“Não sei empregar onde e aonde. Pode me ajudar?”, pergunta Carlota Moura. A dúvida, convenhamos, não é só dela. Muitos brasileiros quebram a cabeça na hora de decidir entre a dissílaba e a trissílaba. E daí?
Onde
Onde ou aonde? Quase sempre onde. O dissílabo indica lugar. Quer dizer em que lugar: Onde (em que lugar) você nasceu? Onde (em que lugar) estamos? Onde (em que lugar) eles trabalham?
Aonde
O aonde vai além. Também indica lugar. Mas faz uma exigência — pede verbo de movimento regido pela preposição a. É o caso de ir, chegar, dirigir-se:
Quem vai vai a algum lugar: Vou a Belô. Foi à piscina. Iremos a Brasília.
Quem chega chega a algum lugar: Cheguei ao trabalho atrasada. O avião chegou pontualmente a Natal. A turma chega à competição com duas horas de antecedência.
Quem se dirige se dirige a algum lugar: Ao desembarcar, dirigiu-se imediatamente ao hotel. Todos se dirigem ao estádio. Dirige-se ao Palácio do Planalto sem cerimônia.
A cilada
Moleza, não? Por que, então, tantos tropeços? O maior problema reside nas perguntas. Se o verbo preenche as duas condições — ser de movimento e exigir a preposição a — dá passagem ao aonde: Aonde você vai? Aonde eles foram ontem? Aonde o avião chegou? Ao desembarcar, aonde ele se dirigiu?
A regra se mantém nas perguntas indiretas e nas respostas: Gostaria de saber aonde você vai. Não sei aonde ele quer chegar. Talvez ele saiba aonde se dirigir ao desembarcar.