Datafolha: A (correta) estratégia do PT, o “tchau Temer” e um centro inseguro

Publicado em Eleições 2018

Quem achar que o ciclo do PT na política se encerrou ou desprezar Jair Bolsonaro, vai errar feio nessa eleição de 2018. A contar pela pesquisa do Datafolha divulgada hoje, o PT ainda tem poder de fogo e Bolsonaro começa a galvanizar parte de suas intenções de voto, haja vista a pesquisa espontânea, aquela em que o eleitor diz em quem votará sem que lhe seja apresentada uma lista de pré-candidatos. Bolsonaro nesse levantamento aparece com 12%. Lula, com 10%. Ou seja, está caindo o número de pessoas que diziam abertamente votar no petista, sinal de que a população começa a considerar que o ex-presidente não conseguirá ser candidato.

O problema é que essas que deixam Lula, de acordo com a pesquisa, não sabem em quem votar. Aqueles que dizem votar em branco, nulo ou em nenhum chegam a 23% na pesquisa espontânea, o mais alto da série de pesquisas do Datafolha, desde julho do ano passado. Aqueles que não sabem em quem votar somam 46%. Ou seja, na cabeça do eleitor, a raiva e o medo continuam imperando e a eleição ainda não começou. E o eleitor está certo: Não começou mesmo. Campanha nas ruas e na tevê só em agosto. Por enquanto, só em ambientes fechados, como a sabatina do Correio Braziliense a 11 pré-candidatos. Portanto, pesquisa agora só para efeito de consumo e movimento dos partidos. Portanto, vamos a ele, a começar pelo PT.

Não são poucos os políticos até do próprio PT que dizem estar errada a estratégia do partido de manter Lula como candidato. Porém, a contar pelos números do Datafolha divulgados hoje, o movimento do PT faz todo o sentido. Os números:

Lula continua liderando no cenário em que é colocado como candidato. Lula tem 30%, Bolsonaro, 17%, Marina Silva (Rede), 10%; Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin,6%; Álvaro Dias (Podemos), 4%. Manuela D’Ávila e Rodrigo Maia oscilam entre 1% e 2%; e os demais entre 0 e 1%. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. No cenário sem Lula, Bolsonaro lidera, mas teria dificuldades num segundo turno contra qualquer candidato. Só venceria Fernando Haddad (PT) e aparece empatado com Geraldo Alckmin.

Mas, continuemos falando das estratégias, como a do PT. O partido não têm um sucessor natural de Lula e o petista é o maior eleitor e garoto-propaganda do PT, não por acaso o PT explora os ganhos do brasileiro no governo Lula. Por outro lado, as opções que têm alguma chance no campo mais á esquerda, Marina Silva e Ciro Gomes, querem os votos de Lula, mas não o símbolo do PT estampado na própria campanha. Marina, por exemplo, na sabatina do Correio, acusou Dilma e o marqueteiro João Santana de terem inventado as “fake news”. Portanto, o PT tem hoje uma situação que ainda lhe é favorável: Lìdera as pesquisa, não tem um nome exposto, para desgaste e, enquanto isso, vê quem pode ser o sucessor de Lula.

OK, o PT pode até ficar com Lula. Mas os partidos de esquerda começam a cuidar da vida, o que faz crescer o risco de isolamento do PT no quesito alianças políticas. Até aqui, os aliados tradicionais que têm pré-candidato a presidente, caso do PCdoB e do PSol, vão aos encontros do PT, deixam aquele abraço, dão uma força, mas, na hora de apresentar candidato cuidam é dos seus. Quem não tem, começa a ficar impaciente. O Datafolha pode servir, por exemplo, para estimular um movimento do PSB em direção a Ciro Gomes, que se mostra viável do ponto de vista eleitoral e, em comparação com os demais, tem uma rejeição relativamente baixa. Ciro Gomes é o rejeitado por 23% dos entrevistados, enquanto Fernando Collor aparece com 39%, Lula com 36%, Bolsonaro com 32%. No segundo pelotão, está Alckmin, com 27%; Marina, 24%; e Ciro, com 23%. Na última sexta-feira, os socialistas conversaram e concluíram que não dá para ficar esperando o PT se decidir em Pernambuco, onde tudo foi adiado para final de julho. O PT quer trocar o apoio ao governador Paulo Câmara por apoio a Lula e o PSB resiste em fechar um acordo regional usando como moeda a sustentação nacional aos petistas.

E o centro?
O centro da politica sai da pesquisa com duas certezas: Primeiro, é “tchau, Michel Temer”. A impopularidade do governo está em 82% (ruim e péssimo), 14% consideram a gestão regular e 3% ótima ou boa. O pré-candidato do MDB, o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, oscila entre 0% e 1% das intenções de voto. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), está na mesma batida. Há quem diga que o deputado precisa aproveitar a semana do santo casamenteiro pra ver se arruma outro jogo eleitoral. Ou seja, aumentará a pressão para que saia de cena. Só tem um probleminha: Para onde ir? O nome que aparece melhor no Datafolha é o do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, porém, não chega aos dois dígitos e até o PSDB está indócil. Portanto, Geraldo Alckmin precisa aproveitar esse período para se mostrar mais competitivo e passar firmeza aos potenciais aliados. E só o fará se jogar bem na política o que até aqui não aconteceu. Ele não tem sequer um coordenador politico de fora de São Paulo, que possa dar um caráter mais nacional e menos provinciano à pré-campanha. Quanto a Álvaro Dias, o senador é pouco conhecido e se firma como um nome também mais regional, do Sul, sem capilaridade no Nordeste e em outras regiões. E dada a pequena estrutura de seu partido, será difícil conseguir essa visibilidade na campanha eleitoral.

Com o centro indefinido e inseguro sobre que caminho seguir, restam Ciro Gomes e Marina Silva, que tentam se apresentar como o anti-Bolsonaro. Ambos abateriam o ex-capitão num segundo turno e Alckmin empataria com ele. Ou seja: Bolsonaro pode ser grande hoje, mas a contar pela pouca estrutura de seu partido, não terá fôlego para chegar ao segundo turno muito competitivo e talvez nem esteja lá. Afinal, como disse no começo dessa análise, o eleitor, por enquanto, o eleitor não atentou para a eleição de outubro. que venha a Copa do Mundo e as festas juninas e os movimentos partidários. O cidadão comum só vai cuidar da eleição no momento certo. E tem razão. O cenário recomenda muita calma nessa hora.

E o rombo nas contas só aumenta

Publicado em coluna Brasília-DF

Depois das isenções de impostos do óleo diesel, chega nesta segunda-feira mais um risco para as contas públicas e, desta vez, nada a ver com os caminhoneiros. É que o Tribunal Superior do Trabalho (TST) marcou o julgamento do reajuste de quase 4% aos funcionários da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), da Valec, da Companhia Desenvolvimento do Vale São Francisco (Codevasf) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

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O gasto estimado para honrar o pagamento dos aumentos de 3,98% na Valec e na Codevasf é de R$ 140 milhões, conforme cálculo apresentado aos ministros do TST. O impacto pode ser maior, por causa do pedido de pagamento retroativo referente a 13 meses de salário, mais benefícios. O dinheiro sairá dos cofres do governo federal, responsável pela manutenção da folha de pagamento das estatais em questão.

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O julgamento é dado como ganho pelos servidores, uma vez que o próprio governo, nos bastidores, se mostra disposto a bancar o reajuste para evitar novas crises como a greve dos caminhoneiros. Tentou-se até fechar um acordo oficial entre a equipe de Michel Temer e os sindicatos, que rejeitaram a proposta. A orientação é julgar o caso com a máxima rapidez e discrição. Auxiliares de ministros afirmaram ao repórter do Correio Bernardo Bittar que o TST considera o reajuste justo e devido, independentemente das condições econômicas do país. Entre os argumentos está o clichê usado pelos servidores públicos que pleiteiam aumento: “É direito do trabalhador.”

Os bancos que se cuidem

Equipes de pré-candidatos a presidente da República de todos os matizes ideológicos falam de uma concentração bancária muito grande no Brasil, e é preciso concorrência para baixar juros de cartões de crédito e cheque especial. A turma que nunca perdeu, em governo algum, começa a se remexer na cadeira.

Tempo esgotado

O PSB cansou e não vai esperar até julho pela definição dos petistas. O partido não aguenta mais a ampliação de condições do PT para apoiar a reeleição de Paulo Câmara em Pernambuco. Agora, vai começar á a tratar o PT pernambucano como adversário. E, no plano nacional, se voltar para Ciro Gomes.

Pagar para ver

Os socialistas consideram que eram procurados pelo PT, mais para tentar tirar o partido de Lula do isolamento. Hoje, ninguém mais aposta numa união das esquerdas. A ordem é cada um testar a
própria força.

Bem assim/ Tudo o que o governo deseja é uma bola de cristal para saber se a procuradora-geral, Raquel Dodge, vai apresentar uma nova denúncia contra o presidente Michel Temer. Até aqui, dizem os amigos do presidente, não se “pescou” nada a respeito na Procuradoria. O jeito é ir vivendo o dia a dia, sem esperar o dia de amanhã.

Codinomes I/ Não foram apenas os receptores de propinas que receberam apelidos do pessoal das empreiteiras. Empresários presos na Lava-Jato que já deixaram a cadeia começam a espalhar como chamavam os procuradores e juízes. Sérgio Moro era “Mazzaropi” (foto).

Codinomes II/ Os delegados da Polícia Federal também não escaparam. Rosalvo Ferreira Franco, que chefiou o início da Lava-Jato no Paraná, era “Maguila”. E Márcio Adriano Anselmo, “Freddy Mercury”.

Codinomes III/ Os apelidos sobraram para todos, inclusive para o então procurador-geral, Rodrigo Janot: “Cavalo Branco”. O procurador Deltan Dallagnol era o “Bispo”. E o ex-procurador Marcelo Miller, “Maçaranduba”. Não é a cidade de Massaranduba e, sim, o personagem do antigo programa humorístico Casseta & Planeta, que saía distribuindo sopapos para todos os lados.

E o mercado entra no jogo eleitoral

Publicado em coluna Brasília-DF

O governo até que tenta reagir, mas, para acalmar de vez o mercado, que ontem elevou o dólar a quase R$ 4,00, só mesmo um candidato a presidente da República comprometido com as reformas estruturais capazes de dar tranquilidade ao país.

O cenário traçado nas reuniões mais reservadas de analistas econômicos é o de que, diante da alta dos juros nos Estados Unidos (fator externo), a impopularidade do atual governo e a inclinação do eleitor a candidatos mais “imprevisíveis” deixam o mundo das apostas econômicas sujeito a fuga de capitais e a dólar alto.

A previsão dos analistas é a de que o valor do dólar na eleição será o piso do futuro governo se o vencedor não for comprometido com as reformas estruturais. É o mercado mostrando do que é capaz de fazer, caso o eleitor continue apostando nos extremos.

Meirelles vai a Marun

Pré-candidato do MDB a presidente da República, Henrique Meirelles foi ao Planalto, ontem pela manhã conversar com o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun. Tudo para tentar conquistar algum apoio dentro do partido, que, como já se sabe, movimenta-se para todos os lados. Buscou até mesmo o ex-ministro Nélson Jobim, que, até o momento, prefere ficar longe dessa confusão.

Por falar em Meirelles…

A avaliação interna do MDB é a de que o ex-ministro está errando muito ao não cortejar o partido. Afinal, a candidatura terá que ser submetida à convenção partidária de junho. Ou Meirelles começa a coletar os votos emedebistas desde já ou terá dificuldades.

Efeito Tocantins

Depois que a ex-ministra da Agricultura e presidente da CNA, Kátia Abreu (PDT), chegou em quarto lugar na eleição suplementar para o governo do Tocantins, começaram as apostas de que integrantes de outros partidos que contam com o apoio de Lula podem ter o mesmo fim.

E o Bolsonaro, hein?

O deputado Jair Bolsonaro ficou para lá de feliz depois da conversa com o Comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas. O encontro foi divulgado ontem com exclusividade pela coluna. A avaliação da equipe é a de que o pré-candidato do PSL começou a quebrar resistências na cúpula militar.

Ataque desnecessário/ O presidente Michel Temer acompanhou parte da sabatina do Correio Braziliense com os pré-candidatos ao Planalto. Não gostou nada dos arroubos de Ciro Gomes. Na sabatina, Ciro disse que o Congresso tinha o sido o pior momento da sua vida, com “(Eduardo) Cunha e (Michel) Temer batendo bola, “um já foi para a cadeia e o outro vai”.

Moral da sabatina/ A maratona de entrevistas do Correio Braziliense com os pré-candidatos a presidente na última quarta-feira foi considerada por muitos políticos e marqueteiros a largada da campanha. Ali, deu para perceber até quem vai bater em quem: Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB) miram em Jair Bolsonaro (PSL); enquanto Marina Silva mira no PT.

Por falar em Ciro…/ Com Benjamin Steinbruch livre de seus compromissos na Fiesp e pronto para ser vice na chapa de Ciro Gomes ao Planalto, os políticos abriram a bolsa de apostas: Steinbruch já foi chefe de Ciro e é a única pessoa com quem o ex-ministro não brigou. Até quando isso vai durar é a grande aposta.

Chiquinho na roda/ Fiel escudeiro do ex-presidente José Sarney, o ex-senador Francisco Escórcio, era saudado essa semana no Palácio do Planalto como candidato a vice na chapa de Roseana Sarney ao governo do Maranhão.

Reformistas, mas não privativistas

Publicado em coluna Brasília-DF

A primeira maratona de sabatinas num único dia com 11 pré-candidatos a presidente ontem na sede do Correio Braziliense deixa claro que a agenda de reformas será intensa em 2019, independentemente de quem for o vencedor. Não tem um que dispense reformar a Previdência ou os impostos no país. Porém, a quatro meses do pleito e com a campanha oficialmente começando em 16 de agosto, são poucos os que têm uma ideia clara do que desejam fazer. Jair Bolsonaro, que lidera as pesquisas, diz que tem propostas, mas não detalha. Geraldo Alckmin, por sua vez, exibe o que foi feito em São Paulo, em termos de Previdência complementar e idade mínima para apresentar o que pretende ampliar para o Brasil.

Quanto às privatizações, o único que se mostra dispostos a entrar fundo nesse seara é o pré-candidato do PSC, Paulo Rabello de Castro. Geraldo Alckmin anuncia desde já que não irá privatizar Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e nem tampouco a Petrobras. Agora, a empresa do trem-bala que se prepare: está na lista de todos para entrar em liquidação em breve.

Bolsonaro foi ao general I
O deputado Jair Bolsonaro (PSL) se reuniu com o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, na tarde de terça-feira. O encontro foi pedido pelo deputado Onyx Lorenzoni, amigo de Villas Bôas, que chegou ao QG do Exército para uma conversa agendada há mais de uma semana, sem o ex-capitão. Ao receber um aceno positivo de Villas Bôas para uma conversa com o pré-candidato a presidente, Lorenzoni ligou imediatamente para Bolsonaro: “Vou aí agora!”, respondeu o pré-candidato, ávido por apoio da cúpula militar.

Bolsonaro foi ao general II
O encontro previsto para durar 20 minutos chegou a duas horas e meia. Das 16h às 18h30. Bolsonaro conversou com outros integrantes do alto comando. O “papo” incluiu ainda o general Heleno, da reserva. “Foi uma reunião amigável, de troca de sugestões, impressões, sobre o momento do país, sobre geopolítica. Foi um movimento importante para o Jair”, contou Onyx à coluna

General vai a todos
Coincidência ou não, na noite de terça-feira, depois dessa conversa do deputado com o alto comando no QG, o site do Ministério da Defesa soltou uma nota dizendo que o comando do Exército vai se reunir com todos os pré-candidatos, a fim de apresentar sugestões a programas de governo. Oficialmente, o Exército não tinha se pronunciado sobre o encontro entre Villas Bôas (foto) e Bolsonaro.

O anti-Bolsonaro
O ex-ministro e ex-governador Ciro Gomes, pré-candidato do PDT, foi o único dos participantes que atacou diretamente o líder nas pesquisas, Jair Bolsonaro. “Nós, democratas, temos que extirpar esse câncer enquanto ainda pode ser extirpado. Nunca administrou nem um boteco dos pequenos”, disse Ciro.

Quem sofre, não esquece
Flávio Rocha, do PRB, também chegou com bastante antecedência, mas a assessoria do pré-candidato Guilherme Afif Domingos (PSD) não se incomodou que Rocha ficasse no auditório, assistindo. Ao final, Afif comentou com a coluna: “O Flávio estava comigo (na campanha presidencial de 1989). Abandonou a minha campanha para apoiar o (Fernando) Collor”.

Quem apanha, também não
Reza a lei não-escrita da política que se deve preservar potenciais aliados para um segundo turno. Porém, quem acompanhou todas as sabatinas do Correio pôde perceber que isso não vale para a maioria. “Essa história de fake news não foi invenção do Trump. Dilma e João Santana (foto) que criaram esse mecanismo abominável”, afirma a pré-candidata da Rede, Marina Silva, dispensando conversas com a ex-adversária de 2014 e, por tabela, com o PT.

Tem para todos
Aliás, se tem um pré-candidato que não poupa sopapos nos adversários já nessa fase preliminar é Ciro. Ao falar sobre a autonomia do Banco Central, eis que, de repente, ele se sai com esta em relação ao ex-ministro Maílson da Nóbrega: “Ele deixou o país com uma inflação de 84% ao mês e virou consultor. Não é consultor. É traficante de informação privilegiada”.

No rol dos vices
Paulo Rabello de Castro (PSC), Flávio Rocha (PRB) e Guilherme Afif Domingos, por enquanto, rejeitam uma vaga de vice. Os três disseram que, até aqui, não tem essa de desistir para apoiar esse ou aquele. O mais convicto da candidatura entre os três era Flávio Rocha.

De Meirelles, nem pensar
Se tem algo que é praticamente consenso entre os pré-candidatos a presidente da República é o desejo de guardar uma distância regulamentar do MDB. Todos criticaram o governo do presidente Michel Temer, até Paulo Rabello de Castro, do PSC, ex-presidente do BNDES. Logo, Henrique Meirelles terá que buscar um vice dentro do próprio partido. Ou buscar algum partido inexpressivo. Como há 35 agremiações no país e outras saindo do forno, não será tão difícil encontrar um partideco que lhe dê um vice.

Espartano/ O senador Álvaro Dias (Podemos -PR) foi o único que não levou um grupo de parlamentares. Tampouco se mostra disposto a ser vice. Aliás, ele já avisou ao Podemos que vai até outubro como candidato.

De galera/ Quem mais tinha deputados em volta era Geraldo Alckmin, do PSDB, o último sabatinado, dos 11 ouvidos pelo Correio Braziliense/ Sindifisco. Foram seis deputados e o senador Antonio Anastasia (foto), pré-candidato ao governo de Minas Gerais.

Quem não tem tempo de TV… /… Se diverte com tudo. O garçom que subiu ao palco com uma bandeja contendo taças cheias de suco de pêssego, tropeçou em pleno palco, perto da pré-candidata Manuela D’Ávila. Ela, cheia de charme, brincou: “Opa! Imagina se eu tomo banho de suco aqui, o que não ia dar de memes na internet?! Acabamos de perder conteúdo virtual!”.

Aqui, não!/ Jair Bolsonaro está numa fase de tentar deixar de lado tudo o que se diz contra ele, inclusive a pecha de que está evitando debates. Ontem, chegou com mais de uma hora de antecedência, e a organização teve que arrumar uma sala para acomodá-lo, uma vez que a área vip destinada aos pré-candidatos estava ocupada pelo ex-ministro Henrique Meirelles, que seria sabatinado antes do deputado do PSL. Uma assessora de Meirelles ficou para lá de preocupada: “Ele não vem para cá, né?”

E o PT, hein?/ Nos escaninhos petistas começa a haver uma certa preocupação com as dificuldades de o partido apresentar sua pré-campanha nessas rodadas de conversas e entrevistas, como a promovida ontem pelo Correio em parceria com o Sindifisco. Já tem gente reclamando que, com o pré-candidato preso, o PT está perdendo terreno para os demais.

O que eles pensam

Publicado em coluna Brasília-DF

As declarações do presidente Michel Temer defendendo um candidato único de centro levou todos os partidos desse naipe a traçarem projetos de afunilamento. Em todas as conversas, uma certeza: o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), está fora da lista. Até entre os partidos que estão com Rodrigo há a certeza de que deputado deseja mesmo é ser presidente da Câmara. O próprio Temer, haja vista a impopularidade gritante do governo, também não empolga. Portanto, continuam no jogo o ex-governador Geraldo Alckmin, o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles e o senador Álvaro Dias. Nesta ordem.
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Em tempo: Josué Alencar, filho do ex-vice-presidente José Alencar, é visto como mais um capítulo, como já houve o de Luciano Huck e de Joaquim Barbosa.

Deu ruim I
O fato de Maristela Temer, filha do presidente Michel Temer, dizer que não guardou recibos nem se lembra dos prestadores de serviços da reforma de sua casa deixou alguns emedebistas de cabelo em pé. Afinal, agora, o Ministério Público terá uma avenida para solicitar, inclusive, a quebra de sigilo da filha do presidente.

Deu ruim II
Nos bastidores, os emedebistas não escondem a fúria. Afinal, consideram que o presidente está sob investigação, embora a Câmara dos Deputados não tenha autorizado. Se vierem a pedir a quebra de sigilo de Maristela, para investigação dentro do inquérito dos portos e suposta lavagem de dinheiro, vai virar uma guerra.

“Zé Dirceu preso e Paulo Preto solto. Não
dá para entender a Justiça no nosso país”

Humberto Costa (PT-PE), senador, ao comentar a volta do ex-ministro à Papuda.

Uma coisa e outra coisa
Secretário-geral do PSB, o ex-governador Renato Casagrande considera que não dá para o PT, do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, contar com o apoio automático dos socialistas no caso de Márcio Lacerda ser candidato a vice na chapa de Ciro Gomes. “Não tem nada a ver uma coisa com a outra. Quem terá o apoio do PSB em Minas é algo que a direção do partido, lá em Minas, discutirá no momento certo”, diz Casagrande.

Temporada de seminários I/ O Correio Braziliense promove na próxima quinta-feira, 24, mais um CB.Debate. Desta vez, sobre notícias falsas (fake news). Agora, vem cá: se é falso, não pode ser chamado de notícia, é mentira mesmo.

Temporada de seminários II/ Na sede do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP) nesta segunda-feira, 21, será a vez do seminário internacional “A proteção do consumidor no mercado financeiro”, realizado pelo próprio IDP em parceria com a Universidade Humboldt de Berlim, na Alemanha, e apoiado pela Rede de Direito Civil Contemporâneo. A organização está a cargo das professoras Laura Schertel Mendes e Karina Nunes Fritz.

Temporada de seminários III/ Na quinta-feira, o mesmo IDP abre o 8º Seminário Internacional de Direito Administrativo e Segurança Pública, com abertura a cargo do ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann (foto), e do ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes.

Enquanto isso, na Papuda… / Se brincar, a cela 4, onde está José Dirceu, vira um miniplenário. Luiz Estevão já foi senador; Celso Jacob (PMDB-RJ) e João Rodrigues (PSD-SC) são deputados. Havia pouco tempo, uma cela com esses personagens presos por corrupção ou irregularidades era restrita ao imaginário popular. Outras estão perto de serem ocupadas.

Meirelles mira votos do PT

Publicado em coluna Brasília-DF

A equipe que trabalha para o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles começou uma bateria de pesquisas qualitativas internas para saber se os eleitores se recordam que o pré-candidato não serviu apenas ao governo de Michel Temer, mas também foi peça importante nos tempos em que Lula comandava o país. A ideia é preparar terreno para ver o grau de aceitação do discurso de que Meirelles, enquanto presidente do Banco Central, ajudou a segurar inflação e câmbio. O objetivo final desse movimento é angariar votos de Lula, aquele que, até o PT sabe, não terá condições de ser candidato.

Precificado

A nova prisão de José Dirceu não vai abalar as intenções de voto em prol dos petistas da sucessão presidencial. “Para o PT, tudo o que podia acontecer de ruim, já ocorreu. E, ainda assim, Lula continua na frente”, diz o deputado José Nobre Guimarães (PT-CE).

Por falar em Lula…

Petistas das mais diversas tendências não têm mais dúvidas: para defesa do legado dos governos do PT e do ex-presidente Lula, o partido terá que ter candidato próprio à Presidência da República. O tempo para que esse nome seja anunciado dependerá do próprio Lula. Ele é o dono do relógio partidário.

… ele está no mesmo barco de Temer

Na área do governo, o presidente Michel Temer também está convencido de que o centro precisa se agarrar ao legado de seu governo. Só tem um probleminha: até aqui, nenhum candidato se apresentou para essa missão. Logo, resta esse papel a ele, que ainda se põe no rol de pré-candidatos, ou ao ex-ministro Henrique Meirelles.

Pequenos gestos

O almoço de ontem na casa do deputado Heráclito Fortes serviu para tentar reaproximar um pouco mais o presidente Michel Temer do presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Pelo menos, quebrou o gelo. Afinal, todos sabem que dificilmente DEM e MDB, parceiros no atual governo, caminharão separados mais à frente.

Tarde demais

Líderes partidários que ajudaram no impeachment da presidente Dilma Rousseff se arrependem de não ter dado autorização para processar Michel Temer em maio do ano passado. Alguns consideram que, se tivessem seguido em frente com o processo contra o peemedebista, teriam retomado as condições de aprovar a reforma previdenciária. Rodrigo Maia, à época, rejeitou o pedido.

Deixe-me em paz/ Sentado com outras cinco pessoas à discreta mesa de canto num restaurante da Asa Sul, o ministro aposentado Joaquim Barbosa (foto) foi abordado várias vezes. “Não sou mais ministro, não sou mais candidato, não tenho interesse nenhum em publicidade.” Recusou selfies e fotos ao lado dos clientes.

Quem avisa amigo é/ Houve até quem quisesse enviar uma garrafa de vinho ao ex-ministro, mas os garçons, conhecedores do humor do ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal, desencorajaram a gentileza.

Dúvidas de Michel Temer/ O presidente Michel Temer ainda não definiu se vai à abertura da Copa do Mundo da Rússia. Tampouco definiu o que fará a partir de 1º de janeiro de 2019. Há quem diga que um dos projetos é dar aulas de direito constitucional.

Já que ainda não dá para pedir voto…/ Pré-candidata a presidente da República, a jornalista Valéria Monteiro (PMN) abriu a fila que vem por aí. Em sua página no Facebook, ela anuncia que a “vaquinha” para financiamento da campanha já está funcionando e pede entre R$ 20 e R$ 100.

“Se não fosse eu, poderiam estar com Ciro”

Publicado em coluna Brasília-DF

Foi nessa linha que se deu o almoço “vamos baixar a poeira” oferecido pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), à bancada do PSDB. O encontro foi pensado para que ele explicasse aos tucanos a entrevista em que disse com todas as letras que era chegada a hora de acabar com o casamento entre os dois partidos. “Não tenho nada contra o PSDB, mas preciso manter os que me apoiam” comentou ele, citando textualmente o risco de o grupo formado por PP e Solidariedade se aproximar do PDT de Ciro Gomes. “Teremos um candidato de centro, seja eu, seja Alckmin, seja Álvaro Dias ou algum outro nome de centro.”

Em tempo: Os partidos que estão hoje ligados a Rodrigo Maia têm um plano pragmático, conforme antecipado por esta coluna em março: ocupar o espaço que o MDB ocupa hoje no espectro político, ou seja, indispensável a qualquer governo. É nisso que eles apostarão. E pela conversa de Rodrigo, ficou claro que a ideia é segurar a turma para apoiar alguém do centro que se mostrar mais viável. E, dada as pesquisas, esse personagem ainda não apareceu. Portanto, todos continuarão na pista até julho.

Onde mora o perigo
A nova denúncia do Ministério Público contra o dono da JBS, Joesley Batista, o ex-procurador Ângelo Goulart, o presidente da OAB-DF, Juliano Costa Couto e outras três pessoas vai muito além das delações. Quem teve acesso aos autos avalia que vai ser difícil convencer os juízes de que tudo não passa de “perseguição” do MP.

As redes hoje e amanhã
Em entrevista ao programa CB.Poder, o cientista político Murilo de Aragão, da Arko Advice, lembrou que as redes sociais neste momento são fortes instrumentos para construção de candidatos e organização da largada. Quando começar a campanha, entretanto, vão mudar de função: serão usadas para desconstruir. Valha-me, Deus!

Muito além do triplex
Ok, os advogados dizem que Lula não poderia ser preso por causa do apartamento no Guarujá, porque desistiu do negócio quando o imóvel ainda estava em construção. Porém, em relação ao sítio, dizem os procuradores, surge a cada dia uma novidade. A adega de Lula foi entregue pela transportadora Granero em 13/06/2012, conforme nota divulgada pela própria empresa em 2016. Agora, ainda vêm planilhas da Odebrecht sobre reformas no imóvel. Há quem diga que vai ser difícil encontrar uma explicação plausível para rebater a propriedade.

Que venha o recesso!
Os próprios deputados alertavam ontem que, em ano eleitoral, quanto mais tempo a Casa funciona, mais o erário paga a conta. No disse-me-disse do plenário, contabilizava-se 800 municípios a serem criados no futuro próximo, dentro das novas regras de emancipação. Haja dinheiro para sustentar novas prefeituras, câmaras de vereadores e toda uma gama de servidores municipais que vêm no rastro dos povoados emancipados.

Que servicinho, hein?/ Clientes de um badalado restaurante na 402 Sul passaram maus bocados ontem, por causa da barulheira de máquinas que faziam uma vala atrás do estabelecimento para passagem de fiação. Qual não foi a surpresa quando, de repente, um estrondo e água jorrando. As máquinas atingiram uma adutora. Cobra aí, GDF!

Obrigado, CIA!/ Deputados da esquerda, como Chico Alencar (Psol), brincavam esta semana que, se os novos documentos da ditadura militar terminarem por reduzir as chances da extrema direita na campanha, leia-se de Jair Bolsonaro, eles terão que agradecer à agência americana. Quem diria…

Deu ruim/ Se o senador Álvaro Dias (foto) espera obter algum apoio de dissidentes do PSDB insatisfeitos com Geraldo Alckmin, é bom parar de dizer que o seu ex-partido representa tudo o que ele não quer. Quem entende das coisas considera que o momento de conversas, daqui e dali, exige cautela.

Enquanto isso, nas oposições…/ Pré-candidato do Solidariedade a presidente da República, o ex-ministro e ex-deputado Aldo Rebelo é direto quando lhe perguntam sobre união das esquerdas: “Só depois da Copa. O povo não quer nem saber de Copa do Mundo, que já está em cima, quem dirá de eleição”.

Haja remédio para dormir

Publicado em coluna Brasília-DF

O voto do decano Celso de Mello e o do relator Edson Fachin na 2ª Turma pela rejeição dos pedidos preliminares da defesa de Nelson Meurer (PP-PR) serviram de antídoto às esperanças de absolvição. E mais: quem está na fila para ser julgado no STF comentava ontem que vai mesmo ser candidato. Afinal, no Supremo, os casos ainda demoram. E, na primeira instância, tudo corre bem mais rápido.

Para completar, com tantos deputados denunciados, ninguém tem hoje prazo para julgamento daqueles denunciados no Conselho de Ética. Todos, inclusive Lúcio Vieira Lima, irmão do ex-ministro Geddel, jogam com o tempo e apostam na reeleição.

Tem caroço nesse angu
Quem investigou as notícias de que o ex-diretor da Dersa Paulo Preto não aguentaria a prisão encontrou indícios de que fazem parte de um esquema de chantagem que teria como alvo os políticos. Algo como um trabalho da máfia.

E o Meirelles, hein?
Pronto. O ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles aproveita o embalo da alta do dólar para ver se consegue levar a população a pensar melhor antes de optar pelos extremos da política na hora de escolher o candidato a presidente da República. Ao comentar as pesquisas, diz com todas as letras que o mercado vê com desconfiança Marina Silva, Ciro Gomes e Jair Bolsonaro.

Alckmin entre
a cruz e a espada
Se Geraldo Alckmin quiser melhorar sua performance em São Paulo, terá que ter “aquela conversa”, “olho no olho”, com João Dória (PSDB) e o governador Márcio França, ambos pré-candidatos ao governo estadual. Dória está cuidando da própria campanha e nem “tchum” para Alckmin. França está tratando de se tornar conhecido com ações do próprio governo e não discursos que recordem o padrinho.

Se foi para desfazer…
… por que é que fez? A relação com o DEM deu uma estremecida depois da última entrevista do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Há alguns dias, houve um pré-acordo entre eles. Dias depois, vem a entrevista em que o demista diz que chegou a hora de terminar o casamento com os tucanos.

Deu ruim/ Muitos políticos ficaram com um pé atrás nessa história de crowdfunding, a tal vaquinha das campanhas eleitorais, que pode ser feita via empresas cadastradas no TSE. É que essas empresas, no papel de operadoras, levam um percentual. Sabe como é, no Congresso, quando se fala em percentual, o bicho pega.

Filho sem pai I/ Quando uma ação dá errado, todo mundo faz cara de paisagem, do tipo “não tenho nada com isso”. Pois foi bem assim com a polêmica em torno do slogan para marcar os dois anos do governo Michel Temer — “O Brasil voltou, 20 anos em 2”. Virou um jogo de empurra sobre a paternidade da ideia.

Filho sem pai II/ Nos bastidores da solenidade, autoridades criticavam Elsinho Mouco, como o autor da frase. Outros políticos, entretanto, colocaram a frase “O Brasil voltou” (sem o complemento que gerou a confusão) ao publicitário Nizan Guanaes, que nem em Brasília estava. Nizan está no Caribe, onde comemorou seu aniversário de 60 anos ao lado da família. Sobrou mesmo para Elsinho.

Faltou coisa/ Michel Temer falou por mais de uma hora na solenidade em que fez um balanço de sua gestão. Ao final, o ex-ministro do Desenvolvimento Social, Osmar Terra (foto), alertou: “O Michel não mencionou o aumento da capacidade do poder de compra do Bolsa Família, que foi o maior da história nesse período”.

Eleição começa a influenciar economia, diz Meirelles

Publicado em Política

Pré-candidato à presidência da República pelo MDB, o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles diz que, “sem dúvida”, a eleição começa a influenciar um pouco a economia, dada as propostas feitas pelos pré-candidatos dos
dois extremos. Em seguida, deu nomes aos ué causam insegurança nessa seara. “Marina (Silva, da Rede) diz que vai acabar com o teto (de gastos). Ciro (Gomes) quer acabar com a (reforma) trabalhista. Tudo gera insegurança. Bolsonaro, o problema é o histórico de votações dele no Congresso. O mercado é cético. Não quer mudança radical”, afirma o pré – candidato, que participou há pouco da solenidade para marcar os dois anos do Governo Temer, no Planalto. Meirelles, entretanto, considerou “ normal” a alta do dólar, reflexo do que vem ocorrendo nos Estados Unidos.

As palavras de Meirelles a respeito das propostas dos adversários fazem parte da estratégia e do slogan que ele pretende adotar na campanha, algo do tipo, “deu probl ma? Chama o Meirelles que
Ele resolve”. Afinal, assim fizeram Lula e Temer.

Tortura na Esplanada

Publicado em coluna Brasília-DF

Relatos de tortura em plena Esplanada dos Ministérios constam em depoimentos colhidos pela Comissão Memória Verdade do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal, em 2013. Alexandre Ribondi, jornalista e diretor de teatro, e outros contaram que a garagem do Ministério do Exército era usada como sala de torturas, e ainda havia outro local no Ministério da Marinha. “Eu ouvia o sino”, disse ele à comissão, referindo-se ao sino que até hoje está na frente do Ministério da Marinha. Armando Rollemberg, que, em 1973, era da revista Veja, contou à comissão que ficou preso por mais de sete horas na garagem do Ministério do Exército, onde ouviu gritos de pessoas submetidas a sessões de tortura.

“Os relatos que colhemos apontaram dois centros de tortura na Esplanada, um no Ministério do Exército, outro na Marinha, corroborando o que está sendo colocado agora, nesses documentos revelados pela CIA. Com locais de tortura em plena Esplanada dos Ministérios está cada vez mais claro que a tortura não era um desvio de conduta de um grupo de oficiais e, sim, uma situação institucional”, conta Chico Santana, que participou da comissão.

Em 1973, o presidente era Emílio Garrastazu Médici. Ernesto Geisel assumiu no ano seguinte. O relatório da comissão do sindicato foi entregue ao governo e ao Senado, em 2014. Porém, segundo Chico Santana, nada foi feito.

Ação limitada
As conversas dos governistas correm hoje dividindo a política em dois campos: o que é possível controlar e aquele que está ao deus-dará. No campo do controle, o governo coloca a possibilidade de manter a base aliada como ainda dentro do terreno das coisas factíveis. Mas não por muito tempo.

“Que Deus nos ajude”
Quanto à crise política, leia-se Supremo Tribunal Federal e Ministério Público, não há nada a fazer, a não ser tentar minimizar os danos eleitorais para o MDB. Até a eleição, o jeito será administrar o dia a dia com muita reza forte.

Gato por lebre?
O governo está animado com as promessas de investimentos dos italianos da Enel, que ofereceram R$ 32,00 por ação da Eletropaulo, 8,8% acima do que foi apresentado pela Neoenergia, controlada pela espanhola Iberdrola. O embate entre italianos e espanhóis já chegou às cortes europeias. Nos bastidores, os espanhóis acusam os italianos de não terem regras de compliance eficientes e de atuarem como tubarões por onde passam.

É geral/ O presidente Michel Temer completa dois anos de governo patinando na popularidade e sem entender por que nada de bom gruda na sua imagem. Seus fiéis escudeiros, porém, não colocam a responsabilidade nos ombros do comandante do Planalto. Consideram que o problema é que o cidadão rejeita a política, e o presidente da República, por ser o mais exposto, termina pagando a maior parte da conta.

Vai ser vapt-vupt/ O PT tem como estratégia apresentar Lula no papel de candidato nos primeiros dias do programa eleitoral. Só tem um probleminha: conforme a coluna já noticiou há alguns meses, negado o registro, o acórdão sairá imediatamente. Logo, se brincar, Lula aparecerá apenas no primeiro programa de tevê na posição de candidato. E isso na melhor das hipóteses.

Por falar em PT…/ Até aqui, nada do que o partido planejou para Lula se cumpriu. Primeiro, os petistas apostaram que Lula não seria preso. Foi. Depois, que ficaria pouco tempo na cadeia. Está há mais de um mês. Resta a aposta da candidatura. Cada dia mais remota.

Joaquim II/ Joaquim Barbosa faz escola nessa história de se lançar pré-candidato a presidente, aparecer bem nas pesquisas e… desistir. No Rio de Janeiro, há quem diga que o senador Romário (foto) vai para o mesmo caminho. As contas em frangalhos não animam o baixinho a concorrer ao governo estadual. O que ele queria mesmo era poder ser candidato a mais oito anos de senador. Só se renunciar ao mandato.