Quem, o gilete

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Fui eu quem fez o trabalho? Fui eu quem fiz o trabalho? O quem é um dos espinhos da língua. Muita gente corre dele. Não sabe se faz a concordância com o pronome pessoal ou com o quem. Para não dar vexame, busca outra construção. É uma saída.

Você joga no time do troca-troca? Deixe o teste responder. Leia as frases com atenção. Depois, escreva V, de verdadeiro, nos parênteses das que estiverem certinhas da silva. E com F, de falso, das que não estiverem com nada. Por fim, marque a seqüência nota mil:

( ) Não fui eu quem saiu cedo.

( ) Não foi ele quem chegou atrasado.

( ) Somos nós quem decifra o endereço.

( ) Foram eles quem pagou a conta.

a. V, V, V, V b. F, F, F, V c. V, V, F, F d. F, F, V, V

Marcou a letra a? Pra lá de certo. Preferiu outra? Abra os olhos. Vale a pena saber que o quem não é nenhum bicho-de-sete-cabeças. Basta entendê-lo para descobrir que o leão é manso.  

Siga as dicas

Primeiro passo: saiba que um é dois. Quem equivale a dois pronomes — aquele que: Eu admiro quem (aquele que) me admira.

Segundo passo: desvende a paixão do verbo. Ele é louquinho pela 3ª pessoa do singular. Por isso, adora concordar com quem:Não fui eu quem saiu cedo. Não foi ele quem chegou atrasado. Somos nós quem decifra o endereço. Foram eles quem pagou a conta.

Esquisito? Pode ser. Mas, se invertermos a ordem das orações, a construção soa natural:Quem entregou a carta fui eu.Quem chegou atrasado não foi ele. Quem decifra o endereço somos nós. Quem pagou a conta foram eles.

Sem convicção

A língua é um conjunto de possibilidades. O quem morre de paixão pela 3ª pessoa do singular. Mas suporta outra construção. Se quiser, você pode fazer a concordância com o pronome pessoal: Fui eu quem saí cedo. Não foi ele quem chegou atrasado. Somos nós quem deciframos o endereço. Foram eles quem pagaram a conta.

Acredite: o quem não ama essa forma. O amor dele, de verdade, é a 3ª pessoa do singular. Mas o pequenino é gilete. Corta dos dois lados.