Autor: Denise Rothenburg
Nas últimas reuniões, os petistas respiraram aliviados quando souberam que Fernando Haddad não poderá representar Lula no debate da TV Bandeirantes, amanhã, que abre a temporada oficial de confronto direto entre os candidatos a presidente da República. Também não vão fazer força para que ele seja incluído. Haddad chegaria para o evento numa condição diferente dos demais e, de quebra, ainda seria obrigado a ficar na defensiva, com todos os titulares das chapas presentes dizendo que Lula está preso, condenado por recebimento de propina, e coisa e tal. Nesse sentido, comentam deputados do partido, o melhor mesmo é ficar longe, insistir na presença de Lula, que eles sabem ser impossível, e, assim, manter o discurso de perseguição ao candidato, dando ao ex-presidente o papel de vítima e não de condenado, o que ficaria claro se ele pudesse participar do debate.
Alerta máximo no PSDB
Os tucanos pra lá de preocupados. Consideram que especulações sobre possíveis delações que ainda não foram fechadas e que poderiam citar Geraldo Alckmin como receptor de caixa dois estão saindo sob encomenda para mexer na Bolsa de Valores. Ontem, por exemplo, a Bolsa caiu depois de publicações em sites de notícias de que Alckmin seria citado numa delação. O PSDB vai estudar como se precaver do que considera “ataques especulativos” contra seu candidato para que alguém ganhe dinheiro no mercado financeiro.
Se correr, o bicho pega…
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, enfrentará hoje o pior dilema deste esforço concentrado. Decidir o que fazer com relação à deliberação do Supremo Tribunal Federal sobre o pedido de perda de mandato de Paulo Maluf: se a Mesa Diretora concluir pela cassação, sem passar pelo plenário da Casa, Rodrigo perderá votos dos seus pares para a reeleição.
… se ficar, o bicho come
A outra solução, levar para o plenário, também não é a ideal para o presidente da Casa. É que, se não houver quórum para decidir e Maluf não for cassado, soará como uma manobra para preservar o parlamentar.
Enquanto isso, no Planalto…
Por ali, a sensação entre os próprios assessores palacianos é a de que o governo realmente acabou. Até as visitas de deputados e senadores ao presidente Michel Temer reduziram.
Em Minas, primeiro turno
Deputados que apoiavam a candidatura de Márcio Lacerda (PSB) começam a rumar para a candidatura de Antonio Anastasia (PSDB). É que, por lá, a polarização PT versus PSDB está consolidada, sem espaço para uma terceira via. Lacerda (PSB) depende ainda da Justiça e foi vetado pela direção nacional do partido. Rodrigo Pacheco (DEM) será candidato ao Senado na chapa de Anastasia (PSDB). Jô Moraes (PCdoB) será a vice de Pimentel. Assim, a eleição de governador será definida em 7 de outubro.
Deixa quieto/ Deputados do PT comentaram à boca pequena no plenário da Câmara que Lula, fora do debate da Band, está preservado de perguntas, tais como: “O sr. está vindo de onde mesmo? Ah, da cadeia”.
Filhotes da Lava-Jato/ Numa mesma coligação no Rio de Janeiro, estarão, pelo menos, quatro parentes de presidiários: Marco Antonio Cabral, filho do ex-governador Sérgio Cabral; Danielle Cunha, filha de Eduardo Cunha; Leonardo Picciani, filho de Jorge Picciani; Franciane Motta, mulher do deputado estadual
Paulo Melo.
Molón é Ciro/ Alessandro Molón (PSB-RJ, foto) fará campanha para Ciro Gomes. “É o único candidato do campo progressista que, se estiver no segundo turno, pode vencer a eleição”, acredita.
Homenagens a Ari Cunha/ Em sua primeira fala após o recesso, o senador Reguffe enalteceu o trabalho do jornalista Ari Cunha, falecido na madrugada do dia 31. “Gentil, cordato, educado, e que sempre dava espaço a novas ideias. Ari Cunha honrou o jornalismo do DF”, disse, mandando ainda um abraço a Circe Cunha, que fazia parceria com o pai na coluna Visto, Lido e Ouvido.
Com Lula preso, Fernando Haddad (PT) e Manuela D’Ávila (PCdoB) combinaram de percorrer o país juntos em campanha, como se a chapa fosse formada pelos dois. Assim, diante de uma campanha curta e com a perspectiva de a Justiça logo ali na frente impugnar a candidatura do ex-presidente, já estará consolidada a parceria. Conforme a coluna divulgou há mais de um mês, os petistas já contam com uma derrota no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas ainda acreditam na possibilidade de o ex-presidente conseguir a candidatura por liminar do Supremo Tribunal Federal, a depender de quem for o relator.
No caso de Lula conseguir uma liminar, Haddad renunciará a vice e Manuela assumirá. Na hipótese de Lula ser impugnado, Haddad passa à cabeça de chapa e Manuela, à vaga de vice. Na prática, Haddad está na chapa para substituir Lula e a vice é Manuela. Como o PT não queria abrir mão da cabeça de chapa de modo algum, Lula inventou a suplência da candidatura presidencial.
O medo do PT e do PCdoB
Nas reuniões mais fechadas do último fim de semana, os petistas avaliaram que o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, ganhou terreno demais nesses últimos dias, embora as pesquisas divulgadas e registradas ainda não tenham detectado. Com muito jeito, aliados de Alckmin uniram forças em estados importantes, como Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Por isso, a hora é de se preparar para enfrentar o tucano e não mais o ex-capitão Jair Bolsonaro, do PSL.
A volta de Delcídio
Ex-líder do governo Dilma acusado de tramar a fuga de Nestor Cerveró do país e inocentado, depois, pelo Supremo Tribunal Federal, o ex-senador Delcídio do Amaral será candidato ao Senado pelo PTC de Mato Grosso do Sul.
Sem estresse
Delcídio não terá problemas com seus colegas de partido. O senador Fernando Collor votou a favor da revogação da prisão em novembro de 2015. E o candidato a presidente da República apoiado pelo PTC, Álvaro Dias, não compareceu à sessão.
O pulo de Adalclever
O MDB tem lá seus motivos para insistir na chapa de Márcio Lacerda ao governo de Minas Gerais. É que não existe hoje uma vaga ao Senado à sua disposição, nem no PT, tampouco no PSDB. Além disso, se der errado, terão o ex-prefeito fazendo campanha para Adalclever Lopes na cabeça de chapa. Se brincar, ainda terão a foto de Márcio na urna eletrônica.
Mal-estar na Câmara/ Candidato a presidente da República pelo Patriotas, o deputado Cabo Daciolo (foto) vai ter que se explicar à Mesa Diretora da Câmara. No discurso de lançamento da candidatura, o pastor mandou ver contra o Congresso: “Tem exceções? Poucas. Aquilo ali é uma quadrilha. Não votam pauta nenhuma para o povo, só medida provisória e para banqueiros, maiores vilões e bandidos da Nação”.
Foi ele!/ Muitos, ontem, atribuíam a José Dirceu as dificuldades de fechar a chapa. É que o ex-ministro não queria o ex-prefeito Fernando Haddad no topo da cena política com o nome do PT.
Numerologia/ Os candidatos do PSL ao Senado estão meio constrangidos por causa dos três números da candidatura. Ninguém quer ser o 171, popularmente conhecido como o número dos estelionatários.
Mulheres na campanha/ Depois do impeachment de Dilma, muitos diziam que as mulheres não teriam mais chances numa eleição presidencial. Porém, há duas candidatas, Marina Silva (Rede) e Vera Lúcia (PSTU). E cinco vices: Ana Amélia Lemos, de Geraldo Alckmin (PSDB); Kátia Abreu, de Ciro Gomes (PDT); Sônia Guajajara, de Guilherme Boulos (PSol); Suelene Balduíno, de Cabo Daciolo (Patriotas).
A quinta é Manuela D’Ávila,
que será incluída na chapa petista
mais à frente.
Lula com Haddad e Manuela de vice para compor a chapa em setembro
Reunida em São Paulo, a cúpula do PCdoB terminou cedendo às pressões do PT por uma aliança ainda no primeiro turno e, no final da noite, comunicou aos petistas a retirada da candidatura de Manuela D’Ávila. A decisão foi tomada depois da promessa do PT de que, caso Lula não consiga levar a candidatura adiante, Fernando Haddad assumirá a cabeça de chapa e Manuela, a vaga de vice. O último prazo para mudança da chapa é 20 dias antes da eleição. Até lá, avisam os petistas e integrantes do PCdoB, Lula aparecerá ainda como candidato e Haddad no papel de vice. Mas o PCdoB estará coligado e sem candidato. O site vermelho, do PCdoB, já se antecipou e estampou há pouco uma foto de Lula e Manuela com a seguinte legenda: “Após fechada a aliança entre o PCdoB e o PT para a disputa presidencial, as direções receberam a indicação do presidente Lula de que a deputada Manuela D’Ávila deverá ser indicada como candidata a vice-presidente”.
O acordo entre os dois partidos deixa claro que o PT tem plena consciência de que Lula não será candidato. Até a solução do slogan “Lula com Haddad em letras garrafais indica que o partido fará a partir de agora todo um esforço para transferir os votos de Lula para Haddad. O líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta, entretanto, não entrega os pontos. “Está confirmado que o PCdoB fará aliança conosco no primeiro turno. Mas nosso candidato é o Lula, Haddad é vice. Não está confirmado que Manuela será vice. Lá na frente, se não conseguirmos seguir com o presidente Lula, podemos discutir, mas isso não está fechado”, disse Pimenta ao blog.
A decisão de retirar a candidatura de Manuela foi para garantir a formatação do acordo entre os dois partidos ainda no primeiro turno. Caso Manuela mantivesse a candidatura, não seria possível compor a aliança dando o tempo de tevê do PCdoB e recursos do fundo eleitoral para uma parceria nesta eleição. E com a decisão do TSE, de encaminhar as chapas até o dia 6, não dava para esperar o dia 15, data do registro.
Agora, é arrumar a situação dos estados. Em Minas, por exemplo, a deputada Jô Moraes (PCdoB-MG), que seria candidata ao Senado, caminha para ser candidata a vice-governadora na chapa de Fernando Pimentel à reeleição.
Lula tentou repetir a coligação de 1989. Levou o PCdoB, mas não o PSB
Em 1989, quando chegou ao segundo turno por uma diferença de menos de 1% dos votos em relação ao candidato do PDT, Leonel Brizola, Lula tinha uma aliança com o PCdoB e o PSB, que, na ponta do lápis, lhe garantiram a vaga no segundo turno. Agora, ciente das semelhanças entre esta e aquela eleição presidencial, ambas com um número expressivo de candidatos (em 89, eram 22 e agora 14), o ex-presidente fez o que pode para atrair os mesmos aliados. Queria recriar a fórmula a fim de garantir o mesmo resultado. Não conseguiu fechar uma aliança formal com o PSB, mas evitou que os socialistas fechassem com Ciro Gomes (PDT). Quanto ao PCdoB, o acordo demorou, mas saiu. Há pouco, os comunistas decidiram retirar a candidatura de e Manuela e fechar aliança com o PT. a/gora, o partido vai esperar 15 de agosto para decidir se ela será vice. O partido de Manuela demorou a ceder. Inicialmente, considerou um sinal de desrespeito e decidiu manter a candidatura. Iinclusive indicou o sindicalista Adílson Araújo pra a chapa. A decisão porém durou pouco.
O PCdoB termnou aceitando a chapa puro sangue Lula-Haddad, anunciada há pouco. A presidente do partido, Gleisi Hoffmann, chegou a ser apontada como opção. Porém, de Curitiba, uma carta do ex-presidente Lula apontou sua preferência pelo ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (veja post anterior). Lula aproveita para tentar tirar dos próprios ombros as dificuldades em fechar com o PCdoB. Joga a decisão para a comissão executiva nacional do partido. Assim, se a composição atual não levar o partido ao segundo turno, o ex-presidente sempre poderá dizer que a culpa caberá aos dirigentes, em especia, Gleisi. Em conversas reservadas, tem muita gente dizendo que a presidente do PT queria a vaga e, por isso, conduziu mal a negociação. Isso porque todo o esforço dos últimos dias deixaram mágoas não só no PDT, como também no PSB e no PCdoB. Só para lembrar: em 1989, no segundo turno, Brizola transferiu todos os votos para o PT. Agora, a aposta é a de que se o partido de Lula chegar ao segundo turno, dificilmente Ciro Gomes fará o mesmo. Especialmente, se o adversário for Geraldo Alckmin (PSDB). Essa será mais uma diferença para Lula entre a primeira eleição que ele concorreu e, talvez, a última a que foi indicado candidato pelo PT.
Diante da divisão do PT em torno da candidatura a vice, o ex-presidente Lula encerrou essa discussão com uma carta em que defendeu o nome do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad para compor a chapa. No texto que enviou ao partido, Lula comete um ato falho e, pela primeira vez, deixa transparecer que pode terminar não conseguindo emplacar a própria candidatura. Isso porque ele falou com todas as letras que caberia ao partido deliberar sobre a inclusão de Manuela D’Ávila na chapa. Ocorre que o PCdoB já decidiu lançar a deputada gaúcha como sua candidata a presidente e terá como vice o sindicalista Adílson Araújo.
A posição de Lula está em análise nesse momento pela executiva nacional do PT. Inicialmente, a disposição era indicar o nome que comporia a chapa apenas em 15 de agosto, data do registro da candidatura, mas uma interpretação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinou que as atas das convenções devem ser registradas no sistema do TSE até 6 de agosto, ou seja, esta segunda-feira. Especialistas consideram que, se isso não for feito, a candidatura corre o risco de ser impugnada. Nesse cenário não resta muito ao PT, senão, resolver logo essa questão. A chapa petista será conhecida ainda esta noite.
A comissão executiva nacional do Partido dos Trabalhadores se reunirá agora em São Paulo para discutir a formação da chapa que concorrerá à Presidência da da República. A tendência é chapa pura e há grupos se formando em torno de uma discreta queda de braço: Uma ala prefere apostar na presidente do partido, Gleisi Hoffmann, para o papel de vice. Outros, preferem Fernando Haddad, o ex-prefeito de São Paulo. O PCdoB já está fora. Embora alguns ainda tenham esperanças de atrair o partido de Manuela D’Ávila para uma aliança, os comunistas não querem dar um salto no escuro, ou seja, retirar Manuela e ficar á mercê da Justiça, esperando Lula. Por isso, o partido escolheu logo o sindicalista Adílson Araújo para a vaga de vice e foi cuidar da própria vida. Agora, a briga é petista. Só para variar um pouquinho.
Haddad está responsável pela elaboração do plano de governo e joga em parceria com uma ala mais light do partido, onde está também o ex-governador da Bahia, Jaques Wagner, que recusou a vaga na chapa. Foi aí que o grupo ligado à senadora que comanda o PT, que não é tão fã assim de Haddad, passou a trabalhar a hipótese de a própria Gleisi assumir a vaga, embora muitos digam que Haddad é considerado o melhor nome. A ideia dos petistas é anunciar o nome ainda na noite de hoje. As próximas horas serão longas.
Dois movimentos de Lula deixaram os integrantes das legendas mais à esquerda com a certeza de que o ex-presidente não quer apoiar ninguém que não seja de seu partido e, mesmo na condição de detento, quer retirar os adversários do campo do PT “na marra”. Primeiro, foi o torniquete à candidatura de Ciro Gomes, do PDT, com o acordo entre PT e PSB. Agora, vem a proposta para que o PCdoB retire Manuela D’Ávila do páreo, feche aliança com o PT e fique à disposição para quando Lula decidir apresentar a deputada gaúcha como candidata à vice na composição encabeçada por um petista. Pela interpretação do Tribunal Superior Eleitoral, a chapa tem que ser fechada e registrada no sistema do TSE até dia 6, 24 horas depois de encerrado o prazo de convenções. Lula não quer cumprir o prazo.
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Tem gente revoltada no PCdoB, que se reúne hoje em São Paulo para discutir o assunto. Afinal, aos poucos, descobre-se que Lula não quer um vice agora, porque precisa posar como candidato sozinho, sem outro representante, pelo menos, até 15 de agosto, quando, então deverá indicar um outro petista para a própria vaga, sem precisar correr o risco de que um vice de outro partido, no papel de “parceiro de Lula”, acabe caindo nas graças daqueles que hoje votam no ex-presidente. Para muitos, ficou cristalino que Lula e o PT, mais uma vez, querem tudo para si.
As viagens de Lupi
O presidente do PDT, Carlos Lupi, está percorrendo o país e organizando as chapas. Em São Paulo, avisou o PSB, do governador Márcio França, que o partido vai desembarcar como já fez em Pernambuco, em relação a Paulo Câmara. A amigos, Lupi tem dito que não dá para apoiar aqueles que se uniram para tirar espaço do candidato do PDT, Ciro Gomes. “Quem pariu Matheus que o embale. Vou cuidar do meu time”, diz o comandante pedetista.
Águas passadas
As diferenças entre o líder do PSB na Câmara, Júlio Delgado (PSB-MG), e o PT não são mais tão contundentes a ponto de levar o deputado a descartar aliança. Júlio, que fez um parecer pela cassação do mandato de José Dirceu no passado, diz que o partido fará o que for melhor para os socialistas. O que será, ele diz ter até domingo para discutir.
Baixas calorias
O ex-deputado Paulo Delgado, cada vez mais livre depois que se desfiliou do PT, retomou o bom humor com toda força. E já fala até em um segundo turno “diet”. “Para um país que está precisando de dieta equilibrada, nada melhor do que um segundo turno entre as chapas de Marina/Eduardo Jorge e Geraldo Alckmin/Ana Amélia”, diz ele.
Segurança no campo
O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, apresenta na semana que vem à Confederação Nacional de Agricultura (CNA) um esboço da proposta governamental para tentar conter o roubo de gado e das lavouras espalhadas pelo país. A reunião de Jungmann com o presidente da CNA, João Martins, é desdobramento dos encontros do semestre passado, quando a confederação apresentou um quadro preocupante da situação no interior do país.
A chapa da língua afiada/ O deputado Sílvio Costa (Avante-PE), que sempre foi bastante eloquente, se mostra pronto para assumir a vaga de vice numa chapa encabeçada por Ciro Gomes. “Ninguém é candidato a vice, mas será um privilégio ser vice de Ciro. Será uma chapa ficha limpa, de um Brasil honesto e decente”, diz ele à coluna, sem, no entanto, citar o temperamento de ambos.
Por falar em ficha limpa…/ Os candidatos tentam, mas a realidade bate à porta. Em busca de tempo de tevê, o Podemos, do candidato a presidente da República, Álvaro Dias, terminou encostado no PTC, de… Fernando Collor.
Por falar em Pernambuco…/ A certeza da vitória na convenção nacional do partido é tal que os pernambucanos sequer virão a Brasília para ouvir o discurso daqueles que rejeitam a tal neutralidade, com restrição de alianças a partidos de esquerda. É que a convenção estadual está marcada para o mesmo dia e mesmo horário.
Dê tempo ao tempo/ A aposta é de que a vereadora Marília Arraes vai acabar desistindo da guerra contra o PSB e terminará fazendo uma campanha à deputada federal.
Enquanto isso, no PSDB…/ O candidato Geraldo Alckmin faz hoje a sua convenção com a presença do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (foto). Antes, entretanto, passará nas convenções do PR e do PPS. Aliás, nos últimos dias, ele teve uma maratona de convenções e apoios, ganhando musculatura política. Resta saber se essa grande estrutura defenderá e trabalhará pelo candidato no mundo real e virtual.
Cotada para ser vice de Henrique Meirelles, a senadora Marta Suplicy (MDB-SP) não só rejeitou a sondagem como acaba de deixar o partido. O pedido de desfiliação foi feito numa conversa por telefone entre ela e o presidente do MDB, Romero Jucá. Marta estava desconfortável na sigla desde maio do ano passado, quando surgiram as primeiras denúncias contra o presidente Michel Temer. Ela permaneceu, no entanto, porque considerava que o MDB iria prestigiá-la nessa campanha. Porém, diante da insistência do empresário Paulo Skaf em ser candidato a governador, ela percebeu que tudo o que o MDB queria era usar o prestígio dela perante a população mais pobre, onde a senadora tem uma base forte em São Paulo.
Marta não quis sequer participar da convenção que lançou Paulo Skaf ao governo. A amigos, ela já havia dito que, se fosse candidata á reeleição, faria campanha em carreira solo, longe de Skaf e de Temer. Muito franca, ela foi clara com Jucá ao dizer que não faria campanha junto com candidato do partido. Diante desse mal-estar, restou á senadora pedir a desfiliação, confirmada pelo próprio Jucá, numa nota divulgada há pouco:
“O presidente do MDB, senador Romero Jucá, confirma o pedido de desfiliação da senadora por São Paulo Marta Suplicy que sai por motivos pessoais. Os dois se falaram há pouco por telefone. O partido lamenta mas respeita a decisão da senadora. Pessoalmente, o senador Jucá afirma ter carinho e respeito por toda a trajetória de Marta ao longo dos anos n vida pública e política do país”. A senadora estava filiada ao MDB desde setembro de 2015.
A senadora divulgou um carta há pouco:
RODOLFO COSTA
A candidatura do Podemos, de Álvaro Dias, está prestes a se fortalecer. A legenda mantém conversas avançadas com o PTC, do senador e ex-presidente Fernando Collor (AL). A união é um importante avanço para as pretensões da campanha na corrida eleitoral. Ele já obteve o apoio do PSC, que indicou Paulo Rabello de Castro para vice na chapa, e do PRP.
O diálogo é capitaneado pela presidente nacional do Podemos, Renata Abreu, que mantém confiança na composição. “Hoje deve sair alguma definição do PTC. Acredito que estará com a gente”, avaliou. A meta dela é tentar atrair outras legendas do chamado centrinho, bloco formado por Podemos, PRTB, PSC, PRP, Patriota, PTC, Avante, PROS e DC (antigo PSDC), de José Maria Eymael, que já foi lançado candidato a presidente da República.
As conversas com o Avante estão se encaminhando, embora ainda não tão avançadas em relação aos diálogos com o PTC. O PROS é outra legenda que está na mira de Renata. O partido tinha interesse na vice-candidatura de Álvaro, mas as negociações do Pros com outras siglas levou o Podemos a fechar o cargo com o PSC. “A nossa ideia era tomarmos uma decisão em grupo”, declarou Renata.
O PROS ainda não bateu o martelo para onde vai, mas as conversas com o Podemos continuam, diz Renata. “Eles estão entre nós, PT e MDB”, afirmou. A confiança em atrair o partido se mantém, garante. “O PROS vê a entrada deles na nossa coligação como alguém que pode fazer diferença no processo eleitoral. As pessoas veem muito intenção de voto, mas quem conhece de pesquisa, consegue ver nosso potencial de crescimento nas entrelinhas. Álvaro é um candidato que, se tiver um bom tempo de televisão, vai dar muito trabalho”, sustentou.
A presidente do Podemos também tentou trazer para a coalizão o Patriota. O partido, no entanto, optou por lançar o deputado Cabo Daciolo (RJ), e ainda não há sinais de que possa embarcar com Álvaro, lamenta Renata. “Tentamos convencer o Cabo Daciolo, mas está uma divisão grande no partido. Eles também tentam puxar o Avante, que não deve ir para lá. Nós somos o segundo voto de todos os candidatos”, analisou.
O PSB de Minas Gerais, que acordou na manhã de hoje sob nova direção, não terá como levar adiante a candidatura do ex-prefeito Márcio Lacerda ao governo estadual. Porém não fechará apoio ao governador Fernando Pimentel. Isso porque o acordo dos socialistas com o PT previa apenas a retirada da candidatura de Lacerda e não um apoio formal do partido à reeleição de Pimentel. Os socialistas também já fizeram chegar à direção nacional do partido que só irão compor uma chapa proporcional (deputados estaduais e federais) com o PT se for vantajoso para o PSB. Essas conversas vão até domingo.
Márcio Lacerda, por sua vez, está com as mãos atadas. Ele pode até obter maioria no diretório estadual, porém, não conseguirá ser candidato a governador. É que, no encontro nacional do PSB, ano passado, foi aprovada uma resolução que obriga a homologação das candidaturas majoritárias estaduais pela direção nacional partidária. E o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, que deflagrou o processo de intervenção no diretório estadual na noite de ontem, não homologará a candidatura de Lacerda. Porém, não obrigará o partido a fechar aliança com o PT. Há quem diga que o próximo capítulo dessa história será a vingança de Lacerda em Minas.