Autor: Denise Rothenburg
PSL desconfia que candidata da coligação do PT no Maranhão seja laranja
Coluna Brasília-DF
O PSL está à procura de Isabel Bulhões, candidata a deputada federal pelo Pros no Maranhão, em coligação com o PT. Ela recebeu R$ 373 mil para a sua campanha, R$ 200 mil do PT e R$ 173 mil de seu partido. Para uma legenda que nunca foi generosa em ceder espaços políticos para seus aliados, há quem desconfie que os petistas cederam muito dinheiro.
.. tudo fica muito estranho…
A prestação de contas da candidata do Pros do Maranhão inclui apenas R$ 55 mil. A turma do PSL está desconfiada de que tem caroço nesse angu. Ela tem ainda duas notas fiscais, da HB Representação, de um total de R$ 103 mil, de uma firma de material elétrico que tem como atividade secundária impressão de material publicitário, em São Luís.
… Estranho demais
As notas fiscais apontam ainda outra de R$ 90 mil a uma empresa Saint German Consultoria e Administração Internacional de Bens. Também em São Luís. Os dados pessoais de Isabel no TSE apontam que ela tem ensino médio completo. Porém, a ocupação escrita ali é “advogado”. Ela obteve 1.278 votos. Ou seja, mais do que muitos classificados como “laranjas”.
Coluna Brasília-DF
Ok, o presidente Jair Bolsonaro abriu o Alvorada para os líderes partidários simpáticos ao governo e que ainda não se consideram base. Mas nada vai se resolver com canapés e boca livre. Muitos líderes foram avisados de que os apadrinhados deles no governo estão para ser demitidos. É que o governo quer acabar com os chamados feudos de cada partido no Executivo, por isso, está disposto a trocar todos aqueles ocupantes de cargos de direção que tiveram indicação política. Nessa linha, Arthur Lyra, líder do PP, perderá a indicação da Codevasf de Alagoas e o próprio líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho, ex-ministro da Integração, verá os técnicos que colocou na Codevasf serem demitidos.
Essa decisão, já comunicada a alguns líderes partidários, foi tomada depois que o governo sofreu a sua primeira derrota na Câmara, semana passada. Ocorre que esse sistema enfrentará resistências. Deputados querem cargos que possam fazer bonito perante as suas bases eleitorais. E quem perder começará essa temporada de votações de mau humor em relação ao governo. Há quem diga que o melhor é deixar passar a votação da reforma da Previdência na Câmara e, aos poucos, mexer nos vespeiros. O governo, entretanto, não quer saber de contornar os problemas políticos com o Congresso e sim enfrentá-los de frente.
Cheque em branco, não!
Quem acompanha passo a passo a relação do governo com o Congresso descobriu por que os deputados decidiram derrubar o decreto que ampliava o número de pessoas com capacidade para determinar sigilo de documentos oficiais. É que as indicações pelos políticos seria feita com base em uma lista tríplice de funcionários de cada repartição ou estatal que tem interesse político. Ou seja,a excelência indicaria alguém que não conhece. A revolta foi geral e deu no que deu.
O livro de Aécio/ Discretíssimo na Câmara, o deputado Aécio Neves (PSDB-MG) se dedica à literatura. Começou a escrever suas memórias políticas. Histórias não faltam, passando por todo o período da redemocratização do Brasil.
A moda pegou I/ Desde que Leila do Vôlei (PSB-DF) dispensou o nome de guerra e adotou o senadora Leila Barros, outros seguiram o mesmo caminho.
A moda pegou, mas nem tanto/ O senador Capitão Styvenson também tirou a patente. Agora é Styvenson Valentim (Rede-RN). O senador delegado Alessandro virou senador Alessandro Vieira (PPS-SE). E, para completar, a juíza Selma, que foi eleita assim, virou senadora Selma Arruda (PSL-MT). Um dos poucos que continua como nos tempos da eleição é o senador Major Olímpio (PSL-SP). Esse é raiz.
E a escola, hein?/ A deputada Bia Kicis (PSL-DF), defensora da escola sem partido, saiu em defesa do ministro da Educação, Ricardo Velez, ontem, no plenário da Câmara, ao dizer que ele se retratou em relação ao slogan do governo nas escolas. Foi aplaudida pelos colegas de PSL quando disse que o PT, ao colocar uma estrela vermelha nos jardins do Alvorada, só tirou mediante decisão judicial.
Por falta de diálogo, deputados iniciam “operação tartaruga” na Previdência
O presidente Jair Bolsonaro será alertado por líderes aliados que ele tem até 15 de março para fixar as novas bases de relacionamento com o Congresso e se posicionar na guerra da informação a respeito do texto da reforma previdenciária. Se for esperar a data da votação, o risco de perder a batalha da comunicação e de reduzir as chances de aprovar um projeto desfigurado no plenário será grande. Portanto, mãos à obra para traçar a estratégia neste período carnavalesco e colocar tudo em prática a partir de 11 de março, sob pena de não encerrar a tramitação na Câmara neste semestre.
» » »
Já existe acordo entre alguns líderes partidários para só dar tramitação célere à reforma previdenciária depois que chegar a proposta de mudança na aposentadoria dos militares. Assim, a reforma só começará a tramitar de fato na segunda quinzena de março, isso se o texto dos militares chegar ao Congresso até lá.
» » »
A “operação tartaruga”, como alguns estão chamando, não se deve apenas à ausência do projeto dos militares. Muitos líderes consideram que o governo errou ao não chamar os partidos para discutir o texto antes de enviar o projeto ao Congresso. Assim, não conseguiu incutir nos parlamentares que potencialmente seriam base governista alguma ideia de “paternidade” da proposta. Ou seja, ninguém se sente muito comprometido com esse texto e, quanto mais o tempo passa, a impressão de muitos líderes é de que mais distante ficará.
Pacote pronto, não vai
Ok que o governo queira escolher seus ministros sem ouvir os partidos. Mas, pelo menos, o mérito dos projetos deveria ter sido discutido previamente com os partidos que podem ser da base. Afinal, a lógica de enviar pacote pronto para votação, como o governo quer fazer com a Previdência, só poderia funcionar se já houvesse uma base aliada pactuada na formação do governo.
#ficaadica
Os potenciais governistas querem participar da formatação das propostas das outras reformas. Assim, o governo conseguirá compensar um pouco o fato de não entregar cargos de primeiro escalão.
Joice sai na frente
A atuação da deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) na crise envolvendo o ex-ministro Gustavo Bebianno foi o que a credenciou para o cargo de líder do governo no Congresso. Ela é hoje o nome mais forte para essa missão.
CURTIDAS
A alegria de Ilana/ A diretora-geral do Senado, Ilana Trombka, tem do que se orgulhar. As contas de 2018 da Casa passaram sem qualquer ressalva e, de quebra, não houve contrato emergencial. Sinal de boa gestão e de ausência de imprevistos.
Feminicídio em pauta/ A deputada Flávia Arruda (PR-DF) aprovou sua primeira proposta ontem na Câmara: a criação de uma comissão externa para verificar in loco os casos de violência contra a mulher. “Temos de ir conversar com essas pessoas e dar suporte a essas mulheres. Será no contato direto com elas que poderemos ver o que precisamos fazer”, diz.
Pega o dicionário, Cabral/ Mesmo admitindo que recebeu propina, o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (foto) disse que “nunca” agiu como “corrupto”. Na Câmara, os deputados cariocas se distraíam ontem no plenário em busca de uma classificação para os recursos ilícitos recebidos pelo ex-governador: molhadela, suborno. Corrupto: subornável, comprável, corrompível.
Caçadores de Pokémon/ Assim, muitos deputados chamam os colegas que passam o tempo todo nas lives dentro do plenário. Realmente, tem muitos ali que completam um mês de mandato virtual.
Ao receber os jornalistas para um café da manhã, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), dispensou o papel de articulador do governo, mas dá todas as indicações de que o presidente Jair Bolsonaro poderá contar com a ajuda dele para aprovar a reforma previdenciária. “Não sei quantos votos tem, mas a maioria dos senadores quer votar a reforma. Se não votar, daqui a pouco não tem aposentadoria para ninguém”, afirmou. Alcolumbre vai inclusive criar uma comissão para acompanhar a tramitação do texto da Previdência na Câmara, a fim de deixar os senadores mais inteirados com as discussões, para que, quando o projeto chegar ao Senado, os partidos tenham familiaridade com o texto discutido na Câmara. “Se tivermos 11 partidos representados e o relator dessa comissão como o relator na Comissão de Constituição e Justiça, os partidos já vão ficar informados do texto, poderão dar sugestões e, assim, o assunto já chega ao Senado com muitos senadores conhecedores da proposta”, diz ele, prevendo uma votação antes do recesso, caso os deputados consigam votar a reforma até fim de abril.
A ajuda de Alcolumbre vai além da comissão que ele pretende montar. Ele já está conversando com o senadores para saber de que pontos do texto os parlamentares discordam. “O BPC não está bom”, diz, referindo-se ao Benefício de Prestação Continuada, hoje no valor de um salário-mínimo, pago a idosos carentes acima de 65 anos. A ideia do governo é reduzir esse valor para R$ 400. O equivalente ao salário mínimo seria destinado apenas a idosos carentes com mais de 70 anos. (Na quarta-feira, quando a reforma chegou ao Congresso, publiquei um post falando desse tema, que é visto como o “bode na sala”).
Esse trabalho do presidente do Senado, entretanto, não é visto por ele como algo capaz de lhe conferir o papel de articulador político do governo. “Não sou articulador do governo e nem o Rodrigo (Maia, presidente da Câmara). Mas sabemos da importância da reforma”, diz ele. Alcolumbre acredita que o modelo de relacionamento do governo com o Congresso ainda não está definido e será uma construção conjunta. “Parlamentar na base quer prestígio. Se tiver talento para colocar na Funasa (Fundação Nacional de Saúde, vai ajudar os prefeitos dele”, afirmou, dizendo que não vê nada de errado nas indicações politicas dentro do tal banco de talentos que o governo vai criar para receber essas indicações.
Relator, Renan e PT
Alcolumbre pretende entregar a relatoria da reforma previdenciária ao senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), mas Tasso ainda não respondeu se aceitará a missão. “Gostaria que ele ajudasse o Brasil, é muito preparado”, diz. Tasso foi seu aliado dentro da disputa para presidente da Casa. Porém, não é apenas de aliados que vive a interlocução de Alcolumbre no Senado. Desde que assumiu o comando da Casa, numa sessão conturbada, o senador tem se dedicado a estabelecer um boa relação com todos os colegas que defendiam outros candidatos. Ao PT, reservou o mesmo cargo que ocupava na legislatura anterior e fez questão de chamar o senador Jaques Wagner (PT-BA), conhecido pela facilidade de diálogo, para abrir os canais com o PT. E, por incluível que pareça, WAgner, sem querer, foi o responsável pelo primeiro encontro de Alcolumbre com Renan Calheiros, seu maior adversário. Alcolumbre tinha ficado de conversar com Wagner, soube que ele estava na sala do líder do MDB, Eduardo Braga e foi até lá procurá-lo. Quando entrou, lá estava Renan, com Braga, a senadora Kátia Abreu (PDT-TO) e Wagner. Trocaram as primeiras palavras desde o embate: “Oi, Presidente Renan, tudo bem?”. Renan, que também é do ramo da politica, foi cordial: “Parabéns, Davi”. Eis que Alcolumbre retrucou: “Preciso do senhor, presidente, para ajudar o Brasil”. para surpresa geral, o gelo foi quebrado. Se imperou a falsidade ou um sentimento real de deixar os ressentimentos no passado, o futuro dirá.
Partidos escalam “guerrilheiros” para atrasar reforma e pressionar governo
Coluna Brasília-DF / Por Denise Rothenburg
O governo que fique esperto: insatisfeitos com o que consideram “falta de atenção” do Planalto, os líderes partidários começam a traçar o perfil de uma Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para não dar muita celeridade à proposta da Previdência nesta primeira fase. Em vez de indicar os mais afinados com a reforma, a tendência hoje é de escalar os chamados “guerrilheiros de plenário”, especialistas em regimento e fiéis a seus líderes. Se o governo não agir rápido, o colegiado terá a missão de vender dificuldade a fim de forçar o Poder Executivo a mudar a relação com o Congresso.
Só tem um probleminha: se o governo ceder muito aos partidos, perderá apoio na população. Nunca é demais lembrar que o presidente Jair Bolsonaro foi escolhido justamente para acabar com o tal toma lá dá cá. Resta saber como vai dosar o apetite dos políticos — e levá-los a aprovar as reformas — sem frustrar a esperança dos eleitores. Esse é considerado o maior desafio.
» » »
Em tempo: nem adianta o líder do governo, Major Vitor Hugo, recorrer ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, para tentar garantir uma CCJ pra lá de amistosa com a reforma previdenciária. As indicações cabem aos líderes partidários.
Só o osso
O banco de “talentos” a que o ministro da Controladoria-Geral da União, Wagner Rosário, se referiu na entrevista ao programa CB.Poder, na semana passada, foi mal recebido pelos políticos. É que chegou aos ouvidos das excelências que as regionais do Dnit, que têm muitas obras em estradas, caso de Minas Gerais, estarão fora das indicações.
Esquema tático I
Líderes de partidos têm se reunido em almoços e jantares, pelo menos duas vezes por semana, a fim de traçar uma atuação conjunta no Congresso. Estão nesse rol DEM, PP, MDB, PR, PRB, PTB, PSD, PSC, PSDB, entre outros. A direção não é de apoio incondicional ao governo.
Esquema tático II
Num desses encontros foi combinado colocar em pauta o decreto do acesso à informação, derrotado na última terça-feira no plenário da Câmara. O PSL não tem sido chamado para essas reuniões.
Deu ruim
Quem conhece o humor do Supremo Tribunal Federal (STF) garante que o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro, tende a não conseguir transferir as investigações sobre os recursos da campanha mineira para a Corte. É que o assunto é anterior a este mandato de deputado federal e também à sua nomeação para o ministério. Politicamente, há quem diga que ele só conseguirá ampliar a exposição negativa com esse pedido.
Dupla dinâmica I/ O governo tem, pelo menos, dois ministros com trânsito pra lá de amistoso no parlamento, portanto, capazes de ajudar na articulação política: Tereza Cristina (foto), da Agricultura, e Luiz Henrique Mandetta, da Saúde.
Dupla dinâmica II/ A troca de comando na Frente Parlamentar de Agricultura, nesta semana, foi um exemplo do prestígio de Tereza. Na recepção em que ela passou a presidência da FPA ao deputado Alceu Moreira (MDB-RS), passaram quase 200 parlamentares, oito ministros de Estado, além do presidente Jair Bolsonaro e do vice Hamilton Mourão.
Dupla dinâmica III/ Mandetta, um ministro da Saúde fumante, era acompanhado por mais de 10 deputados todas as vezes em que ia à varanda da recepção acender um cigarro.
Deputados e senadores estão convictos de que o governo colocou o acesso ao valor integral do Benefício de Prestação Continuada (BPC) apenas aos 70 anos para dar aos congressistas algo que possa ser retirado sem comprometer o todo. O BPC é pago a idosos que têm 65 anos ou mais e não têm condições de se sustentar e nem como recorrer à família. Pelo projeto da reforma, se um idoso não tiver tempo de contribuição para se aposentar aos 65 anos, ele receberá R$ 400. E só a partir dos 70 anos é que passa a receber um salário mínimo. Nem os parlamentares da base governista concordam com isso e muitos vêm o BPC não como Previdência e sim com algo de assistência social, que não deveria sequer estar na reforma. Os deputados mencionam ainda a aposentadoria rural e a regra de transição do funcionalismo como pontos que precisam de ajustes no texto, porém, ainda não definiram que tipo de mudança deve ser feita.
Hoje á tarde, o presidente Jair Bolsonaro fez um apelo ao PSL pela unidade em torno das propostas levadas ao Congresso. A tendência da maioria, entretanto, é estudar o projeto, para depois decidir se aprovará integralmente o texto. Afinal, dizem alguns, o Congresso é a casa do diálogo e das alterações nos projetos governamentais. E, ao que tudo indica, o PSL ainda não percebeu que tudo o que o presidente deseja de seu partido é fidelidade nas votações.
Câmara manda recado a Bolsonaro que é preciso o toma lá dá cá
O decreto que amplia o número de pessoas capazes de determinar o sigilo de documentos oficiais foi escolhido a dedo para impor uma derrota que não inviabilizasse qualquer reforma do governo e, ao mesmo tempo, servisse de recado ao presidente Jair Bolsonaro: é preciso estabelecer um relacionamento amistoso com o parlamento desde já e essa relação não pode ser apenas posar para as fotos na hora de entregar os projetos de reformas. Na visão de muitos parlamentares, há três meios de estabelecer a parceria: prestígio nas bases eleitorais, emendas ao Orçamento ou… participação no governo.
Quem acompanha o ritmo do parlamento lembra que, no governo Lula, os problemas foram num crescente e, no primeiro ano do segundo mandato, 2007, o Planalto perdeu a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira). Há quem diga que, do jeito que o governo de Jair Bolsonaro está enfrentando problemas logo na largada, ele precisa urgentemente definir a relação com os congressistas. Antes que eles decidam impor uma derrota em temas mais relevantes.
Assim, não vai
O governo viu a derrota no decreto como parte do processo. E garante que o presidente não vai se render ao toma lá dá cá rejeitado nas urnas. A ordem agora é esclarecer a necessidade da reforma previdenciária. E colocar a população para exigir sua aprovação.
Assim, vai
Entre os parlamentares, é quase um consenso que a reforma previdenciária terá de atingir a todos, sem distinção.
A esperança dos sindicalistas
No meio sindical, a reforma é vista como a chance de fazer ressurgir a capacidade de mobilização das categorias, em especial, o funcionalismo. Até aqui, quem reuniu mais gente foram os movimentos favoráveis ao governo.
O novo PSDB
Depois da investigação que colocou Paulo Vieira, o Paulo Preto, como suposto operador de parte dos tucanos, a aposta geral no partido é de que o governador de São Paulo, João Doria, liberou o caminho para assumir o comando da legenda.
Enquanto isso, na CNI…
Depois da operação de ontem, que prendeu o presidente da Confederação, Robson Andrade (soltou depois por decisão da Justiça), as apostas são as de que Paulo Skaf, da Fiesp, abriu caminho para comandar a instituição presidida pelo empresário mineiro.
Se não empurrar, não anda/ A tendência no parlamento é dar uma tramitação mais lenta ao projeto que criminaliza o caixa dois de campanha, um dos textos do pacote entregue pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro, ao Congresso. A forma de acelerar a proposta será pressão popular. Foi assim na Lei da Ficha Limpa.
Foco de tensão I/ A comissão de Transparência do Senado já foi identificada como aquela em que o governo terá de ter muito cuidado. Foi lá que a oposição conseguiu esticar o episódio envolvendo o ex-ministro Gustavo Bebianno, depois de uma bate-boca entre a senadora Elisiane Gama (PPS-MA) e o senador Major
Olímpio (PSL-SP).
Foco de tensão II/ Outro ponto que promete dar dor de cabeça ao governo é a Lava-Jato da Educação. O DEM já enviou um recado ao Planalto: não dá para deixar esse assunto contaminar o clima para as reformas.
Por falar em Educação…/ A propósito da nota publicada no domingo, na parte sobre a reunião entre o ministro da Educação, Ricardo Vélez (foto), e representantes das entidades que compõem o Fórum de Ensino Superior, o Ministério da Educação esclarece que não houve constrangimento algum durante o encontro, na quarta-feira passada. Na oportunidade, inclusive, foi estabelecido entre o MEC e o setor privado de educação superior uma parceria para trabalhar em prol do desenvolvimento da educação brasileira. A coluna considera, portanto, que o assunto está esclarecido definitivamente.
A decisão do governo de tipificar o crime de caixa dois num projeto separado abre aos congressistas a oportunidade de fazer caminhar os pedaços do pacote anticrime do ministro da Justiça, Sérgio Moro, em ritmos diferentes. As apostas são as de que o projeto relativo ao caixa dois das campanhas, por exemplo, terá uma tramitação mais lenta, quase parando… Na gaveta. Para acelerar, só mesmo pressão popular. Portanto, às redes, pessoal!
Foi a pressão popular que, há alguns anos, levou o Congresso a aprovar a Lei da Ficha Limpa, um instrumento que até hoje é objeto de reclamação de muitos políticos nos bastidores. A proposta chegou ao Congresso com o suporte de mais de um milhão de assinaturas. Os deputados e senadores não tiveram desculpas para não votá-la. O crime de caixa dois terá que ter a mesma toada e contar com, pelo menos, uma parte dos novos congressistas que deseja sinceramente mudar o sistema político.
Passada a demissão de Gustavo Bebianno, o Planalto vai para o jogo congressual, em que o primeiro desafio, antes da reforma previdenciária chegar ao plenário, será garantir a aprovação da reestruturação do governo do presidente Jair Bolsonaro (Medida Provisória 870). O número de emendas chega a 541, sinal de que a vida não será fácil. Tem proposta para o retorno da política indigenista ao Ministério da Justiça; a passagem da presidência do Conselho de Política Externa para o vice-presidente, general Hamilton Mourão; e, ainda, a inclusão nesse colegiado do ministro da Economia, Paulo Guedes, e da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, conforme emenda sugerida pelo deputado Hildo Rocha (MDB-MA). A MP original mantém o conselho restrito ao Itamaraty e presidido pelo ministro Ernesto Araújo.
A forte bancada ruralista se prepara ainda para tentar centralizar tudo o que for do campo no Ministério da Agricultura, inclusive as áreas de mobilidade, habitação e saneamento rural.
A contar pela forma como o presidente Jair Bolsonaro encaminha seu relacionamento com o Congresso até aqui, não há clima para rolo compressor. O governo precisará sentar com os partidos e negociar caso a caso. E se será assim na reestruturação, imagine na reforma previdenciária.
Estações separadas
A contar da avaliação dos deputados que conhecem a fundo o humor dos congressistas, a exoneração de Gustavo Bebianno não vai contaminar a reforma previdenciária. O ex-ministro não era o responsável pela relação congressual do presidente nem tampouco servia de ponte com os partidos.
Quem manda
Muitos parlamentares destacam o fato de o presidente Jair Bolsonaro levar o texto pessoalmente como um sinal de que ele coordenará o esforço pela aprovação das mudanças na Previdência.
ABMES apoia Lava-Jato da Educação
A propósito da nota publicada aqui sobre a Lava-Jato da Educação, a Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) informa que não houve qualquer constrangimento na reunião com o ministro da Educação, Ricardo Vélez. O Fórum das Entidades de Ensino Superior Particular, inclusive, divulgou nota de apoio à iniciativa do governo de “apurar indícios de corrupção, desvios e outros tipos de atos lesivos à administração pública no âmbito do MEC e suas autarquias nas gestões anteriores”.
Bolsonarês/ O “foro íntimo” alegado pelo presidente da República para demitir Gustavo Bebianno era traduzido assim por alguns ministros: a hora que tem filho no meio, vira pessoal.
Por falar em Bebianno…/ O caso dos repasses de muitos recursos do fundo eleitoral a campanhas de candidatos praticamente sem votos, os chamados laranjas, sai da esfera do Planalto e vai agora para a Justiça Eleitoral. E voltará ao Planalto, a depender das declarações de Bebianno.
… a oposição não vai largá-lo/ A oposição quer abrir seus trabalhos no Congresso convidando Bebianno a comparecer às comissões para falar sobre o partido e os recursos repassados aos estados, em especial, os que foram parar em candidaturas inexpressivas, vulgo laranjas. Mas nada será para agora. A intenção é levá-lo depois do carnaval.
Apelido I/ A Medida Provisória 871, também editada pelo governo Jair Bolsonaro, é citada entre os parlamentares como a “MP da vingança”. Explica-se: a MP retira dos sindicatos o poder de emitir a declaração de quem é trabalhador rural para efeito de aposentadoria, repassando a tarefa ao poder público.
Apelido II/ Durante a campanha eleitoral no ano passado, a CUT fez campanha declarada contra o atual secretário de Previdência, Rogério Marinho (foto), candidato a uma vaga de deputado federal.
A depender do que dizem os deputados nos bastidores, a demissão do ministro da Secretaria-Geral da Previdência, Gustavo Bebianno, e a reforma da Previdência são estações separadas. Bebianno atuou na campanha, mas, em relação ao jogo que conta para aprovação da reforma, o congressual, não teve tempo de exercer muita influência nos partidos, a não ser, é claro, no PSL, uma legenda que enfrenta problemas internamente e, conforme já foi dito aqui, está a cada dia mais parecido com o PRN, que guindou Fernando Collor à Presidência da República. Por isso, o próprio presidente receberá a bancada de seu partido em breve, de forma a contornar as desavenças e tentar botar uma ordem unida nos seus parlamentares.
Quanto à reforma, o jogo sequer começou. Seu primeiro lance será o envio da proposta pelo presidente Jair Bolsonaro ao Congresso na quarta-feira. A forma escolhida, o presidente ir pessoalmente ao Congresso levar a proposta de emenda constitucional, é sinal de deferência ao Parlamento. E com o texto em campo, é que o presidente começará os contatos políticos para sua aprovação __ e já com Bebianno fora da cena principal do governo.
A esperança do governo é a de que, aos poucos, esse episódio envolvendo o ex-ministro seja esquecido e o governo comece a cuidar do que realmente interessa. Não por acaso, o porta-voz do Planalto, general Otávio Rego Barros, tratou de outros temas no mesmo briefing em que comunicou a exoneração de Bebianno. O porta-voz mencionou não só o acompanhamento da saúde dos profissionais que trabalharam na tragédia do rompimento da barragem em Brumadinho (MG)< como também as obras e concessões que o governo levará adiante para cumprir as metas previstas para os 100 primeiros dias.
Quanto aos filhos, Carlos Bolsonaro, depois de sair vitorioso no embate com o ministro, recolheu os flaps. Está hoje mais ligado ao mandato de vereador do Rio.
Quanto ao episódio Bebianno, resta apenas algo que o governo não controlará: as ações e as falas do ex-ministro. Porém, dizem alguns, ainda que ele resolva falar, terá que ter provas do que vier a dizer. Caso contrário, soará como mágoa de quem perdeu uma queda de braço e passa para a história como o ministro mais breve de governos que, em tese, vivem os primeiros 49 dias na mais absoluta lua de mel. Sigamos, portanto, na espera dos próximos capítulos, onde na cena principal estará a habilidade presidencial para convencer o Congresso a aprovar a reforma.