Questões de interpretação de texto (apoio a concursandos) 2

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Escrever é mandar recado. Ler, entender o recado. Nas provas de interpretação de texto, o examinador testa a habilidade de leitura do candidato. Pode fazê-lo em diferentes níveis. O mais elementar é o de compreensão do escrito. Sem exigir conhecimentos prévios, atém-se ao dito pelo autor. Nem mais nem menos. Veja o exemplo:
 
 
O mercado de livros de auto-ajuda cresce monstruosamente. Segundo dados da Câmara Brasileira do Livro, foram 710 títulos produzidos em 2002 e 2,5 milhões de exemplares vendidos. No ano seguinte, foram produzidos 855 títulos, que se multiplicaram em 4,6 milhões de exemplares. Auto-ajuda é a sétima categoria mais comprada. Perde para livros didáticos, religiosos, histórias de amor, romance, dicionários e livros infantis.
 
Preocupado com o efeito que esse tipo de literatura pode provocar nas pessoas, o sociólogo Pedro Demo, professor da Universidade de Brasília (UnB), resolveu pesquisar o tema, com base em publicações de diversos continentes. E chegou a uma conclusão: grande parte desses livros que estão à venda ilude mais que ajuda. Em
Auto-ajuda: uma sociologia da ingenuidade como condição humana, Demo ressalta que esses livros recomendam modelos de felicidade que, na maioria das vezes, são impossíveis de se reproduzirem na vida real. (João Rafael Torres, Revista do Correio, Correio Braziliense, 16/4/2006, p. 16)._
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O 1º parágrafo do texto diz que:
 

A oferta de livros de auto-ajuda cresce mais que a de qualquer outro assunto.
 
   b. As obras de auto-ajuda ocupam o topo na lista de vendas.
  
   c. Os clientes preferem obras de auto-ajuda a dicionários e livros didáticos.
 
   d. O número de exemplares de auto-ajuda quase dobrou em um ano.
 

 
E daí?

 
 
Como diz o esquartejador, vamos por partes.
 
1. A opção a é falsa. O texto diz que a oferta de livros de auto-ajuda cresce. Mas não afirma que ultrapassa o crescimento dos demais assuntos.
 
2. É também falsa a opção b. Os livros de auto-ajuda ocupam o 7º lugar na lista dos mais vendidos.
 
3. Mentirosa a opção c. Em nenhuma passagem o texto diz que os clientes preferem as obras de auto-ajuda às demais.
 
4. A d está coerente com o texto. Em 2002, diz o autor, foram vendidos 2,5 milhões de exemplares. Um ano depois, 4,6 milhões.
 
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Há questões que vão um passo além da simples compreensão. Exigem do candidato dedução lógica a partir do dito. Eis um exemplo:
 
As informações contidas no 1.º parágrafo do texto permitem inferir que:
 
        a. É eficiente a propaganda realizada pelas editoras que publicam livros de auto-ajuda.
 
        b. O indivíduo, no século XXI, cada vez mais busca apoio em livros para conduzir a vida.
 
        c. Os livros didáticos são os mais vendidos porque são mais baratos e exigidos pelas escolas.
 
        d. A religião proporciona mais ajuda aos seres humanos que a psicologia.
daí?________
E daí?

 
Marcou a letra a? Acertou. O autor não diz claramente o papel das editoras na explosão de vendas. Mas dá números. Elas incrementaram o número de títulos e a tiragem.
 
 
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Mais um passo. Depreende-se da leitura do texto que o sociólogo Pedro Demo:
 
a. considera um problema que a ingenuidade possa caracterizar a condição humana.
 
b. julga que o efeito da literatura de auto-ajuda é, especialmente, mais pernicioso no Brasil.
 
c. recusa a idéia de que os livros de auto-ajuda possam oferecer qualquer ajuda a alguém.
 
d. critica as pessoas que adotam modelos de felicidade estabelecidos em livros.
 
Que opção assegura pontinhos na prova? Faça sua aposta.
 
Escolheu a letra c? Acertou. Pedro Demo recusa que os livros de auto-ajuda possam beneficiar alguém. Prova-o a passagem: “E chegou a esta conclusão: grande parte desses livros que estão à venda ilude mais que ajuda”. Mais: “Demo ressalta que esses livros recomendam modelos de felicidade que, na maioria das vezes, são impossíveis de se reproduzirem na vida real”.