André Mendonça, o novo ministro da Justiça

André Mendonça
Publicado em Governo Bolsonaro

 

O novo ministro da Justiça será o Advogado Geral da União, André Mendonça. Mendonça é um ministro de perfil discreto, técnico e “terrivelmente evangélico”, que já esteve cotado inclusive para o Supremo Tribunal Federal. O blog recebeu a informação de pessoas ligadas e fiéis ao presidente Jair Bolsonaro. A escolha foi fechada hoje e se deveu a vários motivos. O principal deles foi a dificuldade de colocar na Secretário Geral da Presidência da República, onde está Jorge Oliveira, alguém que fosse da “copa e cozinha” do presidente. Mandar Jorge Oliveira para a Justiça seria “cobrir um santo para deixar outro descoberto”.

Entre os aliados, há quem diga que é muito mais fácil buscar alguém para a AGU do que para o cargo do Planalto, que, entre outras atribuições, ajuda o presidente na avaliação das leis que serão sancionadas. Além disso, a escolha de Oliveira sacramentaria a versão de que o presidente quer, na Justiça, alguém mais ligado à sua família. Jorge Oliveira trabalhou no gabinete de Eduardo Bolsonaro antes de ser guindado ao posto de “ministro da casa”, jargão usado para definir os ministros com assento no Palácio do Planalto.

Sob o ponto de vista político, muitos afirmam que o fato de Bolsonaro apresentar Mendonça como seu ministro da Justiça e Segurança Pública ajudará a reduzir as críticas pela nomeação de Alexandre Ramagem para a direção da Polícia Federal. Ramagem é da “cozinha” do presidente. Mendonça, não. Resta saber se a troca de Jorge Oliveira por André Mendonça vai mesmo melhorar o clima na Polícia Federal com a chegada de Ramagem. Até aqui, apenas o problema de Bolsonaro no Planalto é que está resolvido, assim como o titular do Ministério da Justiça. a PF continuará como ponto nevrálgico.

Bolsonaristas pedem saída em massa das redes de Moro e alertam para “PEC anti-Mourão”

Bolsonaro e Moro
Publicado em Congresso, Política

Os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro mandaram uma mensagem de WhatsApp a todos os grupos pedindo àqueles fiéis ao capitão que se desliguem das redes sociais do ex-ministro Sergio Moro. Os coordenadores dessas redes estão convencidos de que, se Moro perder apoio massivo nas redes, eles conseguem conter os movimentos contra o presidente Jair Bolsonaro, em especial, processos de impeachment. Também, com o pedido, querem ter noção exata do tamanho da base virtual do comandante do Planalto.

Entre quinta e sexta-feira da semana passada, quando Moro deixou o governo, Bolsonaro perdeu 41 mil seguidores no Twitter, conforme levantamento da consultoria Bites. Os filhos também sofreram alguma desidratação. Agora, a ideia é saber quem está com o presidente e não pretende acompanhar o ex-ministro.

 

PEC Anti-Mourão

Esses mesmos apoiadores citam a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) apelidada de anti-Mourão, como um risco de “ver o traidor” (Moro) sentado na Presidência da República no fim do ano. A PEC, de autoria dos deputados Henrique Fontana (PT-RS) e Paulo Teixeira (PT-SP), foi apresentada em março do ano passado, ou seja, quando Bolsonaro vivia seus primeiros meses de governo e o país, confiante no governo, não imaginava uma crise deste tamanho.

A proposta dos petistas determina novas eleições em 90 dias, em caso de afastamento definitivo do presidente da República. O objetivo, à época, era abrir a discussão sobre o papel do vice-presidente e o colocar no mesmo patamar do presidente, em caso de afastamento. Ironicamente, se for aprovada, pode guindar ao Planalto o juiz que pediu a prisão de Lula e terminou com o sonho petista de governar o país por, pelo menos, 20 anos.

A proposta, agora, assusta tanto petistas quanto bolsonaristas. Afinal, se essa emenda for aprovada, Mourão não assume. E Moro, na avaliação de apoiadores do presidente, poderia ser candidato. O DEM, que hoje comanda a pauta das duas Casas, Câmara e Senado, não pensa em tirar essa carta da manga. O clima já está tumultuado o bastante para esse ingrediente bagunçar ainda mais o momento. A não ser, claro, que haja um acordo que envolvesse também os militares. Diante das incertezas, não custa nada prestar atenção no andar dessa carruagem.

Troca de comando da PF não deve surtir o efeito esperado por Bolsonaro

Bolsonaro e PF
Publicado em coluna Brasília-DF, Governo Bolsonaro, Política

Os policiais federais votaram em massa em Jair Bolsonaro, em 2018, e vibraram com a escolha de Sergio Moro para o Ministério da Justiça, confiantes na autonomia para investigações e para o combate à corrupção e a desmandos de maneira geral.

Porém, desde as primeiras tentativas de influir politicamente no trabalho da PF com as investidas para a troca do diretor-geral, o encanto foi se esvaindo. E agora, com a saída de Moro, nem mesmo Alexandre Ramagem, hoje diretor-geral da Abin, terá um cenário tranquilo para cumprir sua missão ali.

Os policiais ficaram felizes e gratos pela valorização que Moro fez do trabalho deles em sua despedida do Ministério da Justiça. O ex-juiz, que já convivia com muitos policiais nos tempos da parceria da Lava-Jato que levou empresários, presidentes de partido, doleiros e até o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a cadeia, hoje tem informações sobre os Bolsonaro e o coração da corporação.

Ramagem, ou mesmo outro diretor-geral, não poderá chegar trocando delegados de investigações em curso, como a das fake news e de organização das manifestações em favor do AI-5, por causa da decisão do ministro Alexandre Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que proibiu trocas nos delegados da PF envolvidos nesses inquéritos.

As trocas dos superintendentes também serão objeto de muita análise por parte da corporação, especialmente, no Rio de Janeiro, Pernambuco e São Paulo, onde há alvos dos bolsonaristas e, no caso do Rio, ainda uma preocupação com os desdobramentos de investigações que envolvem Flávio Bolsonaro.

 

Carlos, o que mais preocupa

Bolsonaro está preocupadíssimo com a perspectiva de Carlos Bolsonaro ser chamado a depor na CPMI das Fake News assim que o Congresso reabrir as sessões presenciais. É que o filho não consegue sequer ver seu nome citado nas redes sociais sem soltar palavrões. Imagine num plenário com 40 deputados, muitos da oposição.

Nem meia, nem tênis. Guedes usava sapatilha criada no Brasil

sapatilha
Publicado em Paulo Guedes

Muito se especulou sobre o calçado que o ministro da Economia, Paulo Guedes, usava ao participar do pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro na sexta-feira passada. Primeiro, disseram que eram meias. Depois, um “tênis estiloso”. Nem uma coisa, nem outra. O blog descobriu que se trata de uma sapatilha desenvolvida no Brasil por Meg Gonzaga, em Florianópolis, há dez anos. Ela inclusive registrou e patenteou a marca uFrog, que hoje tem o slogan “Você descalço”. Guedes usava um dos modelos da sapatilha de neoprene, com solado antiderrapante.

“Eu velejava, era proeira do meu pai, sentia muito frio nos pés. A vida inteira procurei um calçado que me permitisse manter os pés aquecidos quando velejava. Os tênis molhavam e não havia essa quantidade que tem hoje. Nos anos 80, quando morei nos Estados Unidos, tinha uns sapatinhos chineses mas eram pesados. Tentei os Crocs, mas escorregavam no barco. Até que, um dia, cansei de procurar e resolvi criar um sapato. Sabia que queria a parte de cima de neoprene e um amigo me ajudou com o solado”, conta a empresária, irmã do ex-ministro Admar Gonzaga, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Bastou usar para que a família e os amigos notassem a novidade e começassem a fazer encomendas. O sobrinho ator, Henry Zaga (foto) , usa para a prática de Yoga.

A criação de Meg fez tanto sucesso entre os velejadores, que ela começou a vender para a turma da vela por e-mail. Depois, passou a usar nas aulas de pilates e as amigas logo encomendaram. Ela, então, criou vários modelos, uns mais femininos, outros infantis com desenhos de bichos. A ideia do nome (Frog, sapo em inglês) veio quando ela cuidava de crianças e uma delas brincava com um sapinho. “Daí, o ‘u’ antes do nome veio porque eu queria primeiro usar o IFrog, mas a Apple tem o registro do I para os seus produtos, então acabei usando o “u” antes do nome, e virou uFrog”, afirma.

Foi quase um ano desenhando e quebrando a cabeça para que o sapato saísse do jeito que Meg queria. Hoje a fábrica fornece para várias lojas, vende pela internet e tem ainda quiosques de Ufrog espalhados pelos shoppings Brasil afora. Os preços variam, segundo o blog viu na internet, de R$ 65 a R$ 88. “Realmente, fiquei surpresa ao ver o uFrog nos pés do ministro, no Planalto”, diz Meg. As pessoas geralmente usam como um calçado para andar em casa ou práticas esportivas, como as relatadas por Meg. No Palácio do Planalto, em plena coletiva presidencial, num momento tenso como aquele, foi a primeira vez. O governo pode até estar mal das pernas. Mas, pelo menos, nos pés, Guedes tem conforto e estilo. De quebra, ainda fez propaganda de um produto que, apesar do nome em inglês, é bem brasileiro.

Bolsonaro comete erro estratégico ao expor o nome de Ramagem para a PF

PF
Publicado em Governo Bolsonaro

Ao apontar o desejo de transformar o diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, em diretor-geral da Polícia Federal, antes de anunciar o novo ministro da Justiça, o presidente Jair Bolsonaro cometeu um erro estratégico e criou, muito provavelmente, mais um problema: a resistência dos policiais federais.

Como escreveu este blog ontem, a Polícia Federal não costuma acolher como “parceiro para toda obra” um diretor-geral que chega por indicação política. Foi assim, por exemplo, com Fernando Segóvia, escolhido por Michel Temer, que durou 99 dias no cargo.

A ação de tirar Maurício Valeixo sem uma justificativa técnica, apenas para colocar alguém com quem tivesse relação pessoal, só deve piorar a situação. Se Bolsonaro estivesse disposto a preservar a imagem de autonomia perante os delegados da PF, teria, primeiro, definido o ministro e deixado para ele a escolha do novo diretor-geral e dos superintendentes.

 

Quem substituirá Moro?

Até a sexta-feira (24/4) à noite, o nome de Ramagem era dado como praticamente certo, mas até a última atualização desta matéria não havia sido confirmado. Na manhã deste sábado (25/4), Bolsonaro recebeu um dos cotados para assumir o Ministério da Justiça no lugar de Sergio Moro: o ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Jorge Antônio de Oliveira Francisco.

Também são cotados para substituir Moro: o desembargador aposentado de São Paulo Ivan Sartori, o desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores, ex-presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, o advogado-geral da União, André Mendonça.

Moro usou “arma secreta” e deixou pista para a oposição pegar Bolsonaro

moro e bolsonaro
Publicado em coluna Brasília-DF, Governo Bolsonaro

Uma coisa não estava nos cálculos do presidente Jair Bolsonaro quando ele preparou seu pronunciamento em resposta a Sergio Moro, na sexta-feira (24/4). O ex-ministro da Justiça tinha uma “arma secreta”: mensagens trocadas pelo celular com o próprio presidente e a deputada Carla Zambelli (PSL-SP).

Moro exibiu na tevê as mensagens, nas quais Bolsonaro aparece afirmando que um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) que mira deputados bolsonaristas seria “motivo para a troca” do diretor-geral da Polícia Federal. Já Carla surge pedindo a Moro que aceite a troca e vá, em seguida, para o STF, indicado por Bolsonaro. Moro respondeu que não estava à venda. A exibição das mensagens assustou o governo e sua base.

 

A pista de Moro

Moro deu ainda uma dica preciosa que pode municiar a oposição. Ao citar o Rio de Janeiro e Pernambuco como os estados nos quais Bolsonaro queria trocar os superintendentes da PF, deixou uma pista que será seguida pelos adversários do presidente: no Rio, estão os filhos e, em Pernambuco, aliados como o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB), que responde a ação de improbidade.

Procurado pelo blog para comentar o assunto, Coelho negou qualquer tentativa de influência. “Jamais conversei com o presidente sobre a Polícia Federal”, disse.

Governo vai usar inquérito da PGR para frear CPIs e impeachment

PGR
Publicado em coluna Brasília-DF, Governo Bolsonaro

Diante da crise política deflagrada com a saída de Sergio Moro do Ministério da Justiça, o governo trabalhará para arrefecer as iniciativas de novas CPIs ou pedidos de impeachment com o seguinte raciocínio: antes de qualquer atitude no Parlamento, será preciso aguardar o resultado do inquérito pedido pelo procurador-geral da República Augusto Aras, que, certamente, será aceito pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Assim, aberto o inquérito, o próximo lance será a oitiva de Moro pela PGR e pelo STF. Até lá, a missão da base política será “tourear” os pedidos. A avaliação é a de que, enquanto estiverem restritos aos partidos de oposição, Bolsonaro tem uma boa janela para tentar se recuperar.

 

STF, a barricada

Assim como deu aos governadores e prefeitos a prerrogativa de decidir sobre o isolamento social para evitar que o presidente Jair Bolsonaro determinasse a volta ao trabalho sem embasamento técnico, a decisão do ministro Alexandre Moraes de manter os delegados nos inquéritos considerados sensíveis pelo Planalto também é visto como uma forma de evitar interferências sem base nessa seara. Até ontem, o Planalto não havia apresentado recurso contra a decisão do ministro.

Bolsonaro perde seguidores nas redes sociais após saída de Moro

Bolsonaro
Publicado em Política

Durante todo o dia, a consultoria Bites monitorou o andamento do perfil do presidente da República e os atores da crise envolvendo o ministro da Justiça, Sérgio Moro, em seu último ato no governo. O resultado do trabalho está nesse boletim divulgado há pouco por Manoel Fernandes, diretor da empresa que, desde setembro de 2017, acompanha Jair Bolsonaro nas principais redes sociais. Boa leitura!

Manoel Fernandes
Diretor BITES

O Sistema Analítico BITES começou a acompanhar as publicações de Jair Bolsonaro no Twitter, Instagram, Facebook e Youtube em 01 de setembro de 2017. Desde então, o presidente ampliou sua base em 30,8 milhões de fãs. Nesses 967 dias, não houve um único ciclo de 24 horas sem a adição de novos aliados nessas contas. Hoje, sexta-feira, 24 de abril, a partir das 11h, a trajetória foi interrompida com a saída de Sergio Moro.

Bolsonaro e os seus filhos com mandato – Carlos, Eduardo e Flávio – perderam seguidores em seus perfis oficiais. No intervalo de seis horas, entre a entrevista do ex-juiz e a coletiva no Planalto, a família do presidente foi abandonada por 86.427 fãs.

No clã, Bolsonaro foi o mais impactado. Às 14h30, 36.296 mil fãs já tinham deixado as redes do presidente. Às 15h20, o número já estava em 48.473 e logo após a coletiva o saldo era de 45.575. Ao final do pronunciamento houve leve recuperação com a chegada de 2.898 fãs para balancear as deserções digitais.

Na medição das 20h, o resultado indicava que 41.996 perfis não queriam mais acompanhar os conteúdos publicados pelo presidente. A base sofreu uma redução de 0,12%, mas pode ser um indicador da uma tendência do desembarque de lavajatistas da rede digital de Bolsonaro. Desafetos do presidente, os governadores João Doria e Wilson Witzel ganharam, respectivamente, 7 mil e 3 mil fãs nessa sexta-feira.

Hegemonia de hashtags negativas

Não foi um dia fácil para o presidente. Às 18h, as hashtags de natureza negativa estavam presentes em 773 mil tweets, o equivalente a 35% de todos os posts publicados nessa rede social no Brasil até o início da noite sobre a crise.

Também houve uma mudança no patamar de usuários únicos que produziram conteúdo contra o presidente desde 15 de março. Hoje, 331.658 perfis no Twitter criticaram Bolsonaro, superando o recorde anterior de 24 de março (247 mil) no primeiro pronunciamento sobre o Covid.

Moro e Mourão

Hoje, Moro conquistou 160.248 aliados nas suas contas no Twitter e Instagram. O mesmo ocorreu com o vice-presidente Hamilton Mourão que ganhou 25.602 e terminou o dia com 1,5 milhão de fãs.* O ministro bateu o recorde de audiência no Twitter com 2,5 milhões de menções ao seu nome. Junto com o presidente, Moro apareceu em 998 mil posts.

Esse volume superior aos 335 mil tweets que a opinião pública digital brasileira publicou hoje sobre o Covid-19.

A reação da rede bolsonarista

A demissão de Moro surpreendeu a rede bolsonarista na Internet. No final da manhã quando a saída já estava confirmada, os grupos nas redes sociais ou mesmo no Whatsapps estavam paralisados sem entender as consequências do rompimento.

No meio da tarde, antes da coletiva, os aliados do presidente começaram a construir uma narrativa. Não atacaram Moro, mas reforçaram que a decisão de demitir no governo é uma prerrogativa do chefe do Poder Executivo.

Após o evento no Planalto, esse argumento ganhou força. Mesmo assim, os bolsonaristas não conseguiram superar a oposição. As hashtags positivas criada para defender Bolsonaro foram utilizadas em 306 mil posts, produzidos por 85.713 perfis.

Os comentários são livres, mas os fatos são sagrados

A sequência dos fatos dos próximos dias, especialmente as narrativas de cada lado, determinarão o humor da opinião pública digital sobre a administração de Jair Bolsonaro.

Hoje, como esperado, houve um aumento nas buscas no Google Brasil sobre impeachment, especialmente associada à possibilidade do ministro Sergio Moro ter provas contra o presidente.

PSB apresenta pedido de impeachment contra Bolsonaro e de nova CPI

Publicado em Política

Com este, serão 25 pedidos contra o presidente

O PSB até aqui relutava em assinar um pedido de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro. Porém, depois das afirmações do ministro da Justiça, Sérgio Moro, a bancada decidiu há pouco representar contra o presidente da República. O PSB ficará apenas no que considera crime de responsabilidade e falsidade ideológica. Ou seja, a assinatura de Moro estampada na exoneração de Maurício Valeixo do cargo de diretor-federal da Polícia Federal, no Diário Oficial da União (DOU), sem que o ministro estivesse assinado qualquer documento.

O pedido do PSB será mais um para se somar aos 24 que já foram apresentados ao Parlamento. Porém, desta vez, não se trata de participação em manifestação, em aglomerações em meio à pandemia de Covid-19. Afinal, o direito de ir e vir deve ser preservado e, por isso, o PSB não assinou esses pedidos e apresentará um novo. A bancada considera que usar uma assinatura do ministro e a tentativa de interferir na PF não podem ser tratados como algo banal.

Os socialistas querem também uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar as tentativas de interferência nas instigações da Policia Federal. A avaliação é a de que é preciso proteger a instituição e descobrir o que assusta tanto Bolsonaro ao ponto de o presidente correr o risco de perder popularidade ao tentar interferir na PF e, por tabela, provocar a demissão do ministro da Justiça, Sérgio Moro. A crise só cresce.

Bolsonaro emparedado e cada vez mais isolado

Bolsonaro
Publicado em Política

Há menos de uma semana, quando o procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu abertura de inquérito para apurar quem organizou as manifestações em favor do AI-5 e contra o estado de direito no país, os bolsonaristas disseram que não iria “dar em nada”, conforme adiantou a coluna. A aposta do grupo veio cedo demais.

A abertura do inquérito pelo Supremo Tribunal Federal e as notícias de que virá uma busca e apreensão nos gabinetes de parlamentares ligados ao presidente mudou essa visão. Até aqui, essa investigação, somada ao que vem sendo apurado pela CPI das fake news, levaram alguns parlamentares a elevar a pressão pela troca do diretor da Polícia Federal.

Foi por isso que Bolsonaro, mais uma vez, insistiu com o ministro Sérgio Moro para trocar o diretor. O estrago dessa substituição, porém, foi maior do que o presidente poderia supor: Moro deixa o cargo, acusando o presidente da República de crimes e expondo a vontade de Bolsonaro em “ter um diretor com quem pudesse telefonar, colher informações, ter relatórios de inteligência”, ou seja, influir politicamente na PF.

Moro ainda fez um paralelo com governos anteriores no auge da Lava-Jato e citou “imagine se a presidente Dilma ligasse para colher informações de investigações em andamento”. Citou ainda o valor e a autonomia de Maurício Valeixo, que, em 2018, conseguiu segurar a prisão de Lula, depois de um alvará de soltura expedido por um juiz.

E, de quebra, ainda acusou o governo de falsidade ideológica ou dizer que não assinou o ato de exoneração do diretor da PF. Agora, virão as consequências, com um presidente cada vez mais isolado. O tilintar das panelas foi forte depois da saída de Moro. E isso que as investigações sobre quem organizou as manifestações mal começaram. O “dar nem nada” já deu em muita coisa e outras virão.