Doria, a escada de Haddad

Publicado em coluna Brasília-DF

Candidato a governador por São Paulo, o ex-prefeito João Doria vai virar uma arma dos petistas contra o PSDB na eleição presidencial. Explica-se: Doria venceu o petista Fernando Haddad na disputa pela prefeitura paulistana e deixou o cargo para concorrer ao governo, o que fez crescer a rejeição ao tucano na capital. Agora, Haddad quer usar essa rejeição para ver se consegue arrancar votos de Geraldo Alckmin em São Paulo.

Vice na chapa de Lula a presidente da República, Haddad e seus estrategistas estão convencidos de que, se o ex-prefeito petista conseguir agregar esses eleitores decepcionados com Doria e somá-los ao contingente que hoje vota em Lula no Nordeste, a vaga no segundo turno da eleição estará garantida.

Data-limite
Mesmo com a largada oficial da campanha, ontem, os partidos mantêm a frieza em relação às pesquisas eleitorais de agosto. Como os comerciais na tevê só começam daqui a 15 dias, o maior estresse para quem estiver abaixo de dois dígitos só virá depois de fechada a primeira quinzena de setembro.

Por falar em estresse…
O PT tem trabalhado diariamente com pesquisas para medir o poder de transferência de votos de Lula para Fernando Haddad. Enquanto for alto, não muda a estratégia de manter o
ex-presidente candidato, e Haddad, mais conhecido.

Agora, vai
O Ministério da Cultura deu início às obras de reforma e modernização da Biblioteca Demonstrativa Maria Conceição Moreira Salles, fechada desde 2014. O investimento é de
R$ 1,764 milhão. O ministro Sérgio Sá Leitão contou que a área da biblioteca será, inclusive, ampliada para receber novidades, como espaço acessível
para cegos, lanchonete, palco para eventos e brinquedoteca. Esse terá o que mostrar ao fim do governo
Michel Temer.

Agora, foi
Depois de quatro anos de espera e de vai pra lá e pra cá, foram publicados no Diário Oficial da União o credenciamento e a habilitação do Centro Especializado de Reabilitação IV e Implantação Ortopédica para a Apae de Pirassununga (SP). O pedido foi feito em 2014 pelo deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP) e agora, em plena campanha eleitoral, saiu do papel. Em política, nada é por acaso.

Ciro encara a realidade/ O candidato do PDT, Ciro Gomes, bem que tentou defender Lula na pré-campanha e lá vai. Porém, a sua entrevista de ontem mostra que se rendeu à realidade: os petistas de raiz jamais vão apoiá-lo num primeiro turno. Por isso, o pedetista começou a se referir à própria legenda como a esquerda ficha-limpa e incluiu na roda o PSB, do qual obteve apoios expressivos. Vai ser assim até o fim.

Retrato do momento/ Quem conhece o traçado de Brasília não ficou surpreso com o fato de o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, aparecer como primeiro colocado na pesquisa do Correio Braziliense sobre intenção de voto no DF. A cidade — que há oito anos elegia Agnelo Queiroz (foto), do PT, governador, e deu no que deu — busca agora o oposto, de olho na preservação do patrimônio e na segurança pública. Em tempo: a pesquisa não reflete ainda o humor da cidade sobre o slogan “Mais Brasil, menos Brasília”, incluído no programa de governo do capitão reformado do Exército.

Retrato do futuro/ Bolsonaro, no entanto, não tem muito do que se orgulhar dessa performance, porque, em geral, quem ganha no primeiro turno em Brasília não vira inquilino dos palácios do Planalto e do Alvorada.

Retrato do passado/ Em 2014, Aécio Neves chegou em primeiro no DF; em 2010, no primeiro turno, foi Marina Silva (PV), que ficou fora da segunda rodada. E, em 2006, Geraldo Alckmin (PSDB), que perdeu no segundo turno para Lula.

Hoje tem/ Segunda rodada de debate dos presidenciáveis, desta vez, na Rede TV! Em 14 de setembro, será a vez de o Correio Braziliense promover o seu, em parceria com a TV Brasília. Prepare seu estoque de pipoca. Até outubro, muitos encontros virão.

Mantenha distância

Publicado em coluna Brasília-DF

A partir de hoje, quando começa a campanha eleitoral, o presidente Michel Temer terá dificuldades em viajar o país para inspecionar obras ou qualquer outra atividade governamental. É que os aliados apontam o presidente como o pior cabo eleitoral. Em Pernambuco, por exemplo, o governador candidato, Paulo Câmara, trabalha para jogar Temer no colo de Armando Monteiro, candidato à vaga pelo PTB, com apoio do DEM e do PSDB e com dois ex-ministros de Temer na chapa: Mendonça Filho e Bruno Araújo. Armando, ex-ministro de Dilma Rousseff, trata de empurrar o presidente para o PSB de Paulo Câmara que, em parte, fechou com o impeachment de Dilma.

Piauí, a largada simbólica I

Candidato a vice na chapa do ex-presidente Lula, Fernando Haddad definiu o Piauí, governado por Wellington Dias (PT), para o primeiro grande ato da campanha na Região Nordeste. Conforme adiantou a coluna ontem, Haddad escolheu a região para fazer valer o bordão “Haddad é Lula, Lula é Haddad”.

Piauí, a largada simbólica II

Foi em solo piauiense, no município de Guaribas, que Lula lançou em 2003 o Fome Zero, precursor do Bolsa Família. À época, consistia em cupons que poderiam ser trocados por alimentos. Tudo será lembrado na visita de terça-feira, para sedimentar os votos entre os mais pobres.

A novela vai longe

A decisão do TSE sobre a candidatura de Lula não poderá ser feita “de ofício”, conforme queriam alguns ministros. É que, diante dos pedidos de impugnação, será preciso analisar caso a caso e tudo com direito a recurso no STF, onde estão as esperanças do PT de conseguir uma liminar. Ao saber da escolha de Luís Roberto Barroso para relatar o pedido de registro no TSE, um petista reagiu assim: “Pô, justo ele? Que falta de sorte”.

Nem vem

O ex-governador da Bahia, Jaques Wagner, aproveitou o registro da candidatura de Lula para dizer aos caciques do partido que parem com essa história de querer fazer dele candidato. O momento é de consolidar o nome de Fernando Haddad e a defesa do ex-presidente.

Enquanto isso, no PSDB…

Os tucanos não ficaram tão chateados assim com a movimentação petista dominando o noticiário. É que, no mesmo dia, Geraldo Alckmin foi prestar depoimento no inquérito civil que investiga caixa dois na campanha ao governo estadual. Embora não haja nada comprovado contra o governador, a notícia do depoimento, por si só, já é um desgaste.

O público de Afif/
O presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos, concentrou atenções e aplausos na solenidade de abertura do 30º Congresso da Abrasel — Associação Brasileira de Bares e Restaurantes — em especial, quando disse: “Não existe governo ruim para povo organizado”. Faz sentido.

Eterna lembrança/
Em todas as eleições surge um candidato que se diz inspirado em JK (foto). Desta vez, será o senador Álvaro Dias, que tem inclusive imagens gravadas em Minas Gerais, para exibir na campanha.

Por falar em JK…/ Se tem um que perdeu o apoio de qualquer integrante da família do ex-presidente Juscelino foi Jair Bolsonaro. Ao colocar o slogan “Mais Brasil, menos Brasília”, o ex-capitão mexeu com os brios dos brasilienses.

…foi plágio/ O mesmo slogan foi usado, no ano passado, como tema de um congresso da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul.

Barroso vai relatar registro de Lula

Publicado em Eleições 2018

Se os petistas tinham alguma esperança de conseguir registrar a candidatura de Lula, ela acaba de ir pelo ralo. É que o ministro Luís Roberto Barroso, vice-presidente do TSE, será o relator do pedido de registro. Na posse de Rosa Weber na última terça-feira, Barroso ressaltou a vitalidade da democracia brasileira e se mostrou otimista. “Apesar das dificuldades e, às vezes, tempestades, a democracia brasileira tem dado provas de vitalidade. Tenho certeza que vamos sair fortalecidos e retomar o processo de menos polarização no país, e de construção de uma agenda suprapartidária e de avanço institucional, econômico e social. Estou muito convencido de que o Brasil vai voltar a decolar”.

Ministro do TSE desde fevereiro deste ano, Barroso fica até fevereiro de 2020. Ele é considerado entre alguns colegas como um “lutador do bom combate”. Não foram poucas as vezes que Barroso protagonizou acaloradas discussões com outros ministros, como Gilmar Mendes, a quem chegou a chamar certa ocasião de “pessoa horrível”. Agora, restará ao PT tentar uma liminar no Supremo Tribunal Federal (STF) e torcer para que o pedido caia nas mãos de um ministro simpático ao ex-presidente Lula.

PT performático

Publicado em Eleições 2018

O balé dos movimentos sociais que embalou o pedido de registro da candidatura de Lula a presidente da República foi o mais claro sinal de que o partido que emerge da eleição de 2018 está parecido com aquele PT que, em 1989, se sustentava nos sindicatos e no Movimento dos Sem-Terra pra fazer valer a sua mensagem. Hoje à tarde não foi diferente. O PT mobilizou, marchou, chamou e reuniu todos os seus principais líderes e sindicalistas para pedir o registro da candidatura da mesma forma que empreendeu a reta final do primeiro turno da primeira eleição presidencial do período pós-ditadura. Lá atrás, deu certo. Lula chegou ao segundo turno. Agora, entretanto, o resultado será diferente. Lula está preso e deixou de ser a esperança de metade da população. O PT praticamente voltou ao patamar do eleitorado que deteve até 1998, antes de chegar ao Planalto. Para completar, o partido sabe que, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a candidatura não emplaca. Tanto é que, conforme você pode ler na coluna BRASÍLIA-DF de hoje (post abaixo), na semana que vem, Fernando Haddad, o vice na chapa, começa a percorrer o Nordeste a fim de mostrar a imagem do candidato que irá suceder Lula, quando o registro for negado.

A ordem no PT é trabalhar com prazos para fazer essa transferência de votos de Lula para o ex-prefeito de São Paulo. Até aqui, a estratégia do partido e do próprio Lula deu certo. O ex-presidente continua liderando as pesquisas e, para uma parcela expressiva do eleitorado, está na cadeia por perseguição política e não porque foi beneficiado por empresas privadas que tiveram polpudos contratos no governo. Esse mesmo discurso e o nome de Lula ajudam ainda deputados e governadores do PT a fazer a sua fezinha na eleição. Afinal, para um partido que, em 2016, saiu do Planalto pela porta do impeachment da presidente Dilma Rousseff, a perspectiva de eleger uma bancada de grande porte é lucro. Por essas e outras é que o partido continuará apostando no ex-presidente enquanto for possível. Amigos de Lula dizem que “em time que está ganhando não se mexe’. Se algo começar a falhar, eles mudam a estratégia. Porém, até aqui, dizem os petistas, não há motivo. As imagens das manifestações que mostram gente do “povo” caminhando para registrar a candidatura estão gravadas. E logo, logo estarão em exibição no horário nobre. Como uma boa novela.

A simbologia do MST

Publicado em coluna Brasília-DF

De caso pensado, os petistas concentraram as manifestações de hoje no Movimento do Sem-Terra com dois objetivos: o primeiro, obviamente, está explícito, a defesa da liberdade de Lula e da candidatura do ex-presidente. Entretanto, o que os petistas querem de verdade, e só admitem em conversas bem reservadas, é reforçar o discurso daqueles que pretendem ver no segundo turno o ex-capitão Jair Bolsonaro, do PSL.
Até aqui, Bolsonaro tem defendido o enfrentamento direto com o MST. Com esse discurso, tirou votos do PSDB no setor do agronegócio, em especial, no Centro-Oeste. Agora, com a marcha do MST sobre Brasília, os petistas esperam mostrar força, mas também dar uma ajudinha a Bolsonaro a manter essa parcela do eleitorado que, em alguns casos, volta suas atenções para Alckmin. Afinal, os petistas, não só querem chegar ao segundo turno, como, de quebra, escolher o adversário.

E agora?

A turma do Paraná ficou atônita com a decisão da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal, de tirar das mãos de Sérgio Moro parte das delações da Odebrecht. Isso terminará por dar uma ajudinha a Guido Mantega que, essa semana, virou réu, suspeito de negociar medidas provisórias. Até descobrir o que pode ficar e o que não pode, dizem alguns procuradores, Mantega já terá escapado ileso desse processo.

Fica esperto, Geraldo

Parlamentares oriundos do Nordeste consideram difícil replicar a campanha de Geraldo Alckmin na região. É que, lá, Lula lidera, Bolsonaro e Marina surgem na casa dos dois dígitos e Alckmin tem por lá o que Henrique Meirelles consegue no plano nacional. Portanto, ou o tucano amarra o diálogo com os prefeitos, ou não terá quem faça sua campanha por lá.

Por falar em Nordeste…

Fernando Haddad e Manuela D’Ávila embarcam, na semana que vem, para estados da região. A ordem é começar a fazer pegar no eleitorado de Lula o bordão, “Haddad é Lula, Lula é Haddad”.

Olho nele

Os senadores Renan Calheiros (MDB) e Benedito de Lyra (PP) não tiram os olhos dos movimentos de Ronaldo Cunha, filho da ex-deputada Ceci Cunha (PSDB-AL), assassinada em 16 de dezembro de 1998. Quem conhece a política no estado acredita que um dos dois perderá a vaga ao Senado para o filho de Ceci. Para quem não se lembra, o ex-deputado Talvane Albuquerque (PFL-AL) foi condenado há 100 anos de prisão como mandante do crime. Ele não se conformava por ter perdido a eleição.

Se aplausos significam votos…/ O Diálogos da União Nacional das Entidades de Comércios e Serviços (Unecs) com os presidenciáveis teve três mais aplaudidos: Geraldo Alckmin, Ciro Gomes e Alvaro Dias. Fernando Haddad, do PT, e Henrique Meirelles, do MDB, não arrancaram tantos aplausos efusivos.

…/ Jair Bolsonaro não foi ao evento da Unecs. Os empresários comentavam em conversas reservadas que, quando a conversa requer uma visão mais aprofundada do programa de governo, o candidato do PSL dispensa convites e alega problemas de agenda.

Estrutura enxuta/ Candidato a vice na chapa de Lula, Fernando Haddad começa a campanha com assessoria formada por três pessoas: Ex-chefe de comunicação na prefeitura, Nunzio Briguglio, e, ainda, Laio Morais e Frederico Assis, que cuidará da agenda.

Só no filé/ Um dos homenageados do prêmio Congresso em Foco, o senador Magno Malta (foto), do PR-ES, não se fez de rogado. Quando a mestre de cerimônias anunciou que o jantar estava servido, ele fez cara de paisagem para a fila que se formava na ponta do buffet, ao lado dos pratos. Estrategicamente posicionado na outra ponta, onde estava o rechaud da carne, ele pediu um prato ao garçom e se serviu na contramão, sem a menor cerimônia.

Governo sem teto

Publicado em coluna Brasília-DF

O presidente Michel Temer bem que tentou coibir aumento de despesas a partir do teto de gastos, mas, pelo que se vê, a medida não surtirá efeito. À exceção de Henrique Meirelles, um dos pais da ideia, a maioria dos candidatos se prepara para rever a regra. É que várias projeções indicam que, em 2021, para cumprir o teto, o país terá de reduzir as despesas abaixo do mínimo considerado necessário para o funcionamento da máquina pública. O Instituto Fiscal Independente (IFI), que divulgou relatório ontem, reforça essa visão e decreta que superavit só mesmo em 2022, ou seja, no último ano de mandato do próximo presidente.

A guerra da hora

Está um pandemônio entre as equipes dos candidatos a presidente da República. É que a Rede TV! planeja deixar um púlpito vazio na próxima sexta-feira para marcar o lugar do ex-presidente Lula. A maioria dos postulantes quer repetir o modelo adotado pela Band, que abriu o ciclo de debates na tevê.

Segundo round

Hoje tem reunião para tratar desse assunto do púlpito. Se prevalecer o lugar vazio no palco, a maioria vai brigar para que não sejam feitas perguntas para Lula.

A estreia de Haddad

O movimento em Brasília, amanhã, é pelo registro da candidatura de Lula, mas o que o mercado vai dar uma olhada mesmo é na fala de Fernando Haddad, hoje, no “Diálogo com os presidenciáveis”, promovido pela União Nacional das Entidades do Comércio e Serviços (Unecs). O mercado já calcula que o ex-prefeito será o candidato.

A mágoa de Ciro

Por mais que Ciro Gomes esteja cuidando da própria campanha, sem ligações com o PT no momento, ele não consegue disfarçar aos amigos a decepção com o ex-presidente Lula. Os mais fiéis escudeiros dele lembram que Lula, preso na carceragem, em Curitiba, recebeu Renan Calheiros, mas não o seu ex-ministro da Integração.

Chapa sem cabeça

A desistência da senadora Simone Tebet (MDB-MS) em concorrer ao governo do estado criou um problemão para o partido no berço político do ministro Carlos Marun. Oficialmente, a senadora não quer disputar porque pretende ter tempo para as filhas. Mas, nos bastidores, há quem diga que Simone não quer ser obrigada a ficar justificando os malfeitos que levaram o ex-governador para a cadeia. O desafio agora é encontrar quem queira assumir essa dura missão.

Mudança radical/ Quem se acostumou com o falante Luiz Fux no comando do Tribunal Superior Eleitoral pode se preparar para novos tempos. Amigos da nova presidente do TSE, ministra Rosa Weber, garantem que ela é adepta da máxima de que juiz só fala nos autos.

Pistas/ Agora, quem acompanha os votos da ministra assegura que os candidatos arriscam levar um pito, se forem reclamar do repasse de 30% de recursos para as mulheres. Rosa, em vários votos, defendeu que são necessárias medidas para fortalecer a participação da mulher na política.

O photoshop de Kátia Abreu/ O PDT planeja mudar a foto que a candidata a vice na chapa de Ciro Gomes, senadora Kátia Abreu (foto), do PDT-TO, publicou no Twitter como se fosse a oficial da campanha e terminou causando o maior alvoroço. Era apenas uma “prova”.

Saldo/ No fim das contas, os pedetistas acreditam que o saldo geral desse mimimi foi positivo. Ajuda a tornar a senadora mais conhecida do eleitorado.

Por falar em saldo…/ A marcha dos sem-terra em direção a Brasília para pressionar pelo registro da candidatura de Lula corre o risco de tirar votos do petista, por causa dos engarrafamentos quilométricos. Para compensar, os sem-terra comemoraram a chegada com um forró ontem à noite. De outra coisa, muitos brasilienses, invariavelmente, reclamam: barulho.

PT versus PT

Publicado em coluna Brasília-DF

Com Fernando Haddad confirmado candidato do PT a presidente da República, o deputado Andres Sanchez (PT-SP) está a um passo de pedir desfiliação do partido. A bronca entre os dois é antiga e vem desde os tempos da Copa do Mundo. É que, quando Gilberto Kassab (PSD), hoje apoiador do tucano Geraldo Alckmin, era prefeito de São Paulo e a arena do Corinthians era promessa para sediar a abertura do Mundial, a prefeitura fechou um acordo com o clube para emissão de títulos (Certificados de Incentivos de Desenvolvimento, Cids). O Corinthians daria os títulos como forma de pagamento para a Odebrecht. A gestão Haddad, que veio logo depois, cumpriu o acordo e emitiu os títulos. O Ministério Público questionou a operação e os valores dos títulos caíram. A direção do clube queria que a prefeitura recomprasse os papéis pelo valor de face. A prefeitura rejeitou e o Corinthians ficou com o “mico” de R$ 420 milhões na mão.

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Sanchez não é o único insatisfeito com a escolha de Haddad. Há uma parcela do próprio partido que vai insistir em Jaques Wagner. Sinal de que, sem Lula, o PT tende a perder a aparente unidade e a expor suas divisões internas. E, reza a lenda, quem começa uma campanha às turras não chega a lugar algum. Haja visto o PSDB nas quatro últimas eleições.

Últimos atos
Ministros do Supremo Tribunal Federal reclamam em conversas reservadas que a presidente, ministra Cármen Lúcia, dividiu a Corte. Mal sabem eles que vem mais por aí. Além da defesa do fim dos penduricalhos salariais dos magistrados, ela prometeu ao filho de Wladimir Herzog que vai cobrar um posicionamento da Corte sobre o assassinato do jornalista nos porões da ditadura militar.

A “tomada de Brasília”
Os petistas querem aproveitar o registro da candidatura de Lula na próxima quarta-feira para testar seu poder de mobilizar multidões. Até aqui, o partido não conseguiu provocar uma comoção nacional pela liberdade de Lula. Se não conseguir agora, não haverá outra grande oportunidade.

Foro adequado
A tendência dos integrantes da Mesa Diretora da Câmara é levar o pedido de cassação de Paulo Maluf para o plenário da Casa. Em ano eleitoral, será a chance de os parlamentares como um todo dizerem que não compactuam com malfeitos. A ordem é sacrificar um para tentar preservar o todo.

Temer é brasileiro…
…Não desiste nunca de tentar melhorar a popularidade. Esse é um dos fatores que levaram o governo a antecipar para setembro os financiamentos de imóveis até R$ 1,5 milhão pelo FGTS. Agrada o segmento da construção civil e a parte do eleitorado considerada formadora de opinião.

CURTIDAS

O ânimo da tropa / Deputados e senadores não têm dúvidas de que Geraldo Alckmin, se chegar ao segundo turno, será presidente da República. Porém, para passar à segunda fase, terá que apresentar um desempenho melhor nas pesquisas para fazer com que as estruturas que o apoiam peçam votos para o candidato tucano. Até aqui, a sensação geral é a de que esse movimento está fraco.

Por falar em Geraldo…/ O candidato do PSDB foi aconselhado a evitar fotos ao lado de enroscados na Lava-Jato. Apoio não se rejeita. Porém, andar abraçadinho, não dá.

…quem está do lado dele, é ela/ Dona Lu Alckmin (foto) comentou com a coluna logo depois do debate que não terá agenda paralela. Circulará pela campanha sempre ao lado do marido. Pelo menos, por enquanto.

Dias dos Pais / Se você ainda tem seu pai por perto, não se esqueça de abraçá-lo hoje. Feliz Dia dos Pais a todos.


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Reajuste do Judiciário nas mãos do eleito

Publicado em coluna Brasília-DF

Reajuste do Judiciário nas mãos do eleito

Todos os candidatos a presidente, sem exceção, prometem pedir revisão da proposta de Orçamento que o governo do presidente Michel Temer enviará ao Congresso em 20 dias. Nessa revisão, estará uma tentativa de acordo com o Poder Judiciário para baixar os 16% de reajuste salarial incluído na proposta que o Supremo Tribunal Federal mandará ao Congresso.

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Em tempo: presidente eleito, com a expectativa de poder em alta, costuma ter sucesso quando chama qualquer setor para diálogo. Lula fez isso com a classe empresarial e com os servidores públicos. Collor, com confisco da poupança e tudo, obteve uma trégua. Com o eleito e o Judiciário, não será diferente.

Lula e Collor

Em conversas reservadas, petistas consideram que não está tão ruim o fato de o candidato não poder participar dos debates. Há quem considere que, em 1989, Fernando Collor não participou dos debates de primeiro turno, chegou à final e ganhou a eleição. Lula e o vice, Fernando Haddad, ainda têm uma vantagem: não podem ser cobrados ou atacados pela ausência.

Pela raiz

O debate da Band, tradicionalmente, serve para dar ao mundo da política um cenário de quem são os candidatos mais promissores. Desta vez, fez crescer a certeza de que, embora Geraldo Alckmin não vá tão bem nas pesquisas quanto muitos esperavam, os adversários acreditam que ele pode chegar à final. A ordem entre os concorrentes é desgastá-lo agora, antes da temporada de propaganda eleitoral, quando o tucano vai prevalecer na telinha.

Limão & limonada

Na seleta plateia de empresários em São Paulo, Geraldo Alckmin explicou a aliança com o Centrão de um jeito que todos os presentes conhecem. “Criticam-me porque fiz aliança com partidos de centro, que todos queriam. Mas, para governar, é preciso ter apoio. É melhor fazer antes, porque é em torno de projeto de governo, do que depois ficar fazendo qualquer tipo de acordo”, disse. “Ainda me deu oportunidade de escolher uma pessoa maravilhosa, a senadora Ana Amélia.” A plateia se desdobrou em aplausos.

Alvaro e Rosso

A turma de Alvaro Dias (Podemos), que está com dificuldades de fortalecer os palanques estaduais, saiu do debate da Band comentando que Rogério Rosso (PSD) é uma das apostas para dar mais visibilidade ao candidato. Falta, porém, combinar com o restante do PSD, que fechou coligação com o tucano Geraldo Alckmin.

A hora deles I/ Fora dos debates, Fernando Haddad, do PT, e João Amoêdo, do Novo, terão a oportunidade de expor suas ideias a uma plateia do mundo real. Eles foram convidados pela União Nacional de Entidades de Comércio e Serviços (Unecs) a participar do diálogo com os presidenciáveis nesta terça-feira, em Brasília.

A hora deles II/ Haddad já confirmou presença, assim como Geraldo Alckmin, do PSDB; Marina Silva, da Rede; Alvaro Dias, do Podemos; e Henrique Meirelles, do MDB. Amoêdo, ainda não. Nem Jair Bolsonaro, do PSL. A Unecs congrega várias associações de comércio, atacadistas, bares, restaurantes, lojistas e por aí vai.

No popular/ Terminado o debate da Band, ficou a certeza de que o candidato do Patriota, Cabo Daciolo, vai animar o desfile dos presidenciáveis no quesito “caricatura” em nome de Jesus. Guilherme Boulos, do PSol, não fica atrás. Saiu dali com o título de melhor frase feita, depois de sacar os “cinquenta tons de Temer”, referindo-se aos adversários cujos partidos apoiaram o impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Por falar em Daciolo…/ Há quem explique a participação dele no debate: é passar a ideia de que Jair Bolsonaro é um sujeito equilibrado e sereno. Faz sentido.

Cirão da massa/ Na plateia do debate, o deputado Beto Mansur (foto), do MDB, retrucou ao ouvir Ciro Gomes dizer que vai tirar todo mundo do SPC. “Vou votar no Ciro para pagar minhas dívidas! Pode escrever!”

Efeito cascata e janela para a Previdência

Publicado em coluna Brasília-DF

Na surdina, deputados e senadores comemoraram o reajuste de 16% aprovado por 6 a 4 pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF). É que, com essa decisão, há um grupo que se sentirá mais à vontade para tratar do tema, depois que a eleição passar, propondo inclusive o mesmo percentual.

Há quem diga que, se os deputados seguirem o plano de buscar o mesmo reajuste, o presidente eleito, seja quem for, terá condições de apelar para as dificuldades orçamentárias e, antes mesmo de tomar posse, pedir que eles arrumem receita para não ampliar o deficit de
R$ 139 bilhões que espera o próximo governo. E, nesse sentido, leitor, saiba de antemão que quem vai pagar essa conta são os meus, os seus e os nossos.

É a bancada, estúpido!
A insistência de Lula para fazer do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad candidato está diretamente relacionada à necessidade de o partido eleger de 10 a 14 deputados federais no estado, celeiro dos votos no país. A ideia é que com um candidato paulista à Presidência da República e ao governo estadual fica mais fácil.

Na ponta do lápis
O PT calcula que, se sair com pelo menos 10 deputados de São Paulo e eleger dois em cada um dos demais estados, terá condição de fazer a maior bancada e, com isso, tentar comandar a Câmara no ano que vem.

Tudo pelo partido
André Fufuca, do PP do Maranhão, que pediu vistas no processo do STF que pediu a cassação de Paulo Maluf (PP-SP), só deve entregar o caso para avaliação da Mesa Diretora depois da eleição. Espera, assim, ajudar o partido a não ficar em evidência pelos malfeitos de Maluf. O PP sonha em fazer uma grande bancada para mandar na Câmara, e em qualquer um que vencer a eleição. Investirá todo o fundo partidário nesse projeto. Maluf, se fosse cassado agora, seria um incômodo.

E eles conseguiram
O Senado ainda trabalhou ontem, mas, na Câmara, só quem conseguiu emplacar alguma coisa foi a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Foi instalada a comissão especial da MP 843. A medida trata do programa Rota 2030, sobre as regras e incentivos para o setor automotivo.
A votação da MP, porém, é outra história. Vence em 16 de novembro, ou seja, haverá pouco tempo para análise depois da eleição.

Ligações/ À boca pequena, comentava-se ontem que o voto de Cristiane Alkmin pelo arquivamento do processo contra a Rodrimar no Cade está diretamente relacionado ao fato de a conselheira ter trabalhado para o grupo Libra, que também é favorável à taxação da entrega de contêineres aos terminais retroalfandegados.

Ligações II/ Para quem não se lembra, o grupo Libra é aquele de Gonçalo Torrealba, que chegou a ter a prisão decretada pelo ministro Luiz Roberto Barroso, do STF, na Operação Skala, a mesma que teve como alvo amigos do presidente Michel Temer.

Ligações III/ Torrealba foi muito ligado ao ex-deputado Eduardo Cunha, e não eram poucas as fotos do casal Cunha com Carina e Gonçalo Torrealba pelo mundo afora nos tempos de bonança, inclusive em Barbados, um paraíso natural e fiscal.

CB.Poder/ O deputado Paulo Teixeira (foto), do PT-SP, disse ao programa CB.Poder que a TV Globo foi culpada da sentença a Lula. Na avaliação dele, assim que “baixar a poeira”, a condenação em segunda instância será revista pelos tribunais superiores. O programa está disponível no Facebook do Correio Braziliense.

Cade condena Rodrimar e fixa multa de R$ 972 mil

Publicado em Política

O presidente do Cade, Alexandre Barreto, votou com o relator no processo contra a Rodrimar, formando maioria no conselho contra a cobrança da taxa conhecida como THC2 (Terminal Handling Charge). A Rodrimar cobrava as taxas para entregar a carga a empresas que são contratadas para guardar as cargas em seus armazéns, os chamados terminais retroalfandegados. O voto de Barreto considerou a THC2 uma prática anti-concorrencial, o que já havia sido decidido também pelo Tribunal de Contas da União. A Rodrimar será multada em R$ 972 mil e proibida de cobrar a taxa. O processo tramita no Cade desde 2006, quando uma das empresas que armazena cargas em Santos, a Marimex, ingressou contra a Rodrimar por causa da cobrança da THC2. O julgamento começou em 2016. A Marimex acusou a Rodrimar de prática lesiva à concorrência e que a cobrança desestimularia a contratação de armazéns. A decisão deve gerar jurisprudência no conselho para outros casos semelhantes.

A votação chamou a atenção essa semana, depois que a conselheira Cristiane Alkmin, que estava com um pedido de vistas desde 2016, abriu dissidência e votou pelo arquivamento da denúncia contra a Rodrimar. Ela já foi funcionária do grupo Libra, o que gerou inclusive um certo constrangimento em reuniões anteriores do Cade sobre o tema. Libra também defendia a cobrança da taxa. O conselheiro João Paulo Resende acompanhou o voto de Cristiane, mas Barreto seguiu o relator dando maioria. Agora, com a decisão, haverá uma corrida aos tribunais, onde a Rodrimar e outras empresas do setor já disputavam a cobrança da THC2. A decisão do Cade, porém, levará o peso da Justiça para aquelas que, como a Marimex, reclamaram da taxa. O próprio Tribunal de Contas da União (TCU) já havia se posicionado contra a regulamentação da cobrança pela Antaq e, ainda, aplicado multa aos diretores da agência.

Bom lembrar: O julgamento do Cade nada tem a ver com o decreto dos portos, aquele que até hoje dá dores de cabeça ao governo.