rascunho

Publicado em Geral
Dicas de Português para quarta-feira 9 de março Dicas de Português Dad Squarisi Dad.squarisi@correioweb.com.br Atenção, editor: As notas até “Conclusão” (inclusive) fazem parte do abre. A diagramaçao deve mostrar a subordinação. É importante para não confundir o leitor. As demais são independentes.   Recado “Comunicação não é o que você diz. É o que os outros entendem.” Duda Mendonça Cilada ortográfica A Spicy especializou-se em apetrechos de cozinha. É pra lá de chique. Os sonhos de consumo de quem ama a parte mais aconchegante da casa se concretizam ali. Não faltam panelas sofisticadas, louças exclusivas, raladores última geração. Para incrementar as vendas, a loja promove cursos de culinária. Convida, pra ministrar as aulas, os tops dos tops dos chefs. Entre eles, Sergio Arno, Alex Atala e Renata Braune. Como a propaganda é a alma do negócio, a Spicy divulga o acontecimento a torto e a direito. Uma das formas é a distribuição de folheto. O deste ano deixou os interessados de orelha em pé. O texto diz isto, com todas as letras: “Cooking Spicy trás para você o melhor em sabor e satisfação”. Que pena! Caiu na velha cilada ortográfica. De esses e zês Letra é uma coisa. Fonema, outra. As letras compõem o alfabeto. No português, são 23. Todos as sabem de cor e salteado: a, b, c. d, e, f, g, h…z. Os fonemas são os sons. Uma letra pode ter vários sons. É o caso do s. Às vezes, ele soa como ss. Quando? Em duas oportunidades. Uma: quando inicia a palavra (sala, selo, Suécia). A outra: quando está entre uma vogal e uma consoante (pulso, curso, manso). Outras vezes, ele soa z. Para fazer as vezes da última letra do alfabeto, o s precisa estar entre duas vogais: casa, pesquisa, atraso. Verbos baderneiros Entendidos nas manhas dos esses e zês, alguns verbos tramam confusão. Querer, pôr, fazer, dizer e trazer são os grandes baderneiros. Em certas formas, soa o fonema z. Mas ora o danadinho se escreve com a letra s. Ora, com a z. Por quê? A resposta está no infinitivo. Olho nele. No nome do verbo aparece a letra z? Então não duvide. Sempre que o fonema z soar, dê vez ao lanterninha do alfabeto: Fazer — fazes, faz, fazem, fazem, fiz, fizeste, fizeram, fizesse Dizer — diz, dizemos, dizem Trazer — traz, trazemos, trazem Outra gangue Em querer e pôr, a história muda de enredo. Sem z no infinitivo, o z não tem vez com eles. Logo, quando soar o z, escreva s. Você acertará sempre: Querer — quis, quiseste, quisemos, quiser, quiseram, quisera, quiséramos, quiséssemos Pôr — pus, puseste, pôs, pusemos, puseram, puser, pusesse, puséssemos Conclusão Desvendados os mistérios dos infinitivos com z ou com s, fica uma certeza. Os publicitários da Spicy mataram aula. Bobearam. Historinha salva-vida Paula acordou mal. A cabeça pesava. A nuca doía. Preocupada, passou no centro de saúde. Pediu pra tirar a pressão. A enfermeira brincou: — Não posso tirar a sua pressão. Se tirar, você fica sem pressão. Sem pressão, você morre. Vou medir a sua pressão. Se estiver alta ou baixa, você toma um remedinho e manda-a pro lugar. Desde aquele dia, Paula só mede a pressão. Está viva até hoje. Dica Belo Horizonte, Porto Alegre, Mato Grosso, Ribeirão Preto, Juiz de For a têm dois pontos em comum. Um: são nomes de lugar construídos com duas ou mais palavras. O outro: formam o adjetivo composto com hífen: belo-horizontino, porto-alegrense, ribeirão-pretano, juiz-forano. Frasecídios Em português, há um montão de palavras terminadas em -cídio. Em todas o elemento latino quer dizer matar. Patricídio é o ato de matar o pai. Matricídio, a mãe. Fratricídio, o irmão. Suicídio, a si mesmo. A coluna praticou um assassinato. Foi no domingo. Em duas frases, vírgula intrusa separou o sujeito do verbo. Matou as sentenças: Quem participa de salas de bate-papo, tem de usar o código da turma. Quem escreve horóscopo, precisa apelar para genéricos. Como ressuscitar os cadáveres? Só há um jeito — mandar o sinalzinho pras cucuias. Eis o milagre: Quem participa de salas de bate-papo tem de usar o código da turma. Quem escreve horóscopo precisa apelar para termos genéricos. Leitor pergunta Aprendi na escola que o verbo fazer é impessoal ao designar contagem de tempo. Daí se dizer: Faz dez anos que trabalho aqui. Faz dois meses que voltei de viagem. Faz pouco que cheguei. Mas acho estranho quando ouço os repórteres da previsão do tempo dizerem: “Faz 15° em Gramado, fez 40º no Rio, vai fazer 10° de madrugada”. O singular está certo? Humberto Seabra, Natal Certíssimo da silva. Fazer fica invariável quando designa tempo ou fenômeno da natureza: Ontem fez cinco anos que moro em Caxias. Em Brasília, faz dias ensolarados na primavera. E, à noite, faz 15°.
 

Dad Squarisi

Editora de Opinião

Diários Associados

Tel.: +55 (61) 3214-11401161