rascunho sexta

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Coisa antiga

    A prática tem mais de cinco mil anos. Ganhou destaque com os egípcios. O povo de Cleópatra embalsamava como ninguém. Hoje, Deus e o diabo dominam a técnica. Mas tropeçam na língua. Ao anunciar que o casal de americanos misteriosamente assassinados no Rio vai ser embalsamado, a turma fala em embalsamento.

    Nem pensar. Por quê? O sufixo -mento forma substantivos de verbos. O danadinho se junta ao radical do infinitivo sem o -r final. Valem exemplos®MDUL¯: casar (casa®MDUL¯mento), atropelar (atropela®MDUL¯mento), ensinar (ensina®MDUL¯mento). Embalsamar não foge à regra. É embalsama®MDUL¯mento sim, senhor.

Leitor pergunta

    Antiquíssimo, antiqüíssimo ou antiguíssimo? Qual o superlativo nota mil?

Lorena Blass, Brasília

    O ®MDUL¯Aurélio registra três formas. Duas eruditas: antiquíssimo, antiqüíssimo. Uma popular: antiguíssimo.®MDUL¯ O ®MDUL¯Houaiss só abona®MDUL¯ antiqüíssimo. Fique com ele. É o mais usual. E chique.

***

    Está na cidade um terapeuta dando palestras sobre ®MDUL¯regressão a vidas passadas. A coisa me cheira a pleonasmo. É possível fazer regressão a vidas futuras?

Nirton Venâncio, lugar incerto

    Não. Mas ®MDUL¯regressão tem outros empregos. É possível adulto fazer regressão a vida infantil, diretor fazer regressão a reuniões anteriores, professor fazer regressão a lições de tempos idos e vividos.

    Se a técnica se chamasse “regressão a vidas”, não daria a informação completa. Que vidas? Poderia ser a vida dos antepassados, a vida dos filhos, a vida de Paulo. Daí a necessidade de adjetivar o substantivo ­ vidas passadas.