Qual é o seu preço?

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Gente, foi um pega pra capar. A sessão se estendeu noite adentro. Durou 18 horas. Na pauta, a maquiagem das contas do Executivo. Dilma gastou mais do que podia. Desrespeitou a Lei de Responsabilidade Fiscal. Pra fugir da Justiça, o jeito foi dar um jeito — mudar a lei. Simples assim.

Na quarta, o Congresso discutia o projeto. Não faltaram discursos a favor e contra. Parlamentares cochilavam. Bocejavam. Ajeitavam-se na poltrona. A certa altura, quem dormia acordou. Quem sonhava com o recesso caiu na real. Quem fingia atenção abriu os olhos. Voz forte sacudiu o plenário:

— Os senhores que votarem a favor da mudança têm preço. Valem R$ 748 mil.

Ops! Um ex-dorminhoco ouviu. Duvidou dos ouvidos. O colega confirmou a cifra. Indignado, pegou o microfone:

— Como R$ 748 mil? Eu val…

Pintou a dúvida. Valo? Valho? Sem resposta, mudou o discurso. Cabeça erguida, olhar fixo, voz firme, disse:

— Eu não tenho preço.

Safou-se. Mas a dúvida permaneceu. Suas Excelências dividiram-se em dois grupos. Um defendia valo. O outro, valho. E daí? Ex-dorminhoco sugeriu consultar o Google. Não emplacou. Outro, esperto, pegou o celular, acessou o Aurélio e… eureca! A resposta estava lá.

Vale a consulta

Valer joga no time dos irregulares. O bicho pega no presente do indicativo. Mais precisamente: na primeira pessoa do singular: eu valho, ele vale, nós valemos, eles valem.

Verbos têm pai e mãe. Da primeira pessoa do singular do presente do indicativo nasce o presente do subjuntivo — todinho, sem tirar nem pôr: que eu valha, ele valha, nós valhamos, eles valham.

No mais, o dissílabo se contenta com a vala comum. Flexiona-se com o radical do infinitivo — com um l solitário: ele vale, nós valemos, eles valem; eu valia, ele valia, nós valíamos, eles valiam; eu vali, ele valeu, nós valemos, eles valeram; eu valerei, ele valerá, nós valeremos, eles valerão. E por aí vai.