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Mensagem

A mulher do Lula

Dad Squarisi

Padrinho? É a pessoa que batiza outra. Ou serve de testemunha de casamento, duelo & similares. A figura é tão importante que merece um provérbio. “Quem não tem padrinho”, diz o povo sabido, “morre pagão.” O destaque nasceu na antiga Roma. Os moradores dos pagus (aldeias) não aderiram ao cristianismo. Politeístas, ignoraram o batismo. Azar deles. Sem o sacramento, eram pagãos.

No país dos privilégios, padrinho ganhou outras acepções. Virou sinônimo de pistolão. Ou simplesmente QI, sigla de “quem indica”. Ganhou, também, outras caras. Antes eram artistas. Chico Buarque, Caetano, Marília Pera, Regina Duarte & constelação global faziam campanha pra este ou aquele candidato. Neste ano, eles sumiram. Novas vedetes ocupam a vaga.

Lula é a estrela. Candidatos o disputam sem constrangimento. Serra, que virou Zé mas não convenceu, posa ao lado do presidente. Como administrador, coloca-se no mesmo saco do petista. “Eu e o Lula”, diz com intimidade. Mas não cola. Está na cara que o amor do bem-amado é outro. Dono do pedaço, o astro aparece grudado na eleita. Jura de pés juntos, cara lavada e sorriso largo que governou com ela: “Eu e a Dilma fizemos”.

Exibe obras e obras que ambos levaram avante. Apresenta a afilhada como coautora — supermulher em quem confia etc. etc. etc. Articulados, eles mudaram a cara do Brasil. Precisam continuar. Depoimentos põem gasolina na fogueira. “Eu sei que foi o Lula e a Dilma que fizeram.” diz a “gente sorridente, gente guerreira, gente contente, gente brasileira”. A cumplicidade é tal que não falta quem declare que vai votar na mulher do Lula. Conclusão: os romanos tinham razão.