Verbos da guerra

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O noticiário internacional mantém um verbo na manchete. É explodir. Explodem bombas no Iraque. Explodem bombas em Nova York. Explodem bombas em Israel e na Palestina. Puxa!

Explodir pertence à família de implodir. Os dois são filhos do latino plaudere, que significa bater um contra o outro com ruído. Com ele, a discrição passa lonnnnnnnnnge.

O prefixo ex-, de explodir, quer dizer para fora. Velho conhecido nosso, aparece em exportar (vender para fora), expatriar (mandar para fora da pátria), excomungar (pôr para fora da comunidade), exorcizar (lançar fora o demônio).

In, prefixo que aparece em implodir, é o contrário de ex. Significa para dentro. Ora assume a forma im, ora i: importação (trazer de fora para dentro), ingerir (botar para dentro), imigrar (movimento de pessoas para dentro do país).

Explosão gramatical
Lembra-se do Justo Veríssimo? É aquele personagem do Chico Anísio que detestava os humildes. “Quero que o povo exploda”, dizia. Não explodiu. O babaca nem desconfiava de que o “exploda” explodia a gramática. Sabe por quê?

a. Implodir e explodir não têm o presente do subjuntivo.

b. Implodir e explodir não se conjugam no presente do indicativo e no presente do subjuntivo.

E daí?
Escolheu a letra a? Acertou em cheio. Explodir e implodir são preguiçosos. Defectivos, não se conjugam na primeira pessoa do singular do presente do indicativo. Eu implodo? Eu explodo? Nem pensar. Use outras formas. Recorrer a auxiliar é uma delas (vou explodir, posso explodir). Outra, apelar para sinônimos. Que tal estourar?

O presente do subjuntivo, derivado da 1ª pessoa do singular do presente do indicativo, também não existe. Nem em delírio pronuncie “que eu exploda, eu imploda, eles implodam”.

Nas outras pessoas e tempos, implodir e explodir são regulares. Conjugam-se como qualquer verbo da 3ª conjugação: tu explodes, nós implodimos, eu explodi, ele explodiu, eu explodia, ele explodia.

E por aí vai.