Quem é que manda?

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DAD SQUARISI // dadsquarisi.df@dabr.com.br

O que faz um país desenvolvido? A resposta é uma só — um povo desenvolvido. O que faz um povo desenvolvido? É a consciência da cidadania. Ela se sustenta em três pilares. Um: o poder do eleitor. Dois: o poder do contribuinte. Três: o poder do consumidor. O domínio se traduz em três ações — manifestar a vontade, fiscalizar a realização e cobrar resultados. Qual nossa avaliação nesses quesitos?

Queremos educação de qualidade. Mas nossos filhos saem da escola sem habilidades de ler, escrever e calcular. Queremos saúde humanizada. Mas nossos hospitais estão na UTI. Queremos segurança. Mas assaltos, sequestros, homicídios, balas perdidas nos privam até da liberdade de ir e vir. Queremos transporte público decente. Mas os ônibus quebram no caminho e o metrô descarrilou.

Convivemos com práticas de cartel. Sem concorrência, bancos cobram tarifas extorsivas. Farmácias proliferam na cidade. Mas o preço dos medicamentos parece tabelado. Postos de gasolina se oferecem em cada esquina. Mas desembolsamos o mesmo valor em todos. Levamos o carro à concessionária para conserto. Ops! “Não há peças”, informam. E lá se vão 30, 60 180 dias de espera. Reclamar? O bispo é surdo.

Elegemos deputados, senadores, governador, prefeito. Eles prometem mundos e fundos. Mas perdem a memória. O dono do voto, porém, que paga impostos e movimenta a economia, manda nos escolhidos. Como fazer-se obedecer? É queda de braço. Vence o mais forte. Quem? O povo organizado. Vale o exemplo do Projeto Ficha Limpa. Nada menos que 1,7 milhão de brasileiros assinaram a iniciativa. Dois milhões aderiram pela internet. Queremos candidatos que tenham currículo, não folha corrida. A Câmara fez corpo mole. ONGs pressionaram. A proposta andou.

O brasileiro ainda não descobriu a própria força. Espera que o governo o defenda. A atitude tem a ver com a nossa história. A educação é precária; o nível de informação, reduzido. Em 50 anos, vivemos duas ditaduras. Ao grande pai de plantão sempre couberam as iniciativas. A sociedade achava que recebia favor. Não se dava conta de que pagava — e caro — pela generosidade. (O pai não é pai. É padrasto.) O cenário começa a mudar. Mas ainda há lonnnnnnnnnnnnngo caminho a percorrer.