rascunho

Publicado em Geral

Poder sem limites  Possessivo vem de posse. Posse é poder. Alguns dizem que o poder corrompe. Quando é absoluto, então, corrompe absolutamente. Certo ou errado, todos o perseguem. Querem ter para poder. A língua colabora. Oferece o vocabulário. É o caso dos pronomes possessivos. Os danadinhos são unha e carne com os possuidores. Quem são eles? Os pronomes pessoais. Todos têm seu possessivo. O do eu é meu, minha; o do tu, teu, tua; o do ele, seu, sua; o do nós, nosso, nossa; o do vós, vosso, vossa; o do eles, seus, suas.   Unha e carne Quem tem tem alguma coisa. Sem o alguma coisa, nada feito. Por isso, os possessivos não desgrudam do objeto possuído. Com ele concordam em gênero e número: meu livro, meus livros, minha caneta, minhas canetas. Às vezes, o pronome se refere a mais de um substantivo. Não se aperta nem um pouquinho. Concorda com o mais próximo: Observou-a bem, com seus gestos e palavras. Dei-lhe meu amor e solidariedade. Comeu minha fruta e chocolates.   Voltinhas Quando frequentava o psicólogo, o possessivo aprendeu a grande lição da vida. Falta de movimento é estagnação. Vale o exemplo da água. A parada apodrece. A corrente renova-se. Sabido, o mocinho mexe-se. Passeia na frase. Ora aparece na frente do substantivo. Ora atrás. Num e noutro caso, mantém-se fiel. Concorda com o substantivo a que se refere: Maria esperava notícias nossas. Paulo dirigiu-se a alguns filhos seus. Maria e Luís, por favor, não reparem nesse erro meu.   Xô, confusão Clareza, clareza, clareza, prega o possessivo. Mas a prática nem sempre segue a teoria. Seu, sua, seus e suas são pra lá de ambíguos. A razão é simples. Eles podem se referir ao possuidor da 3ª pessoa do singular ou do plural, masculino ou feminino: Ao encontrar-se com Dilma, Michel Tfez comentários sobre seus planos. Planos de quem? De Michel? De Dilma? O pronome não esclarece. Ele concorda com o objeto possuído. Os planos podem ser de um ou de outro. O que fazer? Tornar precisa a pessoa do possuidor. No caso, substituir o seus pelas formas dele, dela, deles: Ao encontrar-se com Dilma, Michel  fez comentários sobre os planos dela. Ao encontrar-se com Dilma, Michel fez comentários sobre os planos dele. Ao encontrar-se com Dilma, Michel fez comentários sobre os planos deles.   Tormento Tereza escrevia um texto. O possessivo lhe tirou o sossego. Ele tinha vários possuidores e um objeto possuído. Maria, Joana e Valéria são filhas do mesmo pai. A dúvida pintou. Qual a frase nota 10? Lá estavam Maria, Joana, Valéria e seus pai? Lá estavam Maria, Joana, Valéria e o pai seus? Nada feito. O possessivo concorda com a coisa possuída (pai). O pronome só pode ser seu. Mas a frase fica meio esquisita. Melhor: Lá estavam Maria, Joana, Valéria e o pai delas.   Leitor pergunta Pena Banca partiu. Foi se encontrar com Xavantinho. A saudade era grande. Há 11 anos o parceiro se despediu da Terra. Lá no alto, o irmão o esperava pra recompor a dupla. Viva! Os dois estão lá, violão a tiracolo, animando a vida no céu. A imprensa noticiou: “Os fãs vão dar o último adeus ao cantor”. “Último adeus” é pleonasmo? Carmem Dias, Uberlândia Há despedidas e despedidas. Nas mais curtas, dizemos tchau, até já, até logo, até logo mais. Nas médias, até à vista. Nas compridonas, adeus. Durante a vida, podemos dar vários adeuses à mesma pessoa. Na morte, damos o último. Não é pleonasmo. *** Oba! O carnaval chegou. Serão dias de alegria sem fim. Aproveito todos os minutos de folia. Mesmo assim, uma dúvida me acompanha há anos. O nome da festa é comum ou próprio? João Rafinha, Brasília Carnaval é festa pagã. Vira-lata, grafa-se com a inicial pequenina como réveillon.