Autor: Denise Rothenburg
Ganha musculatura o nome do cônsul-geral do Brasil em São Francisco, embaixador Pedro Henrique Bório, para chefiar a Embaixada brasileira em Washington. Enquanto muitos se dividem entre o diplomata Nestor Forster e o cientista político Murilo de Aragão, o Planalto avalia esse terceiro nome. Assim, dizem alguns aliados do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro teria mais equilíbrio entre Forster, o nome defendido pelo chanceler, Ernesto Araújo, e Aragão, que tem a simpatia dos militares no governo, inclusive do vice-presidente, Hamilton Mourão. Bório já chefiou a seção politica da Missão brasileira na ONU.
Forster daria á embaixada um viés mais ideológico. Afinal, foi ele quem apresentou o chanceler brasileiro ao ideólogo do governo, Olavo de Carvalho. Aragão, por sua vez, tem a simpatia de investidores e do mercado, enquanto Bório, o mais experiente em política externa desse trio, tem trânsito em todos os setores. O presidente ainda não bateu o martelo, mas é por aí que se inclina hoje. Resta saber se continuará nesse sentido até o momento do anúncio, previsto para ocorrer durante a viagem do presidente a Washington, na semana que vem.
Coluna Brasília-DF
Enquanto Bolsonaro tuíta… e mantém acesa a polêmica nas redes sociais, Paulo Guedes, o czar da Economia, e os militares tocam o barco. No Planalto, o vice, Hamilton Mourão, e os ministros Santos Cruz, Augusto Heleno, e o ex-comandante do Exército, general Villas Boas, tocam de ouvido e com agendas políticas intensas. No Congresso, começa a cristalizar a ideia de que a área política do governo vem sendo, aos poucos, engolida pelos ministros militares. Se essa visão prevalecer, a coordenação das negociações das reformas, que deveria ficar com o chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, trocará de mãos. É Onyx que vem pagando a conta das falhas do governo no diálogo com o Congresso.
Onde mora o perigo
A ideia do ministro Paulo Guedes, de colocar o pacto federativo em debate no Congresso, paralelamente à reforma previdenciária, corre o risco de terminar servindo de desculpa para aqueles que não querem saber da nova Previdência. Essa preocupação já foi levada aos líderes governistas, que ficaram de conversar com o ministro.
Bem longe da Casa Civil
O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), aquele que Lula criou em 2007 para projetar sua então candidata a presidente e ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, como a grande gestora, está nos estertores. Agora, o tal projeto, que não chegou a realizar metade dos investimentos previstos, ficará a cargo da área econômica, conforme decreto do presidente Jair Bolsonaro.
Por falar em Casa Civil…
É bom o ministro Onyx Lorenzoni abrir o olho. Chamou a atenção dos militares o fato de o ministro ter defendido a nomeação de gaúchos para o governo. Tudo bem que é o estado dele. Mas é que tem gente dizendo que ele só fez isso por causa da candidatura ao governo do Rio de Grande do Sul.
Mudança de hábito
Há muita gente da área de segurança se perguntando por que o PCC não reagiu à transferência de Marcola de uma prisão de São Paulo para Brasília. Até aqui, todas as vezes em que se cogitava mexer com esse bandido, seus comparsas do lado de fora criavam um caos.
Incrível
Só depois de um mês da instalação desta Legislatura é que o presidente da República, Jair Bolsonaro, teve uma conversa mais alentada com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. E foi preciso uma iniciativa da ministra da Agricultura, Tereza Cristina.
Aula de Moro/ O reitor da Uniceub, Getúlio Américo Lopes, recebe nesta quarta-feira o ministro da Justiça, Sérgio Moro. O ex-juiz vai ministrar uma aula magna sobre o projeto de lei anticrime.
Os eixos de cada um/ Moro e outros sete ministros devem compor a comitiva do presidente Jair Bolsonaro aos Estados Unidos. É quase do tamanho daquela que Lula levou à China, em 2004.
E o Ciro, hein?/ Do alto de quem já foi ministro, governador, deputado e prefeito, o ex-candidato a presidente da República Ciro Gomes (foto) volta aos holofotes disposto a partir para cima do governo: “Se Bolsonaro emprestou dinheiro para Fabrício Queiroz, como disse lá atrás, cadê a Ted ou o Doc? De onde saiu o dinheiro? Isso é uma questão de ordem pública”.
Enquanto isso, nas rodas parlamentares…/ Deputados não perdem uma oportunidade de cutucar o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. Ontem, numa conversa animada, um deles saiu-se com esta: “Antes de ser fritado, foi tomar uma gelada na Antártica” Tem gente no Congresso voltando a balançar Lorenzoni.
Governo prepara anúncio do pagamento de 13º no Bolsa Família
Uma das notícias que o governo prepara para anunciar no início de abril, quando completará 100 dias, é o pagamento do 13º aos beneficiários do programa Bolsa Família. Quer ver se, assim, tira de cena a ideia de que não trabalha em prol dos mais pobres. Se as contas deixarem, haverá, ainda, um reajuste no valor do benefício. Porém, isso não será dito agora porque, como não está fechado, é melhor todo mundo achar que não terá reajuste e, mais à frente, o presidente Jair Bolsonaro anunciar como uma boa nova de seu governo.
A prova de Paulo Guedes
O pedido do senador José Serra para que o governo abra os cálculos da Previdência foram vistos como um teste crucial para o sucesso do ministro da Economia, Paulo Guedes. Se conseguir apresentar os números de forma convincente, Guedes se consolida como o grande economista que tem a chave para a retomada do crescimento. Se os dados forem inconsistentes, a proposta de reforma previdenciária ficará enfraquecida.
Pontos nevrálgicos
O governo terá que agir rápido no sentido de organizar a sua base política no Parlamento, a fim de evitar que venham novos recados. Até aqui, dois temas foram mapeados: A medida provisória que definiu a nova estrutura do Poder Executivo e a que modificou as regras de pagamento da contribuição dos trabalhadores a seus sindicatos.
Onde pega
Na MP do Poder Executivo, um dos pontos passíveis de mudança é a recriação do Conselho de Segurança Alimentar (Consea), extinto na formatação do governo. O Consea tem um terço do governo e dois terços da sociedade civil. Por isso, provocou um périplo dos movimentos sociais ao Congresso antes do carnaval.
Por falar em movimentos sociais…
O governo olha com muita atenção o caminhar desses movimentos sociais, do Parlamento e dos prefeitos. A ordem é não deixar que eles se unam contra as propostas do Poder Executivo.
Generais sem tropa
Considerados pelo governo peças importantes para ajudar na aprovação da nova Previdência, os governadores não conseguiram até agora mostrar quantos votos podem conquistar em prol da proposta. Há quem diga que estão vendendo “gato por lebre” ao presidente Jair Bolsonaro.
Curtidas
Prepara uma notícia aí/ O governo está de olho na Marcha dos Prefeitos, marcada para abril. A intenção é mapear desde já as reivindicações para poder apresentar algo de concreto quando houver a marcha.
Parceria/ O governador de São Paulo, João Doria (PSDB) (foto), e o presidente do DEM e prefeito de Salvador, ACM Neto, estão cada vez mais próximos. No encontro da quarta-feira de cinzas, fizeram várias análises sobre o cenário nacional. É assim que se começa a escrever o futuro.
“Esquece isso”/ Na conversa, Doria foi o primeiro a tirar de cena qualquer comentário em relação ao vídeo pornográfico que Jair Bolsonaro replicou no feriadão. Bem na linha, vamos deixar o que ocorreu no carnaval dentro do carnaval. Por enquanto, estão todos com Bolsonaro.
Por falar em esquecer…/ Tem crescido muito o número de homens que batem em mulher, e, ao serem punidos, alegam “descontrole” ou algo “fora do comportamento habitual”, que “não sou violento”, ou coisa que o valha, como fez o diplomata Leonardo Rodrigues, preso por agredir uma mulher com um tapa na cara, após um acidente de trânsito no carnaval. Essa semana, na Câmara, as deputadas estão programando vários discursos no sentido de alertar sobre a necessidade de se pensar duas vezes antes de agredir quem quer que seja.
Coluna Brasília-DF
A decisão do presidente Jair Bolsonaro de falar todas as semanas com os seguidores via Facebook foi tomada a fim de não deixar seus eleitores dispersos. Pesquisas internas de alguns partidos chegaram a indicar que ele vinha estreitando sua faixa de influência, ficando apenas com a direita mais radical. Bolsonaro obteve muitos votos daqueles que, embora não estivessem na primeira fila do bolsonarismo, eram anti-PT. Foi esse público que lhe garantiu a vitória e que começava a se afastar. E é com esse que o presidente deseja dialogar, quando se refere ao aumento de validade da carteira de motorista, qualidade dos serviços dos sindicatos e por aí vai.
Outros presidentes, nos tempos em que a tecnologia ainda não permitia uma conversa tão direta como o eleitorado, optaram pelo rádio para expor os projetos do governo. Sarney, Itamar Franco, Fernando Henrique e Lula tinham o chamado conversa ao pé do rádio. Nos tempos de Lula, perguntas sobre os projetos eram enviadas ao Planalto e reproduzidas no ar para que o presidente respondesse. Bolsonaro agora faz isso via Face. Quer que os eleitores tenham ali a interpretação das falas feitas por ele mesmo, sem passar pelo filtro de terceiros. O alcance é para ninguém botar defeito. 37.730 compartilhamentos na primeira hora, 709 mil visualizações.
Aonde o PSL quer chegar
A proposta da deputada Bia Kicis, (foto) do PSL-DF, sobre a redução da idade de aposentadoria dos ministros do Supremo Tribunal Federal para 70 anos começa ser bem-vista pelo entorno do presidente Jair Bolsonaro. É que a interlocução do governo com o STF ainda é tênue. Se não conseguir aprumar, o jeito será tentar emplacar a proposta de Bia no Parlamento.
Muita calma nessa hora
Só tem um probleminha: Com a reforma da Previdência na Câmara e a tributária no forno, não dá para ficar fazendo marola no STF. Afinal, é lá que as reclamações sobre a reforma vão desaguar depois da votação.
Captou a mensagem I
A defesa que Jair Bolsonaro fez da reforma da Previdência em suas redes sociais foi muito bem recebida pelo DEM do presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Ele tem sido cobrado quase que diariamente por líderes partidários na seguinte linha: “O presidente tem que entrar de cabeça na reforma previdenciária. Não dá para ficarmos aqui, com o desgaste, e ele posando em outras temas”.
Captou a mensagem II
A avaliação é a de que alguma reforma previdenciária será aprovada. A ordem agora é reduzir as mudanças no texto.
CURTIDAS
Bola pra frente / Com a live no Facebook , ontem, o presidente Jair Bolsonaro espera ter colocado um ponto final nas polêmicas que promoveu no carnaval e, de quebra, na frase sobre “democracia e liberdade só existem quando as Forças Armadas assim o querem”.
Na muda / Nunca antes na história deste país os profissionais da política ficaram tão quietos. Alguns pretendem permanecer assim ao longo do primeiro ano de governo. Depois é que será possível fazer um diagnóstico. Até aqui, a bola está com Jair Bolsonaro, apesar de todos os tropeços desses primeiros 60 dias.
Tá bem assim / Deputados dos mais diversos partidos já tratam Felipe Francischini (PSL-PR), de 27 anos, como futuro presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. É bom ele se preparar, porque a turma da oposição que conhece o funcionamento da comissão promete que não vai
ter moleza.
Dia Internacional da Mulher/ A coluna parabeniza todas as mulheres que diariamente e nas mais diversas áreas buscam transformar o mundo num lugar melhor. Vamos
em frente.
Publicação polêmica de Bolsonaro provocará barulho e dará poder a Maia
Coluna Brasília-DF
A intenção de alguns deputados de cavar um processo de impeachment contra o presidente por causa do vídeo escatológico postado no Twitter não vai passar da espuma. Porém, se for mesmo apresentado, o DEM, do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, terá em mãos um instrumento tão poderoso quanto aquele que Eduardo Cunha sacou contra a presidente Dilma Rousseff em 2016.
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Por isso, a intenção dos governistas é cobrar que Rodrigo Maia arquive de pronto qualquer proposta nesse sentido, como prova de apreço ao governo. Se não o fizer, será visto como uma declaração de animosidade.
Assunto esquecido
Nas postagens do presidente Jair Bolsonaro no Twitter, nos últimos dias, teve Lava-Jato da Educação, Exército e até vídeo escatológico, mas nada de reforma da Previdência. No parlamento, os líderes repetem um mantra: ou ele entra, ou a Casa vai achar que a nova Previdência não é tão prioritária assim.
Afunilou
Rodrigo Maia aproveita estes dias de marasmo no Congresso para cuidar do relator da reforma. Já decidiu que não será nem do seu partido, o Democratas, nem do PSL. No DEM, para não deixar a legenda responsável pelo tema polêmico. E no PSL, comenta-se nos bastidores, por falta de gente experiente para segurar o tranco.
Sem pressa
Cresce entre os parlamentares a visão de que, se o governo apresentou um novo projeto de reforma da Previdência, é porque não tem urgência na votação do texto. Se tivesse, teria aproveitado parte da proposta que tramitou no ano passado.
O X da questão
Deputados estão convictos de que o governo só apresentou uma nova proposta porque deseja a desconstitucionalização do tema para facilitar outras mudanças no futuro.
CURTIDAS
Siga o general!/ Em conversas reservadas, os líderes partidários que não têm intimidade com o presidente Jair Bolsonaro são quase que unânimes em afirmar que ele deveria se espelhar mais no comportamento do vice, o general Hamilton Mourão, que a cada dia conquista mais simpatias.
Siga o general II/ Alguns, que demonstravam no passado recente alguma reserva ao vice, hoje o chamam carinhosamente de general “Mozão”.
A velha política impera/ Quem esperava que os novos deputados mudassem a rotina do parlamento está a caminho da frustração. Lá se vai quase um mês e meio, e as comissões não foram instaladas e sessões deliberativas só mesmo a partir de 12 de março.
Nem tudo está perdido/ Apesar da calmaria desta semana, Rodrigo Maia já avisou a interlocutores que, a partir da semana que vem, acabou a moleza. O contribuinte agradece.
Declaração de Bolsonaro sobre Lava-Jato da Educação provoca tensão com parte do DEM
Coluna Brasília-DF / Por Denise Rothenburg
A nova defesa que o presidente Jair Bolsonaro fez esta semana da Lava-Jato da Educação soou estranha para um pedaço do DEM, partido que dominou a área no governo de Michel Temer, sem mexer em todas as estruturas de poder montadas nos tempos petistas. É que a declaração de Bolsonaro no Twitter veio logo depois de o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ter se colocado como um comandante da Casa e não um defensor incondicional do governo. Para completar a desconfiança de alguns demistas, o próprio Bolsonaro já havia dito que colocaria uma lupa nos gastos em educação há cerca de 10 dias. Em política, reza a lenda, não existem coincidências.
A turma de Bolsonaro, entretanto, garante que uma coisa não tem nada a ver com a outra. O presidente quer, sim, averiguar o que ocorreu com os recursos da Educação, doa a quem doer. Quem tiver o que responder, que se prepare. E, nesse ponto, Jair Bolsonaro terá todo o apoio da população.
O DEM, por sua vez, quer que Bolsonaro lhe faça a corte, peça apoio formalmente, o que até agora não ocorreu. Caberá ao ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, servir de ponte entre o presidente e o seu partido, que, embora não seja dos maiores da Câmara, está no comando do ritmo de votações da Casa. Até aqui, Onyx venceu todas as batalhas em que se envolveu. Suas duas apostas — Jair Bolsonaro para presidente da República e Davi Alcolumbre (DEM-AP) para presidente do Senado — tiveram sucesso. Resta agora acalmar o DEM e aprovar a reforma previdenciária para mudar de patamar na política.
Um novo João Alberto
Os senadores avaliam com muito cuidado a escolha do futuro presidente do Conselho de Ética da Casa. A ordem é buscar alguém que não seja suscetível a pressões de redes sociais na hora de analisar pedidos contra algum senador. Eles querem alguém como o ex-presidente João Alberto Souza (MDB-MA), que arquivou ações contra oito senadores, incluindo Gleisi Hoffmann (PT-PR), Fernando Collor (PTC-AL) e Aécio Neves (PSDB-MG).
Carnaval de protestos
O presidente Jair Bolsonaro venceu por larga maioria de votos em Brasília, mas foram as críticas ao governo e o “Lula Livre” que tiveram mais visibilidade nos blocos de Brasília. Há quem atribua uma parte das críticas a grupos de funcionários públicos insatisfeitos com a reforma previdenciária.
Por falar em reforma…
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, só instala a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) na semana que vem. Essa semana curta por causa do carnaval servirá apenas para tentar ajustar os ponteiros e definir relator. Logo, o calendário da nova Previdência ainda é uma incógnita.
Ganhou fôlego/ A saída de Fábio Schvartsman da presidência da Vale, ainda que temporária, e as suspeitas de que a direção da companhia sabia dos riscos da barragem de Brumadinho fará com que os partidos indiquem logo os integrantes da CPI que vai investigar a empresa, no Senado.
Acelera aí/ Se quiserem uma CPI Mista, os deputados vão ter de correr. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, avisou que vai esperar até 11 de março. Se não houver a mista, o Senado fará sozinho.
Diferenças gritantes I/ Os deputados que foram aliados de todos os governos relatam as diferenças entre Dilma Rousseff (foto) e Jair Bolsonaro: ele sabe como funciona a política e tem humildade para recuar quando percebe que
está errado.
Diferenças gritantes II/ Em relação aos filhos, Paula era para lá de discreta e não entrou para a política. Os três filhos políticos de Bolsonaro representam uma emoção a cada dia.
Maia deve usar MP 873 como moeda de troca para aprovar Previdência
Coluna Brasília-DF / Por Denise Rothenburg
Se os deputados insatisfeitos com as mudanças no pagamento da contribuição sindical quiserem derrubar a medida provisória sobre o tema (MP 873), terão que votar a favor da reforma previdenciária. É nessa linha que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, será aconselhado a levar a negociação com os partidos dentro do Congresso.
Porém, se o presidente Jair Bolsonaro insistir que não há hipótese de voltar atrás nessa questão — e tudo indica que não haja —, ele que se resolva com os partidos e com as batalhas judiciais que virão na seara sindical. Essa negociação em troca da reforma é o máximo a que os potenciais aliados do governo na Câmara aceitam chegar.
A MP 873 é vista entre os congressistas como algo que chega ao parlamento em péssima hora, momento da negociação da reforma previdenciária. O governo sequer consultou Rodrigo Maia ou os líderes a respeito, embora tenha recebido os congressistas na semana passada.
Assim, se o governo não acha que deve dar satisfação dos seus atos, os congressistas também não se sentem na obrigação de aprová-los. Moral da história: o carnaval nem terminou e o governo já se vê em outra confusão.
Ideologia versus economia
Os parlamentares consideram que o presidente Jair Bolsonaro está chegando a um ponto em que será obrigado a fazer uma escolha: ou toca a pauta ideológica ou a econômica, leia-se reforma previdenciária. Se ficar com a ideológica, corre o risco de perder as duas.
Toma que o filho é teu
A dificuldade de diálogo no governo está afunilando a lista de partidos para relatar a reforma da Previdência. Por esses dias de folia, a aposta de muitos líderes é que o texto fique mesmo com o PSL.
Por falar em Previdência…
A avaliação geral é a de que a desconstitucionalização do tema Previdência não passa. É que o parlamento não quer perder o direito de mexer nesse assunto por ampla maioria. Além disso, essa mudança não proporciona qualquer impacto fiscal agora.
… a desconfiança impera
Entre os deputados, há a certeza de que o governo só quer a desconstitucionalização. No mais, eles consideram que o projeto é muito parecido com o do presidente Michel Temer. Logo, se fosse apenas para tratar da questão fiscal, teriam apresentado, para ganhar tempo, uma emenda aglutinativa ao que já estava no Legislativo.
Esquenta de carnaval
Esquenta 2020/ O prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), tem acompanhado o circuito do carnaval acompanhado do vice-prefeito, Bruno Reis. Se alguém tinha alguma dúvida de que Bruno é o nome para a sucessão de Neto, dizem seus aliados, agora acabou.
Esquenta 2022/ O governador João Dória, do PSDB, está dedicado ao circuito do carnaval, ao lado da mulher, Bia. Ele será aliado de Bolsonaro, mas manterá uma distância regulamentar para não inviabilizar uma carreira solo rumo ao Planalto. Afinal, dizem alguns tucanos paulistas, assim como Doria deixou a prefeitura em dois anos, nada impede que deixe o governo em quatro.
Enquanto isso, os blocos pelo país…/ Até hoje, nenhum presidente da República passou o carnaval incólume a xingamentos nos blocos. A contar pelo que se vê nas redes, esse título, de não ser xingado, Jair Bolsonaro não levou.
…acirram as redes/ A diferença é que os outros presidentes deixavam seus críticos falarem sozinhos e atribuíam tudo à irreverência da festa. No caso de Bolsonaro, Carlos, o filho a quem o presidente homenageou e agradeceu o apoio, respondeu assim ao deputado Rogério Corrêa (PT-MG), que replicou os xingamentos ao presidente: “Teu ‘grito de coragem’ será respondido de outro jeito! (risadas) Prepara aí, amigão! Tudo encaminhado!” Eu, hein…
Políticos presentes no velório de Arthur estão preocupados com saúde de Lula
Coluna Brasília-DF / Por Denise Rothenburg
Políticos que estiveram no velório de Arthur, o neto de Lula que morreu aos 7 anos de meningite meningocócica, saíram muito preocupados com o estado de saúde do ex-presidente. Ainda que o petista recuse apelos à prisão domiciliar, a defesa deverá se empenhar nessa linha a fim de tirá-lo de Curitiba para que ele fique mais próximo da família neste momento.
Esses mesmos políticos consideram que o PT deve se engajar na liberdade de Lula, mas não mais para que ele seja candidato. Uma turma acha que o petista já fez o que podia pelo partido e que cabe às novas gerações reinventar a legenda.
Porém, um pequeno detalhe no gestual de Lula, ao deixar o cemitério ontem, deu a muitos a certeza de que ele não quer deixar de liderar o PT. Ele ficou em pé à porta do carro e acenou aos militantes (foto acima). Ainda que não seja candidato, Lula quer continuar a comandar os petistas, seja na cadeia, seja fora dela.
Melhor de três
Com a escolha da nova direção nacional prevista para outubro deste ano, o PT terá três vertentes no jogo do poder interno: a da atual presidente, deputada Gleisi Hoffmann; a do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad; e a do que vem sendo chamado de “grupo do Nordeste”, em especial o governador Wellington Dias, do Piauí, e o senador Jaques Wagner (BA).
A união fará a força
Se São Paulo de Haddad e o Paraná de Gleisi continuarem divididos, o Nordeste terá espaço e força para, pela primeira vez, tirar o comando do partido do centro-sul. Além de Wellington Dias e Wagner, o partido tem os governadores da Bahia, Rui Costa; do Ceará, Camilo Santana; e do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra.
Influência geral
Não são apenas os governadores que sustentam a força petista no Nordeste. Dos seis senadores do partido, quatro são nordestinos: Humberto Costa (PE), Rogério Carvalho (SE), Jean Paul (RN) e Wagner. É por essa região que muitos acreditam que o PT deve caminhar.
Onde morava o perigo / Os petistas trocaram vários telefonemas na madrugada de ontem para desmobilizar grandes atos e manifestações em defesa de Lula. Ninguém queria dar pretexto para que o ex-presidente fosse proibido de comparecer ao velório do pequeno Arthur.
Redes de ódio / Mal Lula retornou a Curitiba, começou a circular pelo WhatsApp um vídeo do ex-presidente sorrindo num local fechado lotado de militantes, que gritavam “Lula, ladrão, roubou meu coração”. Uma legenda dizia que ele fez um comício no velório. Não eram imagens do cemitério e, sim, de outro momento, pouco antes de o presidente ser preso.
Reformas dependem de um novo tipo de deputado: o “caçador de Pokémons”
A prioridade do presidente Jair Bolsonaro agora é fazer as contas das reformas, certificando-se de que terá os votos necessários para aprovar a nova Previdência. Nesse trabalho, seus aliados calcularam que o Congresso concentra hoje, pelo menos, 150 “caçadores de Pokémons”, deputados que passam mais tempo de celular em punho, em lives nas redes sociais, do que nas articulações políticas.
Desses, pelo menos dois terços são de partidos governistas. Logo, caberá a Bolsonaro ganhar esse grupo, mantendo as redes sociais alimentadas com propaganda favorável à proposta da nova Previdência.
Constrangedor / Dia desses, um deputado que não sai das redes anunciou a seus seguidores numa live que falaria na sessão da Câmara. O sujeito, de primeiro mandato, se aprumou, puxou o microfone de apartes e solicitou a palavra ao presidente da sessão. Ouviu na hora um “o senhor não é líder, nem foi citado; portanto, não lhe cabe conceder a palavra nesse momento”. Santo mico, Batman!
Coluna Brasília-DF / Por Denise Rothenburg
O ministro da Justiça, Sérgio Moro, não desistirá da guerra contra o crime organizado dentro do Poder Executivo por causa da não nomeação de Ilona Szabó para o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária. A tendência do ministro é esperar para pedir ao presidente que o apoie nas grandes causas, que certamente virão. Agora, o presidente Jair Bolsonaro é meio que devedor do ministro, a quem prometeu dar carta branca no combate ao crime organizado e na nomeação das pessoas do governo.
Szabó fora do conselho, dizem aliados de Moro, foi constrangedor, mas não representou o fim do mundo. Moro, friamente, escolherá as batalhas que travará dentro do governo. E essa nomeação, afirmam pessoas próximas a ele, não está na lista dos embates mais importantes e decisivos de sua trajetória.
Presidente tem que resistir a pressões
Aliados do presidente Jair Bolsonaro ficaram preocupados com a rapidez com que ele cedeu aos seus apoiadores mais radicais, tirando Ilona Szabó do Conselho do ministério e também por ter pregado desde já a redução da idade de aposentadoria das mulheres. Nesse ritmo, vai ter
muito deputado pedindo mais
na hora da votação.
Por falar em pedir…
O Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes (Dnit) continua como o sonho de consumo de muitos políticos. Nos partidos, não faltam “talentos” para indicações nessa seara com orçamento de R$ 8,5 bilhões.
Redes de ódio
O post de Eduardo Bolsonaro chamando de absurda a liberação de Lula para ir ao enterro do neto de 7 anos foi comparado aos de simpatizantes do PT que comemoraram o atentado a Jair Bolsonaro, durante a campanha. A política, que já havia perdido a vergonha há tempos, perdeu o respeito e a humanidade nos dois casos. Triste.
Por falar em Lula e Eduardo…
Entre os governistas, há quem diga que chegou a hora de Eduardo esquecer o ex-presidente preso e se concentrar nas reformas que o país precisa e em angariar votos no Congresso. É assim que ajudará o pai. Afinal, a eleição acabou, o tempo de Lula passou e o momento é de tocar o barco.
CURTIDAS
Ele contra elas/ O senador Ângelo Coronel (BA) conseguiu comprar uma briga com toda a bancada feminina. Ele é autor de projeto que revoga a quota de candidaturas femininas nas eleições.
Elas contra ele/ Os grupos de WhatsApp das deputadas está fervendo. A deputada Tereza Nelma (PSDB-AL) alertou o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil e o Instituto de Advogados do Brasil (IAB), que ontem editou uma nota para protestar contra o projeto do deputado.
Por falar em mulheres…/ A bancada feminina no DF nunca foi tão ativa. A deputada Celina Leão (PP-DF) vai presidir a Frente Parlamentar da Mulher. Ela e Flávia Arruda (foto) farão uma tabelinha nessa pauta de gênero. Érika Kokay (PT-DF), a única veterana do grupo, segue firme na defesa dos trabalhadores.
…elas têm a força/ Paula Belmo (PPS) joga na área social e no fim dos benefícios aos políticos. E Bia Kicis, procuradora, se concentra nos temas jurídicos, como a redução da aposentadoria dos ministros do STF, e os educacionais, como a Escola sem Partido.










