do silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, o juiz Ricardo leite, da 10ª Vara Federal de Brasília, dá hoje aos adversário do PT munição e um antídoto a qualquer movimento de Lula no sentido de acusar A, B ou C.
Para o PT, a notícia não poderia ser pior. Todas as pesquisas apontam lula como um player importante não só para esta campanha, para alavancar o que ainda resta do PT, bem como para 2018. Sob a ótica petista, os detalhes sobre a influência de Lula e Marisa para obras no sítio e no apartamento do Guarujá, associados ao fato de o ex-presidente virar réu num processo de obstrução da Justiça, tiram mais uma camada de tinta da imagem de Lula. A hipótese de transformá-lo em vítima, diante de tantos processos judiciais, também parece difícil. O partido e seu maior líder estão na linha do “a cada dia a sua aflição”. A esperança hoje do PT é a de que o cerco a Lula arrefeça antes de 18, de forma que ele, possa, no mínimo, preservar seus direitos políticos. Afinal, se for condenado em segunda instância, nem agora, nem 18. Nesse caso, o desfecho, na melhor das hipóteses, será a aposentadoria.
O governo fala de previdência, de economia, de programas sociais, mas o que tira o sono mesmo por esses dias é a proximidade da votação do impeachment e os movimentos que possam surgir em favor da presidente Dilma Rousseff. A avaliação ontem era a de que, conforme adiantou alguns dias a coluna, os reajustes salariais concedidos aos servidores e ao Judiciário vão tirar da porta do Congresso boa parte dos manifestantes que faz coro contra o governo Dilma e faria contra qualquer outro que não lhe atendesse as reivindicações. Mas só isso não basta.
O presidente em exercício, Michel Temer, chegou ao ponto em que, além de votos para permanecer no Planalto, precisará mostrar ao mercado que tem maioria para aprovar qualquer coisa, inclusive emendas constitucionais. Neste sentido, a ideia é aproveitar o impeachment para demonstrar que ficará com respaldo para fazer valer o projeto em curso. Antes disso, nada acontece.
Quem não
deve, não teme
A postura do ministro da Educação, Mendonça Filho, que quando acabou citado, foi lá e se explicou, virou um mantra no governo em exercício. Agora, quem estiver que dar qualquer justificativa em relação a doações de campanha ou envolvimento na Lava-Jato, que o faça. Se não tiver como se explicar, que peça o boné. Simples assim.
Enquanto isso, no
Rio Grande do Sul…
A campanha em Porto Alegre promete. Dia desses, o presidente do PSB local, Beto Albuquerque, foi chamado de “golpista” pelo pré-candidato do PT, Raul Pont, e devolveu assim: “E tu aplaude um bando de ladrão”, referindo-se aos tesoureiros petistas enroscados no mensalão e no petrolão.
Metamorfose ambulante…
Confirmada a aliança entre Marta Suplicy e o pré-candidato do PSD, Andrea Matarazzo, a dificuldade será explicar os impropérios trocados entre ela e o ministro de Comunicações, Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab. Há quatro anos, Marta se referia a ele como um “pesadelo”. E, em 2008, a campanha de Kassab mencionava a então petista como “a prefeita das obras paradas”.
…Onde algo não muda
O racha do PSDB, que sempre existiu, agora está exposto: uma parte, a do ministro José Serra, torce por Marta Suplicy e Andrea Matarazzo. A outra, do governador Geraldo Alckmin, trabalha por João Dória.
Recorde em intolerância/ Pesquisa de análise de comportamento nas redes sociais aponta que o Distrito Federal tem proporcionalmente a maior taxa de intolerância do país. A conclusão foi feita a partir de análise de 393.284 menções de internautas no Facebook, no Twitter e no Instagram, entre os meses de abril e junho, e em comentários em blogs e sites.
Recorde em intolerância II/ A amostragem, da agência Nova/sb mostra que a maior intolerância é a política, com 220 mil citações no universo analisado, mais de quatro vezes superior à misoginia, 50 mil menções.
Michelzinho vai à escola/ Começaram as aulas do filho mais novo do presidente em exercício, Michel Temer. No primeiro dia, entretanto, quem foi levar o pequeno à escola foi a mãe, Marcela (foto). O presidente já estava em reuniões de trabalho.
A prisão do grupo de possíveis simpatizantes da facção terrorista Estado Islâmico no Brasil servirá para ajudar juízes e magistrados a ampiar a pressão no sentido de tirar de cena o projeto que impõe limites à ação da Justiça — conhecido como lei contra o abuso de autoridade. Na avaliação da Associação dos Magistrados do Brasil (AMB), a prisão mostrou que não basta apenas o apoio da sociedade para estancar o terror. É preciso que a legislação permaneça firme no amparo à atuação da Polícia Federal e do Judiciário e essa firmeza ficará ameçada, caso o projeto de Lei 280/2016 seja aprovado.
A AMB cita como exemplo o artigo 30, que diz ser crime de abuso de autoridade “dar início ou proceder à persecução penal, civil ou administrativa sem justa causa fundamentada”, o que poria em dúvida o trabalho dos agentes públicos em situações como a dessa semana. Apesar da lei contra o terrorismo, de relatoria do atual ministro da Defesa, Raul Jungmann, dizer que ações preparatórias são consideradas crime, ao prenderem 11 suspeitos de combinar um ato terrorista, as autoridades assumiram a responsabilidade de prevenir antes de remediar, o que poderia ser interpretado como crime pelo projeto em discussão no Senado.
Vem pra rua, nova temporada
Entidades ligadas ao combate à corrupção, tais como AMB e Ajufe, preparam atos contra a Lei de Abuso de Autoridade. O primeiro ato, 28 de julho, será em Curitiba, preparatório para a grande manifestação marcada para 8 de agosto.
Maia e 2018
Quando perguntado se o DEM terá candidato em 2018, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, respondeu: “Temos um campo que eu espero ser maior, com a unificação da oposição. Temos quatro nomes: o ministro (José) Serra, o senador Aécio (Neves), o governador (Geraldo) Alckmin e o senador (Ronaldo) Caiado”, diz.
A ordem dos fatores
O presidente Rodrigo Maia cita Serra em primeiro, mas não necessariamente segue a lista: “Queremos apoiar, mas também queremos ser apoiados. Quem sabe, em um processo de superação da crise, o DEM se comunica de forma mais competente que o PSDB e consegue colocar o Caiado ou qualquer outro nome em uma posição melhor que os nomes colocados pelo PSDB”, disse ao Correio.
Bolso fechado
A empresa Presença Online quis saber sobre o interesse dos eleitores em fazer doações para as campanhas dos candidatos. A amostragem identificou que 74% não pretendem fazer doações. Apenas 11% disseram sim e os demais ficaram no “talvez”. É bom que os candidatos não fiquem tão animados com os 11% que pretendem ajudar na campanha: é que 42% cogitam doar até R$ 50 e 34% admitem colaborar com algo entre R$ 51 e R$ 200.
Milionário e José Rico
No imaginário popular, prevalece a ideia de que político tem posses. Haja vista o fato de 64% justificarem que não pretendem doar recursos para as campanhas porque consideram que os candidatos não precisam de financiamento.
CURTIDAS
André versus Rose // O líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE), anda meio descontente com a líder no Congresso, senadora Rose de Freitas (foto), do PMDB-ES. Tudo porque Rose está distribuindo as relatorias das medidas provisórias a oposicionistas. Há quem diga que o problema é que André vem da escola de Eduardo Cunha, na qual vale a regra, “aos inimigos, nem a lei”.
Questão de discurso // Humberto Costa é do Nordeste, assim como Moura. E a ideia dos líderes aliados a Michel Temer é usar projetos de apelo popular para melhorar a performance do governo na região. O aumento do Bolsa Família ajudou, mas é preciso mais.
Amigos de fé // Quando ninguém falava em Paulo Roberto Costa e no deputado Aníbal Gomes (PMDB-CE), era o senador Gim Argello quem apresentava o então diretor da Petrobras a terceiros no Senado. Por essas e outras, uma das possíveis delações que mais assustam os políticos é a de Gim.
Por falar em delações…// Em conversas reservadas, até aliados de Dilma ficaram meio frustrados com a versão de que ela nunca soube do caixa dois de campanha. “A presidenta (sic) sempre foi de acompanhar tudo com uma lupa. Controlava até os voos, para fugir das turbulências”, lembra um aliado.
Se o depoimento de João Santana provocou um alvoroço entre os aliados de Dilma Rousseff e no PT, é bom que todos fiquem de olhos bem abertos para o que vem por aí em relação ao ex-diretor da Petrobras Renato Duque. Para se ter uma ideia, nestas tratativas para a delação, ele mencionou que pensou em sair da Petrobras e nem Dilma, nem o PT deixaram. O argumento que pesou sob a ótica do partido foi o de que Duque era um dos maiores arrecadadores para o caixa partidário.
Corredor polonês
O vazamento do nome do deputado Max Beltrão (PMDB-AL) como ministro do Turismo foi proposital. A ideia é ver se vêm novas denúncias envolvendo o parlamentar. E se ele vai aguentar o tranco diante do que foi divulgado. Se resistir, pode até ser nomeado.
“O financiamento das campanhas se tornou uma fonte de corrupção inesgotável”
Roberto Veloso, presidente da Ajufe, quase parafraseando o publicitário João Santana
Claudia no paraíso…
Numa das fotos das viagens de Claudia Cruz que o jornalista Guilherme Amado colocou ontem na internet, a mulher de Eduardo Cunha menciona Carina Torrealba numa selfie em Barbados. Carina é mulher de Gonçalo Torrealba, sócio do grupo Libra, um dos maiores do setor portuário no Brasil.
…Fiscal!!!!
Barbados, realmente, é paradisíaco para muitos e em vários sentidos. Por lá estão, pelo menos, 34 empresas flagradas no Panamá Papers.
Vale lembrar
Em 2013, quando Eduardo Cunha emendou a Lei dos Portos, ele e o então deputado Anthony Garotinho (PR-RJ) quase foram às vias de fato. Tudo porque Garotinho se referiu à emenda aglutinativa proposta por Cunha como “a lei dos porcos”.
Pensando bem…/ Nem só de gasto público e arrecadação entende o ex-secretário da Receita Federal Everardo Maciel (foto): “O governo jamais poderia dizer que o grupo terrorista era amador. E se agora resolverem mandar profissionais?”
Enquanto isso, na Papuda…/ Luiz Estevão pede, por intermédio de assessores, para dizer que não está de cabeça raspada nem socou as paredes. Vai ver que o amigo dele se equivocou ao contar a história a terceiros. Afinal, na Papuda, não se exige cabeça raspada. “Isso é tão falso quanto uma nota de R$ 3”, diz Estevão.
…A hora é dos livros/ O ex-senador, responsável pela entrega de quentinhas a 45 presos, dedica-se com afinco à leitura. Já leu 11 publicações de vários gêneros. A velocidade da luz, de Javier Cercas; O Sol é para todos, de Harper Lee, um clássico, conta a história de um advogado que defende um homem negro acusado de estuprar uma mulher branca nos Estados Unidos dos anos 1930 e enfrenta represálias da comunidade racista. O livro é narrado pela sensível Scout, filha do advogado. Uma história atemporal sobre tolerância, perda da inocência e conceito de justiça.
Olha a foto!/ Ainda dá o que falar o jantar do presidente em exercício, Michel Temer, com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Quando o pessoal da foto oficial chegou, quis recolher os copos de uísque sobre a mesa para não dar uma conotação festiva. O presidente em exercício, Michel Temer, estava de tão bom humor que brincou: “Se tirar, ninguém vai acreditar que era um jantar político”. A gargalhada foi geral, mas os copos saíram de cena assim mesmo.