Bolsonaro faz do voto impresso seu cavalo de batalha e compara terceira via a “vaselina”

Publicado em Política

O anúncio do presidente Jair Bolsonaro, de que entregará, na semana que vem, provas de que houve fraude na eleição de 2014, deixou o mundo da política com a certeza de que ele não desistiu do voto impresso e irá lutar com todas as armas de que dispõe para tentar alavancar a proposta de emenda constitucional (PEC) apresentada pela deputada Bia Kicis. A questão promete abrir o segundo período legislativo deste ano com temperaturas mais altas do que as que encerraram o primeiro. A entrevista à rádio Itatiaia, que você pode ler um resumo no site do Correio, mostra um “pot porri” do que vem por aí em termos do que o presidente pretende levar adiante no próximo semestre. E já avisou que não acredita em terceira via “Seja quente ou seja frio, não seja morno. Não vai agregar”, diz, em relação à terceira via para 2022, apelidando inclusive de “vaselina”.

Além do voto impresso, ele vai continuar defendendo os remédios contra a covid, alguns descartados inclusive pelo Ministério da Saúde. Em relação à CPI, diz que “relatório de Renan é para jogar no lixo. É uma palhaçada o que estão fazendo. “Eu tomei hidroxicloroquina e fiquei bom no dia seguinte”. Bolsonaro reafirma que até agora não foi encontrado nada de pagamento de propina em seu governo. “Tentativa de corromper o governo, existe sim e Brasília é o paraíso dos lobistas. Agora, conosco, não. Não compramos”, diz. É por aí que vai se contrapor ao que sair da CPI, que terá seu relatório apresentado em setembro.

As apostas do governo para 2022 também estão colocadas na entrevista. São a vacinação até novembro ou dezembro de todos aqueles brasileiros que desejarem. Em relação ao auxílio aos mais pobres, um Bolsa Família de R$ 300, a partir de novembro.E também a realização de obras, como a duplicação da BR 381, que atravessa Minas Gerais. Bolsonaro não diz que será candidato, afirma que ainda não decidiu, mas ao dizer que não aposta em terceira via, deixa praticamente certo que concorrerá e quer a polarização.

Logo no início da conversa com a Rádio Itatiaia, ele menciona que o PT saiu como aquele que não votou a favor do fundão de R$ 5,7 bilhões, “o PT votou contra o meu governo. É um dos mais ávidos por fundo eleitoral. Quem está sendo bombardeado é quem ajudou na aprovação da LDO”, diz ele, referindo-se à Lei de Diretrizes Orçamentárias, que estabelece os parâmetros para elaboração do orçamento do ano que vem. ” Neste caso, como extrapolou muito o valor, muito acima do que ocorreu em 2018, tenho a liberdade de vetar. Agora, não quero problema com o Parlamento. Quantas mensagens eles deixam caducar. Por exemplo, a MP que tratava da regularização fundiária. Espero que não tenha problema. Agora, após o nosso veto, eles decidem lá se mantêm ou não”, disse o presidente.

2022 já está na pista e, a contar pelas palavras do presidente, até lá a temperatura subirá ainda mais. Especialmente, neste segundo semestre em que cada um escolherá suas armas para o ano que vem. Prepare-se, leitor, porque, como nós, jornalistas, costumamos dizer, de tédio não morreremos jamais.