Pronome relativo preposicionado

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Ufa! Os pronomes relativos são calo no pé. Muitos trocam um pelo outro. Não só. Praticam roubo pra lá de impiedoso. Privam o pobre relativo da preposição que o deve anteceder. O resultado é um só. Perdem pontos.

Será esse o seu caso? Antes de responder, faça o teste. Marque com V, de verdadeiro, se a frase merecer nota dez. E F, de falso, se ela não estiver com nada. Por fim, assinale a sequência certinha da silva:

( ) A garota que gosto mora em BH. ( ) Paulo Coelho, cuja qualidade literária os críticos duvidam, faz sucesso nos cinco continentes. ( ) Na palestra em que o expositor se sentou na mesa, os presentes puderam apreciar melhor os slides. ( ) O livro a que me referi foi escrito no século 19.

a. V, V, V, F b. F, F, F, V c. V, F, V, F d. F, F, V, V

Marcou a letra d? Pra lá de certo. Você respeita a preposição. Vá em frente. Preferiu outra letra? Descruze os braços e tome providências. Leia as observações que se seguem. Mãos à obra.

O rei mantém a majestade

O pronome relativo tem compromisso com a elegância. Detesta repetição de palavras. Para evitar a dose dupla, substitui o vocábulo repetido. Por isso, exerce a função do termo substituído. Pode ser sujeito, objeto, adjunto. E por aí vai. Quer ver?

A cidade tem 2 milhões de habitantes. Nasci na cidade.

A palavra repetida é cidade. No caso, indica lugar. É a vez do onde. Cidade e onde exercem a mesma função sintática. São adjuntos adverbiais de lugar:

A cidade onde nasci tem 2 milhões de habitantes.

O livro está esgotado. O autor do livro recebeu o prêmio Jabuti.

Livro é o repeteco. No caso, indica posse (seu autor). É a vez do cujo. Livro e cujo são adjuntos adnominais:

O livro cujo autor recebeu o prêmio Jabuti está esgotado.

JK foi prefeito de Belo Horizonte. JK construiu Brasília.

O termo repetido é JK. Funciona como sujeito. Venha, quê, também sujeito:

JK, que construiu Brasília, foi prefeito de Belo Horizonte.

E a preposição? A preposição que antecede o pronome relativo não cai do céu nem salta do inferno. Existe no período original. Que termos exigem preposição? Em geral, o objeto indireto e o adjunto adverbial. Se o substituído é acompanhado de preposição, o pronome relativo também o será. Veja:

A garota mora em BH. Gosto da garota.

O termo repetido? É garota. Funciona como objeto indireto. (Quem gosta gosta de alguém.) O objeto indireto exige preposição. No caso, de. Na substituição, o pronome será objeto indireto e manterá o de:

A garota de que gosto mora em Belô.

Paulo Coelho faz sucesso na Europa. Os críticos duvidam da qualidade literária de Paulo Coelho.

Termo repetido: Paulo Coelho (indica posse). Funciona como objeto indireto. (Quem duvida duvida de alguma coisa.) No troca-troca, o de permanece:

Paulo Coelho, de cuja qualidade literária os críticos duvidam, faz sucesso na Europa.

Na palestra, os presentes puderam apreciar melhor os slides. Na palestra, o expositor se sentou na mesa.

O termo repetido? Na palestra (indica lugar). Funciona como adjunto adverbial (Quem se senta se senta em algum lugar.) O em fica firme e forte antes do relativo:

Na palestra em que o expositor se sentou na mesa, os presentes puderam apreciar melhor os slides.

O livro foi escrito no século 19. Referi-me ao livro.

Termo repetido? Livro. Funciona como objeto indireto. (Quem se refere se refere a alguma coisa ou a alguém.) A preposição original não arreda pé:

O livro a que me referi foi escrito no século 19.

Resumo da ópera: quem foi rei nunca perde a majestade. No troca-troca, a preposição mantém o cetro e a coroa.

Mãos à obra

O período que garante a vaga na universidade é:

a. O deputado a que me referi depôs na CPI dos Correios. b. O deputado que me referi depôs na CPI dos Correios.

A resposta? É a a, claro.