Autor: Denise Rothenburg
Coluna Brasília-DF
O resultado da votação da ajuda aos estados e municípios na Câmara foi recebido no Palácio do Planalto como uma espécie de recado ao governo sobre a pauta econômica: em tempos de pandemia, o que vier em termos de ajuste fiscal será castigado. O ministro da Economia, Paulo Guedes, obteve apenas 70 votos, o que aponta a menor base governista desde a redemocratização do país. Com isso, o presidente Jair Bolsonaro tenta se resguardar no Senado, onde o cenário, embora mais ameno, não chega a ser um “céu de brigadeiro”.
Conforme antecipou o Blog da Denise, no site do Correio Braziliense, a tendência do Senado hoje é fatiar a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do Orçamento de Guerra, promulgando apenas a parte relativa às autorizações para gastos. A parte do Banco Central e compra de títulos privados deve retornar à Câmara. Quanto à ajuda aos estados, o Senado, conhecido como a “Casa da Federação”, terá dificuldades em atender ao governo federal. Mas a avaliação dos governistas é a de que nem tudo está perdido.
Santos em suspense
O Ministério da Infraestrutura entrou em campo ontem para tentar acalmar os trabalhadores do Porto de Santos, que temem perder seus empregos por causa da demora do governo em resolver como ficam os contratos nas áreas de contêineres, que estão para vencer em maio. Pela lei, esses contratos podem ser renovados, mas, até agora, nada foi feito. A pasta fez chegar aos trabalhadores que não “há risco aos empregos, porque Santos conta com quatro terminais marítimos para cargas de contêineres. Na eventualidade da não renovação de contratos, as áreas serão ocupadas por novos arrendatários”, diz a resposta da assessoria do Ministério.
Deu água/ Em entrevista ao CB.Poder, em 23 de março, o deputado Osmar Terra (MDB-RS, foto), cotado inclusive para ministro da Saúde, disse que “no Rio Grande do Sul morriam de 950 a mil pessoas por ano de influenza. No Brasil, não vai morrer isso de infecção causada por coronavírus”. O último boletim do Ministério da Saúde registra 1.532 mortes por causa da Covid-19.
Comentarista jurídico/ O secretário especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia, Paulo Spencer Uebel, tem tempo até para comentar decisão de ministro do Supremo Tribunal Federal em sua conta no Twitter. Ontem, por exemplo, postou: “O min. Luís Roberto Barroso, do STF, votou de maneira contrária ao pedido de reconhecimento de férias de 60 dias para procuradores da Fazenda Nacional. A questão está sendo discutida pelo plenário virtual da Corte. Vergonha alheia desses procuradores. AGU e PGFN são contras (sic)!”
Que sirva de alerta/ O pedido de abertura de inquérito da Procuradoria Geral da República contra o ministro da Educação, Abraham Weintraub, foi visto por muitos no primeiro escalão como um aviso aos demais. Melhor não mexer com outros países, ainda mais quando se trata de um país com quem o Brasil tem boas relações comerciais. A solicitação da PGR se deveu ao post ofensivo à China que o ministro postou nas redes sociais, há alguns dias.
Enquanto isso, na França…/ O governo francês estuda a volta às aulas, mas ainda não tem um plano fechado para essa retomada. Por enquanto, a ideia é testar o que for possível e tornar o uso da máscara obrigatório. Aqui, abriram-se… lojas de móveis. Vai ver tem gente precisando de um… sofá!
Não são poucos os atores da politica que consideraram desnecessária e provocativa a entrevista do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, ao Fantástico, na noite de Domingo. Tanto aliados quanto adversários do presidente da República. Agora, se o presidente Jair Bolsonaro quiser trocar o ministro, já não são todos que irão se opor como ocorreu há alguns dias.
A avaliação inclusive daqueles que querem Mandetta no cargo é a de que o ministro está agindo para ser demitido. Mandetta sabe que a situação ficará a cada dia mais difícil e que pode se desgastar ao longo dos próximos dias com as dificuldades de compra de equipamentos. Para completar, as atitudes do presidente não ajudam a dar um comando único ao governo. Não dá, por exemplo, para o presidente da República usar máscara dentro das obras do hospital de campanha, em Águas Lindas e, no momento seguinte, sair sem máscara para conversar com a população e ainda provocar aglomerações. Da mesma forma, não pode um político ir a uma emissora de tevê criticar publicamente o comportamento do presidente sendo um ministro do governo. Denota quebra de hierarquia, segundo militares que, dentro do governo, defendiam a permanência de Mandetta antes da “desnecessária” fala ao Fantástico.
A simbologia da entrevista cm Mandetta falando de dentro do Palácio dos Esmeraldas, sede do governo de Goiás, é outro ponto anotado par muitos. Há quem diga que Mandetta já tem um convite do governador Ronaldo Caiado para trabalhar no estado, no papel de coordenador do combate o coronavírus. Como Bolsonaro também já trata o deputado Osmar Terra (MDB-RS) quase como se fosse um ministro, é apenas uma questão de oficializar o que já é notório. As próximas horas dirão se ainda há espaço para reconciliação entre Mandetta e Bolsonaro.
Hoje pela manhã, o único que defendia abertamente a permanência do ministro era o líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO): “As manchetes puxam para o que querem. Se quisessem, podiam dizer que o ministro destacou que é nomeado pelo presidente e que tem dado prioridade às necessidades da Saúde. Quem viu assim, lerá a entrevista de outra maneira. Depois da eleição, foi Bolsonaro quem ficou três meses sustentando a nomeação e Mandetta, quando muitos criticavam. Isso vai passar”, disse, em webinar promovida hoje no final da manhã pela consultoria Arko Advice, sob o comando do cientista político Murillo Aragão.
PSB publica manifesto contra decreto de Ibaneis que flexibiliza reabertura do comércio
O núcleo de saúde e saneamento do PSB do DF acaba de divulgar um manifesto que pede a revogação do decreto do governador Ibaneis Rocha, que permite a reabertura de lojas de móveis e eletrodomésticos. A avaliação do núcleo é a de que a única parte do decreto que se justifica é a que trata das unidades do sistema S, de saúde e assistência social à população. A seguir, a íntegra do manifesto:
Manifesto pela revogação do decreto 40.612 do Governador Ibaneis que flexibiliza a reabertura do comércio
Nós, do Partido Socialista Brasileiro do Distrito Federal, por meio do Núcleo Temático de Saúde e Saneamento, solicitamos a imediata revogação do decreto nº 40.612 do Governador Ibaneis Rocha que autoriza a reabertura de lojas e fábricas de móveis, comércio de eletroeletrônicos e o funcionamento do Sistema S.
No caso do Sistema S, apenas se justifica abrir as unidades de prestação direta de serviços de saúde e assistência social à população e, em particular, ao trabalhador e sua família.
A abertura de indústrias cuja atividade não se destine, neste momento, à produção de produtos destinados ao combate à COVID-19, também não tem sentido assim como a abertura do comércio deve estar restrita às necessidades essenciais da população do Distrito Federal.
O Núcleo Temático vem a público demonstrar, através de alguns levantamentos, quais podem ser os impactos da flexibilização do isolamento em termos de vidas no Distrito Federal.
Torna-se claro os grandes riscos que o governador está expondo a população da cidade quando ainda não chegamos ao pico previsto da pandemia e, também, o mesmo não parece apresentar uma proposta estruturada, pensada e estudada de reabertura das atividades não essenciais sem acarretar em um descontrole da proliferação do vírus pela cidade e um caos no sistema de saúde.
Dados que justificam a continuidade do isolamento social:
1. Em 30 de janeiro de 2020, a OMS declarou que o surto do novo coronavírus constitui uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII) – o mais alto nível de alerta da Organização, conforme previsto no Regulamento Sanitário Internacional. Essa decisão buscou aprimorar a coordenação, a cooperação e a solidariedade global para interromper a propagação do vírus.
2. O Distrito Federal registrou até o dia 11/04, 579 casos de infectados pelo COVID-19 e 14 mortes. Temos, segundo levantamento, 929 leitos de UTIs adultos e 10 leitos a mais que serão disponibilizados pelo Distrito Federal. Contudo, é preciso frisar que estamos lidando com outros surtos, como a dengue em nossa cidade, que só abril deste ano em comparação ao mesmo período do ano passado teve um aumento de 100,12% de casos, registrando mais de 16 mil casos prováveis e ao menos 8 óbitos. Logo, precisamos achatar o máximo a curva de crescimento de casos de COVID-19 para que nossos leitos de UTI consigam comportar à demanda da epidemia e também de outras doenças.
3. Hoje já 16 pacientes graves em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), 44 internados em leitos e 383 em recuperação domiciliar, o que já representa, só de internados com COVID-19 uma ocupação de 6% do total de leitos disponíveis em um período de menos de um mês com uma política rígida de isolamento social e fechamento do comércio. Caso percamos o controle esse número poderá crescer exponencialmente, como foi o caso de algumas cidades pelo mundo, tendo o caso mais emblemático o de Nova York, uma das cidades com um dos maiores PIBs do mundo.
4. Há uma série de denúncias de falta de equipamentos de proteção individual para os profissionais de saúde que são essenciais para que eles não adquiram a doença. Como temos o exemplo da Itália, que já registra 109 médicos e 30 enfermeiros que morreram após serem contaminados em exercício da profissão, além de 13.121 profissionais de saúde terem adquirido o COVID-19. No Brasil entre médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem, foram afastados do trabalho 6743 profissionais desde o início da pandemia por apresentarem sintomas do COVID19, destes 1400 profissionais foram testados positivos, 18 deles morreram de COVID19. O Conselho Federal de Enfermagem confirma 1203 profissionais de enfermagem infectados, 8 mortes confirmadas, 2 delas em Brasília, o que gera um duplo impacto: no aumento do número de infectados e na diminuição da capacidade de atendimento pela rede de saúde.
5. O Brasil é o país que menos testa entre os mais atingidos pelo COVID19. Enquanto o país faz apenas 296 testes por milhão de habitantes, o Irã, segundo país que menos faz testes entre os mais afetados, faz 2.755 testes por milhão de habitantes. Logo, provavelmente temos uma imensa subnotificação do número de casos de infectados, o que torna ainda mais necessário o isolamento social para o controle da transmissão da pandemia.
6. O Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde de 03 de abril colocou o Distrito Federal, com mais outras quatro Unidades da Federação, em alerta para a fase de aceleração descontrolada da doença.
7. Não há campanhas de conscientização e motivação para o uso de máscaras continuamente e medidas de sua utilização e higienização pela população geral, em espaços principalmente onde há a possibilidade de maior aglomeração de pessoas e maior probabilidade de circulação do vírus, segundo o Ministério da Saúde recomenda.
8. A região central da cidade, que engloba Plano Piloto, Sudoeste/Octogonal, Cruzeiro, Lago Norte, Lago Sul e Varjão do Torto, é onde está concentrado o maior número de casos, com uma incidência de 75,38 a cada mil habitantes, contudo já se percebe um aumento significativo do número de casos na região sudeste, sendo Águas Claras, cidade de grande densidade demográfica, a RA que teve um maior crescimento, com 37,51 casos a cada mil habitantes. Assim, a flexibilização propiciada pelo decreto da abertura de alguns estabelecimentos comerciais, poderá provocar uma maior circulação do vírus, ainda com maior facilidade em RAs de grande adensamento demográfico.
Todos os pontos acima listados nos fazem crer que o Governador está cometendo um grande erro ao flexibilizar, prematuramente, as medidas de isolamento social. Isso pode fazer com que percamos o controle do crescimento do número de infectados e acarretar em uma grave crise do nosso sistema de saúde, deixando milhares de vidas em uma situação de extrema vulnerabilidade.
Sabemos que ao longo deste ano enfrentaremos períodos de maior e menor flexibilização do isolamento. A questão é que este sendo previsto como mês de pico ou forte aceleração, a medida pode possibilitar efeitos irreversíveis, pois as vidas perdidas e os efeitos nas famílias de cada uma não se recuperam.
PSB/DF – Núcleo de Saúde e Saneamento
Em duvida sobre o cheque em branco para o Banco Central, os senadores planejam aprovar já apenas a parte da emenda constitucional que trata do Orçamento da Guerra, ou seja, a que permite a ampliação de gastos em desprezo à chamada regra de ouro. As modificações no que tange às ações do Banco Central para colocar dinheiro no mercado e a parte de compra de títulos privados, que não fazem parte das ações de politica monetária, devem voltar à Câmara, uma vez que os senadores planejam não conceder imunidade a diretores do Banco Central.
“O Banco Central quer um cheque em branco para colocar dinheiro no mercado. Entendemos a preocupação e proteger os pequenos e médios, mas comprar debêntures que não são nem A, nem B, sem transparência e sem segurança, é preciso cuidado. A parte de títulos privados não está na politica monetária e, ao que nos foi informado, incluirá aí dinheiro do Tesouro. É preciso cuidado. Será publicado? Será por grupos ou total? O Senado está fazendo o papel dele, de tirar o excessos e jogar luz sobre as propostas”, diz ao blog a presidente da Comissão e Constituição e Justiça do Senado, Simone Tebet (MDB-MS), que manifesta preocupação com essas operações.
Ela considera positivo votar na quarta-feira. “É melhor ganhar tempo construindo um texto de consenso. A parte do Orçamento poderá ser promulgada sem problemas, a parte do Banco Central, que é a mais polêmica, deve voltar para a Câmara”. afirma. A senadora também manifesta preocupação quanto à aprovação de PECs por votações virtuais e pouco debate.”Que essa seja filha única de mãe solteira. Afinal, a garantia que se tem em tempos de calamidades é a Constituição”, afirma.
Coluna Brasília-DF/Por Carlos Alexandre de Souza
Na última semana, as representações diplomáticas das duas maiores economias do mundo reforçaram a intenção de estreitar relações comerciais com o Brasil. O novo embaixador dos Estados Unidos, Todd Chapman, espera duplicar até 2025 o volume de transações entre os dois países, atualmente no patamar de US$ 60 bilhões. “Temos muito trabalho a fazer. Nossas economias podem fazer muito mais juntas”, disse o diplomata. Na sexta-feira, o ministro-conselheiro Qu Yuhui reiterou o interesse da China em ampliar o intercâmbio comercial e a cooperação no combate à Covid-19 com a maior economia da América Latina.
A crise da pandemia representa, portanto, uma oportunidade para o Brasil ocupar uma posição mais relevante e menos subserviente em relação às duas potências. Nesse sentido, é importante reforçar os princípios de uma diplomacia menos ideológica e mais pragmática, que tenha como diretriz uma política externa voltada para o diálogo político e o desenvolvimento econômico. Com a necessidade de reerguer a atividade econômica após a batalha primordial em favor da saúde pública, o restabelecimento de uma diplomacia imune a amadores e diletantes impõe um desafio ao Itamaraty.
Segunda onda
Preocupado com os países que adotam a flexibilização do isolamento social, o diretor da Organização Mundial de Saúde, Tedros Ghebreyesus, alertou para o risco de uma segunda onda da pandemia, muito mais letal, caso a imprudência predomine nas ações de governos e da sociedade. A tragédia de Milão, com mais de 4 mil mortos após o abandono do confinamento, é o marco histórico de quantas vidas se perdem por causa de negligência.
Condições
O chefe da OMS enumera seis condições que devem ser atendidas antes de suavizar as medidas restritivas: a) controlar a transmissão do vírus; b) garantir a assistência e a saúde pública; c) minimizar o risco em unidades de saúde permanentes; d) implementar medidas preventivas no trabalho, em escolas e outros locais de alta frequência; e) controlar o risco de casos importados; f) finalmente, responsabilizar a população.
Consciência
Ante essas recomendações, vem a pergunta: estamos a seguir essas orientações?
Aviso geral
Déborah Duprat (foto), titular da Procuradoria dos Direitos do Cidadão, alertou em nota técnica que os gestores inclinados a afrouxar as medidas restritivas sem considerar a capacidade do sistema de saúde local podem ser responsabilizados por improbidade administrativa. A infração implica até perda de mandato para agentes públicos em nível municipal, estadual e federal. Duprat observa que é “dever do Poder Público garantir o direito fundamental à saúde da população” e que a lei prevê “que as políticas públicas respectivas devem estar voltadas à redução do risco”.
Elas ensinam
Em artigo de opinião, a jornalista norte-americana Melinda Crane descreveu as qualidades de Angela Merkel e da rainha Elizabeth II ao se dirigirem às nações que comandam. Discurso sem rodeios nem falsas promessas, empatia e dignidade são virtudes que, segundo Crane, destoam da postura de políticos como Donald Trump. “Se os líderes se comportam com disciplina e comunicam com respeito, eles impulsionam os cidadãos a agir”, acredita a jornalista.
Vai passar
Que este domingo de Páscoa renove a esperança. #FiqueEmCasa.
Coluna Brasília-DF/Por Carlos Alexandre de Souza
Brasília tornou-se o epicentro da politização do coronavírus. É da capital federal que parte o movimento contrário ao isolamento horizontal, única medida eficaz para conter o avanço assustador da Covid-19 pelo país — ao ritmo de cem mortes por dia. O presidente Jair Bolsonaro não apenas insiste em ignorar todos os alertas e estimula abertamente a população a sair pelas ruas — ontem, foi a uma padaria na Asa Norte, como despacha com uma espécie de ministério paralelo, chefiado por Osmar Terra, para desmoralizar o trabalho do ministro Mandetta.
O resultado está nas ruas, com o evidente aumento das aglomerações nas grandes cidades brasileiras antes mesmo de a pandemia do coronavírus atingir os níveis mais altos. A politização também contaminou o uso da hidroxicloroquina como medicamento contra a doença. A intromissão de políticos em um debate que deveria ser conduzido por médicos e cientistas apenas confunde a opinião pública, pois está claro que ainda faltam evidências científicas para autorizar o uso disseminado do remédio. Nesse momento crítico da Covid-19, a politização é o maior inimigo a espreitar a saúde dos brasileiros.
Apelo empresarial
A Associação Comercial e Empresarial de Minas enviou uma carta ao presidente Bolsonaro na qual apela por medidas urgentes para socorrer empresas em “funcionamento precaríssimo”. O documento alerta para a urgência de se lançar um plano mais contundente para as empresas formais — “as que sustentam o Estado” — sob o risco setores inteiros caírem em bancarrota.
Sacrifícios iguais
Assinada por Aguinaldo Diniz Filho, presidente da associação fundada em 1901, a carta propõe ainda um corte horizontal de 25% de toda a folha de pagamento dos servidores do Executivo, Legislativo e Judiciário. A alegação é de que o setor privado já contribui com uma sacrificada redução salarial.
Não às taxas
A deputada federal Paula Belmonte (Cidadania-DF) sugeriu ao presidente Bolsonaro uma Medida Provisória que suspenda a cobrança de serviços bancários para os beneficiários da ação emergencial de renda mínima. Trata-se de uma fatura de mais de R$ 100 milhões, que poderia ser revertida em recursos para combater o coronavírus. “Os bancos precisam ter responsabilidade social nesse momento”, defende a parlamentar.
Reforço
A publicitária Sophie Wajngarten, mulher do Secretário Especial de Comunicação, Fábio Wajngarten, é a mais nova integrante do Conselho do Programa Nacional de Incentivo ao Voluntariado. Cofundadora do Instituto Liberta, Sophie se tornou-se próxima da primeira-dama Michelle Bolsonaro, presidente do conselho gestor do programa Pátria Voluntária.
Baixa
Janio Macedo, secretário de Educação Básica, pediu demissão. Ele deverá ser substituído por Ilana Becskeházy. Ela acredita que é possível reproduzir o modelo de alfabetização desenvolvido em Sobral (CE), referência no país. A saída de Macedo, anunciada ontem, ocorre exatamente um ano depois de Abraham Weintraub assumir o MEC.
Toga suspeita
O ministro Luís Felipe Salomão, do Superior Tribunal de Justiça, determinou o afastamento por 180 dias do desembargador Siro Darlan, do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ). Darlan é investigado pela Polícia Federal na Operação Platão, que apura denúncias de venda de sentenças no estado fluminense. O ministro Salomão também autorizou a quebra de sigilo bancário e fiscal do magistrado, além do bloqueio de bens.
Bolsonaro muda o tom para não perder relação com o Congresso
Coluna Brasília-DF/Por Carlos Alexandre de Souza
O movimento de aproximação do presidente com os partidos para distensionar o clima pesado de Brasília, provocado em boa medida pelas atitudes mercuriais de Bolsonaro em relação à pandemia do coronavírus, é uma tentativa de superar um problema crônico no Palácio do Planalto: a dificuldade de articulação política com o Congresso. A demissão de Onyx Lorenzoni da Casa Civil e o desgaste com o Secretário de Governo, Luiz Eduardo Ramos, durante as votações do Orçamento Impositivo, eram até agora os percalços mais evidentes do Executivo na relação com os parlamentares.
O isolamento político do presidente Bolsonaro, em contraste com a popularidade do ministro Luiz Henrique Mandetta e o consenso em torno das políticas do Ministério da Saúde, transformou-se em obstáculo perigoso para o Planalto. As ações de Bolsonaro nos últimos dias indicam que o presidente acusou o golpe. Fez-se necessário reerguer pontes com as legendas. Afinal, dialogar com os outros poderes é atribuição necessária – para não dizer trivial – do chefe do Executivo. Em momentos extremos de crise, é a relação com o Congresso que define o futuro de um presidente.
Lições do passado
Nesse sentido, convém lembrar que a relação com Congresso foi a salvaguarda de Michel Temer contra os diversos pedidos de impeachment quando ele chefiava o Planalto. E o cadafalso de Dilma Rousseff.
Outra guerra
O consenso na Câmara dos Deputados sobre a aprovação de um orçamento de guerra no combate ao coronavírus não deve se repetir no Senado. A proposta de se criar um orçamento de guerra contra o coronavírus tende a provocar debate no Senado. Parlamentares como Simone Tebet questionam se a PEC seria necessária, uma vez que o Congresso aprovou o estado de calamidade pública, derrubando eventuais limites orçamentários; e o Supremo determinou que as ações do Executivo devem dar prioridade ao combate
contra o coronavírus.
Aliados
Os aliados do governo, por sua vez, entendem que o governo precisa de mais garantias legais para respaldar as ações contra a pandemia. A votação da PEC do orçamento de guerra está prevista para a próxima segunda-feira.
Na China
No artigo publicado na Revista Brasileira de Medicina Tropical sobre a crise do coronavírus no Brasil, o ministro Mandetta e os co-autores mencionam as diferenças culturais entre Brasil e China. No país oriental, o uso de máscaras é adotado amplamente, assim como o hábito de curvar-se como forma de cumprimento.
E no Brasil
Na América Latina, ressaltam os autores, não há costume de se usar máscara. E abraços e beijos são uma rotina, o que representa um risco adicional do ponto de vista médico.
Há como mudar?
Em razão dessas diferenças, os autores afirmam que essas diferenças culturais podem ser “decisivas” na evolução das pandemias, e que precisam ser tratadas pelos estudiosos de ciências sociais.
Máscaras em SP
A prefeitura de São Paulo vai contratar costureiras e artesãos para produzirem máscaras, protetores faciais e aventais. O programa, chamado Costurando pela Vida, vai oferecer R$ 2 milhões para entidades sociais que se adequarem aos critérios do edital.
E em Brasília
Em Brasília, o Hospital Universitário de Brasília coordena um projeto voluntário, com adesão de 270 costureiras. O projeto recebe doações em dinheiro ou de matéria-prima pelo telefone 2028-5036.
Depois de 800 mortes, Bolsonaro, enfim, se solidariza com famílias das vítimas
O pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro nesta quarta-feira, véspera do feriado e Semana Santa, foi quase um pedido de desculpas à população pela demora em reconhecer a gravidade da pandemia de Covid-19. Anos-luz distante daquela primeira fala, há 18 dias, em que o presidente chamou a doença de “gripezinha”. Hoje, de forma serena, Bolsonaro mencionou que a prioridade é salvar vidas, solidarizou-se com as famílias das vítimas, disse que tem a responsabilidade de decidir de forma ampla e sobre todos os temas _ como que justificando o fato de ter estimulado as pessoas a irem para as ruas e criticado os governadores. Aliás, hoje veio a frase “respeito governadores e prefeitos”. Ressaltou ainda o fato de a Organização Mundial de Saúde dar liberdade para que cada país adote medidas de acordo com as particularidades. E, mais uma vez, ressaltou que muitos têm que sair atrás do pão nosso de cada dia.
O capitão elencou ainda todas as medidas que o governo está tomando para tentar os efeitos da crise de Saude e econômica. Citou o ajuda de R$ 600 aos informais, o esforço para a produção de hidroxicloroquina, um medicamento que vem sendo usado para pacientes de Coivd-19 com bons resultados em vários casos. O remédio vem sendo defendido por Bolsonaro desde o início da crise como a grande salvação. A medicina, entretanto, ainda não tem um protocolo fechado para o melhor tratamento da doença.
Politicamente, o pronunciamento foi visto por muitos como um esforço de Bolsonaro para tentar recuperar a simpatia do eleitorado, que hoje aprova mais os governadores do que o presidente. O Datafolha desta quarta-feira, por exemplo, ouviu eleitores do Rio e de São Paulo e detectou que, no Rio, o governador Wilson Witzel tem ótimo e bom de 55% dos cariocas no trato da pandemia, enquanto Bolsonaro registra 34% de ótimo e bom. Apenas 17% consideram Witzel “ruim e péssimo”. Bolsonaro tem é considerado “ruim ou péssimo” por 39%. Em São Paulo, Dória tem a aprovação de 51% (ótimo e bom) e Bolsonaro, 28%. A avaliação “ruim e péssimo”, no caso de Dória, é de 19%, enquanto a de Bolsonaro chega a 43%.
Ao que tudo indica, Bolsonaro parece ter entendido que a crise de saúde é grave e sua atenção prioritária. E que, nesse momento, cabe ao estado fazer o papel de tentar amenizar os impactos econômicos __ e não estimular as pessoas a voltarem logo ao trabalho para não prejudicar a economia. Resta saber se o presidente manterá essa posição, ou voltará ao “modo confronto” do último Domingo, quando disse em live, na porta do Palácio da Alvorada, que ministros estavam “se achando” que iria “usar a caneta”. No momento, está no “modo equilíbrio”. Que Deus conserve.
Coluna Brasília-DF
O constrangimento provocado pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub, com os chineses e as ameaças de demissão ao da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, acabaram por desgastar o presidente Jair Bolsonaro com dois grupos que ele acreditava contar no Congresso. A bancada da saúde, que indicou Mandetta, e a do agronegócio, que patrocinou Tereza Cristina, tornam públicos seus descontentamentos.
Fervem reclamações a respeito do comportamento de Weintraub e, ainda, do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), sem uma resposta contundente por parte do governo federal em relação aos dois. “O presidente Jair Bolsonaro tem que afastar imediatamente os conselheiros do gabinete do ódio, seja o ministro de Relações Exteriores (Ernesto Araújo), o da Educação e alguns dos filhos. Tem que pensar nos interesses do país. Se copia tanto o Trump, vamos copiar nisso”, diz o presidente da Comissão de Agricultura, Fausto Pinato (PP-SP).
Visão da Faria Lima
Agentes do mercado financeiro em São Paulo atribuíam a virada dos negócios, com a queda do dólar e subida da Bolsa de Valores, à “caneta sem tinta” de Bolsonaro.
Por falar em “caneta”…
A sumida de Bolsonaro, ontem, foi atribuída à raiva com a repercussão sobre o tenso dia em que tentou demitir o ministro da Saúde. A tensão continuará até o fim da crise. Com ou sem Mandetta.
Se é contra eles, eu faço
Um argumento que pesou, e muito, na decisão para Bolsonaro não demitir Mandetta foi a certeza dada pelos auxiliares de que essa atitude reforçaria o cacife de João Dória e de Wilson Witzel junto ao eleitorado.
“O poder do presidente é grande, mas é um presidencialismo compartilhado. O presidente que não entende isso corre o risco de cair”
Do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, durante videoconferência promovida por consultoria
A culpa é do Rodrigo?
Não faltaram aliados de Bolsonaro para culpar Rodrigo Maia, por causa das ameaças feitas pelo presidente de usar a caneta para os ministros que “estão se achando”. O presidente da Câmara declarou, dia desses, que o capitão não teria coragem de demitir Mandetta, e deu no que deu.
Lupa nas reservas
O senador Jader Barbalho (MDB-PA) voltou a cobrar do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que o Banco Central responda detalhadamente tudo o que foi feito e o que será feito com as reservas internacionais, que já foram de US$ 390 bilhões e agora estão em US$ 340 bilhões. Até hoje não recebeu resposta.
Mandetta para internautas/ Renan Santos, do Movimento Brasil Livre (MBL), fez um vídeo para traduzir os recados de Mandetta a Bolsonaro durante a entrevista da segunda-feira: valorizou a equipe, coisa que o presidente não fez no domingo; mencionou O Mito da Caverna, de Platão, para marcar a diferença entre ignorância e conhecimento; falou do papel do estado, de proteger a vida das pessoas. E sobre ser líder, que não precisa ficar o tempo todo buscando apoios nas redes sociais.
Obcecado/ Enquanto os ministros Braga Netto, Luiz Henrique Mandetta, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, davam a coletiva do dia, Bolsonaro compartilhava no Twitter entrevista da médica Nise Yamaguchi sobre o uso da hidroxicloroquina.
Quem quiser, que banque/ O Muda Senado vai defender, enquanto der, a proposta de destinar o fundo eleitoral para o combate à Covid-19, assunto que foi, inclusive, objeto de uma ordem judicial. “Quem quiser ficar com os recursos que depois vá explicar ao seu eleitor que não quis destinar os recursos ao combate ao coronavírus. Aí, quero ver”, afirmou o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE).
Pausa de Páscoa/ Nestes feriados, a coluna ficará a cargo do nosso editor, Carlos Alexandre de Souza. Volto na semana que vem. Boa Páscoa a todos. Dentro de casa.
Grupo convoca população às ruas para a “Bolsonaro week” e Twitter remove vídeo
Um vídeo que circula pela internet convoca comerciantes “e todos que trabalham” a participar sa semana “Bolsonaro week” a partir de hoje. A ativista Val Lopes, que se diz integrante de um grupo chamado “Soberanistas”, afirma que “todos devem reabrir as suas portas e voltar ao trabalho”.
Ela faz a convocação anunciando que, “pelo Brasil, todas as empresas vão fazer um grande black friday durante toda a semana com os preços lá em baixo”. Segue dizendo: “E você, cidadão, saia de casa, vá de carro, coloque a bandeira do Brasil, buzine e compre muito na semana nacional de reabertura de comércio. É o nosso direito de ir e vir, de comprar, de vender e de nos sustentarmos”.
Ela segue dizendo que a “semana nacional de reabertura do comércio, a semana Bolsonaro, será um sucesso. Vamos juntos ajudar o nosso Brasil a passa por essa crise” e termina com slogan de campanha e de governo do presidente: “Brasil acima de tudo e Deus acima de todos”.
São os aliados do presidente seguindo na linha do que ele deseja, mas não tem condições de fazer neste momento. Após a postagem do vídeo, porém, o Twitter decidiu removê-lo, por violação das regras da rede social.