Autor: Denise Rothenburg
Bolsonaro tenta fugir de desgaste, após 100 dias, mas repete Dilma
Coluna Brasília-DF
Os anúncios relativos aos 100 dias de gestão são citados no próprio governo como a senha para tirar o presidente Jair Bolsonaro da escorregadia pista dos temas que geraram desgaste nestes primeiros três meses e, por tabela, diluir as atenções do eleitorado a respeito da nova Previdência.
Até mesmo os evangélicos que o apoiaram, caso, por exemplo, de Silas Malafaia, estão cientes de que a hora é de cuidar do emprego e da segurança. “Votamos em Bolsonaro porque ele tem vida limpa, pela questão da segurança, da corrupção, pela questão de um novo país, pela questão do desemprego. Estamos inseridos no contexto das necessidades e desejos deste país grande”, disse o pastor. Resta saber se o núcleo mais ligado ao presidente aceitará essa mudança de agenda.
Governo repete Dilma I
Incluída no rol de projetos que o presidente Jair Bolsonaro enviou ao Congresso ontem, a autonomia do Banco Central já tem um texto combinado com o próprio banco tramitando na Câmara. Ou seja, o governo poderia perfeitamente ter prestigiado os parlamentares, no caso, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, autor da proposta. Maia não gostou. E os aliados dele viram uma “dilmice” nessa história.
Governo repete Dilma II
Essa atitude de apresentar textos semelhantes aos de origem parlamentar irritava muito os deputados e senadores nos tempos do governo da presidente Dilma Rousseff. Ela era tida como alguém que não dividia nem iniciativas nem vitórias com o parlamento. Provocava, assim, desgastes necessários.
Às redes/ Bolsonaristas pretendem fazer uma blitz nas redes sociais, neste fim de semana, com o intuito de conclamar os deputados da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara a votar a nova Previdência na semana que vem. Felipe Francischini quer resolver logo. Ainda que a sessão siga pela madrugada.
Deixe tudo para depois/ A bancada do Amazonas que esteve com o presidente Jair Bolsonaro saiu meio frustrada. Além de ter de chegar cedo ao Planalto — a audiência estava marcada para as 8h30 , descobriu que, simplesmente, a assessoria do presidente não havia solicitado a pauta da bancada. Portanto, Bolsonaro não tinha ideia do que a bancada trataria com ele.
Porta aberta/ Para completar, a cada minuto entrava alguém na sala para tratar de algum ajuste relacionado aos anúncios dos 100 dias, o foco do presidente ontem.
Por falar em Bolsonaro…/ Jair Bolsonaro pode até se declarar fã do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Mas quem, ao assumir o governo, anunciou que postaria um vídeo no YouTube por semana para divulgar as ações governamentais foi o democrata Barack Obama. Alguns aliados comentam que vem daí a ideia que inspirou a live semanal de Bolsonaro no Facebook.
Depois de patinar na chamada “agenda de costumes” e na articulação política desses primeiros três meses, o governo do presidente Jair Bolsonaro aproveita a marcação dos 100 dias de gestão para mostrar que sua administração não se resume às falas da ministra Damares Alves, aos tropeços na área de Educação. nem á reforma da Previdência. Foram 18 medidas divulgadas hoje para tentar levar a parcela expressiva do eleitorado que elegeu o presidente no ano passado a renovar as esperanças em seu governo. Tem de tudo um pouco, desde comissão interministerial de combate à corrupção, a projetos de lei, como o da educação domiciliar, até o 13º do Bolsa Família, uma medida que beneficia diretamente os mais pobres e a economia dos rincões do país. Com esse leque de anúncios, o governo sai do discurso único de “previdência, previdência, previdência” e ainda joga uma isca para ver se a oposição passa a jogar em várias frentes, pelo menos, nesse início de tramitação da Nova Previdência. Resta saber se a oposição irá dividir seus esforços. Lula, que comanda o PT da prisão em Curitiba, já orientou seu partido a ficar focado na Nova Previdência.
Coluna Brasília-DF
A Marcha dos Prefeitos chega hoje ao seu último dia, e a maioria deles volta para os municípios esperançosos com um aumento da arrecadação, por causa da proposta do ministro da Economia, Paulo Guedes, de redistribuir o bolo dos impostos dentro de uma reforma tributária. É que, ao longo dos anos, os governos foram ampliando os recursos federais não compartilhados e dando incentivos com aqueles divididos com estados e municípios, ao ponto de a distribuição cair a menos da metade do que era nos anos 1980.
Aliás, a turma dos pequenos avisou que até apoia a reforma da Previdência, mas sem mexer na aposentadoria rural e no BPC (Benefício de Prestação Continuada). É que são esses benefícios que, ao lado do Bolsa Família, ajudam a incrementar a economia nos rincões do Brasil.
Expectativa de poder
Dizem que, em política, a perspectiva de conquistar poder é mais estimulante do que o exercício do poder em si. Pois é justamente isso que o presidente Jair Bolsonaro vai jogar no ar para os potenciais partidos aliados, quando a reforma da Previdência chegar à Comissão Especial de mérito. Assim, a vontade de obter algum espaço no governo levará muitos a não desidratar a proposta da nova Previdência. Pelo menos essa é a aposta do governo.
Por falar em poder…
Jair Bolsonaro completa 100 dias sem lotear o governo com os partidos políticos. Em compensação, não montou ainda uma base para o que der e vier nem na Câmara nem no Senado. O plano do governo é negociar projeto a projeto. Dentro do mérito das propostas, e não no toma lá, dá cá.
A “dica” de Bolsonaro
Fortalecido depois da demissão do embaixador Mário Vilalva da direção da Apex-Brasil, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, saiu da conversa com o presidente Jair Bolsonaro de posse de uma carta “off white” para escolher o substituto. Ou seja, é branca, mas não aquele branco que ofusca os olhos. É que o presidente sugeriu ao ministro que seria bom ter um diplomata de carreira na chefia da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos. Sugestão de presidente, avisam os escolados em poder, cumpre-se.
Palavra cassada, não!
A manhã de quarta-feira foi de muita reclamação nos bastidores da diplomacia dos países árabes. É que, inicialmente, foi definido pelo Planalto que só o presidente Jair Bolsonaro e a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, falariam. Alguns embaixadores também queriam ter direito à palavra. Nem que fosse para saudar a iniciativa da ministra.
Virou regra geral
A decisão da Comissão de Constituição e Justiça do Senado pelo arquivamento da CPI da Lava-Toga e o discurso de Renan Calheiros em defesa de uma agenda que leve à geração de empregos e investimentos, em vez de crises, deixaram o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, livre do desgaste. Alcolumbre já avisou que, com ele, será assim: todas as vezes em que vier um tema polêmico, caberá ao plenário da Casa decidir, ouvida a CCJ.
CURTIDAS
Candidato natural/ Dentro do PSB, o deputado João Campos (PE) é citado como o nome preferencial para concorrer à prefeitura do Recife. Porém, nada será colocado agora por ninguém do partido. A ideia entre os socialistas é fazer mais ou menos o que adotou Eduardo Campos: falar de vários nomes para que o escolhido mais à frente não vire alvo dos adversários desde já.
Eles têm a força I/ O Secretariado Nacional do PSDB-Mulher vai se mobilizar para a sucessão de Geraldo Alckmin no comando do partido. É que, como a bancada feminina na Câmara aumentou 60% em relação à eleição de 2014, elas consideram que qualquer mudança passa pelas mulheres. Inclusive, chegaram a lançar Yeda Crusius para a presidência do partido, no ano passado.
Elas têm a força II/ Um grupo de articulação ficou de procurar os principais líderes partidários para dizer que elas não abrem mão de 30% dos cargos titulares da nova Executiva Nacional. O primeiro a ser procurado deverá ser o ex-presidente Fernando Henrique, depois Geraldo Alckmin e os governadores João Doria (SP), Eduardo Leite (RS) e Reinaldo Azambuja (MS). O ex-ministro Bruno Araújo, preferido por Doria para assumir o comando do PSDB, também está na lista. A eleição é em maio.
Zona Franca/ TCU e Correio Braziliense fazem hoje um seminário sobre a importância da Zona Franca de Manaus para o desenvolvimento do país. O presidente do TCU, José Mucio Monteiro, participará da abertura do seminário, e o ministro Bruno Dantas será um dos debatedores no primeiro painel. Num país em que faltam empregos, esse debate é mais que oportuno.
Bolsonaro pede para ir a jantar com embaixadores dos países árabes
No dia em que Benjamin Netanyahu comemora sua apertada vitória em Israel, o presidente Jair Bolsonaro participa de jantar com 51 embaixadores de países árabes e muçulmanos, na sede da Confederação Nacional de Agricultura. A iniciativa do encontro foi uma parceria entre a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e o presidente da CNA, João Martins, para manter os laços comerciais com as Nações que compram 40% da proteína animal exportada pelo Brasil. A presença do presidente foi decidida praticamente de última hora. O evento foi inclusive antecipado para 19h30, a pedido do Planalto. A presença de Bolsonaro e do ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, tem uma simbologia importante para esses países, uma vez que demonstra a boa vontade do governo para com esses países.
Os embaixadores, entretanto, esperam poder falar no evento. A previsão, entretanto, é a de que só a ministra e o presidente falem no encontro. Porém, os embaixadores, conforme apurou o blog, gostariam de ter algum espaço para poder dar expor sua visão sobre as relações históricas desses países com o Brasil. Desde o anúncio da visita do presidente Jair Bolsonaro a Jerusalém o clima não foi dos melhores. Com o anúncio do escritório comercial na cidade e a foto de Bolsonaro no Muro das Lamentações ao lado de Netanyahu, a Autoridade Palestina __ que também reivindica Jerusalém __ ficou extremamente incomodada. Para completar, ainda houve um constrangimento com o movimento radical islâmico Hamas, por causa do tweet do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), dizendo que queria que o Hamas se explodisse. A mensagem foi apagada pouco depois pelo próprio senador, porém, o constrangimento estava criado. Agora, entretanto, é esquecer os problemas e tentar reconstruir a boa relação comercial.
DEM acredita que veto a Izalci no MEC por causa do suplente foi pretexto
Coluna Brasília-DF
Empossado o ministro da Educação, Abraham Weintraub, o presidente Jair Bolsonaro terá que correr para tentar apaziguar novamente o partido do seu ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. Os demistas consideram que o veto dos evangélicos ao senador Izalci Lucas (PSDB-DF) por causa do suplente, Luiz Felipe Belmonte, não passou de uma desculpa para que o ministro Onyx pudesse emplacar seu número dois no primeiro escalão do governo e, de quebra, recuperar a estrutura ideológica de Olavo de Carvalho na pasta.
As desconfianças cresceram quando os deputados do DEM souberam das mensagens trocadas por parte dos evangélicos chamando os adeptos da União do Vegetal de “maconheiros”. O Centro Espírita União do Vegetal (UDV), do qual o advogado Belmonte faz parte, não tem nada a ver com maconha. Seus rituais são feitos a partir de um chá aprovado nos Estados Unidos e no Canadá e que já passou por testes toxicológicos nos quais a presença de drogas em sua composição foi totalmente descartada. Belmonte não é, nem nunca foi “maconheiro”, como os evangélicos tentaram fazer colar na imagem do suplente de Izalci. Agora, diante disso, o climão está criado. Já tem gente dizendo que Bolsonaro pode até conseguir aprovar a reforma da Previdência. Mas montar uma base para o que der e vier vai ser difícil.
Bolsonaro 2022
Na conversa com os partidos, o presidente Jair Bolsonaro tratou de tirar de cena a história de que “não nasceu para ser presidente” e colocou uma pulga atrás da orelha dos políticos. Na reunião com o PR, por exemplo, um dos presentes perguntou “E para frente?”, referindo-se aos planos. O presidente, com o jeito simples que lhe é peculiar, foi direto: “Há muita pressão para que eu seja candidato à reeleição aí”. Para bons entendedores, o recado está dado.
#Fica adica I
O ex-presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, embaixador Mário Vilalva, caiu porque foi falar mal do chefe, o ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, em entrevista à Folha de S.Paulo. No governo, há quem diga que ele, detentor do apoio dos militares, apostou na queda dos dois outros diretores e do próprio chanceler Ernesto Araújo.Perdeu
#Fica a dica II
Com Bolsonaro é assim: quem desrespeita a hierarquia, passando por cima do ministro da área, ainda mais em entrevista, pode providenciar caixas para limpar as gavetas e retirar seus objetos pessoais. O ministro Ernesto Araújo mostrou que continua forte.
Por falar em Araújo…
Agora, caberá ao ministro escolher o novo presidente da Apex-Brasil. Há quem defenda que se use a vaga para fazer uma composição entre os indicados para o cargo de embaixador em Washington. Assim, nomeia-se um sem desprestigiar outros. No Itamaraty, entretanto, há pressão para que Vilalva seja substituído por um diplomata de carreira.
Previdência passa
A inversão da pauta aprovada por 39 votos na Comissão de Constituição e Justiça, votação que garantiu a leitura do relatório do deputado Marcelo Freitas (PSL-MG) sobre a nova Previdência, indica que o governo terá maioria para aprovar o texto ali. E sem qualquer alteração, dentro do acordo fechado entre os partidos. A briga vai ficar para a Comissão Especial.
A professora I/ A ministra da Agricultura, Tereza Cristina (foto), conseguiu deixar o deputado Alexandre Padilha (PT-SP) meio sem graça. Quando ele perguntou sobre agrotóxicos em uso no Brasil, ela foi direta, dizendo que os defensivos citados haviam sido aprovados pela Anvisa no período em que Padilha era ministro da Saúde.
A professora II/ Ao final, ela terminou aplaudida por representantes de todos os partidos. Alguns parlamentares brincaram: “Deveria dar uma aula para o Paulo Guedes”. O ministro da Economia saiu da Câmara, na semana passada, batendo boca com o deputado Zeca Dirceu (PT-SP). Ambos foram alvo de dezenas de memes nas redes.
A capa do Correio/ A publicação da foto de Arthur Weintraub, em vez de Abraham, na capa da edição de ontem, terminou por provocar uma brincadeira de Abraham em sua posse como ministro da Educação. “Às vezes, sou confundido com meu irmão, Arthur, mas é fácil saber quem é quem. Eu sou o mais bonito. Mamãe sempre falava isso”. Bolsonaro, que discursou em seguida, não deixou barato: “Não sei quem é o mais bonito, mas numa disputa do mais feio, ia ser difícil decidir por um dos dois. Tem que manter a linha. Discurso e prática”, brincou.
Colaboraram Luiz Calcagno e Rodolfo Costa
Intrusos foram barrados no hospital enquanto Bolsonaro se recuperava de facada
Coluna Brasília-DF
A decisão do presidente Jair Bolsonaro de começar a percorrer o país nos próximos meses virá acompanhada de um reforço na segurança. Isso porque pessoas próximas a ele não estão convencidas de que o atentado contra o então candidato do PSL, em setembro do ano passado, se tratou de um ato isolado, ainda que essa tenha sido a conclusão do primeiro inquérito sobre o caso. O que leva alguns bem próximos do presidente a essa inconformidade com o desfecho são as notícias de que, durante a campanha, por duas vezes, em horários fora do expediente, pessoas não autorizadas tentaram acesso à área onde o candidato estava internado. Porém, foram barradas pela segurança, porque seus nomes não constavam na lista de profissionais de saúde autorizados a tratar do candidato.
» » »
Esses “intrusos” poderiam ser apenas fãs, curiosos ou apoiadores interessados em chegar perto dele. Mas não está descartada a hipótese de que poderiam ser ligados a Adélio Bispo, o autor da facada. Há especulações de que esse teria sido, inclusive, um dos motivos da ida de Bolsonaro à CIA, no mês passado. Coincidência ou não, no mesmo dia em que o presidente foi à agência norte-americana, a PF de Belo Horizonte soltou nota para informar que havia pedido a continuidade das investigações sobre os advogados de Adélio. Num cenário desses, todo o cuidado com a segurança é pouco.
É por aí
As apostas de quem conhece o jeitão dos integrantes do Superior Tribunal de Justiça (STJ) são as de que o ministro Felix Fisher pedirá pauta para o julgamento do caso do tríplex de Lula dando aos advogados de defesa o direito à sustentação oral. A outra forma, considerada improvável, é a análise dos ministros, sem sustentação oral da defesa.
No varejo
Do saldo da conversa com os partidos, o governo tirou a seguinte conclusão: Há campo para aprovar a reforma. Mas, para isso, é preciso evitar novas trombadas. Bolsonaro está tentando adotar o estilo paz e amor.
E o PSDB, hein?
A resistência de João Doria à proposta de rodízio no comando tucano era esperada. Entre os aliados dele, tudo isso não passou da busca de um discurso para, mais à frente, os inconformados que perderem o embate deixarem a legenda.
“Trouxeram para a política a linguagem das redes sociais. Têm-se hoje a profundidade de um WhastApp e a extensão de um Twitter. Assim, fica difícil construir convergência”
Do senador Eduardo Gomes (MDB-TO), segundo secretário do Senado
CURTIDAS
Na bronca/ Que ninguém duvide se o PSL for tirar satisfações da deputada Norma Ayub (DEM-ES) sobre o fato de o irmão dela ter sido identificado como o servidor da Receita que acessou os dados do presidente Jair Bolsonaro. O discurso da deputada a Sérgio Moro, de que foi por “pura curiosidade”, não colou entre os colegas dela de Parlamento.
Sem bronca/ O ex-deputado Geddel Vieira Lima agora chora na cadeia sem ser incomodado. Antes, o ex-senador Luiz Estevão, que agora passa o dia fora, lhe passava um pito.
DF na roda dos negócios I/ O secretário de Desenvolvimento Econômico do Distrito Federal, Ruy Coutinho, embarca para a Cidade do Panamá, palco do Global Business Forum, em 9 e 10 deste mês.
DF na roda dos negócios II/ Coutinho viajará a convite da organização do evento, que tem como carro-chefe o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a Dubai Chamber, a Câmara de Comércio e Indústria dos Emirados Árabes Unidos. Sem ônus para o DF, apenas o bônus de ter um representante nas rodadas de negócios.
O presidente Jair Bolsonaro se fechou em copas e adiou todas as conversas a respeito do Ministério da Educação. Ele quer refletir mais sobre o nome que deve assumir o Ministério da Educação no lugar de Ricardo Velez, e afastar as pressões. Nesse sentido, adiou também qualquer conversa com o senador Izalci Lucas (PSDB-DF), um dos nomes indicados para o cargo.
Izalci, por sua vez, entende que independente dos apoiamentos de amigos, a escolha nomes para qualquer cargo no governo federal vem por critérios técnicos, por competência e afinidade com as bandeiras do presidente da República. O que ele tem em comum, acima de tudo, com o presidente Bolsonaro é o desejo de “despetizar o MEC”, como tem dito em conversas com amigos.
Militares & civis
Os políticos já repararam que, até aqui, é assim no governo: deu problema num setor, chama um general, que ele resolve (leia notas ao lado). Os parlamentares, entretanto, esperam que, agora, depois das conversas desta semana, o presidente Jair Bolsonaro pare de demonizar a classe política, da qual ele também faz parte, e passe a ter uma relação realmente republicana com seus antigos pares. Prova disso é a indicação do senador Izalci Lucas (PSDB-DF) e do deputado João Roma (PRB-BA) para possíveis substitutos de Ricardo Vélez no Ministério da Educação.
» » »
João Roma, entretanto, não tem tantas chances, segundo fontes do Planalto. É que o deputado é muito ligado ao prefeito de Salvador, ACM Neto. Há quem diga, inclusive, que seria um quarto ministro do Democratas no governo, uma vez que os ministros da Casa Civil, Onyx Lorenzoni; da Agricultura, Tereza Cristina; e da Saúde, Luiz Mandetta, são todos da legenda.
O interventor
É assim que muitos na Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) se referem ao general Roberto Escoto, gerente de gabinete do presidente da agência, embaixador Mário Vilalva. Ele assumiu em meados de março, com um salário de R$ 34.127,25. Dia desses, o general enviou mensagem a um dos diretores dizendo que deveria “impreterivelmente” retomar o convênio com o Sindicato da Indústria Audiovisual do Estado de São Paulo, a fim de garantir a participação brasileira no Festival de Cannes.
Currículo I
O embaixador justificou a remuneração proposta correspondente “ao limite da tabela salarial vigente do Plano de Cargos, Carreiras e Salários — PCCS”, por se tratar de “profissional multidisciplinar, com ampla experiência, inclusive na condução da gestão de temas afetos a comércio exterior e negócios internacionais”.
Currículo II
O general não está ali para brincadeira. Mantém uma caveira sobre a mesa, não admite atrasos quando convoca alguém para uma reunião. E experiência ele tem. Participou das missões de paz no Haiti, no Chipre e em Kosovo e foi adido do Exército nos Estados Unidos e no Canadá. Foi ainda chefe da divisão de inteligência do Centro de Inteligência do Exército (CIE), sigla que provocava tremores a muitos políticos no período do governo militar.
Chegou para resolver
A ida do general Escoto para esse posto é atribuída ao vice-presidente Hamilton Mourão, diante da guerra aberta entre Vilalva e a diretora Letícia Castelani. A briga chegou ao ponto que sobrou para o outro diretor, Márcio Coimbra, que trabalhou com o hoje presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
Frutos/ O líder do MDB, Eduardo Braga, saiu do encontro com o presidente Jair Bolsonaro, nesta semana, com uma reunião da bancada do Amazonas agendada para a próxima quinta-feira de manhã no Planalto.
Izalci festeja/ Quem chegasse ao gabinete do senador Izalci Lucas (foto), do PSDB-DF, poderia até imaginar que o parlamentar estava comemorando a indicação para o Ministério da Educação. É que os funcionários prepararam uma festa surpresa pelo aniversário dele. Izalci completa 63 anos amanhã. Ele deve ir ao Alvorada, ainda hoje, conversar com o presidente Jair Bolsonaro.
E o Cabral, hein?/ Atirou para todos os lados, disse que “a corrupção prejudicou o Rio de Janeiro”. Faltou dizer que um dos autores desse prejuízo foi ele mesmo. E não só no Rio, mas também no Brasil.
Enquanto isso, nas ruas…/ O PT faz sua caravana no Sul do país neste fim de semana pela liberdade de Lula, enquanto outros movimentos se organizam para a manutenção da prisão em segunda instância. A aposta dos especialistas é de que nenhum dos dois grupos atrairá grandes multidões.
Cotado para a Educação, senador Izalci Lucas é chamado para reunião com Bolsonaro
Cotado para ministro da Educação, o senador Izalci Lucas (PSDB-DF), terá um encontro com o presidente Jair Bolsonaro neste Sábado. Ele foi indicado por um grupo expressivo de deputados evangélicos, inclusive Bispo Rodovalho, que já foi deputado federal por Brasília. O PRB, braço da bancada evangélica, tentou indicar o deputado João Roma (PRB-BA), ex-secretário de governo da prefeitura de Salvador. Roma, entretanto, é visto como um nome muito ligado ao prefeito ACM Neto, presidente do DEM, que já tem três ministros no governo, Onyx Lorenzoni (Casa Civil), Tereza Cristina (Agricultura) e Luiz Mandetta (Saúde).
Há um desconforte entre os partidos de centro por causa da quantidade de cargos que o DEM tem no governo. Conforme antecipou a coluna Brasília-DF hoje, o DEM aproveita esses espaços para ampliar sua base nos municípios, atraindo prefeitos. O movimento provocou tanta ciumeira que ajudou a tirar o ex-deputado Mendonça Filho (DEM-PE) da lista de possíveis ministros da Educação.
Com poder na Esplanada, DEM atrai prefeitos e causa irritação
Coluna Brasília-DF
Enquanto o presidente Jair Bolsonaro conversa com os partidos em busca de apoio, o DEM aproveita a estrutura que já tem montada no Executivo para conquistar postos estratégicos em troca de recursos federais. Esta semana, o partido integrou aos seus quadros os prefeitos de Curitiba, Rafael Grecca, de Chapecó, Luciano Buligon, e o de Imperatriz, Assis Ramos, que vem do… MDB. Aí, o “bicho pegou”. O comando do MDB, leia-se o grupo do ex-presidente José Sarney, está uma fera. E essa briga é apenas o começo.
Assis não esconde o que o levou a trocar de partido. Nas redes sociais de emedebistas maranhenses, avisou que estava saindo da legenda e do grupo de WhastApp, com a seguinte mensagem “(…) Como governar Imperatriz sem a ajuda do governo federal? Antes, eu tinha dois senadores que me ajudavam muito, (Edison) Lobão e João Alberto, com isso a cidade não sentia tanto a falta de apoio do governo estadual. O DEM é um partido forte e independente, possui vários ministros, inclusive o da Saúde, nosso principal gargalo. Vocês acham que consegui os recursos para reformar o socorrinho de forma tão rápida como? Claro, através do ministro da Saúde, que é do DEM. Enfim, penso mesmo é na cidade”, escreveu.
Feitiço & feiticeiro
O chororô do MDB pelo fato de o DEM atrair seus prefeitos não preocupa o Democratas. Seus caciques consideram que, no passado, o MDB e outros cresceram cooptando o pessoal do DEM. O antigo PFL já teve 104 deputados. Hoje, o Democratas tem 30. E vai usar o que estiver ao seu alcance para a construção de um projeto político para o futuro. Ao que tudo indica, esse projeto está apenas começando.
Diferenças I
Quem acompanha os movimentos do presidente do Democratas, ACM Neto, em Brasília sabe que ele tem evitado reuniões com os comandantes dos demais partidos do Centrão (PP, PTB, PR, PSD, entre outros). A intenção é deixar bem claro que seu partido não vai entrar no apoio ao governo em troca de emendas ao Orçamento ou cargos no Poder Executivo. Comentário da coluna: não precisa, já os tem.
Diferenças II
Dos partidos chamados ontem para conversar com o presidente Jair Bolsonaro, apenas o DEM acenou com a perspectiva de fechar questão a respeito da reforma previdenciária. Os demais serão atraídos “no varejo”, ou seja, demonstram boa vontade para aprovar a nova Previdência, mas já avisaram que não vislumbram fechamento de questão.
Lula lá
Conforme antecipou a coluna na terça-feira, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, adiou o julgamento da constitucionalidade da prisão em segunda instância. Com isso, o ex-presidente Lula permanecerá mais tempo na cadeia, e, de quebra, outros políticos devem ter o mesmo destino.
CURTIDAS
No final, deu certo/ Todos os presidentes de partido levaram testemunhas para a conversa. Estavam com medo de serem gravados ou que Bolsonaro dissesse que pediram cargos. Saíram todos mais tranquilos e garantindo que o gelo foi quebrado. Agora é esperar para ver os próximos passos.
Movimentos coordenados/ Os tucanos emitiram dois sinais ontem: Enquanto o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso dizia em entrevista à BBC que o governo Jair Bolsonaro está sem rumo, o presidente do partido, Geraldo Alckmin (foto), se reunia com o presidente da República. Alckmin foi quem mais ressalvas apresentou à reforma previdenciária do governo, em especial, as mudanças no Benefício de Prestação Continuada e na aposentadoria rural.
Aqui, não!/ As más línguas dizem que a sintonia entre os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e o do Senado, Davi Alcolumbre, sofreu um abalo recentemente. Naquele almoço dos chefes de poderes na casa de Maia, Alcolumbre chegou cedo e sugeriu cobrar do presidente Jair Bolsonaro acelerar a liberação das emendas do Orçamento impositivo. “Faça isso na sua casa. Na minha, não!”, avisou Maia.
E o Paulo Guedes, hein?/ Os políticos tarimbados consideram que o ministro da Economia, Paulo Guedes, errou ao partir para cima do PT na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e fazer uma longa exposição. Deveria ter guardado munição para a comissão especial, onde o embate promete ser longo. “Ali, não era o palco para ganhar no discurso e sim para dizer que foi”, comentou um cacique que deseja ajudar.